TURISMO – Importante Não único
Leia a opinião por Vítor Neto, Empresário e Gestor, presidente do NERA, Associação Empresarial da Região do Algarve
Publituris
Allianz Partners regista crescimento em todos os segmentos de negócio
Azul celebra mais de 191 mil passageiros no primeiro aniversário da rota para Paris
Octant Hotels promove-se nos EUA
“A promoção na Europa não pode ser só Macau”
APAVT destaca “papel principal” da associação na promoção de Macau no mercado europeu
Comitiva portuguesa visita MITE a convite da APAVT
Royal Caribbean International abre primeiro Royal Beach Club em Nassau em 2025
Viagens mantêm-se entre principais gastos de portugueses e europeus, diz estudo da Mastercard
Álvaro Aragão assume direção-geral do NAU Salgados Dunas Suites
Lusanova e Air Baltic lançam “Escapada ao Báltico” com voos diretos
Somos um país muito original: agora há quem esteja preocupado por o Turismo poder ter demasiado peso na economia.
Já não é só o excesso de turistas, a pressão sobre centros urbanos e os recursos ambientais e a desvalorização da sua importância económica e social, mas a preocupação «patriótica» com o risco de se poder tornar no setor «mais importante» e até único, com uma economia totalmente dependente dele. Tipo Maldivas.
Falso. Esse não é nem deve ser o objetivo estratégico de Portugal.
É necessário desmontar este insidioso alarmismo.
Portugal não tem «turismo a mais», tem é outros setores a menos e essa realidade não se resolve menosprezando e desacreditando o setor.
Nada de original. São conhecidas as diferentes sensibilidades e opiniões sobre o Turismo. Têm origens e motivações diferentes, de natureza social, cultural e política, e uma raiz ideológica de fundo que vem já do século XIX, em que setores, por razões de elitismo social, não toleram a presença incómoda das «massas» invasoras.
Podemos dizer que em Portugal tem vindo a reforçar-se uma opinião geral positiva sobre o Turismo, sendo certo que continuam a existir opiniões negativistas – temas não faltam – ainda que diferenciadas, e nem sempre com objetivos claros.
Só que o Turismo transformou-se na maior movimentação humana à escala mundial. Estamos a falar de 1500 milhões de turistas mundiais que em 2019 atravessaram fronteiras (mais de metade escolheram a Europa). É o 3º setor económico a nível mundial. Representa 10% do PIB, 7% das exportações, 10% do emprego.
Pormenor: os principais destinos turísticos no mundo são os países mais desenvolvidos e ricos do mundo, sendo o 1º os EUA.
E Portugal?
O Turismo é hoje um dos setores mais importantes da economia portuguesa. E o seu peso não resulta apenas de uma conjuntura favorável dos últimos anos, como alguns pretendem fazer crer, mas do trabalho de diversificação e ampliação da oferta em todas as regiões e do investimento. De várias décadas.
O Turismo em Portugal possui uma base estrutural económica e social consistente. O Turismo contribui para 7% do VAB e para 14,6% do PIB nacional (2018). O Turismo dá vida a mais de 100 mil empresas e gera 400.000 postos de trabalho. Não caiu do céu.
O Turismo – não devemos ter receio de repetir – é o principal setor exportador de Bens e Serviços de Portugal, atingindo 18 mil milhões de euros. Trata-se de consumo de bens e serviços de 22 milhões de turistas estrangeiros que visitaram Portugal e que correspondem a exportações, sem custos de transporte. Um contributo único para o saldo da balança comercial.
Os que têm dúvidas sobre o papel do Turismo na Economia deveriam, além dos contributos críticos, mobilizar esforços para reforçar os outros setores de Bens e Serviços da economia.
Os que acham que há excesso de peso do Turismo no PIB nacional deveriam lutar não para fazer diminuir o Turismo, mas para aumentar o peso dos outros setores de Bens e Serviços.
Que fique bem claro, senhores céticos:
O Turismo é um dos principais setores da Economia portuguesa, um setor estruturante que abrange todas as regiões do continente e ilhas. É uma «constelação de atividades» que anima e dinamiza muitos outros setores da economia, para além do alojamento e da restauração.
A Economia portuguesa não pode prescindir deste contributo, mas também não pode – nem quer – ficar dependente deste setor.
O conjunto da economia portuguesa e o próprio Turismo necessitam do contributo de todos os setores produtivos de Bens e Serviços.
Portugal não tem Turismo a mais. Tem os outros setores a menos.
Nota: o Brexit está aí. Os turistas britânicos gastaram em Portugal 3100 milhões de euros até nov. de 2019. São o 1º mercado emissor: 18% do total das receitas. Turismo a mais?
*Por Vítor Neto, Empresário e Gestor, presidente do NERA, Associação Empresarial da Região do Algarve
Artigo publicado na edição de 31 de janeiro