Reportagem | Take a chance on Estocolmo
A tranquila capital da Suécia vale pelo conjunto. Aqui não há monumentos-estrela ou atrações cheias de turistas. Há apenas uma sensação de bem-estar e de harmonia entre os edifícios e a natureza. Caso para dizer: dê uma oportunidade a Estocolmo.*
Carina Monteiro
Compare e reserve estacionamento nos aeroportos através de Parkos
Africa’s Travel Indaba regressa a Durban entre 13 e 16 de maio
NAV implementa novo sistema em Lisboa que pode reduzir atrasos nos voos
Grupo Norwegian transporta 2,2 milhões de passageiros em abril
Bestravel celebra aniversário com descontos e campanha de responsabilidade social
BPI prevê um crescimento “mais modesto” do turismo em Portugal para 2024, mas aponta oportunidades a ter conta
B travel com nova loja em Leiria
Estudo da Condé Nast Johansens diz que mulheres ultrapassam os homens nas viagens de luxo
Pegasus abre rota direta entre Edimburgo para Istambul
TAP com prejuízo de 71,9 milhões de euros, mas melhores resultados operacionais
Para muitas pessoas que viajam, sobretudo para cidades, a primeira coisa que fazem antes de se aventurarem, é olhar para o mapa. Eu não sou exceção. A primeira coisa que fiz foi pedir um mapa na receção do hotel, poucos minutos antes de começar o tour pedonal com a guia. Estávamos no terceiro dia de viagem da fam trip da Teldar e da Finnair, chegados de Helsínquia, uma cidade pequena, cuja geografia foi fácil de entender. À primeira vista, o mapa de Estocolmo pode parecer complexo, há pequenas ilhotas ligadas por pontes, muitos canais e penínsulas, o que lhe confere o título, para alguns, de Veneza do Norte. Um segundo olhar sobre o mapa e a geografia de Estocolmo parece menos complexa, depois de identificado o centro histórico (Gamla Stan ou a cidade velha), uma pequena ilha onde todos os caminhos vão dar, inclusive o nosso passeio. Começámos em Hotorget (mercado do feno), uma praça central situada entre as ruas de comércio Kungsgatan, Drottninggatan e Sveavägen. Durante o século XVIII era aqui que se fazia o mercado de cavalos, no primeiro dia de cada mês, mas em 1856 tornou-se apenas uma praça com um mercado como outra qualquer, mas duas vezes maior que o seu tamanho original. O primeiro edifício de mercado foi construído em 1882 e alguns comerciantes de comida, essencialmente, puderam ter aqui o seu negócio com melhores condições de higiene. Hoje a praça permanece como um mercado de rua com frutas e artesanato. Numa das esquinas desta praça encontra-se a Casa de Concertos de Estocolmo, desenhada pelo arquiteto Ivar Tengbom e aberta em 1926, é o melhor exemplo da arquitetura neo-clássica de Estocolmo e é conhecida por ser o local onde se realiza todos os anos as cerimónias de entrega dos prémios Nobel de Medicina, Física, Química e Literatura.
Da Praça Hotorget até Gamla Stan são pouco mais de 15 a 20 minutos a pé e o caminho fez-se pelo Kunstradgarden (Jardim do Rei). Atravessámo-lo com uma pequena explicação sobre o parque. É o local de várias manifestações sociais e lúdicas dos suecos. É habitual fazerem-se concertos aqui ou festivais gastronómicos. No inverno, acaba por ser um local de grande afluência dos habitantes de Estocolmo, devido à pista de gelo. É no jardim que também se encontra a igreja Jacobs, uma das mais antigas da cidade e também uma das mais bonitas com a sua cor vermelha que a destaca na paisagem urbana.
No final do jardim, encontra-se um importante edifício da cidade, a Ópera. Estamos quase às portas da cidade velha. Paragem para a primeira lição de história sobre a capital sueca. Foi no edifício da Ópera que morreu assassinado o rei Gustavo III, em 1792. Fica para a história como o monarca que trouxe a cultura para a Suécia. Próximo de Luís XVI – o rei absoluto de França -, Gustavo III inspirou-se no “amigo” francês para dar alguma grandiosidade a Estocolmo, que era até à época uma cidade simples. Mandou construir vários edifícios, a maioria ligados a atividades culturais, entre eles este edifício da ópera. Mas Gustavo III terá sido traído pela sua ambição de tornar Estocolmo numa nova ‘Paris’. Gastou o dinheiro da coroa, queria voltar à monarquia absoluta e ganhou inimigos. Acabou por ser baleado durante um baile de máscaras, no edifício da ópera. Este episódio, que inspirou enredos de filmes e livros posteriormente, deixou o reino da Suécia sem herdeiro, mergulhando o país numa instabilidade política.
Gamla Stan e a história de Estocolmo
A construção de Estocolmo começou a partir do século XIII, estando a sua fundação apontada para o ano de 1252. Devido à sua localização, era um local de passagem de vários navios que circulavam entre o mar Báltico e o Lago Malaren. Mas devido ao desnível de águas que ali ocorria, foram colocadas estacas sobre um canal que atualmente possui o nome de Norrstrom e é uma das portas de entrada de Gamla Stan. É sobre este canal que se encontra o parlamento sueco e é a partir daqui que se desenvolve a cidade velha. A Suécia é uma monarquia constitucional com um sistema parlamentar de governo e um monarca com funções unicamente representativas. O Palácio Real encontra-se ao lado e é possível visitá-lo, já que não é residência habitual dos reis da Suécia. A independência da Suécia ocorreu em 1523 depois de uma batalha de sangue travada entre Gustavo Eriksson Vasa e o exército do rei Cristiano II, que governava os reinos da Dinamarca, Suécia e da Noruega. O rei chamou 92 suecos à praça Stortoget localizada em Gamla Stan e mandou degolá-los, entre os mortos encontrava-se o pai de Gustavo Eriksson Vasa. A chacina do rei tirano despoletou a revolta de Gustavo Eriksson Vasa que liderou o movimento de independência e libertação do domínio da Dinamarca. Tornou-se rei, com o título de Gustavo I e uma das medidas foi acabar com o catolicismo na Suécia e a implementação da religião luterana no país. A praça Stortoget onde decorreu a Batalha de Sangue é uma das mais icónicas de Estocolmo e imagem da maior parte dos cartões postais da cidade, muito graças aos prédios de cores fortes que rodeiam a praça. Um deles, pintado de vermelho, simboliza o sangue ali derramado durante a batalha (ver foto). A praça é também o ponto de partida para conhecer Gamla Stan, um dos centros históricos medievais melhor preservados da Europa. Aconselha-se simplesmente um passeio pelas ruas para apreciar a arquitetura dos edifícios, que fazem recordar o período medieval. A cidade velha tem um encanto especial devido às cores quentes dos edifícios. Há muito comércio, sobretudo restauração e artesanato.
Além de passear pelas ruas de Gamla Stan, as grandes atrações da cidade velha são o Palácio Real e a Catedral de Estocolmo. O palácio é um dos maiores do mundo, com mais de 600 quartos, além de museus e salas que exibem a história e o modo de ser da aristocracia sueca.
Museu Vasa
Finalizada a visita à cidade velha é tempo de conhecer uma outra ilha de Estocolmo. Djurgarden (ou a ilha dos animais) fica a cerca de 20/30 minutos de barco de Gamla Stan. Os ferries partem de um porto junto ao Palácio Real. A ilha dos animais é essencialmente um local lúdico uma vez que alberga vários museus, um parque de diversões e um zoo. O propósito da nossa ia a Djurgarden foi a visita ao Museu Vasa. O navio Vasa dá o nome ao museu mais visitado da Suécia e consiste na exibição do navio construído no século XVII. Até chegar a este museu, passámos por vários outros, entre eles o Museu Nórdico que, como o nome indica, retrata a cultura nórdica desde os finais da Idade Média até à época contemporânea (entrada 120 SEK, gratuito até aos 18 anos); e o ABBA The Museum, dedicada ao mítico grupo musical originário da suécia que alcançou fama planetária e cuja uma das músicas dá título a este artigo (entrada 250 SEK). Os museus estão a poucos minutos de distância uns dos outros, pelo que há muito para fazer e aproveitar durante um dia inteiro nesta ilha.
Chegados ao Museu Vasa, a fila para entrar (única fila de toda a viagem) aguçou o interesse pelo museu. Como a nossa guia já tinha comprado os bilhetes entrámos diretamente para o Vasa. No interior, o navio Vasa rouba de imediato toda a atenção e arranca um “wow” até aos mais contidos. Trata-se de um verdadeiro navio do século XVII, daqueles que apenas lemos sobre eles nos livros ou visualizamos réplicas nos filmes. Mede 52 metros da cabeça do mastro à quilha e 69 metros da proa à popa e pesava à data da sua construção 1200 toneladas. A guia aproveita para nos dar a primeira lição: Embora pareça, o Vasa não é um navio de vikings, porque a era dos vikings, recorde-se, durou até ao século XII. O Vasa foi mandado construir pelo rei Gustavo Adolfo II em 1626. Era um navio de guerra que deveria integrar a frota naval sueca. Ignorando todas as recomendações quanto ao limite de peso que o navio suportaria, o rei ordenou que se instalassem mais canhões. Na viagem inaugural, a 10 de agosto de 1628, o Vasa navegou apenas 15 minutos tendo naufragado em seguida, devido ao seu peso. O Vasa permaneceu debaixo de água durante 333 anos. Somente em 1961 foi resgatado do mar após uma obra de engenharia complexa e que durou vários anos. Os trabalhos de recuperação foram iniciados no outono de 1957 por mergulhadores que abriram túneis sob o navio para os cabos elevatórios que viriam a ser utilizados. Juntamente com o navio foram recuperados vários objetos que foram alvo de um cuidado trabalho de preservação. Além do navio que está em exposição, o museu exibe também uma réplica do interior da embarcação, assim como os objetos resgatados e a história do resgate do navio. Histórias de navios e do mar sempre despertaram o interesse do público, não é por acaso que este é um dos museus mais concorridos da Suécia. Pode ser, por vezes, difícil não tropeçar noutros visitantes, dada a afluência, mas vale bem a pena a visita (entrada – 150 SEK/grátis até aos 18 anos).
Como ir?
Viajámos até Estocolmo (Arlanda) com a Finnair, via Helsínquia. Recorde-se que a companhia tem voos diários para Helsínquia à partida de Lisboa. Do Porto, a companhia finlandesa terá uma ligação sazonal, de 22 de junho a 7 de agosto de 2020, com dois voos semanais (segundas e sextas). Para o Funchal, a Finnair opera dois voos semanais (segundas e terças) de 28 de outubro a 24 de março de 2020 e um voo semanal de 30 de março a 19 de outubro de 2020. O aeroporto de Helsínquia é relativamente pequeno e tranquilo, o que permite conexões fáceis e rápidas. O controlo de passaportes é eletrónico. Como empresa de receptivo contámos com Nordic Ways, uma DMC que faz a organização de qualquer viagem, seja de negócios, incentivos ou lazer, para toda a região nórdica (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia). Os guias falam diversas línguas, incluindo português.
Onde ficar?
Nesta viagem, visitámos o hotel At Six, uma unidade de cinco estrelas localizada a poucos minutos a pé de Gamla Stan. A ocupar um edifício dos anos 60 que foi outrora um banco, o At Six foi uma agradável surpresa. Combina design, com peças de arte contemporânea que podem ser apreciadas no lobby, com os seus luxuosos, modernos mas também confortáveis 343 quartos. O At Six tem diferentes bares, restaurantes, um rooftop e várias salas de reunião, sendo o alojamento ideal para quem quer sentir a modernidade da Suécia, seja numa viagem de lazer ou de negócios. Como curiosidade o hotel é ‘vizinho” da sede do serviço de streaming de música, Spotify.
Dicas
A moeda oficial de Estocolmo é a coroa sueca (SEK), mas os suecos estão a habituados a que se pague tudo com cartão e até mesmo numa banca de rua esta forma de pagamento é aceite (1 SEK = 0,09 EUR).