Reportagem | Helsínquia: E um (Mar) Báltico de oportunidades
A capital finlandesa pode ser pequena em dimensão mas é grande no aproveitamento da arte e do design. É também o ponto de partida para a descoberta de outras cidades no Mar Báltico.

Carina Monteiro
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Em 2018, a Finlândia registou 32 mil dormidas do mercado português, o equivalente a uma subida de 35% face ao ano anterior. A abertura do voo direto da Finnair entre a capital portuguesa e Helsínquia, em junho do ano passado, ajuda a explicar o crescimento expressivo. A ligação, além de abrir novas possibilidades de viagem para quem tem como destino final a Ásia, é a porta de entrada para descobrir Helsínquia e cidades como Taillin, Estocolmo ou São Petersburgo, que se encontram a pouca distância. Foi a proposta da Finnair e da Teldar que no final de setembro levaram um grupo de agentes de viagens a conhecer Helsínquia e Estocolmo. Neste artigo publicamos a primeira parte da viagem.
Helsínquia é um reflexo de todos os clichés que temos sobre os povos nórdicos. É ordenada, limpa e funcional e até mais pequena do que a imaginamos. Os principais pontos de interesse estão a uma distância a pé entre si, pelo que um dia chegará para visitar a cidade e ficar com uma ideia geral. Mas se é para viver a cidade e experimentar o modo de vida dos finlandeses, então é preciso mais tempo e dinheiro na carteira, já que o custo de vida é superior à média do sul da Europa. A primeira lição a reter é que, em Helsínquia, não existem locais turísticos, como identificamos facilmente noutras cidades onde o turismo chegou em força. A ideia de que ainda existem cidades na Europa onde é possível passear sem esbarrar noutros turistas, onde não há filas, nem preços inflacionados pela chegada do turismo começa a escassear, mas em Helsínquia isso ainda não acontece. O turismo é algo relativamente novo na capital finlandesa, com início nos anos 90 devido aos cruzeiros no Báltico. Pode ser um bom argumento para sugerir Helsínquia na próxima viagem.
Cidade portuária
O ponto de partida desta visita foi a Bulevarden, onde se encontrava o nosso hotel. Fomos guiados por Artur, o guia enérgico da Nordic Ways, que fala português, mas que é natural da Estónia. Esta artéria fica situada num bairro com comércio local e onde se encontra um dos cafés mais famosos da cidade. O Ekberg abriu em 1852, tendo sido renovado recentemente, mas a renovação não agradou a todos. Há quem diga que o café perdeu o seu ar aristocrático. Um café aqui pode custar entre 3 a 4 euros e uma refeição ao almoço 25 euros. Basta andar mais um pouco para encontrar a avenida principal da cidade, a Mannerheimintie, onde estão localizados importantes edifícios de Helsínquia, como o museu de arte contemporânea Kiasma. Seguimos viagem em direção ao porto, pela Esplanadi, parecida à Av. da Liberdade, uma rua larga com esplanadas arranjadas e lojas de marcas internacionais. A Esplanadi desemboca na Praça do Mercado, um mercado ao ar-livre onde se vende comida tradicional e artesanato. É daqui que partem alguns navios e ferries para visitar as ilhas ao largo da cidade, é o caso de Suomenlinna e da sua fortaleza, um dos locais mais populares na Finlândia, ou as ilhas de Vallisaari e Lonna. Helsínquia é uma das cidades portuárias mais procuradas na Europa, devido à sua localização estratégica no Báltico. Recebe cerca de 300 navios por ano com 500 mil passageiros para visitarem a cidade. Existem quatro portos de cruzeiros em Helsínquia: Hernesaari, Terminal Oeste, Terminal Sul e Katajonokka.
Katajonakka e o Terminal Sul estão localizados junto à Praça do Mercado e é daqui que partem dois cruzeiros rumo a Estocolmo das companhias Viking e Silja, respetivamente. Para Tallin, na Estónia, ou para São Petersburgo, na Rússia, é preciso ir até ao Terminal Oeste. É na Praça do Mercado que nos deixamos estar mais tempo, para apreciar o ambiente e a paisagem portuária, enquadrada pelos principais edifícios da cidade, com destaque para a Catedral Branca que rivaliza em imponência com a Uspenski, a igreja ortodoxa, uma das maiores desta zona da Europa. Mas já lá vamos. Primeiro, o porto e a Praça do Mercado convidam a ficar mais tempo. No mercado serve-se peixe frito ou o prato típico dos finlandeses: a sopa de salmão com funcho, batata e nata, que no mercado custa à volta de 8 euros. Pode-se comer nas barracas do mercado ou há quem preferia sentar-se junto ao Báltico. Ao lado da praça encontra-se também o Mercado Velho, cujo edifício data de 1889. Aqui vendem-se todos os tipos de queijos, peixes, mariscos, vegetais, frutas e bolos e especiarias.
É no porto junto à Praça do Mercado que se tem uma das melhores vistas sobre a cidade. Para isso existem duas alternativas: a partir do complexo balneário que dispõe de uma piscina ao ar-livre, saunas e um conjunto de equipamentos de entretenimento, como um bar com vista sobre a cidade, ou andar na roda gigante de quarenta metros de altura, onde não poderia faltar uma sauna numa das cabines, ou não estivéssemos no país das saunas.
O passeio continua, agora pela zona histórica de Helsínquia, tendo como principal atração a Praça do Senado, onde está situada a Catedral Branca. Helsínquia é mais nova e pequena que a maioria das capitais europeias. Foi fundada em 1550 pelo rei Gustavo Wasa junto à foz do rio Vantaa, para competir com o porto de Tallin e aumentar o comércio com a Rússia. Em 1640, a cidade foi deslocada para perto da área hoje conhecida como Praça do Senado, que oferecia um melhor porto. Durante vários séculos, a cidade permaneceu como uma cidade portuária modesta. Nenhum dos edifícios construídos antes de 1750 permaneceu, uma vez que foram sucessivamente demolidos ou queimados.
A Finlândia fez parte do império sueco até ao início do século XVIII, altura em que foi invadida pela Rússia que declarou Helsínquia a capital do país. Um grande impulsionador da arquitetura da cidade foi o arquiteto alemão Carl Ludvig Engel, também responsável pela catedral luterana construída entre 1830 e 1852, conhecida pela Catedral Branca. As suas semelhanças com a Catedral de Santo Isaac em São Petersburgo, na Rússia, não são pura coincidência, já que a cópia foi propositada. A praça é assim mais antiga que a catedral, remonta ao século XVI, mas não existem edifícios dessa época resultado dos diversos incêndios que ali sucederam. A Praça do Senado é hoje dia o local de festejos, como o Dia Nacional ou do Ano Novo.
Capital do Design
Um pouco por toda a cidade de Helsínquia deparamo-nos com diversas lojas de design finlandesas. Artek, Ittala, Aarikka ou Marimekko são algumas delas, o que atesta que os finlandeses têm uma cultura muito ligada ao design e à arte, tendo a cidade já recebido o título de Capital Mundial do Design, em 2012. Há muitos museus de arte contemporânea, assim como edifícios com um design moderno e vanguardista, pelo que andar por Helsínquia pode ser um exercício de passear numa galeria de arte gigante ao ar-livre. Um dos exemplos que junta arte e design é o Kiasma. O Museu de Arte Contemporânea fica situado na principal avenida de Helsínquia, a Mannerheimintie, e é um dos três museus que integram o conjunto da Galeria Nacional da Finlândia, a maior instituição de museus de arte do país. Os outros dois são o Museu de Arte Ateneum e o Museu de Arte Sinebrychoff. O Kiasma é uma peça original de arquitetura desenhada pelo americano Steven Holl. Do outro lado da avenida, no bairro Kamppi, conhecido por ser uma zona comercial, encontra-se mais o Museu de Arte, o Amos Rex, cuja arquitetura é facilmente destacada como ponto de encontro da cultura e arte urbana. Mais recentemente, a 5 de dezembro de 2018, foi inaugurada a Oodi, a biblioteca com o título de “a nova sala de estar mais cool de Helsínquia”. A sua inauguração coincide com a celebração do centenário da independência da Finlândia e está plena de simbolismo, já que o país é uma das nações mais alfabetizados do mundo. A biblioteca fica situada na Praça do Cidadão (Kansalaistori) um dos novos polos culturais da cidade, onde fica também localizada a Casa da Música e o Kiasma. A Oodi é um espaço transformativo e multifuncional que impressiona por fora e por dentro. Se o exterior é contemporâneo e vanguardista, o interior é mutável e vibrante, mas ao mesmo tempo sereno e confortável, algo que é conferido pelas linhas da arquitetura e pelos tons usados na decoração. A Oodi tem espaços para eventos, recantos para trabalhar e até áreas de entretenimento para crianças e todos convivem numa perfeita harmonia. Foi o último ponto desta visita e o mais ilustrativo da cultura e modo de ser dos nórdicos que, apesar da natureza não tão expansiva como o sul da Europa, é compensada em cidadania.
O que fazer
A Temppeliaukio (Igreja da Pedra) fica localizada na Rua Fredrikinkatu e deve o seu nome ao facto de ter sido esculpida na pedra. Construída há 50 anos, é uma das atrações mais populares de Helsínquia, pela sua atmosfera e arquitetura única. Devido à acústica do local é frequente receber concertos. Foi construída pelos irmãos arquitetos Timo e Tuomo Suomalaimen que ganharam um concurso de arquitetura com este projeto em 1960/1961. A igreja elíptica é banhada pela luz do dia, que passa para o corredor pelas estreitas claraboias entre a parede de pedra e a cúpula de teto de cobre. A superfície interna da cúpula é revestida com fita de cobre com um comprimento de 22 km. O diâmetro da cúpula fica a 24 metros do chão. A superfície de escavação das paredes foi deixada irregular por razões acústicas e estéticas. Para observar esta obra-prima da arquitetura, o preço do bilhete é de 3 euros.
Onde Ficar
Nesta viagem visitámos três hotéis, todos localizados no centro da cidade. Começámos pelo hotel Sokos Vakuno, da cadeia Sokos Hotels, que fica junto à praça onde está localizada a estação central de comboios de Helsínquia, pelo que a localização é uma das mais-valias deste hotel. Foi concluído em 1952, ano em que Helsínquia acolheu os Jogos Olímpicos, oferecendo uma decoração charmosa ao estilo dos anos 50. Tem um terraço no 10º com vista sobre a cidade. É hotel corporate, sendo que as áreas comuns foram remodeladas recentemente. Apesar de não ser comum o uso das estrelas na hotelaria finlandesa, os hotéis desta cadeia equivalem à classificação de quatro estrelas (https://www.sokoshotels.fi/en). Na mesma praça, situa-se o Holiday Inn (https://www.ihg.com/holidayinn) com 170 quartos. O destaque vai novamente para a localização do hotel, perto de todas as atrações da cidade. Ao estilo do Holiday Inn, as áreas comuns são ambientes descontraídos. Por fim, visitámos o Scandic Simonkentta da cadeia (https://www.scandichotels.com). Situado no bairro de Kamppi, a zona comercial da cidade, este hotel foi remodelado em 2015, contando com 360 quartos, alguns com varandas e outros com sauna (disponíveis nas categorias superiores). Destaque para o restaurante Más, com uma decoração moderna e cheia de apontamentos de design, condizente com os seus pratos inspirados na cozinha moderna.
Como ir
A Finnair tem voos diários para Helsínquia à partida de Lisboa. Do Porto, a companhia finlandesa terá uma ligação sazonal, de 22 de junho a 7 de agosto de 2020, com dois voos semanais (segundas e sextas). Para o Funchal, a Finnair irá operar dois voos semanais (segundas e terças) de 28 de outubro a 24 de março de 2020 e um voo semanal de 30 de março a 19 de outubro de 2020. Para quem está a pensar voar para Ásia, é importante saber que as rotas mais curtas são via Helsínquia e a Finnair voa para um vasto conjunto de destinos naquele continente tais como Tóquio, Seul, Pequim, Shanghai, Hong Kong, Singapura e Deli. Muitas destas rotas são operadas pelos A350 XWB, que se caraterizam por terem uma cabine com mais espaço e mais luz devido às suas janelas de maior dimensão. O aeroporto de Helsínquia é relativamente pequeno e tranquilo, o que permite conexões fáceis e rápidas. O controlo de passaportes é eletrónico. Também pode visitar facilmente a cidade já que existe uma ligação ferroviária do aeroporto até ao centro de Helsínquia (a Finnair dispõe de um autocarro que faz este percurso por 6 euros). De referir que nos voos de longo curso são servidas duas refeições e no médio curso (caso do voo entre Lisboa e Helsínquia) não é servida nenhuma refeição em económica, apenas bebidas, tratando-se de uma política generalizada entre as companhias nórdicas. Para os voos intercontinentais, a Finnair dispõe do serviço Economy Confort, não se trata de uma classe, mas sim de um conjunto de serviços que são adicionados à classe economy, mediante um valor extra (85€ ou 95€, dependendo do destino), por exemplo, até 13 cm de espaço adicional para as pernas e encosto de cabeça mais cómodo, embarque e desembarque prioritários, kit pessoal de viagem ou uma hora grátis de wifi.
Dicas
Viagem para São Petersburgo
Uma vez em Helsínquia, porque não aproveitar a viagem para conhecer outra capital ou cidade europeia? É o caso de Estocolmo, Tallin ou São Petersburgo. Pode fazê-lo num cruzeiro, com para partida num dos terminais que enumerámos no texto e, no caso de São Petersburgo, através da empresa https://stpeterline.com/. Pode-se viajar de Helsínquia para São Petersburgo sem visto, por um máximo de 72 horas. Desde de 1 de outubro de 2019 os cidadãos de vários países, incluindo Portugal, poderão obter vistos eletrónicos de turísmo, de negócios e humanitários, todos de uma entrada, para viagens a São Petersburgo e região de Leningrado, através de preenchimento do formulário no portal http://electronic-visa.kdmid.ru/.
Nordic Ways
A viagem contou com o apoio da Nordic Ways, uma DMC fundada pela brasileira Roberta Perez, que possui uma longa experiência na organização de congressos, viagens e eventos. Em 2011, abriu a NOW em Estocolmo, mas faz a organização de qualquer viagem, seja de negócios, incentivos ou lazer, para toda a região nórdica (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia). A equipa fala diversas línguas, entre quais português. Nesta viagem, contamos com guia em português.