WTM Londres: Mercado otimista quanto à substituição da Thomas Cook por outros operadores
2019 tem sido um ano marcado pela falência de companhias aéreas e do gigante da operação turística Thomas Cook. No entanto, as empresas turísticas não esperam que estes acontecimentos tenham efeito direto nos resultados deste ano.
Carina Monteiro
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2019 tem sido um ano marcado pela falência de companhias aéreas e do gigante da operação turística Thomas Cook. No entanto, as empresas turísticas não esperam que estes acontecimentos tenham efeito direto nos resultados deste ano. Também o mercado inglês está estabilizado, mostrando que o Brexit não está a influenciar as escolhas de férias dos britânicos.
Este é o sentimento generalizado entre as empresas do turismo nacionais e as Agências Regionais de Promoção que estão, até esta quarta-feira, dia 6 de novembro, a participar no World Travel Market, em Londres.
“O mercado teve tempo para se adaptar ao Brexit, face às sucessivas datas de saída. O feedback que temos dos operadores turísticos, das OTA’s e das companhias aéreas é que não esperam grandes oscilações no mercado inglês no futuro, por duas razões. Primeiro, porque a libra estabilizou; segundo, porque o tempo que passou desde o Referendo do Brexit até agora permitiu desanuviar um pouco a tensão dos turistas do Reino Unido e o que nos dizem é que os consumidores ingleses já não querem saber deste assunto para decidirem as suas férias”, constata João Fernandes, presidente da Agência Regional de Promoção Turística do Algarve.
Por outro lado, o responsável mostra-se otimista quanto à substituição da operação da Thomas Cook por outros operadores. “Grandes operadores estão a cimentar posições”, lembra. “É o caso da Jet2 que, sendo parceira preferencial da Hays Travel, que ficou com as lojas da Thomas Cook, é uma boa notícia para o Algarve, já que a companhia tem vindo a crescer substancialmente para o nosso destino”, refere João Fernandes, dando outro exemplo. “O lançamento da easyJet Holidays também é uma boa notícia. Reunimos aqui em Londres e percebemos que estão a olhar positivamente para o Algarve. Aliás, a easyJet é a segunda maior companhia para Faro em termos de número de passageiros, sendo especialmente importante no período de Inverno”.
A notícia menos simpática que o responsável da ARPT teve em Londres tem a ver com o timing das reservas, que deverá chegar mais tarde este Inverno e no próximo Verão, devido ao Brexit e às eleições. “Não será tanto uma questão de procura mas do timing em que ela acontecerá”.
Também a ARPT do Alentejo está confiante quanto ao desempenho do mercado britânico para esta região, com o presidente, Vítor Silva, a lembrar que é um mercado que está a registar um crescimento acima média este ano.
Para os Hotéis Vila Galé, a procura do mercado inglês no início do ano começou mal, mas a recuperação neste segundo semestre fará com que os resultados deste mercado para grupo atinjam valores idênticos a 2018.
“Esta situação de incerteza face ao Brexit foi uma das razões para que o ano tenha começado mal, mas a certa altura as pessoas já se cansaram e fazem a sua vida normal”, refere Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé.
Apesar de considerar que nada se irá alterar no próximo ano face ao mercado inglês e aos resultados globais do grupo – que deverão estar em linha com o ano passado, o responsável aguarda com expectativa o que irá suceder ao fluxo de turistas operado pela Thomas Cook, e a sua substituição por outros operadores como a TUI, Jet2 ou easyJet.
Só os resultados na Madeira é que estão a preocupar o administrador dos Vila Galé, destino no qual o grupo registou uma quebra, não prevendo que a situação se altere no próximo ano.
Os hotéis da Nau Hotels & Resorts tiveram menos turistas ingleses este ano, uma tendência que o grupo já havia previsto há três anos. Por isso, explica Mário Azevedo Ferreira, CEO do grupo, a estratégia foi “reorientar mais as vendas para o mercado nacional e espanhol”. O resultado está à vista: há três anos o mercado inglês representava 32% de dormidas nos hotéis do grupo e este ano esse número passou para os 27%. Por outro lado, o mercado nacional passou de 48% para 52%.
Mario Azevedo Ferreira prevê um comportamento semelhante do mercado britânico no próximo ano, classificando-o de “mais sensível ao preço, susceptível de reservar para destinos mais baratos e menos dias”. O responsável vê, no entanto, uma oportunidade na falência da Thomas Cook. “Quem comprava Thomas Cook vai ter de comprar noutros sítios. São milhões de pacotes turísticos ao ano. A Thomas Cook estava mais focada na Grécia, Espanha, Chipre ou Malta e pouco em Portugal. Com a Jet2, que tem uma operação importante para o Algarve, a expectativa é que haja um desvio de clientes para Portugal”.
*Em Londres