(PAN)demónio
A opinião de Ana Jacinto, Secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP)
Publituris
TAAG retoma este ano voos entre Luanda e Praia, via São Tomé
Miradouro do Zebro é nova atração turística no concelho de Oleiros
Faturação dos estabelecimentos hoteleiros em Portugal ultrapassou os 6MM€ em 2023
Portugueses realizaram 23,7 milhões de viagens em 2023
Allianz Partners regista crescimento em todos os segmentos de negócio
Azul celebra mais de 191 mil passageiros no primeiro aniversário da rota para Paris
Octant Hotels promove-se nos EUA
“A promoção na Europa não pode ser só Macau”
APAVT destaca “papel principal” da associação na promoção de Macau no mercado europeu
Comitiva portuguesa visita MITE a convite da APAVT
Hoje irei partir de um exemplo muito concreto, mas muito ilustrativo, para depois o extrapolar para a restante realidade, e assim demonstrar o risco que a nossa democracia corre, sempre que o extremismo e o populismo se querem afirmar.
No momento em que estou a escrever este artigo, ainda não são conhecidos os resultados das Eleições Legislativas, pelo que, independentemente dos seus resultados (que já serão conhecidos quando o artigo for publicado), e absolutamente distante de qualquer partidarismo, estou mais à vontade para dizer o que parece ser uma evidência – o crescimento da demagogia e da política oportunista.
E o caso concreto diz respeito ao surgimento e ao “modus faciendi”, que é o mesmo que dizer modo de agir, de alguns partidos e como exemplo refiro o Partido das Pessoas, dos Animais e da Natureza, mais conhecido pela sua abreviatura – PAN.
E os métodos são simples e, aparentemente, eficazes: usam sentimentos afetivos, essencialmente pela natureza e pelos animais, para transmitir a ideia de que, quem gosta de animais ou da natureza, deve votar PAN. Ora, dito assim, não há quem não goste e se oponha, mas o diabo é que saber legislar e governar responsavelmente um país, vai muito para além disso.
Se atentarmos na definição de populismo, esta caracteriza-se precisamente pela criação deste vínculo emocional, como forma de angariar simpatia e votos, num claro propósito em manipular ou agradar à massa popular, incluindo promessas que muito provavelmente nunca poderão ser realizadas, visando apenas a conquista do poder político e ou outras vantagens correlacionadas. Uma verdadeira PANtominice, diria eu.
O PAN aproveitando-se de temas que sabe bem serem mediáticos, e sem sobre eles refletir devidamente, propõe medidas eleitoralistas e populistas, como a famosa lei das beatas, ou a entrada de animais em estabelecimentos de restauração, entre tantas outras. O comum do cidadão deixar-se levar por este tipo de ideologias o que já assusta, mas assusta ainda mais, outros grupos parlamentares deixarem-se ir, quiçá pelo medo de que, votando contra, sejam conotados como anti-animais ou anti-ambientalistas, coisa que ninguém quer.
Mas o que à primeira vista parece uma enxurrada de “propostas fofinhas” mais ou menos inofensivas, esconde uma ameaça maior, com várias medidas que denotam fundamentalismo e radicalismo, relativamente às áreas-chave do PAN, como sejam o ambiente e os animais, querendo impor as suas ideias e demonstrando muito pouca abertura para quem pense de forma diferente.
Do seu Programa consta a criação de uma Secretaria de Estado responsável pelo bem-estar e proteção animal, uma Direção-Geral de Proteção e bem-estar animal, um Observatório Nacional de bem-estar e proteção Animal e a criação da figura do Provedor Nacional dos Animais. Mais do que a humanização dos animais, parece haver uma “animalização” dos humanos, quase como uma inversão de valores que, por mais respeito que os animais nos mereçam, que é muito, não pode ser levado a este extremo.
Espero que a palavra do líder do Partido seja honrada, quando afirmou que “este não é o momento de o PAN estar no Governo”. Mas ao que parece, o PAN admite agora traçar “linhas vermelhas” para se aliar, fazendo uma pequena PANelinha, e quem o admite é uma cabeça de lista do PAN.
Sei que, com este meu artigo, posso estar, a dar importância a quem não a tem, mas não ficaria bem se não o fizesse.
Podia continuar por aí fora a dar PANcada…mas fico-me por aqui, deixando uma importante reflexão para todos nós – que sejamos cada vez mais exigentes com quem se propõe representar-nos e governar-nos. Cuidado com as PANdemias.
* Ana Jacinto, Secretária-geral da AHRESP
**Artigo publicado na edição de 11 de outubro do Publituris.