“Não consigo perceber esta privatização de 49% do capital social da Azores Airlines”
Antigo presidente da SATA, António Cansado, defende que a reestruturação financeira do grupo é a única solução que se impõe.

Publituris
Loftleidir-Icelandic pede mais 30 dias para apresentar proposta pela Azores Airlines
Companhia islandesa apresenta proposta pela Azores Airlines
SATA está a analisar proposta pela Azores Airlines e decide em “breve”
Alienação de 49% do capital da Azores Airlines arranca até final do 1.º semestre
O antigo presidente da SATA, António Cansado, diz não compreender o processo de alienação de 49,9% do capital da Azores Airlines, cujas condições do caderno de encargos considera “leoninas”, e defende que a reestruturação financeira do grupo é a única solução que se impõe, avança a Lusa.
“Eu ainda não consigo perceber esta privatização de 49% do capital social da Azores Airlines, sendo as condições do caderno de encargos de tal forma leoninas e tão negras que me é difícil perceber que haja alguém com apetência para adquirir o capital. Sendo minoritário é difícil”, declarou o gestor, que foi presidente do conselho de administração do grupo SATA de 1997 a 2007, e que é considerado o ‘pai’ da SATA Internacional, actualmente Azores Airlines.
António Cansado foi ouvido esta quinta-feira, 25 de Outubro, na Comissão Eventual de Inquérito ao Sector Público Empresarial Regional e Associações Sem Fins Lucrativos Públicas, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, onde estranhou o interesse da Loftleiðir Icelandic no negócio, no qual foi a única a apresentar uma proposta pela alienação de 49% do capital da Azores Airlines.
Considerando que a Loftleiðir Icelandic tem uma marca “bem superior à da SATA” e pode operar, com aviões próprios, a partir de Ponta Delgada “quando lhe apetecer”, António Cansado diz que não vê porque “precisa da SATA”, questionando-se sobre quais as reais motivações do interesse da operadora islandesa e do accionista, o Governo dos Açores.
“Há quem saiba, seguramente, mas eu não sei”, declarou, sublinhado estranhar a morosidade na resposta de aceitação ou não da proposta dos islandeses por parte do accionista da Azores Airlines, uma vez que, no âmbito de um concurso público, “todas as propostas cumprem ou não procedimento” e as que não cumprem “são excluídas”.
António Cansado, que desconhece qual o plano estratégico para que a SATA ultrapasse as actuais dificuldades financeiras, considera que a solução “só pode ser, no imediato, promover o seu saneamento para que possa começar a sua actividade de forma normal e com uma gestão equilibrada”.
Em sede da comissão de inquérito, o gestor manifestou-se contra a extinção da SATA SGPS e compra dos aviões DASH 400 3 200 para a frota da SATA Air Açores, em alternativa aos ATR, tendo afirmado que as obrigações de serviço público para as ilhas Faial, Pico e Santa Maria são “uma desgraça” em termos financeiros, admitindo a privatização dessas rotas.
António Cansado é ainda contra ao modelo de transporte aéreo em vigor para os Açores, uma vez que os açorianos “não estão a ser tratados por igual”.
Recorde-se que a transportadora islandesa Loftleiðir Icelandic, do grupo Icelandair, apresentou em Julho uma proposta para a aquisição de 49% do capital social da Azores Airlines após ter sido pré-qualificada na primeira fase do processo. O grupo SATA anunciou em 17 de Abril que a empresa foi pré-qualificada para a segunda fase do processo de negociação