Expo’98: Como estava o Turismo quando Portugal recebeu o maior evento internacional?
Para o Turismo, o evento foi fundamental. O sector mobilizou-se em torno da Expo’98, que prometia trazer milhões de visitantes a Portugal e, no final, o balanço não poderia ter sido mais positivo.

Inês de Matos
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Há 20 anos, Portugal recebia, pela primeira vez, um grande evento internacional, a Expo’98. Inaugurada no dia 22 de Maio de 1998, a Expo foi um autêntico sucesso, não só porque mostrou Portugal ao mundo, mas também por ter recuperado uma das zonas mais degradadas da capital portuguesa, onde nasceram alguns dos mais importantes equipamentos da actualidade, como o Oceanário de Lisboa ou o Altice Arena.
Para o Turismo, o evento foi igualmente fundamental. O sector mobilizou-se em torno da Expo’98, que prometia trazer alguns milhões de visitantes estrangeiros a Portugal, o que impulsionou o lançamento de novas unidades de hotelaria, bem como de outros projectos.
A propósito do 50.º aniversário do Publituris, que se assinala este mês, fomos ao arquivo histórico do jornal ver em que ponto estava o sector no ano em que a Expo’98 aterrou em Portugal. Logo no início do ano, era destaque a apresentação do calendário de obra do Centro de Congressos de Lisboa, junto à antiga FIL, que vinha responder às exigências do sector. A acompanhar o calendário, estava a informação de que o projecto contemplava um hotel quatro estrelas. Nasceria o Vila Galé Opera.
Foi também nesta altura que decorreu a tomada de posse dos primeiros corpos sociais da Associação Turismo de Lisboa (ATL). A estrutura, assente num modelo público-privado, era inédita e suscitava grande interesse, até porque se propunha mudar a imagem de Lisboa depois da Expo’98.
Mas o ano de 1998 viria a ser fundamental também para o transporte aéreo e para a TAP, não só pelo acordo aéreo entre Portugal e o Brasil, mas também porque o governo se preparava para privatizar a companhia em Setembro, com a entrada da Swissair no capital. Além da TAP, também a ANA-Aeroportos de Portugal estava no calendário de privatizações do governo de António Guterres.
Nas entidades turísticas, esta era igualmente uma época de mudança. João Pombo tomava posse como novo presidente da APAVT, substituindo Atílio Forte, que seguia para a Confederação do Turismo Português (CTP), dando início a um período de grande actividade do órgão de cúpula do Turismo nacional.
Na ordem do dia, estava a qualidade da hotelaria. Muitos hotéis entraram em remodelação antes da Expo’98 e foi nesta altura que a televisão por cabo chegou aos hotéis nacionais, através de um acordo entre a AHP e a TV Cabo. Em Maio, Lisboa tinha 700 novos quartos e preparava-se para ganhar um novo cinco estrelas, com o início das obras no Palácio Valle Flor, que daria origem ao Pestana Palace Hotel.
Neste ano, França recebia o Mundial de Futebol, mas, por cá, as atenções continuavam centradas na Expo’98 e, a 1 de Abril, o Publituris avançava que, até final de 1997, o evento já tinha gerado receitas de 19,5 milhões de contos, a que se juntavam 39 milhões de contos da venda de terrenos.
Na edição seguinte, dizia-se que a Swissair ficaria com um quinto do capital da TAP e que a British Airways se preparava para lançar a GO, uma low cost, que, em Julho, anunciaria voos para Lisboa. Já a easyJet chegava à capital no Inverno 98/99.
E, finalmente, chegava a Expo’98. As portas abriram a 22 de Maio e o Publituris escrevia que o evento punha “Portugal nas bocas do mundo”. Apesar do entusiasmo, em Junho, já existiam queixas por cancelamentos, que deixavam vários quartos vagos.
Em Julho, o Grupo Pestana chegava a Moçambique, com a abertura do Rovuma Carlton e anunciava o início da expansão internacional, enquanto o Porto era escolhido para Capital Europeia da Cultura em 2001.
No início de Setembro, soube-se que a Expo’98 já tinha recebido sete milhões de visitantes – 61 mil entradas por dia -, com o Oceanário e os pavilhões da Utopia (Pavilhão Atlântico), do Conhecimento dos Mares, Futuro, Portugal e Realidade Virtual entre os mais visitados. Prova do sucesso do evento era o movimento no aeroporto lisboeta, que tinha chegado aos 5,3 milhões de passageiros até Agosto.
Nesse final de ano, o Congresso da APAVT, em Natal, debatia a globalização, o Euro e as novas tecnologias, enquanto o secretário de Estado do Turismo, Vítor Neto, apresentava números muito positivos, estimando que as receitas turísticas somassem 850 milhões de contos, enquanto o número de turistas deveria chegar aos 11,2 milhões. A Expo’98 tinha valido a pena, também para o Turismo.