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Congresso APAVT

SET garante que nova directiva não vai impactar negativamente as agências de viagens

O diploma da transposição da nova Directiva para as Viagens Organizadas, que vai ser publicado até ao final do ano, resulta de um “permanente diálogo” e de “cedências mútuas”.

Raquel Relvas Neto
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SET garante que nova directiva não vai impactar negativamente as agências de viagens

O diploma da transposição da nova Directiva para as Viagens Organizadas, que vai ser publicado até ao final do ano, resulta de um “permanente diálogo” e de “cedências mútuas”.

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Está concluído o projecto-diploma de discussão sobre a transposição da Directiva 2015/2302, cujo diploma vai ser publicado até ao final deste ano em Diário da República para entrar em vigor a 1 de Julho de 2018.
Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, que falava na sessão de abertura do XLIII Congresso da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo (APAVT), anunciou que a discussão sobre a nova directiva para as viagens Organizadas estava encerrada e que a solução final resulta de um “permanente diálogo” entre a Associação, a DECO e a Direcção Geral do Consumidor, mas também de “cedências mútuas” para garantir que a transposição não impacte negativamente na vida das agências de viagens.
“Fizemo-lo respondendo às necessidades e às realidades concretas das agências de viagens, não agravando as contribuições para o Fundo [De Garantia de Viagens e Turismo], mas conseguindo redistribuir o esforço das contribuições adicionais em função do respectivo do volume de negócios diminuindo o valor da prestação das agências de viagens com volume de serviços até um milhão de euros”, indicou a responsável, explicando que esta contribuição vai passar de 350€ para 200€ para as agências com menos volume de serviços.
“O que conseguimos foi garantir que o impacto sobre o Fundo de Garantia fosse mínimo”, explicou posteriormente aos jornalistas. A criação do FGVT há nove anos permite que Portugal esteja agora preparado para a transposição, fazendo apenas “algumas correções”, concretamente, “uma redistribuição das contra-partidas necessárias para o fundo, tratando de forma diferente as pequenas agências, diminuindo o esforço que as pequenas agências têm que fazer em caso de prestações adicionais”.
Actualmente, o FGVT ultrapassa os 4 milhões de euros, o que, acrescenta, “também nos permitiu que fosse muito mais fácil a transposição da Directiva, porque já tínhamos um mecanismo criado com um conforto do próprio valor”.
Além da nova directiva, outro dos diplomas relevantes para a APAVT tem que ver com o IVA aplicado aos congressos, impedimento à competitividade de Portugal perante a vizinha Espanha. Sobre este tema, Ana Mendes Godinho adiantou que a Secretaria de Estado está, em conjunto com as Finanças, a procurar “a melhor forma de aplicar o regime do IVA nos congressos”, não querendo adiantar mais detalhes sobre o processo.

*Em Macau, a convite da APAVT

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Foto: Frame It

Congresso APAVT

“Os problemas não se resolvem diminuindo o turismo, resolvem-se aumentando os outros setores”

A “Cidade APAVT” reúne-se para o 49.º congresso. Com diversos temas na agenda, Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, diz que a associação vive “o momento mais alto do ponto de vista da capacidade de intervenção, da visibilidade e das portas que se abrem quando se pretende resolver problemas que são de todos”.

Victor Jorge

Na véspera do 49.º Congresso da APAVT, o jornal Publituris republica a entrevista feita a Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT). Com indicações de que o Orçamento de Estado para 2025 deverá ser aprovado, depois do líder do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, ter indicado que propõe a abstenção do documento apresentado pelo Governo de Luís Montenegro, o presidente da APAVT espero um Orçamento que seja “uma espécie de cópia daquilo que tem sido o turismo”.

Com o esperado aumento das viagens dos portugueses, o presidente da APAVT admite estar “pessimista” em relação ao novo aeroporto, salienta que é “importante que a TAP mantenha o ciclo de recuperação que tem evidenciado”, vê com “dificuldade” a APAVT regressar à BTL nos próximos anos e, finalmente, diz ser “premente combater uma certa comunicação anti-turismo, com uma mensagem una da ‘Cidade do Turismo’”.

O 49.º da APAVT tem como tema a “Cidade APAVT”. Que cidade é essa?
O que tentámos transmitir, fundamentalmente, foi um conceito de comunidade, em que existem interesses que litigam, mas que, nem por isso, deixam de ser legítimos. Existem opiniões diferentes, existem modelos de negócio que competem entre si, mas é sempre muito mais aquilo que os une do que aquilo que nos separa. Isto é verdade para o setor da distribuição e é verdade para o turismo e, eventualmente, será verdade, naturalmente, também para o país.

Mas é uma cidade mais forte, é uma cidade que tem vindo a crescer?
Ah, sim, completamente. E isso também é verdade para o setor do turismo. Atualizaremos os “Economics” do setor no próprio congresso e, sim, saímos da pandemia para o melhor ano de sempre em 2022. Tudo quanto pensamos relativamente ao que já aconteceu em 2023 permite-nos dizer que foi o melhor ano de sempre e provavelmente 2024 será semelhante a 2023, mas melhor. E, portanto, do ponto de vista do setor, maior do que nunca e, eventualmente, do ponto de vista da associação, também num momento muito feliz com uma boa relação com toda a gente, com uma capacidade de intervenção como nunca teve, com um modelo financeiro que está absolutamente sólido, com uma independência que é totalmente conhecida de quem se relaciona connosco e, portanto, é verdade para o setor, é verdade para o turismo, é verdade para a associação.

Vivemos [APAVT] o nosso momento mais alto do ponto de vista da nossa capacidade de intervenção, da nossa visibilidade e das portas que se nos abrem quando se pretende resolver problemas que são de todos


Neste programa há um tema que se repete: a Inteligência Artificial (IA). Porquê essa repetição?
Porque a IA não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona e até uma maratona especial, porque ainda não se conhecem os percursos não percorridos. Todas as empresas, incluindo as pequenas e médias, introduzirem a IA de um modo estratégico nas empresas e, por isso mesmo, é um assunto que vamos acompanhar nos próximos anos. É um assunto em permanente evolução e é um assunto de grande importância.

Portanto, não pode ser um tema que aparece “one shot” num só congresso?
Sim, a IA já é completamente diferente do ano passado. Basta olhar para a intervenção de um dos oradores, Sérgio Ferreira, que nos disse que só pretendia preparar a sua intervenção com 15 dias ou uma semana de antecedência, porque, entretanto, pode surgir uma novidade qualquer. É neste universo que nos movemos atualmente.

A Natália Rosa, outra das oradoras vai falar de ferramentas que já utilizamos no dia-a-dia, mas que ainda nem existiam da última vez que ela abordou o tema no congresso do Porto.

E há adesão à IA por parte do setor?
É um tema que preocupa e o setor vai acompanhando e incorporando na operação, até porque muitas das ferramentas que se utiliza são quase universais e, portanto, já têm IA. Diria que, como sempre, as maiores empresas estão à frente, mas uma das ideias que queremos muito e desafiámos os oradores para isso, é explicar que a IA é uma jornada para todos, não é uma jornada apenas para os grandes.

Viajar para fora, sem perder o “cá dentro”
Deixando o congresso, e conhecidos que foram os dados do INE relativamente a agosto, os portugueses estão a viajar mais para fora?
Bem, estão a viajar mais para fora, mas acho que é mais do que isso, estão a viajar mais. Gosto pouco de comentar uma alteração de comportamento por uma situação conjuntural, gosto mais de olhar para uma série. Se olhamos para os últimos 20 anos, os últimos 15 anos, os últimos 10 anos ou para os últimos 5 anos, os portugueses estão a viajar mais, ponto. Mas estão a viajar mais para fora e mais para dentro.

Aliás, há uma pergunta da moda que é: Os portugueses estão a abandonar um pouco o turismo interno? Bem, não acho que isso seja verdade, primeiro, porque os portugueses continuam a ser o mercado emissor mais importante do inbound. Por outro lado, se olharmos para números recentes, durante a pandemia, que é muito recente, houve um momento extraordinário do mercado interno e esse momento lançou sementes e criou raízes. Mas sim, os portugueses estão a viajar, mas também seria expectável.

Houve uma explosão de viagens em 2022, aumentou em 2023 e está-se a consolidar em 2024. Se há alguma característica específica no comportamento do consumidor português relativamente às viagens, é que me parece absolutamente óbvio que as viagens passaram a ser uma primeira necessidade, não é igual à alimentação, mas é uma das primeiras necessidades.

Houve uma explosão de viagens em 2022, aumentou em 2023 e está-se a consolidar em 2024


Mas comparativamente com 2023, os números são melhores?
São ligeiramente melhores e construídos de uma forma muito díspar. Tivemos um primeiro trimestre com um aumento absolutamente brutal das reservas. Lembro-me, na altura, cerca de 20%. Isso significou uma grande antecipação das reservas. Por causa disso, tivemos uma travagem muito significativa em maio e junho. No verão, julgo que a operação decorreu ligeiramente acima do ano passado, mas temos de ter em consideração que havia mais oferta, e espera-se um quarto trimestre muito em cima do realizado no ano passado. No final, o mercado responde sempre de forma diversa, não é uno, depende do tipo de negócio, da dimensão da empresa, onde se posiciona em termos de mercados. Uns terão crescido 10%, outros terão crescido 15%, outros terão crescido 5%, outros terão igualado números de 2023. Mas no final, as agências de viagens vão vender mais e vão ganhar ligeiramente mais. Julgo que os operadores vão vender mais e vão ganhar menos. Porque as operações charter são um risco grande, não foram todas preenchidas, no verão houve alguma quebra de preço por last minute, ao contrário da antecipação onde foi feito bom preço no primeiro trimestre. Portanto, no final, creio que os operadores todos eles vão vender mais, mas quase todos eles, vão ganhar menos.

Essa antecipação registada no primeiro trimestre poderá ter incutido na mente do setor que o crescimento iria manter-se?
Não creio. Na altura nem conseguimos explicar um crescimento tão grande, face às condições de consumo dos portugueses, ao nível das taxas de juros, à dependência dos empréstimos bancários para habitação, à inflação. Julgo que o primeiro trimestre ainda terá sido um prolongamento da necessidade de viajar brutal que sucedeu à pandemia.

As chamadas viagens de vingança?
Exato. Talvez não durou um ano, durou um ano e três meses do ponto de vista das decisões dos portugueses. E depois acabaram por se ajustar ao efetivo poder de conta.

Foto: Frame It

E o perfil mudou?
O mercado é muito eclético e maduro. Se alguma tendência existe no mercado, diria que, cada vez mais, o mercado alarga a franja também às grandes viagens e às viagens de mais alto valor, de mais alto preço.

E as de mais baixo preço?
Não. Se pensarmos nos voos charter mais básicos, se pensarmos em Cabo Verde, nas Caraíbas, Marrocos, Tunísia, são todas operações que foram um êxito este ano. Portanto, as operações mais tradicionais mantêm-se em crescimento e vamos acrescentando à medida que os anos passam outras.

O português olha para fora por causa do preço ou porque quer viajar mais?
As duas coisas. Acharia um mundo bonito e um Portugal bonito se houvesse mais turistas portugueses no estrangeiro e mais turistas estrangeiros em Portugal.

O que nos deve preocupar, a acontecer, é se houver menos turistas portugueses em Portugal e as taxas de ocupação baixarem muito. Não foi verdade este ano. Este ano os preços aumentaram muito, penso que, provavelmente, desajustados do serviço que está a ser prestado e que terá de sofrer algum ajuste. Toda a gente está de acordo com isso, inclusivamente os hoteleiros. Mas a grande verdade é que, mesmo com o agravamento de que tanto se fala, as taxas de ocupação satisfazem muito os hoteleiros e os preços satisfazem ainda mais. Desse ponto de vista, se houve mais ou menos portugueses, não é preocupante. Seria preocupante se não houvesse turistas portuguese e se não houvesse turistas estrangeiros ou haver mais turistas estrangeiros e os portugueses não conseguissem viajar. Não aconteceu nenhuma nem outra.

Contas (re)quilibradas
Em relação ao balanço das empresas, já estão equilibrados?
O mercado, uma vez mais, tem uma resposta que é um caleidoscópio, não é monocromática. Mas, em primeiro lugar, equilibrar os balanços, significa voltar a 2019. Em 2020 e 2021 perdemos seis vezes e meio o resultado de 2019. Portanto, mantendo-se os ritmos de 2019, o que seria excelente, os balanços demorariam seis anos a chegar a 2019.

Vamos no terceiro. Sendo certo que muitos balanços se equilibraram em 2023, algo impensável, muitos vão equilibrar em 2024 e eventualmente haverá também alguns que se equilibrarão mais tarde, dependendo das empresas, uma vez mais, do tipo de negócio, etc.. Mas o que é assinalável é que o setor sai da pandemia muito mais forte do ponto de vista do ritmo de negócio do que entra na pandemia e recupera muito mais rápido do que era previsível. Agora, os balanços ainda têm cicatrizes, têm e vão ter durante alguns anos, basta pensar no lazer, nas empresas que contraíram dívidas para pagamento dos vales.

A dívida é um problema, porque as taxas de juros subiram e os custos do serviço da dívida aumentaram de forma muito visível. Agora, o volume de negócios também aumentou, os ganhos também, portanto, diria que, neste momento, não sinto que haja incobrabilidade, que haja qualquer momento de rutura. Há um bom momento, os balanços estão a cicatrizar, mas a questão está longe de estar resolvida.

Esperava uma maior consolidação do mercado, face às dificuldades que foram vividas, principalmente naqueles dois anos a seguir à pandemia em que as empresas, como se costuma dizer, tinham na incerteza a maior certeza?
Sim e não. O mercado está preparado para uma maior consolidação pela sua composição, isso é óbvio. E o mercado, se víssemos isto a preto e branco, diria que são quase só microempresas, muito poucas grandes e até poucas médias.

Logo a seguir à pandemia, julgo que tínhamos um problema acrescido, que não costuma aparecer, é que mesmo as mais fortes estavam muito fragilizadas e havia muita incerteza, porque não saímos da pandemia com a certeza que o assunto estava resolvido. Fomos saindo na dúvida de que ele podia reaparecer. Desse ponto de vista, deixou de haver um gargalo para a concentração, mas eu acho que há dois tipos de razões que têm atrasado a concentração. Em primeiro lugar é que não temos só micro e pequenas empresas. Temos sobretudo micro e pequenas empresas familiares. E culturalmente, uma empresa familiar, prefere continuar com o controlo de um pequeno negócio, que não cresce, do que participar, mas não controlando um negócio maior que cresce. E, portanto, há aqui uma raiz cultural que pode impedir a venda. Por outro lado, o mercado, talvez até por a raiz ser familiar e não querer que existam concentrações de capital, arranjou modos de acrescentar dimensão económica ou capacidade de intervenção sem necessidade de integração de capital. No lazer, os franchising, os grupos que de gestão, são muito importantes no mercado português, no corporate os ACE, e até a figura em crescendo da consolidação aérea, faz com que os clientes, agências de viagens, tenham capacidade de preços e condições que só a dimensão consegue, sendo muito pequeninos.

É assinalável é que o setor sai da pandemia muito mais forte do ponto de vista do ritmo de negócio do que entra na pandemia


Abordou a questão preço. Viajar está mais caro?
Porque os hotéis aumentaram muitíssimo os preços, porque a aviação aumentou muitíssimo os preços e porque houve aumentos salariais e dos custos extra das empresas também muito significativos depois da pandemia. Portanto, está mais caro porque os custos são mais caros.

Mas em relação ao aumento de preço que se verificou em 2023 e também em 2024, acha que vai abrandar?
Sim, porque não vejo grande espaço para se manter aumentos de preços. Aliás, a pressão sobre os hotéis é muito contrária e não apenas em Portugal. Lemos as notícias em Espanha e, no verão, os preços estão acima.

Relações agradáveis
No que diz respeito à “Cidade APAVT”, a associação tem mantido várias reuniões com diferentes stakeholders. Falo da TAP, ANAC, ANA, SATA, entre outros. Esta relação e este diálogo que a APAVT tem mantido com os diversos stakeholders está mais fácil, está mais difícil, mantém-se igual, está num momento de viragem?
Não, está num momento muito bom, muito agradável. Do ponto de vista da APAVT, julgo que já referi isso, sentimos que, provavelmente, vivemos o nosso momento mais alto do ponto de vista da nossa capacidade de intervenção, da nossa visibilidade e das portas que se nos abrem quando se pretende resolver problemas que são de todos. Depois, é evidente que as agendas são muito difíceis, porque o facto de os interesses litigarem, e litigam claramente em vários dos exemplos que referiu, não deixam de ser legítimos e, portanto, não deixam de poder existir e temos é de dialogar entre interesses divergentes. A agenda é certamente difícil, sobretudo no que se relaciona com as companhias aéreas. Mas o diálogo é fácil no sentido em que há muita abertura para o diálogo.

Está mais fácil do que era?
Está progressivamente mais fácil, porque há disponibilidade para o diálogo, há diálogo frequente e há muita confiança de parte a parte com todos os organismos em questão. E a confiança de parte a parte vai-se formando, vai-se desenvolvendo e vai-se fortalecendo.

Agora, a agenda é tremendamente delicada, nomeadamente nas relações com as companhias e aéreas e tendo em conta a introdução do NDC, sobretudo no corporate, irá, certamente, significar mais custos administrativos, certamente mais trabalho administrativo e, muito provavelmente, menor remuneração.

Mas acrescenta também mais incerteza?
Não acrescenta mais incerteza, acrescenta dificuldades no curto prazo. A médio e longo prazo, o setor tem revelado tanta capacidade de encontrar soluções que julgo que ainda é cedo para dizer que o NDC é um mau caminho.

Já vivi, infelizmente, porque significa que já não sou tão novo, uma relação com as companhias aéreas em que tínhamos uma comissão base de 9%, mais rappel. Se juntarmos os dois, tínhamos uma comissão base, ou uma comissão de relacionamento, que superava os 20%. Nessa altura, as agências de viagens ganhavam menos dinheiro do que ganham agora, em que têm uma relação com base em 0,5%. Portanto, o ajustamento e o aumento da produtividade, a modernização do setor, foi abissal nas últimas décadas. Por isso, vamos ter esperança que continuaremos a encontrar as soluções.

Mas esta nova dinâmica assusta o setor?
Não, temos reunido o capítulo aéreo, que é um dos corações da APAVT, que é uma dinâmica muito jovem e muito importante para o negócio e, portanto, preocupa e entra naquilo que têm de ser os planeamentos estratégicos e a gestão anual. Mas não é algo que faça o setor entrar em pânico. Eu diria que, quem resolver os problemas, e há muitas maneiras de os resolver, provavelmente ficará num posicionamento superior antes do aparecimento do NDC, como tem acontecido em toda a história do relacionamento entre as agências de viagens e as companhias de aviação.

A médio e longo prazo, o setor tem revelado tanta capacidade de encontrar soluções que julgo que ainda é cedo para dizer que o NDC é um mau caminho


De que forma é que o setor se tem de reorganizar face a esta nova dinâmica?
O problema aqui é, sobretudo, tecnológico. Há muita tecnologia incluída. Há uma disrupção face à norma anterior, já que essa era de uma tecnologia disseminada por todo o mercado e, portanto, era fácil de normalizar os comportamentos de gestão e o trabalho do dia-a-dia.

Esta disrupção fez com que, neste momento e a curto prazo, haja mais trabalho na busca, por exemplo, de reservas, na emissão, nas reemissões, nas relações entre companhias que são de diferentes grupos globais. Mas, como há estes problemas, há uma série de desenvolvimentos tecnológicos que lhe estão a fazer face. Estamos num momento de ondulação mais alta, estamos num momento do temporal e, portanto, é, obviamente, o que preocupa e que dá mais desgaste e mais trabalho, mas os ciclos económicos também pertencem a este tipo de relações e temos a certeza que vai haver uma estabilização quer da tecnologia existente, quer até da sua harmonização pelos diferentes players. Nessa altura, estaremos num degrau superior.

Mas isso também cria novas oportunidades?
Não tenho nenhuma dúvida. Teremos um mercado mais eficiente, com maior produtividade, como temos relativamente ao momento em que ganhávamos 20% de comissão. E teremos ou os mesmos ou outros players, mas o mercado em si, enquanto um todo, será certamente mais capaz e, provavelmente, com tanta utilidade ou mais para o negócio das companhias aéreas. É assim que tem sido.

Um “olhar” político
Lembro-me da última entrevista que deu ao Publitúris, antes do 48.º Congresso da APAVT, estávamos em plena crise política …
Mas já saímos?

Este Governo tem seis meses: tem correspondido às expectativas?

É uma resposta difícil, porque tem pouco tempo e tem pouca margem de manobra face ao desenho da Assembleia da República. Acho que tem um aspeto muito positivo, já que tentou colocar na agenda política a ideia de quanto urgente é crescermos. Outra coisa é saber se consegue desenvolver uma estratégia em volta dessa ideia. Vai depender, provavelmente, de poucos dias depois do nosso congresso na APAVT, se o orçamento é ou não é aprovado e em que condições é que é ou não é aprovado.

Por isso, diria que existe um bom sentimento relativamente àquilo que foi apresentado pelo Governo, nomeadamente o conjunto das medidas que visam exatamente acelerar a economia, por outro lado, algumas dúvidas sobre a capacidade do Governo em desenvolvê-las e aí sim, muito pessimismo relativamente ao ambiente político. Para quem é empresário este diálogo entre políticos em redor do orçamento é surreal, completamente afastado dos problemas da vida pública.

Mas surpreendeu a rapidez, por exemplo, relativamente à decisão do novo aeroporto?
Não, e não liguei muito a isso. Eu já assisti a outras decisões. Ligaria se existisse rapidez em começar as obras, situação que ainda não aconteceu. Aliás, em relação ao novo aeroporto estou mesmo pessimista. Primeiro com a obtenção de um documento de impacto ambiental, que não sei se vão conseguir, depois com o diálogo com associações credíveis que defendem interesses legítimos, nomeadamente as ecologistas, e, finalmente, ainda com um diálogo com associações pouco credíveis que fingem que defendem interesses legítimos como, por exemplo, os ecologistas, mas cujo único objetivo é a tentativa de boicotar a democracia liberal. Portanto, são vários debates seguidos que me fazem ficar com bastante pessimismo.

Mas está pessimista relativamente à localização ou à execução do projeto?
A localização está indicada. Acho que a execução não é nada óbvia que corra bem. Não é óbvio que dure menos do que 10 anos e preocupa muito não ter havido uma solução intermédia.

E faz falta o tal cronograma para saber, de facto, o que vai e quando vai ser feito?
É verdade, mas quem é que consegue construir um cronograma com tantas dependências. Esse é o ponto. Por exemplo, relativamente, às obras da Portela, que sei que já arrancaram, ainda há alguns aspetos da negociação entre a ANA e o Governo que têm de ficar resolvidos antes de continuarem. Sei que são obras que podem demorar cerca de três anos. E porque não há uma solução intermédia, julgo que são, neste momento, aquilo que mais me preocuparia e aquilo pelo qual mais lutaria.

E em função disso, deveria existir uma maior aposta, por exemplo, nos outros aeroportos nacionais, tipo Porto e Faro?
Até mais talvez o Porto. Há alguns aspetos de desenvolvimento na área do aeroporto da Portela, depois as companhias aéreas estão a escolher ou têm vindo a escolher, aeronaves maiores para com o mesmo número de slots e o mesmo número de movimentos, movimentarem mais gente, mas isso também tem um limite. Depois, toda a gente sabe que teremos mais alguma aberta do ponto de vista do crescimento quando passarmos para uma nova gestão do espaço aéreo.

Acho que, sobretudo, no long haul, outros aeroportos podem ser utilizados. Estamos a falar do mercado norte-americano, brasileiro, em que o Porto fará mais sentido, porque são mercados que não pedem tanta praia, são mercados que não pedem tanta sazonalidade e que vão permitir distribuir a procura ao longo do território.

A ferrovia aí ajudava imenso?
Ajudava o mercado interno, o mercado alargado de Espanha, ajudava a curta distância porque há muitas barreiras já do ponto de vista legal ou pelo menos a construção de muitas barreiras relativamente a voos de curto curso, libertava-se slots para os tais voos de long haul.

Foto: Frame It

Objetivo: crescer
Falou em crescimento económico. O “Programa Acelerar a Economia” foi apresentado pelo Governo. Das 60 medidas, 17 são do turismo. No âmbito da APAVT, como é que olha para estas medidas? São suficientes, deviam existir mais, deviam existir menos?
Penso que não devemos olhar para as 60 nem para as 17 como as únicas que estão em cima da mesa e que fazem parte da atuação do Governo. Foram um exemplo e foram retiradas até de um certo contexto, quiçá e bem, para dar aquela ideia de que há uma ideia estratégica no Governo que é urgente crescer. Portanto, as medidas são medidas de crescimento e, desse ponto de vista, felizes. Felizes também porque se percebeu o dinamismo do turismo. Às vezes diz-se que há turismo a mais. Não há turismo a mais. Há a competitividade internacional do turismo e há condições de competitividade que são muito maiores do que em outros setores. E numa economia aberta e com relações internacionais, crescem os que têm maiores valências competitivas.

Este dinamismo das medidas escolhidas para o turismo demonstra exatamente esta capacidade competitiva. Depois temos de pensar sempre no momento da sua apresentação e no momento da sua execução. E aí também acho que temos de dar tempo ao tempo e, sobretudo, temos de dar tempo ao tempo havendo condições políticas, uma vez mais.

Há, contudo, uma medida que escolho e que envergonha que esteja no Governo e que tenho enormes dúvidas que seja implementada, o Estado pagar a 30 dias. Só o facto de constar já é uma coisa absolutamente extraordinária.

Se disser que as agências de viagens pagam às companhias aéreas num tempo médio de 18 dias e meio e vão passar a pagar em menos tempo ainda, a partir de 2025, acho que está tudo dito. Tenho pena que a medida esteja lá, porque já lá não devia estar. Fico contente por estar lá, porque alguém, apesar de tudo, aponta para si próprio e diz que não paga em condições,

[Relativamente ao Orçamento de Estado, a pergunta ao presidente da APAVT foi feita antes de se saber a decisão do PS e a proposta de abstenção indicada pelo secretário-geral, Pedro Nuno Santos]
Quanto ao Orçamento de Estado para 2025, o que espera ou gostaria que acontecesse?
Um orçamento aprovado. Desejo um orçamento aprovado e desejo um orçamento que fale de gestão dos custos do Estado, que diminua a carga fiscal das pessoas e das empresas e que coloque em ponto de mira o crescimento da economia.

O grande problema de Portugal é só discutirmos questões de distribuição quando há cada vez menos para distribuir. E, portanto, temos é de falar em competitividade internacional e em crescimento.

No fundo, espero um orçamento que seja uma espécie de cópia daquilo que tem sido o turismo, que tem conseguido ser cada vez mais competitivo, do ponto de vista internacional, que tem crescido, que tem evoluído, que se tem modernizado. É tudo isso que falta na economia.

Os problemas não se resolvem diminuindo o turismo, resolvem-se aumentando os outros setores. Porque se resolvermos um problema específico de demasiado turismo, atacando o turismo, vamos ter um problema mais geral de pobreza que será pior para todos.

Acredita que as pessoas de facto têm a noção quando falam que há turismo a mais?
Na opinião pública sim, e às vezes essas opiniões podem mudar o mindset de toda uma população. Acho que devemos lutar contra isso. Mas tocou no coração da coisa. A pergunta não pode ser nunca se há turismo a mais ou turismo a menos. Porque nunca pode haver turismo a mais. O turismo em Portugal permitiu que Portugal crescesse. Sem turismo Portugal não tinha crescido e não tinha recuperado da pandemia.

Se não fosse o turismo, não havia equilíbrio das contas externas. Permitiu a taxa de desemprego mais reduzida da história recente.

Mais, com um aspeto qualitativo importante, com tantos problemas com a imigração, foi o turismo que soube acumular, da melhor maneira, uma série muito significativa de imigrantes. É o turismo que promove a cultura e a história. É o turismo que recuperou as cidades. Portanto, não podemos nunca perguntar se há turismo a mais.

Agora, há pontos específicos de pressão, de pegada turística, que têm de ser geridos, não afastando turistas, mas gerindo fluxos turísticos e requalificando ou qualificando a oferta.

A grande verdade é que se continua a dizer que não se consegue viver nos centros das cidades, que os turistas tiraram de lá as pessoas. O que aconteceu foi que o turismo recuperou económica, paisagisticamente, do ponto de vista da organização da cidade, o urbanismo, foi o turismo que recuperou isto tudo. Estar contra o turismo não faz qualquer sentido. Confesso que, neste momento, será premente combater uma certa comunicação anti-turismo, com uma mensagem una da “Cidade do Turismo”.

A APAVT saiu da BTL porque a BTL, entre outros aspetos, nos fez exigências financeiras que não eram comportáveis. E, portanto, a APAVT teve de sair


E relativamente à privatização da TAP. Tivemos cá IAG, a Air France KPLM, a Lufthansa? Percebe alguma definição?
Temos como tradição não comentar a composição do capital social da TAP. Eventualmente a TAP teve bons momentos com composição do capital público, teve bons momentos com composição de capital privado e teve maus momentos com os dois. Agora, há uma certeza que temos. A TAP é muito importante para o presente do turismo português e para o futuro do turismo português.

Cerca de 95% dos turistas entram por via aérea e a TAP tem o maior market share desse número e, portanto, por razões quantitativas, mas, sobretudo, por razões qualitativas, a questão do hub e da ligação estratégica ao mercado brasileiro e ao mercado norte-americano não podemos continuar a crescer gerindo a pegada turística se não desenvolvermos o long-haul. É o long-haul que nos traz menos sazonalidade, mais receita por turista, mais território turístico, mais diversidade de produto.

Sendo muito importante, ninguém sobrevive na indústria aérea se não crescer de uma forma relativamente contínua. A TAP precisa de uma estratégia de crescimento e essa precisa de capital. E, provavelmente, não sou especialista, mas a TAP vai precisar de capital. Até lá, é bom não esquecer, que é importante que a TAP mantenha o ciclo de recuperação que tem evidenciado, porque se não o fizer, na altura em que for necessária uma privatização, poderá não haver ninguém interessado.

Voltando às palavras do primeiro-ministro, tranquiliza-o, novamente, o facto de o mesmo ter dito que a TAP não é vendida ao desbarato e, se for preciso, o Estado mantém a TAP até conseguir privatizá-la em condições?
Penso que é de bom senso, quer político, quer económico. Estou de acordo que a TAP não deve ser vendida ao desbarato e estou de acordo que se ela não puder ser vendida, de alguma maneira, o Estado tem de tomar conta da ocorrência.

Agora, atenção, uma vez mais, se pensarmos que a estratégia de crescimento tem de ser executada, podemos é discutir a capacidade que o Estado pode ter em executá-la, nomeadamente, a capacidade que pode ter em disponibilizar capital, até do ponto de vista legal, para essa estratégia de crescimento.

BTL sem APAVT
A APAVT, comunicou a não presença na BTL. Porquê?
Sobre a BTL, que fique claro uma coisa, vamos falar mais do que vamos falar agora. Vamos falar na altura que decidirmos e vamos falar no local em que quisermos e que acharmos mais apropriado. Agora, não vou deixar de responder. Porquê? Porque achamos que os nossos associados e o setor do turismo, em geral, merecem ser esclarecidos relativamente à saída da APAVT, o que, desde logo, sublinho a importância da presença da APAVT.

A APAVT saiu da BTL porque a BTL, entre outros aspetos, nos fez exigências financeiras que não eram comportáveis. E, portanto, a APAVT teve de sair.

Os associados da APAVT compreenderam essa posição?
Mais do que compreenderam, a decisão do abandono não é uma decisão nem do presidente, nem da direção. É uma decisão do conjunto de cerca de 100 empresas que interagiam no maior stand privado da feira. E, portanto, foram essas 100 empresas que perceberam que eram incomportáveis as exigências de curto prazo, as exigências financeiras, não apenas as exigências, como também o curto prazo que tínhamos para as cumprir.

Mas há espaço para negociações?
Não. Como sabe, não há espaço para voltarmos e vejo com dificuldade nos próximos anos. A APAVT tinha uma posição, era o maior stand privado da feira e foi expulso da feira.

Estamos a falar da importância da iniciativa privada, julgo que um redireccionamento da BTL para mais dependência de dinheiros públicos não ajuda ninguém e, sobretudo, não ajuda o turismo.

Mas, uma vez mais, falarei mais tarde.

Estamos atualmente a viver tempos conturbados a nível internacional. Instabilidade no Reino Unido, em França, na Alemanha, em Espanha, eleições nos EUA, guerra na Ucrânia, agora o conflito no Médio Oriente. Que impacto poderá ter todo este cenário no fluxo turístico que Portugal tem ganho. Voltamos novamente à incerteza?
Sim, muito. E mais, referiu Espanha e França com crise política, Reino Unido com choque fiscal, Alemanha à beira da depressão, Estados Unidos com eleições. Ora, apontou “somente” os cinco maiores mercados emissores por Portugal. É só disto que estamos a falar. O que é que se pode dizer? Acho que há um momento em que a gestão tem de ter redobrada prudência e é um momento em que a “Cidade APAVT” e a “Cidade do Turismo” têm de ter as portas escancaradas para o diálogo e para a cooperação entre players relativamente aos quais é muito mais aquilo que os une do que aquilo que os separa.

Já disse que não vai voltar a concorrer à presidência da APAPVT …
Disse e não menti. Mantenho o que disse pela primeira e única vez na tomada de posse que estava de saída. Correu um ano, a APAVT para o próximo ano faz 75 anos, vai ser um momento muito importante. A PAVT está financeiramente mais sólida do que nunca. A APAVT tem com relações institucionais, talvez, as melhores de sempre.

Há relativamente pouco tempo o presidente da CTP, Francisco Calheiros, voltou a referir, também, que este é o último mandato à frente da CTP. Uma posição na CTP não está dentro dos horizontes?
De todo. E se estivesse, teria, em primeiro lugar, dialogar com os meus colegas da CTP e todos eles sabem que não há um único diálogo. Por outro lado, o meu próprio plano de vida pessoal, a própria idade, faz com que saiba que não vou ser o próximo candidato a presidente da CTP.

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APAVT fecha congresso com notas sobre mão-de obra, aeroporto, novos territórios e apela à “diminuição acentuada” da carga fiscal antes de rumar ao Porto, em 2023

Depois de anunciar que a 48.ª edição do Congresso da APAVT regressa, após 22 anos, à cidade do Porto, Pedro Costa Ferreira, presidente da associação, encerrou a sessão de trabalho deixando alguns recados ao Executivo.

Victor Jorge

O 48.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), regressa à cidade do Porto, 22 anos após a última realização na Invicta. O anúncio foi feito por Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, e Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal.

Depois do anúncio feito no jantar oferecido pela Câmara Municipal do Porto, o presidente da APAVT fechou o congresso deixando alguns recados. Assim, para Pedro Costa Ferreira, “urge resolver o problema do acesso a mão de obra”, considerando que para tal “não bastará facilitar a imigração”, reconhecendo, no entanto, que esse “é um primeiro passo que tem de ser dado”. “Porém, há que saber alojar quem vem, formar quem está disposto a viver e trabalhar no nosso País, valorizar as novas carreiras, impedir que redes de criminosos tomem conta dos processos de imigração”, disse o presidente da APAVT.

Essa contratação de pessoal é, também ela, importante para que “melhorar o serviço, se quisermos manter os preços de venda ao nível dos deste ano [2022]”, adiantou ainda Pedro Costa Ferreira.

No caso do aeroporto, o presidente da APAVT frisou que “precisamos de resolver o problema das obras no aeroporto de Lisboa, única via de evitar que a panela de pressão em que se transformou o tema das acessibilidades aéreas, nos rebente nas mãos”, sendo que essa também será a “única via de minimizarmos as terríveis perdas decorrentes da não decisão relativamente à solução aeroportuária lisboeta”.

A gestão da pressão turística passará, segundo o presidente da APAVT, por saber “cuidar de um hub que representa a melhor arma de penetração nos mercados de long-haul”, considerando que são esses que “permitem, de uma forma mais óbvia e imediata, trabalhar para além do verão, ganhando e consolidando novos territórios turísticos”.

Por fim, o último recado teve a “diminuição acentuada da carga fiscal, pelo menos sobre o fator trabalho”, como nota, concluindo o presidente da APAVT que, “enquanto isso não acontecer, impediremos o elevador social, afastaremos e teremos mesmo dificuldade em reter, o talento, e teremos evidentemente menos capacidade de atingir níveis de serviço compatíveis com o preço que pretendemos oferecer”.

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“Quem gere o património cultural não gosta de pessoas, gosta de pedras”

O arranque do último dia do 47.º Congresso da APAVT teve o património cultural como tema. No final ficou percebido que existe um enorme potencial por explorar, sendo que o Estado deverá deixar que o turismo utilize esses bens, embora seja necessário criar um produto para se vender.

Victor Jorge

Portugal possui, atualmente, cerca de 38.000 bens patrimoniais imóveis, dos quais 4.574 são património classificado e 17 classificados como Património da Humanidade. Isto faz com que Portugal apresente um rácio de 1,65 monumentos de património cultural, por cada milhão de habitantes, uma das taxas mais altas da Europa, revelou Catarina Valença, fundadora e coordenadora do SPIRA e professora do curso de Gestão do Património Cultural na Católica Porto Business School, no âmbito do 47.º Congresso da APAVT, salientando o “enorme potencial que o património cultural possui para Portugal”.

Além deste “enorme potencial”, o património cultural também está “bem distribuído pelo território nacional”, considerou Catarina Valença, frisando que este “não se encontra somente nas grandes urbes, mas mais presente no interior e junto à fronteira, gozando, igualmente, das boas infraestruturas construídos que ligam Portugal inteiro”.

Mas mais do que falar da existência deste património cultural, Catarina Valença destacou o desaproveitamento relativamente a estes “bens”, já que do número total avançado, “somente cerca de 250 monumentos classificados se encontram abertos e com entradas controladas, gerando 20 milhões de visitantes e 60 milhões de euros de receitas” por ano.

Critica relativamente aos “constrangimentos” e da “inexistência de qualquer estratégia nacional para o setor do património cultural, desde sempre e até á data”, Catarina Valença frisou que a política do Estado está focada na “política e não no consumidor”, o que leva a que o Estado considere que o património é “do próprio Estado, não existindo visão de economia de serviços”, o que leva Catarina Valença a concluir que “quem gere o património cultural não gosta de pessoas, gosta de pedras”.

O estudo feito pela SPIRA, em 2020, revela que Portugal possui das taxas mais baixas na Europa em termos de visitação de monumentos, revelando Catarina Valença que a principal causa para tal realidade é o “desinteresse e não o desconhecimento”, embora Portugal possua “a mais alta taxa de orgulho relativamente ao património”.

Mas afinal qual é o potencial do património cultural em Portugal? O estudo da SPIRA adianta que, se os 4.500 monumentos estivessem abertos ao público, gerariam, pelo menos, 56 milhões de visitantes, criariam um emprego a tempo inteiro por cada 25.000 visitantes por ano por ponto patrimonial, aumentariam em 3% os empregos diretos em hotelaria, contribuiriam com mais 3,4% nas dormidas por município e gerariam, só em bilhética, cerca de 224 milhões de euros por ano.

Para se conseguir isso, há, contudo, medidas a tomar e, segundo Catarina Valença, “criar um novo paradigma”, já que estes monumentos terão de ser “um bem coletivo de desenvolvimento económico e social sustentado do país, com direito à fruição”, sendo que “deverá existir um direito à participação cívica na gestão do ‘Bem’”.

Ora para a fundadora do SPIRA, os monumentos fechados “contribuem de forma negativa para a perceção” tanto por parte dos residentes como dos turistas, antecipando que, “com o PRR vamos ter um conjunto significativo de ‘Bens’ fechados para obras”, situação que é “contra-producente para a promoção do património”.

Além da formação, a gestão de proximidade, certificação dos produtos de turismo cultural e paisagístico, Catarina Valença deixou algumas pistas de como se poderá promover o património cultural no país e fora dele, explicando que essas iniciativas devem passar, por exemplo, por “cartões de fidelização, eventos âncora, programas de divulgação em massa, dias abertos e atividades para crianças”.

Concluindo a sua intervenção Catarina Valença referiu que “é preciso criar ‘awarness’ para estes números”, já que “saber é a primeira questão”. Até porque, reconhece, quem gere a cultura “não quer saber se o ‘Bem’ tem visitantes e que alguns até preferem que os ‘Bens’ não tenham visitantes”.

Sem produto não há crescimento
Já Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, considerou que “ser um país velho não é um problema, é um ativo”, deixando a pergunta em, “como é que se pode pegar em coisas banais e torná-las em algo de valor acrescentado e diferenciador?”. A resposta: “têm de se tomar uma decisão: usar ou não”.

Neste aspeto, Ribau Esteves salientou que os municípios têm tido uma “importância fulcral na valorização do território”, faltando “somar escala”.

Crítico relativamente aos dinheiros que vão para as Entidades Regionais de Turismo, considerando que “não podem ser meras delegações regionais do Turismo de Portugal, o presidente da Câmara de Aveiro admitiu que “têm de ser os territórios a gerir esses dinheiros”, concluindo que “andar a negociar orçamentos anuais é um erro”.

No final considerou ainda que “o setor do turismo é o único que não é exportável para outro local, ou seja, está cá e ficará cá”.

Álvaro Covões, fundador e diretor-geral da Everything is New”, destacou, por sua vez, que “o património e a cultura são os únicos capazes de fixar população no território”, mas, “infelizmente, muitas vezes o que leva as pessoas a visitarem o interior é um restaurante e não património cultural, porque esse, por norma, está fechado”.

Por isso, salientou a “importância dos conteúdos para a valorização do destino”, considerando que, “para crescer é preciso criar produto e nada melhor do que o património e a cultura para fazê-lo”.

“O segredo está em construir um produto, mas um produto com história, serviço, experiência”, frisando que “o turismo cultural representa 40% do total do turismo, mas em Portugal gostamos de ser pobres e manter as coisas fechadas”.

O exemplo dado por Álvaro Covões foi o das jóias reais que estiveram fechadas durante 27 anos. “Alguém lembrou-se em mantê-las fechadas e não deixar ninguém usufruir delas”, concluindo que “não podemos focar-nos somente no produto, mas também na promoção desse mesmo produto”.

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Luís Rodrigues (SATA): “Não gerimos para a folha excel, gerimos para as pessoas”

Após reconduzido na liderança da SATA e convidado para presidir a holding, Luís Rodrigues, revelou o que a companhia aérea precisa de fazer para ter sucesso. Com a privatização a ser uma forte possibilidade em 2023, uma coisa é certa para o CEO: “a SATA “tem de ser um motor económico e social da e para a região”.

Victor Jorge

No ano em que a SATA fechará as contas com receitas acima dos 200 milhões de euros pela primeira vez, “mais do que o previsto no plano de reestruturação”, afirmou Luís Rodrigues, presidente do grupo SATA, no 47.º Congresso da APAVT.

Isto significa que o grupo terminará o ano de 2022 “com cerca de 10% a 12% em passageiros” face a 2012, e “com mais 30% de receita”, disse Luís Rodrigue, alertando, contudo, para “o agravamento de custos”, que a companhia enfrenta, devido à crise dos combustíveis, estimando em “20% os custos adicionais por causa do fuel”.

Luís Rodrigues lembrou ainda que estar “a falar da SATA é um milagre”, já que, na situação de partida, “o que tínhamos, era uma empresa completamente falida” e que “o normal seria esconder e isso estava a acontecer”.

Com o processo de reestruturação a decorrer, Luís Rodrigues salientou que, 2023 vai ser marcado pela “intenção de privatizar a Azores Airlines”, um processo que considerou “fundamental”.

No final, Luís Rodrigues deixou o caminho para o futuro da SATA: “servir os residentes dos Açores e a diáspora, bem como a comunidade que vive à volta dessa mesma diáspora. Além disso, servir os turistas, os que deixam cá valor, nacionais e internacionais, mercado esse que está longe de estar esgotado e que tem ainda muito potencial, bem como as transferências”.

Em termos de grupo, o presidente da SATA afirmou que, fundamentalmente, “queremos um grupo onde as pessoas sejam felizes a trabalhar”, até porque, “sem colaborares felizes, não conseguiremos servir bem os clientes, já que não gerimos para a folha excel, gerimos para as pessoas”. A “eficácia” foi outro ponto deixado por Luís Rodrigues para o sucesso do grupo, terminando com o facto de a SATA “ter de ser um motor económico e social da e para a região”.

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Filipe Silva (Turismo de Portugal): “A aposta terá de passar pela estruturação da oferta turística”

Filipe Silva, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, deixou claro que “alargar a oferta comercial através das redes colaborativas” é uma das prioridades para o setor em Portugal e que isso deve ser feito com “novos temas, novos territórios, novos produtos e novos clientes”. Até porque, o que se quer é “ter melhor turismo e não mais turismo”.

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Para o Turismo de Portugal (TdP) “a estruturação da oferta turística é importante para dar outras e novas experiências” a quem nos visita, reconheceu Filipe Silva, vogal do Conselho Diretivo da entidade, durante o painel “Grandes desafios do turismo português”, no âmbito do 47.º Congresso da APAVT.

Centrando-se na prioridade em “alargar a oferta comercial através das redes colaborativas”, Filipe Silva destacou que isso deve ser feito com “novos temas, novos territórios, novos produtos e novos clientes”, até porque é através destes projetos que é possível “combater a sazonalidade”.

Salientando que é preciso fazer com que quem nos visite “circule pelo território”, o trabalho efetuado com as redes colaborativas cria “motivações de visitação fora das grandes centralidades”.

No que diz respeito aos mercados emissores, Filipe Silva reconheceu, igualmente, que “não podemos estar dependentes de um número reduzido de mercados”, além de salientar, também, que “não podemos espartilhar o orçamento de promoção em demasiados mercados”.

Com a questão da valorização do dólar a ser encarada como uma “questão conjuntural”, Filipe Silva destacou a aposta que está a ser feita pelo Turismo de Portugal nos EUA e no Brasil, mas também “no mercado mexicano”, além de apontar o Japão, Coreia do Sul, Índia e Austrália como “mercados que viajam em contra-ciclo e que ajudam a combater a sazonalidade” e que “estão bastante interessados em percorrer o nosso território”.

Quanto a uma possível promoção ibérica, em conjunto com Espanha, Filipe Silva admitiu não se tratar de uma “discussão nova”, que “está na ordem do dia, mas que não tem passado à prática”, destacando o trabalho comum de promoção desenvolvido pelas regiões do Alentejo e Centro, juntamente com a Estremadura.

“Espanha tem interesse no Brasil, tal como Portugal tem interesse em mercados da América Latina”, frisou Filipe Silva, lembrando o programa de “stop-over” que a Iberia tem e que inclui Lisboa e Porto, reconhecendo que “é importante para o nosso posicionamento”.

Quanto aos desafios para o turismo português, Filipe Silva deixou claro que estes passam por “procurar ter melhor turismo e não mais turismo”, salientando que “o foco tem de estar no cliente” e que para tal, a “segmentação dos produtos é fulcral”, dando como exemplo produtos como o enoturismo ou o turismo literário.

“Temos de gerar negócio de repetição e de recomendação”, reconhecendo Filipe Silva que “o passa-palavra tem um poder tremendo”.

Finalmente, no que diz respeito à sustentabilidade, o executivo do TdP concluiu que “não vale a pena estar a desenvolver novas operações, sem ter um racional sustentável”, sendo que “isso não se faz de um dia para o outro. A última coisa que quereremos fazer é defraudar as expectativas de quem nos visita e dos nossos parceiros”.

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Margarida Almeida (Amazing Evolution): “Em termos de contratação, estamos fora do mercado por causa da questão fiscal”

A CEO da Amazing Evolution, Margarida Almeida, deixou claro que “temos gente muito boa e é um desperdício não conseguirmos reter essas pessoas”. Por isso, reconhece que “a questão fiscal tem de ser resolvida rapidamente”.

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A questão dos recursos humanos e a falta deste no setor do turismo em Portugal foi um dos pontos destacados por Margarida Almeida, CEO da Amazing Evolution, reconhecendo que o nosso país “está fora do mercado por causa da questão fiscal”.

“As pessoas, atualmente, querem saber o que vão ganhar, o que levam, efetivamente, para casa”, frisou Margarida Almeida. “Pago quase dois ordenados, um a dia 20 ao Estado e outro ao final do mês às pessoas”, disse, destacando que “a diferença no bruto não é relevante, mas o que as pessoas levam para casa faz toda a diferença”, sendo essa uma das razões que faz as pessoas “irem para fora” e “faz toda a diferença nas operações”

“Temos gente muito boa e é um desperdício não conseguirmos reter essas pessoas”. Por isso, reconhece que “a questão fiscal tem de ser resolvida rapidamente”.

Já quanto à questão da subida de preços, Margarida Almeida admite que “esse é o caminho”, mas que terá de ser acompanhado por produto e o serviço, mas isso só se faz com pessoas”.

Ainda no tema custos, Eduardo Caetano, diretor-executivo da Portimar, vaticinou que “os custos de fazer férias vão aumentar” e que vai haver uma “redução do poder de compra das famílias”, admitindo, no entanto, que esta realidade “não tem de ser forçosamente má para Portugal”.

“As pessoas não dizem que não vão fazer férias, mas sim que vão reduzir o seu orçamento e aqui Portugal pode posicionar-se”, salientando ainda Eduardo Caetano que “os nossos concorrentes são mais caros” e que, por isso, “a opção das famílias pode recair sobre o destino Portugal”.

Para que isso aconteça, o diretor-executivo da Portimar frisou que é preciso “fazer ações de capacitação de marca”, reconhecendo que as regiões têm hoje, “produtos diferentes para apresentar”, mas que a manutenção do load factor é “uma das preocupações”.

Destacando que o Algarve “não é só sol e praia”, Eduardo Caetano apresentou o golfe como um dos ativos estratégicos que contribui para combater o efeito da sazonalidade, frisando, contudo, que “é preciso estruturar a oferta”. Exemplo disso, são os 200 quilómetros para cycling, mas para os quais concluiu “não temos infraestruturas”.

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Thierry Ligonnière (ANA): “Há o risco de não termos solução nenhuma” relativamente ao novo aeroporto

Thierry Ligonnière, CEO da ANA – Aeroportos de Portugal, frisou, durante o 47.º Congresso da APAVT, que é necessário “acabar com este impasse” relativamente ao novo aeroporto para a região de Lisboa, deixando claro que “já fizemos o nosso trabalho. Quem decide não somos nós”.

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No painel dedicado aos “grandes desafios do turismo português”, realizado no âmbito do 47.º Congresso da APAVT, Thierry Ligonnière, CEO da ANA – Aeroportos de Portugal, admitiu que “há o risco de não termos solução nenhuma” relativamente ao novo aeroporto para a região de Lisboa, salientando ainda que é necessário “acabar com este impasse”.

O responsável da ANA e diretor para os mercados de Portugal, Brasil e Cabo Verde destacou ainda que há que “analisar todas as opções” de forma “realista e pragmática, frisando que “a posição da ANA “é conhecida”. Reconhecendo que “o tempo de execução não é igual” para todas as opções, Thierry Ligonnière deixou claro que “já fizemos o nosso trabalho” e que “quem decide não somos nós”. “Estamos dispostos a acompanhar a decisão que for encontrada”, salientando que “todos já tiveram a oportunidade real de fazer este projeto [novo aeroporto], admitindo ainda que “a construção de um novo aeroporto é algo intemporal”.

No que toca à expansão da atual infraestrutura na Portel, Thierry Ligonnière considerou que o aeroporto de Lisboa “tem acompanhado as exigências atuais” em termos de procura e oferta, salientando que, “desde 2014 a ANA cresce mais do que antes de 2014” e que “isto só foi possível porque conseguimos colocar, em Lisboa, um outro aeroporto de Lisboa”.

Contudo, admite que o trabalho de expansão do atual aeroporto passa antes por uma “melhoria operacional” e não tanto “pela expansão da atual infraestrutura”, clarificando que “se as coisas corressem como imaginamos, se todas as entidades fizessem o seu trabalho rapidamente, poderíamos estar a operar já em 2023”.

Do lado do Turismo de Portugal, Filipe Silva, vogal do Conselho Diretivo, reconheceu que “cada um de nós tem de opinar sobre o novo aeroporto”, salientando, no entanto, que, relativamente ao load factor, “não estamos a operar a 100%”. Por isso, disse que “o diferencial para esses 100% cabe a nós trabalhar com as companhias aéreas”, frisando que “existe capacidade para preencher o que falta para se atingir esses 100%” e que “é preciso mais capacidade por parte da ANA”.

Concluindo a sua intervenção no 47.º Congresso da APAVT, o executivo do Turismo de Portugal reconheceu que “é possível crescer nas condições atuais”, embora “necessitemos de um novo aeroporto, mas temos de trabalhar com a atual realidade e melhorá-la”.

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“Temos boas e fundadas razões para não acreditarmos numa decisão em 2023”, diz presidente da APAVT relativamente ao novo aeroporto

Foram várias as reivindicações e recados que o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira deixou no discurso de abertura do 47.º Congresso da associação: uma nova tranche do apoiar.pt, prorrogação dos prazos nos processos de recapitalização, a nova Diretiva das Viagens organizadas e obras no aeroporto da Portela. Quanto ao novo aeroporto, não espera novidades para 2023.

Victor Jorge

No discurso de abertura do 47.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, presidente da associação, começou por dar destaque ao local escolhido para a realização do congresso: os Açores, salientando o “exemplo em práticas sustentáveis” que a região tem protagonizado.

Depois de dar nota à presença do representante diplomático da Ucrânia, Senhor Volodymyr Kozlov, Pedro Costa Ferreira frisou que “quando há uma guerra, nada mais é suficientemente importante. Havendo, numa guerra, agredido e agressor, não chega sermos do lado da paz, temos de ser sobretudo do lado do agredido”.

A terceira referência no discurso de abertura foi para a “inesperada alteração na tutela”, deixando um agradecimento a Rita Marques, que, oficialmente foi substituída no cargo a 2 de dezembro por Nuno Fazendo como secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços (SETCS), frisando que “esteve ao leme no momento mais difícil das nossas vidas empresariais” e que “sem ela não teríamos conseguido chegar a porto seguro”.

A Nuno Fazendo, Pedro Costa Ferreira prometeu “frontalidade, trabalho árduo, exigência máxima e lealdade absoluta”.

Reivindicações e recados
As reivindicações deixadas pelo presidente da APAVT começaram pelo pedido de uma nova tranche do apoiar.pt, salientando que “é merecida”.

“É bem verdade que as agências de viagens tiveram bons resultados em 2022, mas não é menos verdade que perderam mais de seis anos de resultados em 2020 e 2021”, referiu o presidente da APAVT, admitindo que “a fragilidade e a necessidade são imensas, a crise não mora nas demonstrações de resultados de 2022, mas está alojada nos balanços dos próximos anos”.

Também os processos de recapitalização para as pequenas e médias empresas (PME) foi notado, apontando Pedro Costa Ferreira que estes “falharam de forma contundente”, apontando que “será fundamental que se consiga prorrogar, para quem o necessite, o pagamento do serviço da dívida contraída ao longo da pandemia”.

Quanto ao trabalho na esfera europeia para que a nova Diretiva das Viagens organizadas “não saia ainda mais desequilibrada ao longo da cadeia de valor e ainda mais injusta para as agências de viagens”, o presidente da APAVT deixou o recado ao novo SETCS que “as palavras bonitas sobre justiça e solidariedade não correspondam a sucessivas concessões aos lobbies dos mais poderosos”.

Quanto ao tema do novo aeroporto, Pedro Costa Ferreira começou por referir que “vivemos há demasiado tempo envoltos numa onda de analistas e comentadores, ludibriados por uma política de anúncios de medidas que não se efetivam, empurrados para a voracidade das notícias que não correspondem, mais tarde, a realizações”. Assim, segundo o mesmo, “urge realizar, na macroeconomia o crescimento, ao nível empresarial a produtividade e a recuperação económico-financeira, no turismo a manutenção da liderança económica em Portugal e a competitividade internacional”.

Por isso, o presidente da APAVT frisou que a “liderança e competitividade podem estar em perigo, sem que se vislumbre um outro sector económico que dinamize o país, pela situação anacrónica, vergonhosa e incapacitante, das acessibilidades aéreas de Lisboa”

“Há mais de dez anos que acompanhamos esse processo”, referiu Pedro Costa Ferreira, admitindo que “temos boas e fundadas razões para não acreditamos numa decisão em 2023”, destacando que “sem decisão, evidentemente, não podemos acreditar numa solução que seja implementada nos próximos anos”.

Assim, “resta-nos exigir que façam o que neste momento parece ainda possível fazer, que são as obras no aeroporto da Portela, permitindo melhorar a operacionalidade e eficiência desta infraestrutura”.

“Senhores políticos, simplesmente deixem que as obras avancem. Não evitarão a vergonha, que se colou a todos os que contribuíram para a atual situação, mas pelo menos mitigarão as consequências deste processo tão trágico como ridículo”, frisou o presidente relativamente ao tema das acessibilidades e, especificamente, ao aeroporto (nova e presente).

Para o fim, Pedro Costa Ferreira destacou os mais de 300 milhões de euros em reembolsos aos clientes, salientando que “mantivemos as nossas empresas vivas, mantivemos os postos de trabalho dos nossos colaboradores. E, sim, endividámo-nos para isso”.

Destaque final para o processo de certificação das agências em comportamentos sustentáveis, processo que se desenvolverá, de acordo com as novas exigências do negócio, ao longo dos próximos anos e onde a APAVT foi uma das sete associações europeias que integraram o projeto europeu SUSTOUR, além de Portugal ser o segundo país com mais empresas aderentes ao processo de certificação, logo a seguir à Holanda.

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Nuno Fazenda (SETCS) coloca “coesão territorial como uma prioridade estratégica para o turismo” e anuncia linha de 100M€ em apoios

Na primeira intervenção enquanto secretariado de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda definiu as pessoas e as empresas como primeiras prioridades. Para as empresas haverá duas medidas que representam globalmente 100 milhões de euros. Para as pessoas será criada uma “Agenda para a atração e qualificação de pessoas para o turismo”.

Victor Jorge

Na primeira intervenção enquanto secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços (SETCS), Nuno Fazenda salientou que “Portugal dispõe de uma estratégia para o turismo”, e que essa estratégia a 10 anos – a Estratégia Turismo 2027 – representa “uma visão debatida e partilhada, constituindo o referencial estratégico para o turismo nacional”.

O novo SETCS salientou que o turismo “é a maior atividade económica exportadora de Portugal, representando cerca de 20% do total de exportações de bens e serviços”, frisando, no entanto que o turismo é muito mais do que números” e que “temos de ver o turismo para além do turismo”.

Nuno Fazendo referiu, no seu discurso no 47.º Congresso da APAVT, que o turismo “tem um efeito multiplicador de enorme relevância nos mais diversos setores da nossa economia, como sendo no agroalimentar, na construção, na maquinaria e equipamentos, na tecnologia, nas infraestruturas, e também na projeção e afirmação de Portugal no mundo”, destacando, ainda” que o truísmo “tem sido o motor da recuperação de crises em Portugal”.

“Foi assim na crise económica de 2011, onde o turismo ajudou a devolver a esperança, o emprego e o crescimento económico”, salientando ainda Nuno Fazenda que, “desde 2015, nos anos pré-pandemia, crescemos sempre acima da média da União Europeia, alcançámos recordes sucessivos nas exportações e na atração de investimento direto estrangeiro e atingimos níveis de desemprego históricos – e com contas certas, frisando que “o turismo teve um papel essencial”.

Já na crise pandémica, foi também pela “mão” do turismo que “retomámos a trajetória de crescimento”, admitindo que “o turismo tem sido o rosto da recuperação económica e social do país”.

Com base nos números do Banco de Portugal, Nuno Fazendo referiu que Portugal alcançará “um novo recorde de receitas turísticas”, reconhecendo, contudo, que “os tempos atuais desafiam o próprio setor a repensar e a reformular os seus modelos de operação, nomeadamente no consumo energético, na gestão da água e na transição digital”.

Prioridades: Pessoas e Empresas
Por isso, o SETCS definiu as duas primeiras prioridades para as quais “vamos dar resposta: pessoas e empresas”. Assim, relativamente às pessoas, Nuno Fazenda admitiu que “precisamos de mais pessoas, mais qualificações, mais profissionais do turismo”, já que “no turismo, o que verdadeiramente conta é o software. E, no turismo, o software somos nós, as pessoas”.

Por isso, o Governo vai criar uma “Agenda para a atração e qualificação de pessoas para o turismo”, agenda essa que atuará em cinco eixos: atuará em 5 eixos: (i) reforçar a qualificação dos recursos humanos; (ii) criar uma campanha específica para o trabalho no turismo, que aproxime as pessoas e as empresas; (iii) promover uma maior agilização na emissão de vistos para trabalhar em Portugal; (iv) disponibilizar apoios às empresas para a contratação estável de recursos humanos; e (v) valorizar as profissões do turismo e as remunerações – o acordo de rendimentos em sede de concertação social foi um passo importantíssimo neste domínio”.

Quanto às empresas, admitindo Nuno Fazenda que as empresas são “o motor da economia”, o novo SETCS anunciou a disponibilização, “nos primeiros dias de janeiro”, uma nova Linha – a Linha Consolidar + Turismo, “com uma dotação de 30 milhões de euros”, com gestão do Turismo de Portugal e direcionada às micro e pequenas empresas do setor, que apresentem dificuldades em gerir dívida contraída, designadamente, durante a pandemia.

Com esta linha, as empresas poderão financiar-se junto do Turismo de Portugal, sem juros, para liquidação de parte dos reembolsos devidos aos bancos durante o ano de 2023, com um prazo de carência de dois anos e um prazo de reembolso total de seis anos, o que, segundo Nuno Fazenda “permitirá às empresas suavizar e alongar no tempo as suas necessidades de capital”, numa linha que “dá resposta a reivindicações do setor”.

Além disso, o Governo assegurará ainda, este ano, a concretização da medida de Reforço do Programa Apoiar acordado, com a Confederação do Turismo de Portugal, em outubro passado, no contexto do Acordo de para a Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade.  Trata-se da disponibilização de um valor de 70 milhões de euros para as empresas do setor, a fundo perdido, que reforça os valores já recebidos no âmbito do Programa Apoiar. Estas duas medidas representam globalmente 100 milhões de euros para as empresas.

Nuno Fazendo referiu ainda que o financiamento às empresas “aumenta 90% do ‘Portugal 2020’ para o total das verbas previstas no ‘Portugal 2030’ e no PRR. Além disso, no PRR, o SETCS revelou que, muito em breve, conta assinar o contrato da “Agenda Acelerar e Transformar o Turismo”, num investimento de 151 milhões de euros com investimentos de natureza empresarial, “muito importantes na transição climática e digital”.

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“Se o setor do turismo não resistir, Portugal não vai recuperar economicamente”

Depois de um ano de interregno, o Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) está de regresso para o “reencontro” do setor. Em entrevista, Pedro Costa Ferreira, presidente da associação, explica o que esperar desta reunião, mas também fala de reembolsos, aeroporto, TAP, sustentabilidade, digitalização e prefere antes falar “não de regresso, mas de retoma”.

Victor Jorge

Depois da “travessia do deserto” e de balanços destruídos, a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) reúne-se para o seu 46.º congresso. Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, espera que o evento, mais do que reunião, seja uma união do setor. Consciente de que as dificuldades ainda perduram e irão perdurar, pede a quem apoiou o setor do turismo, que continue a fazê-lo, seja qual for o Governo. Até porque, admite, “se não existirem apoios, o setor do turismo não vai resistir”.

A APAVT realiza o seu 46.º Congresso, com o título “Reencontro”. Que “reencontro” espera depois de 20 meses de pandemia?
Esperemos que seja o reencontro de todo o setor. O nosso congresso tem uma grande tradição, exatamente de reencontro do setor, é um congresso que é organizado por agentes de viagens, mas não é o congresso das agências de viagens e, neste momento, diria que mais do que nunca é importante que o setor, mais do que se reúna, se una.

Vamos sair, enquanto agências de viagens, com muitas fragilidades, balanços destruídos, capitais próprios esgotados, mas também com uma grande oportunidade. Muitos consumidores perderam dinheiro em processos de reserva distantes das agências de viagens neste período, além de ter ficado sublinhada a grande mais-valia das agências de viagens, a diferença entre informação e conhecimento.

Perante esta saída da crise, há uma palavra-chave que é flexibilidade. Esta flexibilidade tem de ser da cadeia de valor e não só das agências de viagens. Mais vale, neste momento, ter reservas que possam ser canceladas do que não ter reservas.

Se a aviação, um hotel, um restaurante ou uma agência de viagens não forem flexíveis, o produto não vai ser flexível.

Queremos acionar, para o próximo ano, este diálogo e chamar a atenção para ele muito vivamente neste congresso.

Quais foram os principais desafios enfrentados ao longo destes 20 meses?
Não gosto de recordar estes 20 meses. Foram meses de sobrevivência, de grandes perdas e endividamento para as empresas e empresários, foi um tempo de apoios do Governo absolutamente fulcrais. Temos de ser humildes e a objetividade de reconhecê-lo. Mas também foram, naturalmente, insuficientes.

Do ponto de vista da APAVT, focamo-nos em vários planos de atuação. Talvez salientasse, desde logo e por ordem cronológica, o facto de termos tido de tratar de imediato dos reembolsos aos nossos clientes e, portanto, tentámos e conseguimos derrogar a diretiva no que aos reembolsos concerne e, provavelmente, fizemos a melhor lei dos vouchers da Europa. Melhor pela conjugação de dois fatores: pelo período relativamente ao qual foi possível não pagar diretamente, mas reembolsar através de um voucher, bem como pela data a partir da qual esse vale, se não for viajar, tem de ser pago. A conjugação destes dois fatores fez, provavelmente, da lei portuguesa a melhor lei da Europa.

Isso foi fundamental para dar confiança?
Deu confiança, salvou as empresas e ao salvar as empresas salvou os interesses e direitos dos consumidores. E há aqui uma nota que é preciso salientar: esta lei não teria sido possível sem o verdadeiro empenhamento da nossa secretária de Estado do Turismo (SET), Rita Marques. Foi uma lei que precisou de diálogo com a Comissão Europeia (CE), precisou de conflito e resolução de conflito com a CE e temos a perfeita noção de que se a SET tivesse desistido, e lutou muito e mais do que possa parecer ou imaginar, não teríamos conseguido.

Espelho desta situação foram os reembolsos que a APAVT e as agências trataram e terão ainda de tratar com os seus fornecedores, já que o dinheiro tinha ficado do lado de lá.

De referir eventualmente e neste capítulo, a importância da negociação com a TAP. Fomos reembolsados, enquanto setor, em cerca de 10 milhões de euros. Foi um passo em frente muito grande, num processo que se mantém e que ainda possui muitos processos em aberto. Há muitas dívidas das companhias de aviação. Mas trata-se de “ongoing processes” que, com exceção da Ryanair, temos diálogo com todas as companhias.

Mas vê uma solução a breve trecho?
Sim, é uma solução que vai sendo encontrada. Os problemas vão diminuindo e o bolo de processos por resolver também.

Os desafios: passados e futuros
Mas esses são problemas vindos do passado. Que desafios ainda existem no e para o futuro?
Antes disso, ainda referir que a APAVT não esteve só empenhada na relação com os agentes e com os fornecedores. A APAVT também esteve empenhada nos apoios ao setor, na sua clarificação, na sua negociação, na perceção da sua capacidade de execução, tivemos de trabalhar na Europa na harmonização das restrições de viagens. Começámos a olhar para o futuro e ao longo destes 20 meses produzimos a atualização do “Economics” do setor com a EY e iniciámos um processo de pensamento estratégico para o futuro, entre outros.

Relativamente aos desafios da saída desta crise pandémica, o primeiro desafio será a incerteza de estarmos, de facto, de saída da crise. A incerteza parece estar a voltar e esse é, sem dúvida, o maior desafio. O facto de não conseguirmos perceber se do lado do consumo vai haver abertura ou não.

O que é que aprendemos nestes pequenos raios de sol que apareceram no meio desta chuva toda? Sempre que existe a perceção de que a pandemia está a diminuir, as reservas surgem como chuva nas agências de viagens. Não escondo que nos últimos meses, sobretudo na área do incoming tivemos essa noção como, também, no verão tivemos essa noção no outgoing.

Hoje, já começámos a falar em cancelamentos de reservas, sobretudo de grupos, e em dúvidas para o futuro. Portanto, voltamos a ter a incerteza como pano de fundo.

E ter a incerteza como pano de fundo significa o quê?
Ter a incerteza como pano de fundo significa ter a certeza de que vamos continuar a precisar de apoios. Sabemos que o apoio à retoma, no que diz respeito à defesa do emprego, poderá continuar e esperemos que sim, de modo a evitar uma rutura nessa área. Mas temos de discutir com o próximo Governo, seja ele qual for e quando aparecer, a manutenção dos apoios a fundo perdido, nomeadamente, do programa Apoiar.pt. Isto por uma razão muito objetiva, é que o programa Apoiar.pt foi pago até abril, a crise ainda existe e, portanto, se houve razões por parte do Governo para apoiar uma crise há seis meses, mais razões há para fazê-lo agora, já que as empresas, com a continuação da crise, estão ainda mais fragilizadas.

A incerteza parece estar a voltar e esse, é sem dúvida, o maior desafio. Ter a incerteza como pano de fundo significa ter a certeza de que vamos continuar a precisar de apoios

Em outubro de 2020, com sete meses de pandemia, admitia ao Publituris que, por causa dos balanços destruídos, a necessidade brutal de recapitalização e tesouraria seria o grande desafio dos próximos anos? Mantém essa afirmação?
Acho que está ainda mais sublinhada. Começámos por ter dúvidas relativamente ao futuro quando achámos que iriamos ter três meses de pandemia. Nessa altura, falava com sete meses de pandemia, agora falo com 20 meses.

Diria que, se há um ensinamento para o futuro, ele tem a ver com dois aspetos do lado das agências de viagens: robustecer os balanços, porque é nos balanços que está a resposta à próxima crise; e rodear-nos dos melhores recursos humanos, porque são esses recursos humanos que vão robustecer os balanços.

O que devia ter sido feito que não foi feito?
Da parte de quem?

De todos!
Vou ser sincero, quer nas agências de viagens, quer na APAVT, quer no Governo, de um modo geral, foi feito tudo o que era imaginável ser feito. Da parte das agências de viagens, depois de 20 meses de crise, verificamos que, tanto em 2020 e, previsivelmente, em 2021, teremos dois anos com menos falências que em 2019. Isso diz tudo relativamente à capacidade resistência das nossas agências de viagens.

Relativamente à APAVT, clientes, reembolsos, trabalho na ECTAA, os projetos editoriais do Economics do setor, o pensamento estratégico para o mesmo, o aumento do apoio jurídico, o aumento dos apoios aos apoios, isto é, a clarificação, a perceção de quem poderia aderir e por aí fora, o apoio às restrições às viagens, a sua clarificação, a APAVT fez a sua parte.

O Governo, penso que é justo dizer, sem os apoios colocados em cima da mesa, não havia setores das agências de viagens e turístico.

Dito isto, o que as agências de viagens fizeram foi suficiente? Foi tudo o que poderia ter sido feito.

Se a APAVT fez o suficiente? Julgo que ficaram sempre coisas por resolver, nos apoios aos agentes, reembolsos dos fornecedores, reembolsos aos clientes.

Se o Governo fez o suficiente? Claro que os apoios foram insuficientes.

Julgo que temos de ter a humildade de pensar que fizemos todos o possíveis, mas que há momentos como uma pandemia em que temos de reconhecer que nada é suficiente.

Incertezas políticas que não ajudam
Tem falado de apoios por parte do Governo, de apoios essenciais para a sobrevivência do setor, não só das agências como do turismo. O certo é que estamos a ser confrontados com uma incerteza política, com eleições a 30 de janeiro, que levará a termos Governo só lá para março. O que teme relativamente a esta indefinição política e de políticas?
Não temo, porque já tenho a certeza de que o que aconteceu foi muito mau para as empresas. Tivemos do Estado uma resposta insuficiente face aos constrangimentos económicos. Agora juntámos uma condicionante política que, em meu entender, é menos compreensível. Isto é, para além dos recursos parcos da nossa economia ou do nosso Estado, temos agora um Governo que não pode agir por circunstâncias de condicionalismo político.

É perfeitamente natural que o Governo agora não queira tomar decisões que impliquem ou condicionem o orçamento do próximo Executivo.

Por isso, mais do que temer quanto ao futuro, tenho muita pena, mas parece haver um sentimento de quase abandono por parte dos políticos quando assistimos à cena da não aprovação do Orçamento de Estado 2022.

Relativamente ao próximo Governo, espero que se resolva rapidamente.

Se houve razões por parte do Governo para apoiar uma crise há seis meses, mais razões há para fazê-lo agora


Não teme uma interrupção dos apoios?
Nem me passa pela cabeça. Se não existirem apoios, o setor do turismo não vai resistir. Se o setor do turismo não resistir, Portugal não vai recuperar economicamente.

Portanto, é demasiado irracional para podermos pensar em tal possibilidade. E se há erro que às vezes sinto é pensar que alguns comentários políticos dão a ideia de que se trata do Orçamento para a crise.

A partir de um determinado momento não se trata de um Orçamento para a crise. É a crise que tem de caracterizar o que tem de ser o Orçamento exatamente para apoiar as empresas e a economia na crise.

O Orçamento não pode apoiar a crise até aos limites do Orçamento. A crise tem de definir os limites do Orçamento, o que é uma coisa completamente diferente.

Concluindo, espero que, seja qual for a cor ou cores políticas que ganhe ou ganhem, que compreendam isso antes sequer do primeiro dia.

Há momentos como uma pandemia em que temos de reconhecer que nada é suficiente


Espera que o próximo Governo tenha mais “foco”, como chegou a pedir?
Espero que o próximo Governo tenha muito foco logo de início nestas questões, porque os apoios são questões também de timing.

TAP a fazer parte da solução
Já falou da questão dos reembolsos e de conversações que existiram entre a APAVT e a TAP. Houve conversações com a nova administração da TAP. Pergunto se a TAP já não faz parte do problema e passou a fazer parte da solução?
A TAP tem de fazer sempre parte da solução, não por causa das agências de viagens, mas por causa do turismo português e da economia nacional.

O grande desafio português são os mercados transatlânticos, são eles que permitem crescer. São eles que permitem ter mais território e mais meses de turismo. É o mercado norte-americano, o brasileiro, é ou será um dia o mercado chinês.

Esticar a sazonalidade?
Sim, esticar para além de agosto e ir para além dos grandes centros de turismo.

Ora, o êxito relativamente a esses mercados para um país como Portugal vai depender do hub. Se a TAP não for solução e não conseguir aguentar o hub, estará em causa o crescimento do turismo a médio longo prazo no país. E se isso acontecer, está em causa a dívida pública, mais impostos, emprego. Um país mais pobre também significa mais custos para as pessoas. Não podemos criticar os apoios à TAP apenas porque são apoios do povo. Comparado com o quê, com pobreza? Comparado com pobreza, prefiro o apoio à TAP. Comparado com menos crescimento, prefiro apoiar a TAP.

Claro que um dia, e esperemos em breve, a TAP tem de corresponder com resultados.

Do ponto de vista do diálogo com os agentes de viagens, a nova administração imprimiu uma nova dinâmica, existe confiança, apesar de haver também a perceção das dificuldades que temos todos resolver.

E com as outras companhias, retirando a Ryanair?
Com a Ryanair não há diálogo possível e é uma decisão da Ryanair. Com as outras companhias, há muito tempo que a concorrência do nosso setor é definida ao longo da cadeia de valor. Isto é, as companhas aéreas não só são nossas fornecedoras como são, também, concorrentes relativamente aos clientes pelas estratégias que a tecnologia permitiu implementar.

Nós temos sempre momentos de aproximação, porque o nosso cliente é o mesmo e temos sempre focos de tensão, porque disputamos esse mesmo cliente.

Esta crise veio fazer com que todos os ‘stakeholders’ passassem a olhar para a cadeia de valor como um todo?
Não necessariamente. Luto por isso e espero que aconteça. Um dos grandes objetivos do congresso da APAVT é, precisamente, fazer um ‘kick-off’ para uma tentativa de resposta coerente por parte da cadeia de valor.

 

A TAP tem de fazer sempre parte da solução, não por causa das agências de viagens, mas por causa do turismo português e da economia nacional

 

Uma “novela” Aeroporto
E como olha para a “novela” do aeroporto?
Acho que utilizou a definição certa: “novela”. Se há pouco disse que me sentia um pouco abandonado pelos nossos políticos neste curto prazo por causa da “novela” do orçamento, sinto-me completamente abandonado pelos políticos a longo prazo por causa do aeroporto.

A questão do aeroporto é estratégica. Existe um plano que prevê chegarmos a 2027 com determinados números.

Mais concretamente, 27 mil milhões de euros em receitas e 80 milhões de dormidas.
Exato. E depois temos os representantes do aeroporto a referir que, com esta infraestrutura aeroportuária e os novos limites de navegação aérea por causa do ruído, provavelmente, não passaremos dos números de 2017.

Diria, um, organizem-se, dois, dêem-nos uma solução aeroportuária. Qualquer que seja, o país precisa dela.

O país económico precisa do país turístico.

Quando se fala que estamos demasiado dependentes do turismo, em termos económicos, isso é “bullshit”, até parece que é uma decisão governamental ou política.

Não se trata de uma decisão, é a competitividade internacional do setor que interessa. Se impedirmos que o setor mais competitivo da economia nacional, por razões de política económica pura, seja travado, penso que é um crime lesa-pátria e espero que todos os intervenientes sejam apontados.

Entre as opções que estão em cima da mesa, qual a preferida da APAVT?
Não fazemos comentários. Há quem defenda a solução mais rápida por razoes óbvias, há quem defenda uma solução estratégica por razões de longo prazo. Há ainda quem esteja imerso na confusão.

Não sou especialista ambiental ou aeroportuário, mas se me perguntar por soluções para a sua próxima viagem, sou capaz de lhe dar. Espero que, neste caso, os especialistas tenham as soluções.

Mas neste caso, voltamos a bater na questão da indefinição política e nos atrasos consecutivos de processos e decisões. Será mais um projeto para a gaveta e/ou iniciar-se de novo?
É verdade, mas espero que não. O quer que aconteça para além de 30 de janeiro, espero que haja foco na vida das pessoas.

Os temas do congresso

Antes do Congresso da APAVT marcou presença na 6.ª Cimeira Mundial dos Presidentes das Associações de Agências de Viagens, em Leon. Quais foram as principais conclusões, tendências, estratégias, diretrizes saídas dessa reunião?

As conclusões, do ponto de vista geral, passam por atualizarmos uma voz mais próxima uns dos outros enquanto setor das agências de viagens. É muito um território de associação, o que cada um anda a fazer, como responder aos problemas e à crise, como os diversos Governos apoiaram quem deveria ser apoiado e, claro, um olhar para o futuro.

Há a perceção geral no mundo que, os destinos turísticos que tiverem propostas flexíveis são os que irão comandar a procura na saída da crise.

Voltando ao congresso da APAVT, haverá um painel – “Porque é que a EY Parthenon e os Agentes de Viagens estão a olhar para o Futuro”. Que futuro é esse para onde estão a olhar? Há um novo futuro, um futuro com um consumidor diferente ou com um ‘mindset’ diferente?
Sinceramente, não acho que exista um consumidor pós-pandemia. Houve, penso, uma aceleração de tendências que já eram conhecidas antes da pandemia, já faziam parte do nosso mercado. Autenticidade, digitalização, sustentabilidade, ‘slow-tourism’, comércio justo, tudo isto são tendências mais visíveis hoje, mas tendências que já existiam. Eventualmente, os nómadas digitais é um fenómeno saído da pandemia e, por circunstância de datas, o turismo espacial tenha tido mais destaque, mas não nasceu na pandemia.

Foi um reforço de tendências?
Foi uma aceleração. Não surpreende e não vejo quer em Portugal, enquanto destino turístico, quer na natureza da atividade das agências de viagens, problemas advindos desta aceleração. Pelo contrário, a sustentabilidade é uma área onde Portugal, enquanto destino turístico, está a responder bem e até apresenta alguns ‘case studies’ importantes. A sustentabilidade do lado das agências de viagens é muito mais uma oportunidade do que um problema.

A sustentabilidade não é um estado de alma. Numa atividade económica, é um conjunto de ações tendentes a reduzir determinadas pegadas, nomeadamente, a ambiental.

As agências de viagens em Portugal e no mundo têm já incorporadas, sobretudo no ‘business travel’, critérios de medição da pegada de carbono. Em muitos contratos essa pegada tem de estar explícita para que o cliente possa escolher uma maior ou menor.

As agências, e estamos a fazer um trabalho na ECTAA, estão empenhadas em harmonizar esta medição, clarificando-a e tornando-a mais eficiente e, através das plataformas certas, dinamizar a compensação da pegada pelos clientes que a realizam.

Mas concorda ou não com aqueles que afirmam que a pandemia trouxe um consumidor com um ‘mindset’ renovado ou mesmo novo?
Não, com sinceridade não. Acho que são entusiasmos de curto prazo. É muito cedo para se fazer essa apreciação. Recordo-me da crise económica brutal recente e não foi ela que definiu a evolução, foi um passo na evolução.

Portanto, teremos de esperar mais tempo para se fazer uma análise mais racional do que está a acontecer.

Julgo que esses novos clientes, novas características são um pouco emocionais. Se alguma coisa caracteriza o mercado das viagens e o setor das agências em Portugal e no mundo, é muito mais a diversidade do que as novas tendências.

Sustentabilidade, digitalização e capital humano são dos grandes temas abordados em qualquer fórum quando se fala de turismo e estão no congresso da APVT. A APAVT assinou a declaração de Glasgow para “desenvolver planos” para “a aceleração da ação do turismo, no sentido da redução das emissões no setor”. O que é que isto significa e como é que a APAVT e os seus associados irão contribuir para esta redução de emissões? O que significa isto no concreto?
Nós temos algum histórico recente relativo a ações no foro da sustentabilidade e, concretamente da sustentabilidade ambiental. Em primeiro lugar, estamos num processo de adesão à SUSTOUR – projeto europeu que vai fazer formação em sustentabilidade ambiental em mais de 180 mil empresas europeias. Depois, assinámos um protocolo com a “Travellife” que certifica empresas consoante as suas práticas ambientais. Ora, se há uma certificação, logo é tudo mais voltado para a ação e não para o compromisso.

No seio da ECTAA há um trabalho relacionado com a estandardização da medição para melhor poder clarificar e sermos mais efetivos.

No nosso congresso, a sustentabilidade vai estar presente.

Por isso, diria que assinámos o compromisso de Glasgow, porque está de acordo com a nossa prática.

Curiosamente, a APAVT, foi, julgo, no setor do turismo em Portugal, a única associação assinar a declaração de Glasgow e no seio da ECTAA só duas associações de todo os países europeus foram “launch partners”: a APAV T e a associação holandesa.

Curiosamente, no painel da sustentabilidade do próximo congresso, um dos speakers será, precisamente, o presidente da associação holandesa.

A sustentabilidade é um dos eixos de atratividade de Portugal junto dos turistas. É por aqui que Portugal se poderá diferenciar?
Absolutamente. É uma oportunidade para o país como é uma oportunidade para as agências de viagens. Aliás, em meu entender, é uma oportunidade que veio para ficar.

 

Se a TAP não for solução e não conseguir aguentar o ‘hub’, estará em causa o crescimento do turismo a médio longo prazo no país

 

Se a sustentabilidade é chave, o capital humano também assumiu uma relevância fulcral. Saíram muitas pessoas, fazem falta muitas pessoas, os que saíram irão regressar, é preciso ir buscar pessoas a outros lados, setores, países? Como é que olha para este desafio do capital humano?
Sabemos que, sobretudo, na hotelaria e restauração falta gente. Se essas pessoas vão regressar, esperemos que sim. Sabemos, contudo, que não basta que regresse quem saiu. Julgo que hoje é mais ou menos aceite que precisamos de uma política de migração que apoie o desenvolvimento do turismo, entre outros aspetos.

Do ponto de vista das agências de viagens, não tivemos despedimentos, até porque tivemos acesso e adesão aos processos de apoio ao emprego. Por isso, se há coisa que não existiu durante esta pandemia – ainda – foram grandes despedimentos. Não há uma fuga de recursos humanos das agências de viagens.

Mas disse “ainda”?
Disse ainda porque estamos cá. E talvez não o espere. Porquê? Se olharmos para os “Economics” do setor e para a sua atualização, o setor com maior percentagem de licenciados ou acima de licenciados é, do ponto de vista do turismo, o das agências de viagem.

Os nossos recursos humanos estão muito mais longe dos ordenados mínimos e do serviço básico do que outros dentro desta cadeia de valor.

Isso, contudo, não quer dizer que não existam problemas de recursos humanos. Houve porque tiveram de sair dos locais de trabalho, porque trabalharam isolados e com dúvidas relativamente ao futuro, tal com o regresso dos recursos humanos também tem sido um problema depois de estarem 20 meses a trabalharem em casa.

Adquiriram-se novos hábitos, houve gente a trabalhar menos porque não havia trabalho, houve pessoas que passaram a levar os filhos à escola, realidade que não conheciam. Adquiriram-se novas perceções de uma realidade que agora terão de ser trabalhadas.

Por todos, até pelo próprio colaborador?
Absolutamente. Esta história de acharmos que as responsabilidades estão nas empresas e os direitos estão nos colaboradores, é uma coisa antiga.

Em vez de fuga de recursos humanos, preocupa-nos a gestão de recursos humanos.

Já na digitalização ou transformação tecnológica, a questão, presumo, não se coloca no setor das agências de viagens?
Em termos de tecnologia, as agências de viagens são dos maiores utilizadores em Portugal e no mundo. Há bastantes anos que qualquer trabalhador com um telemóvel pode resolver qualquer problema que um cliente possa enfrentar na sua viagem em qualquer lugar a qualquer hora.

Os processos de digitalização não são fins estratégicos em si, são processos de melhoria da eficiência e devem ser integradores de uma estratégia.

Como definidores de uma estratégia, acho-os fracos, porque uma estratégia tem de estar muito mais próxima das necessidades do cliente e da sua perceção e como vão evoluir, do que um mero processo de digitalização.

Quantos ‘players’ ficaram pelo caminho? E quantos ainda vão ficar? Que setor teremos no pós-COVID?
É um pouco dual. Os balanços estão destruídos, os capitais próprios evaporaram-se. Do ponto de vista da situação macro-económica do setor, provavelmente, estamos a atravessar, à saída da crise, um dos piores momentos do setor.

Sempre dissemos nos primeiros três meses da crise que o principal problema de liquidez se ia colocar no momento do regresso e da retoma, porque os custos têm um comportamento dual – zero ou um – e as receitas vão chegar gradualmente.

Se se confirmar que este regresso ténue que estamos a viver é o início de uma retoma, diria que estamos à beira do processo mais complicado de resistência por parte das agências de viagens e do turismo em geral. Desse ponto de vista é natural que haja mais quebras do que tem sido histórico.

Entre a resiliência que temos vindo a demonstrar e a evidencia dos balanços, julgo que vamos encontrar um caminho em que vamos provavelmente, uma vez mais, no início da retoma, ter alguns incidentes desagradáveis enquanto setor, mas a execução da oportunidade que aí está vai permitir a recuperação a muitos.

Quando tivermos, efetivamente, a falar não de regresso, mas de retoma, nessa altura o nosso principal objetivo será sempre o de superarmos os números de 2019 e que foram os melhores de sempre.

2019 foi o melhor ano de sempre para o turismo. Há condições para continuarmos a bater recordes com uma crise pandémica, instabilidade política, sem aeroporto, com falta de recursos humanos, entre outros?
Portugal tem todas as condições naturais para o fazer, enquanto destino turístico. Temos um dos melhores turismos do mundo, enquanto instituição. O Turismo de Portugal tem feito um trabalho notável. Temos grandes empresários, temos um conjunto de trabalhadores capacitados no setor das agências de viagens, temos um país estável, clima, um povo acolhedor. Temos tudo a nosso favor, mas estamos, neste momento, condicionados por algumas decisões políticas que têm de ser resolvidas. Com a evolução e o crescimento do turismo no mundo e a olhar para nós próprios e nossos concorrentes, diria que o recorde de 2019 ser ultrapassado é fácil-fácil.

Inicia o mandato em 2021, em plena pandemia. Pergunto-lhe se, apesar de ainda não ter terminado o primeiro ano, se ainda tem forças e vontade para ir a uma nova corrida?
[Risos] Nem vou responder. Espero chegar a este mandato vivo e com consciência de dever cumprido. Peter Drucker [professor, consultor e escritor de origem austríaca] dizia que as pessoas são mais felizes no cumprimento do dever. Espero chegar ao final do mandato feliz.

O que aprendeu com esta crise e que ensinamentos retira dela a nível pessoal e profissional?
Aprendemos sempre algo. A crise não me apanhou de surpresa. A crise é o acentuar do primado da incerteza.

A nível profissional diria que aprendemos uma vez mais que temos de robustecer os nossos balanços, que é na robustez deles que vai estar a resposta à próxima crise.

Finalmente, que temos de nos rodear dos melhores recursos humanos, porque eles vão robustecer os nossos balanços.

A nível pessoal, somos todos muito pequenos por maior que nos possamos sentir.

No dia 3 de dezembro quando fechar o congresso, que conclusão gostaria que saíssem dos três dias de trabalho?
O congresso é um capítulo da nossa atuação, não é um fim em si mesmo. Espero que saia a classificação da nossa agenda para o próximo ano. Até pela data que é realizado, o congresso é um ponto de situação e um olhar para o futuro e os fins de ano são sempre ótimos para que isso aconteça.

Mais do que olhar para o passado, espero que nos ajude a clarificar, enquanto APAVT e turismo português, a agenda para o ano 2022.

Agenda só para 2022 ou mais além?
Digamos que teremos um olhar mais além, mas temos uma agenda definida para um ano. Ajuda termos uma visão de mais longo prazo, mas é importante termos uma definição da concretização dessa agenda no curto prazo.

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