Conversas à Mesa | Constantino Pinto
Constantino Pinto, director comercial Portugal da B the travel brand, foi o convidado do Conversas à Mesa que decorreu no Hotel Heritage Av. Liberdade.

Carina Monteiro
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Constantino Pinto, director comercial Portugal da B the travel brand, foi o convidado do Conversas à Mesa que decorreu no Hotel Heritage Av. Liberdade.
Constantino Pinto nasceu em 1963, em Lisboa, mas tem uma costela beirã e outra transmontana. O mais novo de três irmãos, herdou o nome do avô materno, oriundo de uma aldeia do concelho de Celorico da Beira.
Frequentou a escola primária num externato na Amadora, para onde entretanto a família se tinha mudado. Era bom aluno e isso desculpava o comportamento por vezes excessivamente brincalhão.
Quando completou a escola primária, foi estudar para o colégio Maristas, em Carcavelos, na linha de Cascais, na altura em regime de internato. Nunca se integrou “demasiadamente bem”. Ele, que era um rapaz da Amadora, quando saía do colégio para ir de fim-de-semana, via filas de carros com motoristas para ir buscar os colegas. Ele ia para casa de comboio. “Não me fez mal nenhum, deu-me uma capacidade de aceitar a diferença e não me senti inferiorizado. Na altura, o meu irmão mais velho ajudou-me muito, dava-me muitos conselhos”. Afirma que foi uma experiência positiva e continuaria no colégio se não tivesse acontecido o 25 de Abril. O espaço foi fechado para albergar os portugueses retornados das ex-colónias.
Paralelamente, sempre esteve muito ligado à Paróquia da Amadora. Um dia assistiu a uma apresentação de um grupo de missionários da Consolata. “Fiquei verdadeiramente fascinado com aquilo”, recorda. De tal maneira, que acabou por entrar no seminário aos 13 anos, contra a vontade dos pais, sobretudo da mãe. Foi para Fátima plenamente consciente de que era aquilo que queria.
Só vinha a casa na Páscoa, no Natal e nas férias grandes. “Contrariamente ao que as pessoas pensam, era uma formação muito aberta, não tinha nada a ver com a formação tradicional dos seminários diocesanos e muito virada para a cultura do outro e para a ideia que não estamos sozinhos”, conta. Depois, “dá-nos a noção do valor do trabalho, do valor do esforço, puxar por nós do ponto físico no desporto, ultrapassar os nossos próprios limites”, acrescenta. No final deste ciclo, depois do 9º ano, a Consolata fazia uma grande selecção a quem queria prosseguir este caminho. O 10º e 11º ano eram feitos em Abrantes, onde o conceito já era o de pequena comunidade, 18 rapazes e dois padres. Terminado esse ciclo, iam para o Cacém, onde a Consolata tinha uma casa e frequentavam o curso de Teologia da Universidade Católica. Constantino Pinto fez os ciclos todos: dois anos em Abrantes e dois anos no Cacém. Nestes últimos dois anos, iniciou o Curso de Teologia que simultaneamente era também curso de Filosofia até ao terceiro ano. A partir daí, os alunos da Consolata teriam a sua primeira experiência internacional e teriam de fazer os votos de Pobreza, Castidade e Obediência. “Encarei isto como algo de muita responsabilidade, não me sentia preparado e comecei a ter dúvidas”. Partilhou as dúvidas com os seus superiores, que entenderam que seria melhor fazer uma interrupção. “Ainda hoje mantenho uma relação com eles de profunda amizade”, recorda.
O Turismo
Continuou a estudar, mas decidiu procurar um emprego. “Uma das raparigas com quem me dava na paróquia da Amadora trabalhava na agência Viagens Êxito, que era do Dr. Alberto Rodrigues de Assunção. Contratou-me e comecei a trabalhar. Fazia o que era preciso e ia aprendendo. Ao fim de quinze dias, o Dr. Assunção veio ter comigo e disse-me: vamos criar um departamento comercial e tu vais ser o nosso comercial”. Assim foi. Continuou os estudos de Teologia, em paralelo. Acordou com a Reitoria da Universidade Católica fazer também o curso de Filosofia, fez a licenciatura em Teologia e o bacharelato em Filosofia. “Pode ser que um dia venha a concluir a licenciatura em Filosofia”, afirma. Na mesma rua da Viagens Êxito, estava a agência de viagens Capristanos. “Um dia o director, Fernando Ribeiro, desafiou-me a ir trabalhar para lá”. Antes de aceitar, falou com Alberto Assunção, que foi o primeiro a incentivá-lo a aceitar a proposta. Mudou-se para o outro lado da rua. Fez um pouco de tudo, trabalhou com grupos, no segmento corporate e teve “a sorte de conviver com grandes profissionais alguns deles ainda no activo”. “O Ismael Gonçalves Pereira, sendo ele o director da agência, foi sempre um grande amigo e uma pessoa determinante na formação da minha personalidade profissional”. Saiu da empresa para montar um projecto de uma central de reservas hoteleiras, que acabou por não avançar. Não obstante, abriu, em 1986, uma agência de viagens, a Nasa Tur, juntamente com quatro sócios “As coisas correram bem, fazíamos mais incoming”. A saída do projecto deu-se em 1989. Na altura, estava a preparar o casamento e descobriu, por ironia do destino, que tinha de ir à tropa. Interrompeu a vida profissional e desvinculou-se do projecto.
Quando estava na tropa, recebeu vários telefonemas para voltar a trabalhar no Turismo, um deles de Armando Ferreira, a convidá-lo para o projecto da Soltrópico.
“Chegámos a um acordo e comecei a trabalhar. Na altura contratou-se o Nuno Mateus e a Alexandra Mendes. Pusemos o projecto a funcionar. Entretanto, tinha muitos contactos em Espanha e desafiaram-me da Andaltour para abrirmos a empresa em Portugal”. Aceitou e abriu a Andaltour em Portugal, a que se seguiu a direcção da empresa em Espanha, em 2000. Já em Espanha foi desafiado pela Marsans para voltar a Portugal para dirigir a Marsans em Portugal, em 2005. “Vim e foi talvez o projecto mais aliciante onde estive até hoje”, afirma. “Era uma empresa exemplar a todos os níveis, muito bem organizada, dinâmica, agressiva, com uma capacidade de intervenção no mercado fantástica, criámos uma equipa com uma coesão que não é comum. Tínhamos lojas bem posicionadas, que vendiam muito bem, a Marsans teria em Portugal um futuro muito promissor se em Espanha não tivesse acontecido o que aconteceu, a insolvência, em 2010, precisamente quando fazia um século”, lembra. “Foi uma fase dramática, porque nunca me tinha visto numa situação destas, depois um sentimento terrível de injustiça, porque estávamos a fazer um trabalho excelente em Portugal, tínhamos bons resultados, tínhamos uma implantação no mercado fantástica, éramos respeitados, o cliente gostava de nós e de um dia para outro tudo desaparece. E depois o incumprimento com os fornecedores”, conclui.
Depois da Marsans, Constantino integrou o grupo Orizonia, na Vibo Viagens e, ao fim de três anos, repetiu-se a história. “Se da Marsans já se falava em Espanha que a empresa ia mal, no caso da Orizonia era completamente imprevisível”, constata.
É então em 2013 que entra na Nortravel. Como é que se dá a ida para o operador turístico português? Uma conversa com António Gama, na BTL. “Contei-lhe o que aconteceu e ele falou-me do projecto da internacionalização, queriam expandir para Espanha, não montando já de início uma estrutura física no país, mas colocando algum produto naquele mercado. Respondi-lhe que o projecto me parecia interessante e era um mercado onde tinha muitos contactos e portas abertas”, conta. “Em dois anos a Nortravel estava perfeitamente implantada como fornecedor preferencial nos produtos Açores, Madeira e Portugal Continental nas grandes redes espanholas e nos grupos de gestão, que rapidamente se aperceberam da qualidade do produto”, refere. Faz rasgados elogios a António Gama, Nuno Aleixo e Emídio Santos. “Tive sempre um apoio fantástico a todos os níveis e quando considerei que o projecto tinha pernas para andar, voltei a dar ouvidos à Barceló”, conta. “As pessoas que estão agora à frente da Barceló são ex-Orizonia e, logo no início, a Barceló ficou com mais de 200 lojas da Vibo, quisemos fazer algo semelhante em Portugal, mas a Barceló não estava preparada para este crescimento tão rápido e, contra mim próprio, aconselhei-os a não fazer nada em Portugal na altura”.
Em 2016, começou a trabalhar no projecto de trazer a rede de agências de viagens B the travel Brand, do grupo Barceló, para Portugal, abrindo duas lojas premium, em Lisboa e no Porto. “Em Portugal decidimos não abrir lojas à toa e implementar este conceito de lojas premium, uma nas Amoreiras, em Lisboa, e outra na Rua Sá da Bandeira, no Porto”.
Espanha ou Portugal? Para onde pende o lado profissional de Constantino Pinto? “Gosto do pragmatismo com que os portugueses trabalham, mas sinto muito a falta do dinamismo louco com que os espanhóis actuam. As coisas não são tão rigorosas como nós sabemos fazer, mas esta capacidade de empreender, de avançar, de passar da teoria à prática, faz com que o peso da balança vá mais para Espanha”.
Intervenção na área social
Que ambições tem? Na área profissional, quer continuar o projecto da Barceló, “desenvolvê-lo e cumprir aquilo a que me propus quando o agarrei. Estamos na primeira fase apenas, falta-nos abrir uma loja premium e falta desenvolver o conceito de franchising”.
Mas a vida de Constantino Pinto vai muito além da sua carreira profissional e do Turismo. Em paralelo, tem uma intervenção social e voluntária que é cada vez mais aquilo que o preenche e realiza como pessoa. Já passaram 20 anos desde que foi desafiado para integrar a Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Amadora. Manteve sempre ligação à instituição, mesmo quando estava em Espanha. Desde há quatro anos que é o provedor da Santa Casa da Misericórdia, uma instituição hoje com centenas de funcionários, com um orçamento que ultrapassa os dez milhões de euros e que atende oito mil utentes por dia. Os fins-de-semana e alguns dias de semana são dedicados à instituição. “Mas não é nada que pese”, afirma. Depois da experiência no seminário, nele terá ficado para sempre o pensamento e a consciência “de que não estou sozinho no mundo, convivo com pessoas que têm os mesmos direitos, os mesmos deveres e provavelmente as mesmas ambições”.
Constantino Pinto tem três filhos: um rapaz com 25 anos, licenciado em Economia, e duas filhas de 23 e 16 anos. A mais velha é licenciada em Bioquimica e está na Alemanha a fazer um doutoramento. A mais nova tem uma costela de artista e já concorreu ao The Voice. Hobbies? Arranja sempre tempo para correr e corre quase diariamente, nem que seja à noite.
Heritage Av Liberdade Hotel
Localizado na principal avenida de Lisboa – Avenida da Liberdade – num edifício do século XVIII, este hotel foi decorado pelo famoso arquitecto português Miguel Câncio Martins. O Heritage Avenida dispõe de 40 quartos e duas junior suites. Os quartos do Heritage têm mobiliário elegante e incluem acesso Wi-Fi gratuito, televisão por cabo e entrada gratuita nos museus de Lisboa. Os hóspedes podem ler sobre Portugal na biblioteca do hotel, ou desfrutar de bebidas no bar. O hotel também tem um centro de fitness que inclui uma variedade de equipamentos e uma piscina de hidromassagem.