A internacionalização de férias balneares, desportivas, de lazer, cultura e saúde
Leia a opinião de Humberto Ferreira.
Humberto Ferreira
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As tendências e preferências dos turistas portugueses apontam para turismo balnear e náutico, incluindo cruzeiros internacionais, talvez na falta de operadores de cruzeiros nacionais no triângulo Açores-Madeira-Continente. De facto há mais movimento no litoral, enquanto no interior são as romarias e vindimas que chamam mais portugueses às suas terras.
Mas noto que tem faltado nas últimas décadas a publicação de estudos pelas antigas e novas universidades com cursos de turismo, sobre as tendências do mercado doméstico entre férias na praia, campo, cidades. termas, eventos culturais, desportivos, ou de valorização profissional. Sabe-se que o aluguer de alojamentos locais nas praias a turistas portugueses supera de longe, anualmente, a procura de alojamentos similares no interior, o que também deve suceder em relação ao parque hoteleiro.
Custa a entender porém não haver uma entidade que divulgue quantos portugueses fazem férias na praia, no interior, e no estrangeiro, onde as cidades superam a procura por praias e campo. Tão-pouco dispomos de dados sobre os portugueses que procuram no exterior férias por motivos de saúde, de desporto, por exemplo nas estâncias de neve, em programas especiais de treino e manutenção física, ou para assistirem a torneios internacionais nos seus desportos favoritos, ou ainda para valorização cultural ou profissional.
NÁUTICA – Vem este tema a propósito de recentes eventos desportivos que atraem milhares de pessoas: com destaque para uma das mais antigas provas desportivas mundiais, as regatas America Cup em vela, que na sua 35ª edição teve lugar na Ilha principal do arquipélago das Bermudas, que sob a Coroa Britânica mantém autonomia político-administrativa.
A organização das diferentes séries de regatas de qualificação e da fase final, preencheu hotéis, restaurantes, e clubes da capital Hamilton, ao longo de Maio e Junho, induzindo a BTA – Bermuda Tourism Authority, a produzir um estudo sobre o aproveitamento internacional de desportos náuticos, uma vez que com a vitória do Team New Zealand a 36ª edição terá lugar na Nova Zelândia. Bermuda fica no Atlântico ao largo da Costa da Carolina do Norte com o estatuto de importante destino turístico internacional, orientado para férias nas praias, plantações, e clubes desportivos, com destaque para o golfe.
FUTEBOL – O futebol também ganhou destaque com a realização da primeira Taça das Confederações na Rússia, onde Portugal ficou em terceiro lugar. Esta primeira taça transcontinental poderá ser a última, pois o prolongamento da época é negativo para a capacidade física dos atletas, mas creio que os interesses financeiros se sobrepõem ao desgaste físico dos futebolistas que, aliás. ganham acima da maioria das profissões.
De qualquer modo, o futebol é outro forte atrativo para fomento do turismo desportivo internacional. De tal modo que seria conveniente saber-se qual o montante de turistas internacionais que atrai, e calculado o montante da despesa anual que os adeptos investem na sua presença nos mais populares torneios internacionais.
Para saber o que ganharia Portugal se organizasse, por exemplo? Um Torneio Eusébio com inscrições abertas a amadores e iniciados, para um irresistível programa de treino físico junto a termas nacionais, etc. Após esta experiência seguir-se-ia um torneio de golfe dirigido a mercados asiáticos, etc.
TURISMO E SOCIALIZAÇÃO – A promoção de turismo desportivo não se limita ao futebol, atletismo de corrida, vela, ou golfe, podendo também contar com o interesse de grandes clubes europeus, americanos, e asiáticos com experiência nos desportos sociáveis na moda: como maratonas, ciclo-turismo, recuperação física, jogos tradicionais de pontaria, e claro: observação de aves e animais em extinção.
VELA – Estará mal vista? Pois teremos que funcionar melhor, por exemplo, na articulação com a nossa imprensa.
Realizou-se em Cascais, organizado pelo Clube Naval de Cascais, com o apoio da Associação Internacional da Classe Dragão, e da Associação Portuguesa da Classe Dragão, entre 12 e 17 de Junho, o quinto campeonato mundial da classe internacional Dragão, mas nos diários que leio não vi qualquer notícia, pelo que me passou despercebido. Amigos disseram-me depois que a TVI deu notícias, canal que não uso dia-a-dia. Creio que haja bastantes portugueses, que sem serem velejadores ou adeptos de desportos náuticos, lhes interesse saber sobre campeonatos mundiais em Portugal. O que pelos vistos não basta à RTP e SIC?
Nos seis dias de regatas, a equipa turca Provezza, liderada por Andy Bradsworth alcançou a vitória, enquanto a equipa portuguesa, também do Clube Naval de Cascais, integrada por José Matoso, Gustavo Lima, e Frederico Mello (campeões europeus em 2013) conseguiram apenas o 8º lugar. Talvez por isso outros jornalistas avaliaram sem interesse este evento elitista internacional, mesmo realizado num dos melhores espaços mundiais para regatas, reconhecido pela Federação Internacional de Vela sediada em Paris.
José Matoso é descendente de um casal que promoveu Sagres ao nível de destino turístico internacional, tendo a principal avenida deste local histórico, o apelido do seu familiar, numa curiosa ligação entre Sagres e Cascais. O que os governantes esquecem, os autarcas e cidadãos lembram.
A continuar a falta de cooperação entre as Secretarias de Estado dos Desportos, Turismo, e Administração Interna, não será assim que Portugal alcança maior projecção internacional na promoção de variados desportos preferidos por turistas de alto nível, nos melhores clubes mundiais, incluindo alguns portugueses.
REGATA DAS DESCOBERTAS – Comprovando a ligação entre a vela e o turismo internacional, com cooperação entre o Real Club Náutico da Gran Canária, o Clube Náutico de Cascais, a Associação Naval de Lisboa, e a Confraria de Sanxenxo, está a ser organizada a Regata das Descobertas entre Lisboa-Cascais e Las Palmas, nas Canárias, para celebrar 500 anos sobre a travessia de Fernão de Magalhães pelos estreito que liga o Atlântico ao Pacífico e ao qual foi dado o seu nome. Um evento que poderá atrair os sul-americanos, e que se espera venha a ser também devidamente promovido em Portugal, Espanha, e restante Europa, pois há quem queira prosseguir a regata até ao Rio de la Plata.
O governo criou uma estrutura de missão para as comemorações dos 500 anos da descoberta de Fernão de Magalhães, que partiu de Espanha em 10 de Agosto de 1519 e chegou ao Pacífico em 1 de Novembro de 1520. A missão é liderada por José Manuel de Carvalho Marques, presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, terra natal do navegador.