ARAC: Digital, o caminho das rent-a-car
A ARAC realizou a sua primeira convenção sob o mote “Rent-a-Car, Actividade Económica Global”. Falou-se de futuro, presente, inovação e, sobretudo, do digital. O Turismo de Portugal lançou desafios, outros mostraram tendências.

Ângelo Delgado
A 1ª Convenção da ARAC – Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor decidiu reunir vários agentes do sector para debater o presente e o futuro da actividade nas instalações do Penha Longa Resort, em Sintra.
O mote foi dado por Paulo Moura, presidente do conselho director da ARAC, que, na sessão de abertura do evento, lembrou que “o crescimento registado deveu-se, em grande medida, ao digital“, tendo ainda acrescentado que a geração millennial “pode ainda não ter poder de compra, mas, dentro de poucos anos, já terá e, por isso, serão uma parte fulcral para o futuro das rent-a-car”.
Aproveitando a deixa, Ricardo Tomé, director/coordenador da Media Capital Digital, arrancou sem demoras para o tema. O título da sua apresentação não deixava, aliás, qualquer tipo de dúvidas: “O Rent-a-car na Era Digital“.
Sem perder tempo, avançou para um tópico que, segundo o próprio, mudará o paradigma de qualquer negócio e, por conseguinte, das rent-a-car. “Esqueçam o serviço ao cliente das 9h às 20h! Hoje, o consumidor quer tudo para já e, nesse sentido, não ficará à espera do dia seguinte para fazer uma compra/reserva“. Depois, um dos caminhos do futuro. Aliás, presente. “As empresas que já entenderam este fenómeno estão a dar respostas fora de horas através dos BOTS, personagens dotadas de inteligência artificial que respondem às necessidades do cliente e que são programadas com o tom da organização em causa”, explicou.
Sheila Stuyck, directora de comunicação e inovação da Europcar International Lab-Lord, também abordou o tema da louca velocidade existente na sociedade actual. “O desafio que nos é proposto actualmente passa por chegar às pessoas o mais rapidamente possível, pois toda a gente quer um serviço personalizado para… ontem”.
Um dos aspectos mais discutidos na era digital tem que ver com a enorme exigência dos consumidores, fruto da troca de opiniões nas redes sociais ou até de uma maior circulação de informação. Sobre esta tendência, Ricardo Tomé lembra que “por isso, deve-se ter atenção à presença no digital por parte das empresas”. “Quando estamos no digital queremos baixar custos, aumentar vendas e melhorar a nossa relação com o cliente, pelo que devemos perceber de que forma o nosso negócio se deve posicionar e, igualmente importante, perceber o que faz a minha concorrência”.
Lançando novamente o futuro – ainda que próximo – o responsável da Media Capital referiu-se ao possível aparecimento, no Facebook, do conceito de loja, permitindo assim “que o cliente não tenha que sair da rede social e aceder ao site da empresa em questão“. “A compra é finalizada no próprio Facebook”.
Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, foi outro dos oradores presentes. Após uma breve apresentação dos números do sector em 2016 e do desejo que 2017 supere as marcas atingidas, centrou o seu discurso em quatro desafios que, na sua opinião, as rent-a-car deverão abraçar.
“É nossa intenção que as rent-a-car sejam os motores de exploração do nosso destino, é necessária uma descentralização turística e circular pelo território; é vital que exista mais informação sobre os destinos e os seus recursos. Garantir este item passa por ter mais conteúdo informativo nos sites das rent-a-car e facultar mais formação aos colaboradores – o Turismo de Portugal disponibiliza-se para ajudar nesta área; queremos também que as empresas do sector sejam nossos aliados na estratégia de sustentabilidade para o país. Queremos ter mais carros eléctricos de forma a podermos usar o argumento de país sustentável; por último, é fulcral que sejam nossos parceiros de inovação no Turismo“.
Luís Araújo salientou ainda o facto de Portugal ser o 15º destino turístico mais competitivo do mundo mas, por outro lado, estar situado apenas na 34ª posição quando o item de análise são as infra-estruturas portuárias e rodoviárias. “Temos de mudar esta situação e perceber o porquê de estarmos nesta posição. Há que fazer uma análise profunda e todos devem participar nela”, desafiou.
Sheila Stuyck disse mesmo que “o facto de as cidades estarem cada vez mais sobrelotadas deve servir de mote para que as empresas ligadas à mobilidade procurem, cada vez mais, garantir as condições mais ajustadas à sociedade actual“. “Conceitos como o carsharing devem ser desenvolvidos e colocados à disposição do consumidor como um produto de enorme rentabilidade”, afirmou, lembrando o caso de Madrid que, nos primeiros dias do ano, teve de proibir a entrada de alguns carros na cidade devido aos elevados níveis de poluição. “Imaginem os milhares de turistas com carros alugados e que não puderam andar neles…”.
Já Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, falou da necessidade de desburocratizar o processo de aluguer de um veículo, já que, com a entrada em força do digital, “não faz grande sentido que circulem vários papéis no processo”. Ainda assim, lembrou, “existem questões legais que ainda têm de ser ultrapassadas, para que, neste ponto, se possam alinhar com aquilo que é a inovação”.