Turiscópio: A popularidade de ídolos históricos, desportivos, e políticos promove a projecção global do turismo
Leia o Turiscópio por Humberto Ferreira.
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Acabamos de nos despedir de um dos políticos europeus mais conhecidos no mundo: Mário Soares. Ainda temos uma esperança e um tesouro admirados por várias gerações e segmentos. São: António Guterres, provável renovador das Nações Unidas 71 anos depois da sua fundação; e Cristiano Ronaldo, pela quarta vez o melhor futebolista mundial, ídolo do crescente número de adeptos deste desporto, e a marca CR7 preenche, por sua vez, a falta de marcas portuguesas populares entre consumidores externos. Aliás, é a qualidade dos protagonistas de âmbito cultural, desportivo, artístico, e natural, que atrai casas cheias aos grandes eventos internacionais, apesar de já haver eventos onde o bilhete é substituído por aplicações smartphone. Não vejo o turismo com robots e drones substituir o turismo tu cá, tu lá. Os ídolos são essenciais como as cidades, praias, serras, monumentos, ou desportos, na captação de turistas para eventos em cada distinto destino.
PORTUGUESES QUE MARCARAM O SÉCULO XX – Hoje escrevo sobre ídolos portugueses que marcaram o século XX, e dos quais conheci melhor cinco deles:
1 – CARLOS GAGO COUTINHO – 1869-1959 – O inventor do sextante de bolha artificial para garantir o rumo certo na navegação aérea sobre os oceanos sem georeferências. Estes sextantes foram, durante quatro décadas, comercializados em todo o mundo depois da travessia aérea Lisboa-Rio de Janeiro em 1922, pela especializada marca alemã Plath até ao avanço tecnológico contemporâneo. Almirante reformado, ele vivia na Madragoa, em Lisboa, e passeava com frequência pelo Chiado. Falava com muita gente. Encontrei-o várias vezes no miradouro do Adamastor (em Santa Catarina), para ele depois descer ao Conde Barão a caminho de casa, onde também admirava o Tejo. A aviação deve-lhe muito.
2 – ANTÓNIO OLIVEIRA SALAZAR – 1889-1970 – Era uma figura de gabinete que só saía rodeado de seguranças como agora fazem os ministros. Mas o seu nome era conhecido na Europa e Brasil como ditador, pois poucos políticos lusos além de Soares se evidenciaram na sua época. Fiz o serviço militar como tradutor-intérprete no Ministério da Defesa, no Palácio da Cova da Moura, e acompanhei o marecchal Montgomery, segundo comandante supremo das Forças Aliadas, numa visita à Brigada de Santa Margarida, incluída no dispositivo da NATO, e ao encontro com Salazar no Forte de Santo António do Estoril. Traduzi perguntas e respostas de ambos, sem matéria de interesse, além da reorganização militar.
3 – MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA – 1908-1992 – Grande pintora que em 1928 foi residir para Paris, onde estudou e conviveu com grandes mestres. Casou em 1930 com o pintor húngaro Arpad Szenes e em 1935 realizou a primeira exposição em Portugal, sujeita à censura da época, o que não lhe terá agradado. Em 1939, devido à invasão da França mudou-se para o Brasil com o marido, continuando a ganhar prémios e vender quadros para museus e colecções. Em 1960 nacionalizou-se francesa e em 1992 participou na Europália, ano em que faleceu em Paris.
4 – CARMEN MIRANDA – 1909-1955 – Nasceu em Marco de Canaveses e emigrou para o Brasil, dedicando-se à dança e canto. Em 1940 foi contratada para um filme em Hollywood, confirmando o estrelato alcançado no Brasil. Até 1953 protagonizou catorze êxitos em Hollywood, sendo a mulher mais bem paga dos EUA, e foi uma das impulsionadoras da cultura latina nos EUA. Vi todos os seus filmes.
5 – AMÁLIA RODRIGUES – 1920 – 1999 – Teve uma infância difícil em Lisboa, mas demonstrou qualidade a cantar. Em 1939: convidada a cantar fado no Retiro da Severa; em 1940; estreia no elenco de uma revista no Parque Mayer, recebendo convites para filmes e outros palcos e retiros. A internacionalização deu-se em Madrid em 1943. Em 1944 cantou pela primeira vez uma canção do maestro Frederico Valério, início de outras no Brasil, EUA, e Portugal. Em 1947 protagonizou o filme Capas Negras, com acesso a contratos para Paris, Londres, etc. E de 1952 a 1954 actuou em Nova Iorque e outras cidades dos EUA, integrando o Top5 das cantoras mundiais da revista Variety. Assisti em 1970 ao seu êxito na Expo de Osaka, como a mais bela voz de Portugal. Também convivi com ela na semana do Estoril na Baía, Brasil, onde alcançou elevado êxito.
6 – JOSÉ SARAMAGO – 1922-2010 – Escritor e jornalista, foi o nosso primeiro titular do Prémio Nobel de literatura em 1998, depois do Prémio Camões em 1995. E foi outro dos portugueses mais conhecidos no mundo. Convivi com ele durante um evento da cultura portuguesa em Milão, antes do seu Prémio Nobel, mas foi quem mais impressionou jornalistas e críticos estrangeiros. Uma memorável experiência com maior projecção do que algumas presenças da cultura lusa na Bienal de Veneza.
7 – MÁRIO SOARES – 1924- 2017 – Foi o Pai da Liberdade em Portugal com uma biografia única. Em todos os países que visitei conheciam o nome de Mário Soares. Os louvores lidos e ouvidos nestes dias foram justos, pelo que Soares fecha este Top7 dos ídolos do século XX com o mais alto mérito. Como jornalista de economia pouco lidei com ele, mas nos anos 70 jantamos no Grémio Literário sobre situação internacional, tema de mútuo agrado e interesse.