México: porque é que nunca se vai fartar deste destino
Vale a pena atravessar o Atlântico para conhecer os encantos mexicanos, dos mais aos menos conhecidos. É que apesar de encontrarmos alguns destinos maduros, o México ainda guarda algumas surpresas.
Carina Monteiro
Allianz Partners regista crescimento em todos os segmentos de negócio
Azul celebra mais de 191 mil passageiros no primeiro aniversário da rota para Paris
Octant Hotels promove-se nos EUA
“A promoção na Europa não pode ser só Macau”
APAVT destaca “papel principal” da associação na promoção de Macau no mercado europeu
Comitiva portuguesa visita MITE a convite da APAVT
Royal Caribbean International abre primeiro Royal Beach Club em Nassau em 2025
Viagens mantêm-se entre principais gastos de portugueses e europeus, diz estudo da Mastercard
Álvaro Aragão assume direção-geral do NAU Salgados Dunas Suites
Lusanova e Air Baltic lançam “Escapada ao Báltico” com voos diretos
Vale a pena atravessar o Atlântico para conhecer os encantos mexicanos, dos mais aos menos conhecidos. É que apesar de encontrarmos alguns destinos maduros, o México ainda guarda algumas surpresas.
Diz quem já foi mais do que uma vez ao México, que cada viagem é diferente e surpreendente, e que a vontade de voltar fica para sempre. Uma coisa posso assegurar (dito por alguém que foi pela primeira vez): ficou tanto por fazer quanto aquilo que foi feito. E a prova de que há muito por fazer é que nesta viagem não fomos a Chichén Itza nem a Xcaret. Hoje em dia dificilmente alguém viaja para determinado local sem levar ideias pré-concebidas, porque há sempre alguém conhecido que já viajou para o mesmo destino. Do México, aquilo que conhecemos melhor é a Riviera Maya e Cancun. Sem lá termos estado, o que sabemos é que Cancun é um destino de diversão, compras e praia; e a Riviera Maya um destino de cultura e aventura. Os dois completam-se numa receita de sucesso há vários anos. Se a eles juntarmos a visita a Holbox, temos a cereja no topo do bolo, que foi o que aconteceu nesta viagem.
Riviera Maya
A primeira paragem faz-se em Puerto Morelos, na Riviera Maya. A Riviera Maya é um grande parque de aventura e
cultura ao ar livre. Nesta extensão litoral de 200 quilómetros que, fica imediatamente a seguir a Cancun, os mexicanos foram exímios em transformar os seus recursos naturais, culturais e históricos em grandes atracções turísticas. E há de tudo um pouco: praias, reservas naturais, zonas arqueológicas, grutas, rios subterrâneos, cenotes (poços de água), parques de aventura. Para começar, uma pequena orientação geográfica sobre a Riviera Maya. Começa em Puerto Morelos e estende-se até Punta Allen. Pelo meio, a reter dois importantes centros urbanos e onde estão concentrados os hotéis: Puerto Morelos e Playa del Carmen.
Entre as grandes atracções da Riviera Maya e das regiões vizinhas encontram-se os seus vestígios arqueológicos de diferentes períodos da civilização Maya, uma das civilizações mais notáveis da antiguidade. As zonas arqueológicas mais importantes na Riviera Maya são Cobá e Tulum. Chichén Itza, por ventura a mais conhecida do México e uma das Sete Maravilhas do Mundo, não se encontra na Riviera Maya.
Cobá (água turva na língua maia) é um dos mais importantes centros cerimoniais da civilização Maya. Cobá tem uma extensão de pouco mais de 70 quilómetros quadrados e uma rede de 45 caminhos que permitem visitar os diversos vestígios existentes, a pé ou de bicicleta. A mais procurada é a pirâmide Nohoch Mul que, com os seus 42 metros, consegue ser a maior pirâmide da Península de Yucatan, maior até que Chichén Itza e, ao contrário desta, ainda é possível subir. Tulum é a zona arqueológica mais conhecida da Riviera Maya. Em língua Maya significa muralha e tem a particularidade de ser a única cidade Maya edificada na costa. Servia de defesa aos ataques, uma vez que era um importante porto comercial. Foi a primeira cidade Maya avistada pelos espanhóis no século XV, recebeu na antiguidade o nome Maya de Zamá (amanhecer). A praia de Tulum é, sem dúvida, um belo cenário que combina natureza e cultura e que não se deve perder. Além da zona arqueológica, Tulum é uma pequena cidade que escapou ao turismo de massas, localizado a 60 quilómetros de Playa del Carmen, conta com uma zona hoteleira e clubes de praia construídos em perfeita harmonia com a natureza.
Como comecei por dizer, a Riviera Maya tem muitas atracções, além das zonas arqueológicas. A Natureza foi generosa com esta terra. É aqui que se encontra a terceira maior área protegida do México e Património da UNESCO desde 1987: a Reserva da Biosfera de Sian Ka’na (princípio do céu em língua maia). É um santuário natural habitado por várias espécies, desde jaguares a tartarugas, crocodilos e uma infindável quantidade de pássaros. Nos seus mais de 500 mil hectares encontram-se quase todos os tipos de ecossistemas marinhos, costeiros e terrestres da Península de Yucatan: desde manguezais (florestas tropicais) a selvas, lagoas de água salgada e doce, cenotes, pântanos, dunas costeiras e o maior sistema de rios subterrâneos do mundo. É possível visitar a Reserva através do contacto com a Cooperativa de Serviços Ecoturísticos de Chunyaxché/Muyil (www.siankaantours.org). Os passeios permitem navegar, em lancha ou caiaque, nos canais largos que atravessam os manguezais. A certa altura o guia diz-nos para saltar para água com o colete salva-vidas. Com engenho, colocando o colete debaixo do tronco e de forma a amparar a cabeça, flutuámos nos canais e deixámo-nos levar pela corrente. Também existem tours de pesca desportiva. Os guias são, na sua maioria, habitantes das comunidades locais. Todos os tours terminam com uma refeição no restaurante da Cooperativa.
Nesta viagem pela Riviera Maya não fomos a Xcaret ou Xplor, dois importantes parques temáticos da Riviera Maya. O primeiro é o mais conhecido (quando dizemos a alguém que estivemos na Riviera Maya, a primeira pergunta que nos fazem é se visitámos Xcaret e Chichén Itza e só isso atesta bem a notoriedade do parque. Ah, e talvez também perguntem por Coco Bongo). Em compensação visitámos Río Secreto (www.riosecreto.com), a 10 quilómetros de Playa del Carmen. É, à sua maneira, também uma experiência única. Como o nome indica, é uma linha de água escondida debaixo de terra que é possível atravessar com equipamento adequado à ocasião, que é o mesmo que dizer: um fato de neopreno, um colete salva-vidas, capacete e uma lanterna de cabeça, porque lá em baixo não se vê absolutamente nada. Entra-se por uma gruta até chegar à linha de água, a gruta não está completamente submersa o que permite a visita. As visitas são limitadas a seis pessoas por grupo de forma a gerar o mínimo impacto sobre o habitat. Lá dentro encontraram-se milhares de estalactites e estalagmites formadas há milhares de anos. Parte do valor do bilhete reverte para a preservação da flora e fauna local, para o desenvolvimento de estudos de qualidade da água, assim como para diversos programas de educação ambiental através da fundação Centinelas del Agua AC. Antes de abrir ao público, o Río Secreto foi alvo de um intenso trabalho de exploração. Somente uma pequena fracção está aberta ao público, dos 10 quilómetros mapeados.
Não se pode deixar a Riviera Maya sem um mergulho num dos muitos cenotes da região (poços de água). Existe, inclusive, uma Rota dos Cenotes, um trajecto de aproximadamente 20 quilómetros onde se encontram os mais procurados pelos turistas. Na nossa viagem visitámos o Verde Lucero, um cenote de 40 metros de diâmetro e ao qual se pode aceder através de escadas, como se de uma piscina se tratasse, ou, para os mais aventureiros, saltando de uma tirolesa com dois metros de altura. Há ainda outros cenotes bastante procurados, como é o caso do Selvática, que oferece um tour de aventura que inclui passeios de todo-o-terreno.
Um paraíso chamado Cozumel
É na Playa del Carmen (Riviera Maya) que se pode apanhar o ferry para a ilha de Cozumel. Antes, só uma paragem para falar da Playa del Carmen, o maior centro urbano da Riviera Maya. É onde estão concentradas as lojas, restaurantes e bares, sobretudo e ao redor da La Quinta Avenida, uma rua ao estilo “europeu, mexicano e caribenho”. Voltando a Cozumel.
A maior ilha habitada do México e fica situada a 18 quilómetros da Playa del Carmen. Tem um aeroporto que recebe voos da cidade do México, Estados Unidos e Canadá e possui o porto de cruzeiros internacionais mais importante do país (irá receber o maior navio do mundo, o Harmony of the Seas, já a partir do próximo mês de Novembro).
Como dito anteriormente, o ferry para a ilha pode ser apanhado no porto de Playa de Carmen e dali são 30 minutos até chegar a Cozumel.
Diz quem sabe, e os guias de viagens também, que este paraíso mexicano é um dos melhores lugares do planeta para mergulho. Os recifes corais de Cozumel fazem parte do segundo maior recife coral do mundo, que começa a nordeste da Península de Yucatan e termina no golfo das Honduras. Nós ficámo-nos pelo snorkeling. No clube de praia Palancar apanhámos uma pequena lancha que nos levou até um barco maior chamado El Nazareno. No meio de uma imensidão azul lá estava ele, também azul, para não destoar. O El Nazareno levou-nos ao céu e até vimos estrelas. A playa El Cielo foi a primeira paragem. Águas pouco profundas a convidar ao primeiro mergulho no mar. No fundo encontrámos as estrelas-do-mar, muitas, que dão o nome ao local. Depois de uma boa meia hora de snorkeling, regressámos ao barco para continuar o passeio até aos recifes Palancar e Colombia. Novo mergulho, mas desta vez em águas mais profundas. Este é mais um local para praticar snorkeling ou mergulho, mas agora tendo os recifes corais como pano de fundo. Uma hora depois regressámos ao El Nazareno de alma cheia e sem ar no peito. Mas valeu a pena.
Outra das atracções desta ilha são os parques ecológicos, do qual destacamos o parque ecoturístico Punta Sur Eco Beach Park. É a maior reserva ecológica de Cozumel e destina-se à conservação dos seus cinco ecossistemas: dunas costeiras, manguezais, recifes, lagoas e praias (santuários das tartarugas marinhas que aqui vêm todos os anos depositar os seus ovos). O parque conta ainda com vestígios arqueológicos maias e com áreas de observação de crocodilos, além de um museu cultural e de navegação.
Cozumel pode ser visitado num dia, que foi o nosso caso, mas a ilha dispõe de uma grande oferta hoteleira e muitas actividades aquáticas, desportos de natureza, praias por descobrir, pelo que é um destino onde se pode ficar mais tempo.
Cancun e Islas Mujeres
Principal porta de entrada de turistas no México, Cancun há muito que se tornou um dos destinos de férias preferido nas Caraíbas, rivalizando com a República Dominicana. Destino maduro, alberga as maiores cadeias hoteleiras mundiais. Noite, festas, praia, compras e animação são aquilo que Cancun tem para oferecer. Isso e ser um ponto de partida para outras paragens, seja para visitar os parques de aventura localizados na Riviera Maya (e são muitos), seja para uma ida à paradisíaca Islas Mujeres.
Estando em Cancun, facilmente se chega à Islas Mujeres. A viagem de ferry (www.ultramarferry.com) que liga Cancun à ilha demora 20 minutos, o suficiente para alugar a bordo um carrinho de golfe, o meio de transporte recorrente na ilha. Vai precisar dele se quiser ir à Playa Norte, cujo azul-turquesa da água é de cortar a respiração. Com pouco mais de oito quilómetros de extensão, a Isla Mujeres é conhecida pelas suas praias brancas e águas cristalinas. As praias são a grande atracção da ilha e será difícil arrancar alguém da praia para visitar o resto da ilha. Mas também não é preciso muito tempo, pode-se reservar apenas uma hora para o fazer. Em 60 minutos, consegue-se visitar a Hacienda Mundaca, que foi um refúgio dos piratas no século XVII ou visitar Punta Sur, o ponto mais oriental do México.
O segredo de Holbox
Holbox é uma ilha que fica situada a Nordeste de Cancun. Verdadeiro paraíso que se mantém longe dos holofotes do turismo de massas. Para lá chegar é preciso andar cerca de duas horas de carro de Cancun até ao porto de Chiquilla e, de lá, apanhar o ferry. Chegados à ilha, não existem transfers, autocarros ou táxis. Ou melhor, existem carrinhos de golfe que fazem o mesmo efeito, mas as distâncias são curtas. Não existe asfalto na ilha, por isso os únicos meios de transporte são os carrinhos de golfe ou as bicicletas que alguns hotéis disponibilizam aos seus hóspedes. A pequena cidade de Holbox desenvolve-se a partir da praça central, nela os turistas vão encontrar diversos restaurantes e bares, como o Viva Zapata e o Luuma. A maioria dos hotéis estão situados na praia, são pequenas unidades boutique e de charme que se estendem até ao mar.
A ilha tem diversas opções de actividades. Se a viagem for entre Maio e Setembro, os turistas poderão aventurar-se a sair de barco para avistar o tubarão baleia. Um passeio de barco pelas três ilhas de Holbox também é uma opção. São elas a Ilha dos Pássaros, um verdadeiro santuário de aves, onde apenas é possível desembarcar num miradouro de madeira para tirar fotos aos pássaros que habitam a ilha; a Ilha Paixão, o local ideal para desfrutar de praias virgens; e, por último, a Ilha Yalahau, que em maia significa nascente de água. Dizem que há mais de 400 anos, os piratas que navegavam nas Caraíbas procuravam refúgio aqui e abasteciam-se de água doce. Nestes passeios pode estar incluída uma actividade como a pesca. Foi o que nos aconteceu. Pescámos o almoço ou, por outro lado, tentámos, sem grande sucesso ou talvez habilidade. Quem organizou o passeio assegurou o almoço com ou sem pesca, o mestre preparou-nos um ceviche de barracuda a bordo. Algo que é imprescindível fazer em Holbox é assistir ao pôr-do-sol na praia. A completar o cenário, surgem diversas aves entre pelicanos, garças e flamingos. Encerrar a viagem com uma foto digna de postal.
Holbox foi o último destino desta viagem e compreende-se porquê, depois de confirmar os encantos da Riviera Maya e experimentar a animação vibrante e contagiante de Cancun, descobrimos a tranquilidade de Holbox e ficamos com a certeza de que esta viagem esteve muito perto da perfeição.