Enoturismo: Oferta de qualidade com espaço para melhorar
O Publituris falou com algumas empresas para tentar perceber o que corre bem, o que deve ser melhorado, o que têm para oferecer e quem os visita.
Ângelo Delgado
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Dados do Instituto do Vinho e da Vinha revelam que, em 2015, Portugal foi o 11º maior produtor mundial de vinho. Foram, no total, 704 mil litros de vinho, um aumento de 13,7% face ao ano transacto. A estes números, junta-se uma tendência cada vez mais presente no sector do Turismo: o enoturismo. Locais onde se juntam experiências ligadas ao vinho e à gastronomia regional e alojamento. Uma comunhão entre a Natureza, descanso e sabores locais. O Publituris falou com algumas empresas para tentar perceber o que corre bem, o que deve ser melhorado, o que têm para oferecer e quem os visita. As respostas são análogas, encontram-se em alguns momentos e afastam-se novamente. Existe, porém, consenso num ponto: o enoturismo em Portugal tem qualidade.
O enoturismo em Portugal está em franca expansão. Temos tido um crescimento acentuado no que respeita à qualidade de serviço e variedade”. Este discurso optimista é de Óscar Meireles, director geral da Quinta da Lixa, onde se situa o Monverde Wine Hotel. Estes bons sinais sustentam-se na “promoção dos vinhos portugueses nos mercados externos, fenómeno que tem potenciado o sector e proporcionado uma melhoria contínua na qualidade de serviço”. Apesar de satisfeito com o que tem sido feito no país para alavancar esta área, Óscar Meireles lembra que “tudo carece de melhoria constante”. “No serviço ainda temos lacunas, mas existe uma nova vaga de estudantes de turismo que, esperamos, nos venham ajudar nesse processo”. Questionado sobre a oferta existente no Monverde Wine Hotel, o responsável realça o programa “Seja Enólogo por 1 Dia” como uma das “mais ricas experiências que os hóspedes poderão encontrar”. “Damos a oportunidade de fazer o seu próprio vinho com as várias castas da região do vinho verde, engarrafar, rotular manualmente e levá-lo para casa ou, claro, degustá-lo no nosso restaurante”. Segundo o director geral do hotel, as grandes mais-valias para quem decide passar uns dias por ali são “a sensação de bem-estar, relaxe e conforto proporcionada pela fusão entre a natureza exterior e o Monverde”. Sobre os turistas que decidem visitar o espaço, realça os portugueses com uma fatia de 70%, ainda que no segmento internacional seja de destacar a França, Espanha, Brasil, Canadá e Alemanha.
Quinta de Sta. Cristina: o mundo do vinho verde
Liliana Pereira, responsável pela área de enoturismo da Quinta de Santa Cristina, em Celorico de Basto, é, também, uma voz confiante relativamente ao presente e futuro deste sector em Portugal, “muito devido ao crescente reconhecimento internacional dos vinhos portugueses, mas também graças ao aumento do Turismo a nível global”. Apesar dos elogios, deixa um alerta para o que considera ser uma limitação na oferta. “Ainda que tenhamos a vantagem de ser um País com diversas regiões de vinho e com características completamente diferentes, o enoturismo continua muito associado às regiões do Douro e do Alentejo. São poucas as empresas que trabalham com seriedade e profissionalismo nesta área”. Centrando as atenções no que deve ser melhorado para que os resultados sejam cada vez mais convincentes, Liliana Pereira destaca a promoção internacional como um ponto central deste sector. “Embora a gastronomia e vinhos tenham sido identificados como produtos estratégicos para o desenvolvimento do nosso Turismo, as entidades responsáveis não apostam o suficiente na sua promoção”.
A responsável dá mesmo o exemplo da Quinta de Santa Cristina. “A maioria dos nossos visitantes procura algo que complemente a visita a outras atracções turísticas de carácter cultural ou gastronómico na região. Nesse sentido, é necessário que se trabalhe em rede com unidades de alojamento, museus, restaurantes, empresas de animação, entidades gestoras de parques naturais e monumentos. Dificilmente alguém se vai deslocar a uma região apenas para visitar uma quinta de vinhos”, defende. Sobre a Quinta de Santa Cristina, adianta que “é oferecido um leque variado de experiências com o objectivo de permitir aos diferentes visitantes o contacto directo com o mundo do vinho verde, natureza e gastronomia local”. Mais a fundo, Liliana Pereira adianta que a maioria dos visitantes da quinta prefere “a experiência mais completa e que inclui um passeio nas vinhas, degustação de produtos regionais, além da visita à adega”, conta, acrescentando, de seguida, o programa direccionado para esta época do ano. “Temos um programa de vindimas que vai de 19 de Setembro até 15 de Outubro”. A finalizar, Liliana Pereira aproveita para radiografar os visitantes da Quinta de Santa Cristina. “Recebemos casais e famílias ou grupos de amigos até 6/7 pessoas. Regra geral, não possuem conhecimentos específicos sobre a área, mas procuram aprender mais sobre vinhos e a região. Tratam-se de homens e mulheres entre os 36 e os 55 anos que chegam até nós através das redes sociais, portais online ou mesmo por recomendação de parceiros na região. Relativamente a nacionalidades, destacamos, além dos portugueses, os turistas vindos do Reino Unido, Bélgica e Dinamarca. Espanhóis e norte-americanos são em menor número”.
The Wine House Hotel: vinhos, mas também compotas e azeites
“A nossa oferta prende-se, sobretudo, com as visitas guiadas à propriedade – vinha, lagar e adega – que finalizam com provas de vinhos de várias tipologias”. Sandra Dias, responsável pelo enoturismo da Quinta da Pacheca, onde se insere o The Wine House Hotel, é a autora desta descrição. Mas há mais para quem visita este espaço. “Temos uma wineshop onde, além dos vinhos Pacheca, estão disponíveis outros produtos com a nossa marca, como azeite e compotas. Oferecemos um conjunto de experiências indissociáveis dos nossos vinhos: workshops de gastronomia regional, piqueniques no meio da vinha e cursos de vinho”, enumera. Para esta época do ano, em Setembro, existem um conjunto de experiências relacionadas com o corte e colheita de uvas e participação nas lagaradas com pisa da uva”.
Segundo Sandra Dias, estas experiências “são realizadas, sobretudo, por casais maduros, entre os 35 e 50 anos”. Portugueses, franceses, brasileiros, alemães, ingleses e norte-americanos são as nacionalidades mais presentes na quinta”. Virando a agulha para o sector no seu todo, elogia “o forte crescimento que tem tido, bem como as infra-estruturas cada vez mais capacitadas para receber visitantes”. Ainda assim, diz, “a melhoria do serviço e da diferenciação das actividades enoturísticas são uma necessidade para que a indústria seja cada vez mais apelativa para os mercados externos”. A responsável faz mesmo uma análise mais profunda sobre o actual estado desta área em Portugal, dizendo que “se trata de um sector chave no crescimento sustentado do Turismo nacional, assim como é para o Douro”, mantendo a tónica nas enormes potencialidades do território. “Temos um número muito expressivo de regiões vinícolas quando comparado com o tamanho do território. A qualidade dos vinhos portugueses tem aumentando nos últimos anos e isso nota-se pela quantidade de prémios internacionais atribuídos e pelo prestígio dos mesmos”.
Casa Agrícola Alexandre Relvas: atendimento personalizado
Na Casa Agrícola Alexandre Relvas as visitas recebidas são, na sua maior parte, de turistas europeus. Os portugueses, claro, também são frequentadores assíduos. “Os visitantes que apreciam o chamado ‘dolce fare niente’ têm sempre a possibilidade de desfrutar da simples contemplação da paisagem alentejana, acompanhada pela fruição dos seus melhores sabores gastronómicos”, afirma Alexandre Relvas, responsável pelo departamento de produção.
Um dos aspectos diferenciados desta casa prende-se com o seu atendimento personalizado. “Procuramos compreender os graus de conhecimento e interesse dos nossos visitantes. Feita essa análise, propomos a visita integral às adegas, a prova dos nossos vinhos e, sazonalmente, desenvolvemos actividades relacionadas com a viticultura e a vinificação”. Sobre a possibilidade de os vinhos produzidos na Casa Alexandre Relvas aumentarem as suas vendas junto do consumidor final, o responsável lembra que “essa é uma expectativa secundária, ainda que a longo prazo possa vir a tornar-se expressiva tendo em conta a exportação para grande parte dos países de origem dos visitantes da Casa Agrícola Alexandre Relvas”. Questionado sobre o actual momento do enoturismo em Portugal, Alexandre Relvas projecta “um futuro com mais produtores próximos desta actividade numa lógica de complementaridade” e que “destas sinergias resultem produtos enoturísticos cada vez mais interessantes para o consumidor final e para os apreciadores de vinho em particular”.
Douro Six Senses
Nicolas Yarnell, é o director geral do Douro Six Senses. Conhecedor da realidade do enoturismo na região do Douro, destaca a “oferta diversa e de qualidade” como factores diferenciadores da região. Porém, indica alguns pontos a melhorar. “A falta de recursos humanos possuidores de conhecimentos de enologia e, ao mesmo tempo, com domínio de outras línguas são ainda uma dificuldade. Outro aspecto negativo tem que ver com a sinalização ineficiente nas estradas do Douro, situação que não facilita a vida dos visitantes individuais”.
“Apesar de estarem no bom caminho”, diz Nicolas Yarnell, são as melhorias anteriormente apontadas que poderão “colocar o Douro no mapa do enoturismo de forma a ombrear com outros destinos de qualidade na Europa como Bordéus e a Toscânia”. E o que oferece de diferente o Douro Six Senses? A esta questão, o director do espaço é peremptório. “Temos experiências diferentes e interactivas, que enriquecem os conhecimentos dos nossos hóspedes e um hotel que a todos os níveis fornece serviços de elevada qualidade”. Sobre os países que mais turistas colocam na quinta, Nicolas Yarnell destaca os Estados Unidos, Reino Unido, França e Brasil.
Vila Galé: do Douro ao Alentejo
“Produto importante para completar a oferta turística em Portugal e que contribui para a divulgação do vinho nacional, já bastante conceituado no estrangeiro”. Palavras de Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do grupo Vila Galé que aproveita o tema para falar sobre dois projectos. “Temos o Vila Galé Clube de Campo em que apostamos forte nesta área. A herdade onde se situa esta unidade hoteleira inclui uma vasta área de vinha e a adega Santa Vitória que está aberta ao público para visitas e provas”, apresenta, passando de seguida para o Vila Galé Douro.
“Tem uma importante ligação ao enoturismo ou não estivesse em pleno Douro Vinhateiro. Aqui, é possível aliar a estadia com visitas às quintas vinícolas”. Relativamente à oferta para os visitantes que passam no Vila Galé Clube de Campo, Gonçalo Rebelo de Almeida destaca a possibilidade de realizar várias actividades ligadas “ao turismo de aventura, natureza/ecoturismo, enoturismo e agroturismo”. Sendo os portugueses o principal público, o administrador nomeia os norte-americanos, franceses, espanhóis e chineses como nacionalidades mais presentes.