“Concorrência desleal” é preocupação do Capítulo das DMC’s da APAVT
A “concorrência desleal” de destinos como Espanha e a Alemanha, está, segundo Eduarda Neves, vice-presidente da APAVT e coordenadora do Capítulo de DMC’s, “a provocar milhões de perdas todos os anos” ao sector e, consequentemente, a Portugal

Raquel Relvas Neto
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Criado há um ano no seio da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo (APAVT), o Capítulo das Destination Management Companies (DMC’s) tem em mãos várias preocupações na prática diária da sua actividade de Meetings & Incentives (M&I).
Eduarda Neves, vice-presidente da APAVT e coordenadora do Capítulo de DMC’s, num encontro com a imprensa, explicou que houve necessidade de criar o Capítulo para tratar várias situações “que nos preocupam e que são comuns a praticamente a todos os DMC’s que pertencem ao Capítulo”.
Destas, a responsável, acompanhada por Paula Antunes, directora-geral da Compasso, Pedro Morgado, director-geral da Abreu Destination Management, e Rita Montarroio, da Imagine More, que também pertencem ao Capítulo, destaca que a questão do IVA nas actividades do sector é a mais relevante. A “concorrência desleal” de destinos concorrentes, como Espanha e a Alemanha, está, segundo Eduarda Neves, “a provocar milhões de perdas todos os anos”. Esta é uma situação que os profissionais da área verificam diariamente quando concorrem para captar eventos e incentivos para Portugal competindo com estes destinos, que permitem que os clientes possam recuperar o IVA pago pelos seus eventos nos respectivos países depois da realização dos mesmos, situação que, em Portugal não acontece. “Isto prejudica imenso a economia e o desenvolvimento do Turismo que está a melhorar, sobretudo na área dos individuais e do lazer, mas nós estamos a sentir a quebra pela perda de competitividade”.
Como a medida em Espanha, que já é por si só um concorrente natural de Portugal, foi aplicada apenas em Janeiro de 2015, a responsável explica que só este ano é que estão a sentir as implicações no negócio desta situação. “O que Espanha fez foi ilegal relativamente à legislação da União Europeia”, realça, explicando que a regra europeia prevê a aplicação do IVA sobre a margem dos eventos e incentivos. “Em termos de destino, o prejuízo que estamos a ter é de muitos milhões de euros”, destaca.
No entanto, em algumas áreas do Turismo em Portugal a recuperação do IVA por parte do cliente é também possível, como no segmento dos PCO’s e na animação turística. Esta foi uma situação que já foi apresentada à tutela, que revelou receptividade e que tem planos para um novo pacote fiscal no próximo ano.
Outra das situações que os responsáveis apontaram como desafio para a sua actividade tem que ver com o crescimento do turismo individual e de lazer. Esta é uma situação positiva para o País, mas os profissionais revelaram existir alguma dificuldade em arranjar alojamento para os seus eventos em alguns destinos, como o Porto, Madeira e Açores, onde se verificou um aumento de companhias aéreas ‘low-cost’. Eduarda Neves explicou que no segmento de M&I existe uma facturação elevada por cada participante, por exemplo, “um incentivo ou uma reunião pode facturar por pessoa, em três noites, cinco mil euros. Não há nenhum turista individual, a não ser que vão para um hotel de luxo, que gaste cinco mil euros em três noites”. Um dos desafios é, esclarece Pedro Morgado, “o ajustamento que tem que haver, nomeadamente na hotelaria, entre aquilo que é o mercado do turismo e aquilo que é o mercado de M&I”. Esta situação leva a que os profissionais comecem a ter “problemas na captação de congressos para determinadas cidades de Portugal, porque os hotéis têm muito mais pressão de reservas mais cedo”, enquanto um congresso que é pensado a dois anos só começa a ter reservas mais perto da data do congresso. “O desafio neste momento é que os hotéis se consigam ajustar a respeitar estes bloqueios, tendo por outro lado a pressão do turista individual”, refere. “Congratulamo-nos com este boom, mas conseguirmos dinamizar eventos de M&I torna-se mais difícil”, indicam.
Outra das preocupações centra-se na formação. Eduarda Neves defende que, actualmente, as formações nas escolas de hotelaria e turismo são “muito teóricas” e que existe um desconhecimento do que existe no mercado ao nível de agências de viagens e potenciais saídas profissionais. Além de que, existe também uma necessidade de maior especialização nos cursos. “O mercado na nossa área específica exige cada vez mais especialização e isso não é dado nas escolas de turismo, é tudo muito centralizado”, indica.
Os responsáveis explicam que “na área de DMC’s quase que não há desemprego, porque exige um nível de especialização elevada. (…) Não se forma um profissional em menos de dois anos”.
Capítulo
Actualmente, o Capítulo conta com 14 DMC’s, o objectivo é integrar mais empresas deste segmento. Para tal, as DMC’s interessadas em aderir têm de cumprir alguns critérios, que foram baseados na directiva europeia para o sector, concretamente ter pelo menos três anos actividade no segmento de M&I; trabalhar com o mercado internacional; ter 70% do seu volume de negócio proveniente do segmento de M&I; seguro de responsabilidade civil com o mínimo de cobertura de um milhão de euros; e assinar o código de ética do Capítulo, além de ter de ser membro da APAVT e estar registado no Turismo de Portugal.
“Pretendemos alargar um pouco o Capítulo e trazer mais DMC’s”, frisa a responsável. A exigência dos critérios de admissão está baseada também na exigência dos próprios clientes deste segmento.
“Não somos um clube elitista, somos um grupo de profissionais que defende a qualidade do serviço que se presta em Portugal nesta área de negócio”, esclarece Pedro Morgado, referindo que o capitulo está aberto a todos os que queiram entrar desde que cumpram os critérios baseados em argumentos internacionais.