AHP: Rentabilidade dos hotéis portugueses aquém de 2007
Afirmou Luís Veiga, presidente da AHP, esta quinta-feira, no âmbito da apresentação de resultados da associação hoteleira durante a BTL.
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Marta Barradas
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Luís Veiga, presidente da AHP, no âmbito da apresentação dos resultados da associação relativamente ao ano de 2014, afirmou que “não se atingiu ainda a taxa de ocupação de 2007”.
Segundo os dados divulgados pelo Hotel Monitor, que analisa apenas os dados dos hotéis em Portugal, em 2014 a taxa média de ocupação fixou-se nos 58,8% e o RevPar nos 39,46 euros, o que, comparando com o ano de 2007, ainda fica aquém destes resultados. A taxa de ocupação neste ano foi de 66,52% e o RevPar ficou-se nos 44,14 euros.
Para o responsável, estes resultados divergem do que tem sido divulgado pelo INE e utilizado em “discursos políticos”, que garantem que o último ano foi o melhor no sector turístico.
Luís Veiga alerta ainda para a diferença dos resultados nas várias regiões do País: “A disparidade das taxas de ocupação é enorme entre regiões. A diferença da que é melhor, Lisboa, com 74,2%, com a que é pior, Viseu, com 30,67%, é mais do dobro”.
No caso do preço médio por quarto, a diferença também é mais do dobro, garante Luís Veiga: “Estamos a falar do melhor resultado, de 79,49 euros, com o que é pior, com 43,39 euros, na região de Leiria/Fátima”.
Já no caso do RevPar, o desnível mostra-se também superior, em quase quatro vezes mais, em que a região de Lisboa registou 59,40 euros e, a pior localização, Viseu, rondou os 15 euros.
Com estes resultados, refere, “estas disparidades inter-regionais não têm nada a ver com aquilo que politicamente se fala que o turismo ajuda a coesão territorial. Há regiões que neste momento não são rentáveis, a hotelaria não é rentável e há inúmeros problemas para a viabilidade dessas unidades”, acrescenta Luís Veiga.
Sobre o alojamento local, Luís Veiga explica que “este fenómeno é concorrente da hotelaria tradicional e que o número de registos deve ultrapassar neste momento os oito mil. Há um crescimento deste número nas várias autarquias do País”.
Recordando que no último congresso da AHP, que decorreu em Braga no ano passado, já se sabia a existência de oito mil camas só no concelho do Porto, “e sabendo que a região tem cerca de 20% do alojamento local, isso demonstra que cerca de 50 mil camas a nível nacional não é um número que não seja concebível neste momento em alojamento local” e, defende o responsável, “é um número que demonstra que podem existir muitas distorções nos dados que o INE apresenta neste momento”.
Neste âmbito, Luís Veiga referiu ainda a importância da parceria do Turismo de Portugal com o INE, de forma a conseguir ter dados mais fiáveis, no âmbito do desenvolvimento da ‘business intelegence’.
Ainda sobre a questão da rentabilidade, o presidente da AHP refere que, “quando se fala que crescemos dois dígitos nos hóspedes, nas dormidas e nas receitas, não significa que os hotéis são mais rentáveis, primeiro, porque ainda não atingimos os dados de 2007 e, segundo, é preciso que se saiba que cerca de dois terços dos hotéis neste momento têm resultados líquidos ainda negativos”.
Além disso, a “imposição fiscal, mesmo para quem apresenta resultados líquidos negativos, é impressionante. O IRC real, no nosso entender, e tem sido dito por vários economistas, ultrapassa os 50%, enquanto o nominal anda à volta dos 23%”, diz o responsável.
Também o EBITDA, garante Luís Veiga, não cresce, pelo que não é possível falar em rentabilidade das unidades hoteleiras: “O custo com as utilities é absurdo”, dos quais destaca a electricidade, água e gás. “Estas três utilities juntas representam em algumas unidades hoteleiras dois terços dos encargos com o pessoal e dentro da hotelaria, os encargos com o pessoal entram na ordem dos 20% ou 30% do volume de negócios”, afirmou.
Segundo dados divulgados pela AHP, no ano de 2015 serão abertos 57 novos hotéis em território nacional, o que representa cerca de mais 5600 quartos. Do total, 23 unidades concentram-se na cidade de Lisboa.
Questionado acerca do que pode ser feito para a totalidade das novas camas que surgirão no próximo ano na capital serem ocupadas, Luís Veiga não tem dúvidas: “Lisboa tem que se posicionar como cidade de eventos”, pelo que é necessário perceber que tipo de eventos podem aumentar o número de hóspedes durante todo o ano.