Canoas do Tejo: elos da globalização marítima, tecnológica, e artística
Canoa: conheces bem, quando há norte pela proa quantas docas tem Lisboa, e as muralhas que ela tem!
Humberto Ferreira
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Canoa: conheces bem, quando há norte pela proa quantas docas tem Lisboa, e as muralhas que ela tem!
É um excerto de uma das populares letras do repertório de Carlos do Carmo, o primeiro artista português a conquistar o Grammy da música latina, pela sua brilhante carreira.
ÍDOLOS – Distingo entre outros vultos Saramago, prémio Nobel 1988, que tive o gosto de conhecer; Carmen Miranda protagonista de filmes em Hollywood nos anos 40/50; Amália, consagrada artista internacional nos anos 50-90, que também tive o prazer de conhecer; e Frederico Valério, maestro e compositor na Broadway e Hollywood, 1948-1955. Depois, temos sentido carência de campeões nas livrarias e bilheteiras de cinemas, concertos, e anfiteatros, com excepção do fenómeno CR7 e agora de Carlos do Carmo.
Creio que a juventude prefere cartazes de concertos e festivais com elencos estrangeiros. Ora com a entrada de Carlos do Carmo na galeria dos ídolos da canção latina, poderemos abrir contratos a outros bons intérpretes. Basta crer, trabalhar e aperfeiçoar, como Carlos do Carmo fez.
Dulce Pontes, Marisa, outras e outros artistas também poderão disputar mais contratos no exterior para audiências étnicas e de fans estrangeiros. É fundamental para a nossa música ganhar popularidade externa, como alcançou “Abril em Portugal”, versão internacional de “Coimbra é uma lição” de 1947, de Raúl Ferrão e José Galhardo, tema do filme “Capas Negras”, que até hoje no exterior identifica a música portuguesa.
Temos poucos génios conhecidos no exterior, além dos arquitectos Siza Vieira e Souto Moura, ambos galardoados com o prémio Pritzker, da pintora Paula Rego, e de Joana Vasconcelos, a embaixadora da arte contemporânea.
Tarda em interiorizar-se que a cultura funciona hoje como uma indústria que produz (ou não), obras para vender no exterior mais do que a nível interno, como na maior parte dos países. Ao Estado cabe apoiar a presença de obras e artistas nos grandes eventos e exposições temáticas mundiais, com obras de alta avaliação.
As canoas do Tejo representam o turismo cultural, comprovando a arte de navegar à bolina, aplicada pelos portugueses aos navios transoceânicos no século XV, e que ainda funciona nos cruzeiros internacionais em veleiros contemporâneos estrangeiros.
PROMOÇÃO INTEGRADA – Ao Estado e confederações importa em paralelo apoiar a expansão internacional das melhores marcas e fileiras económicas lusas, num modelo de promoção integrada.
Turistas e executivos também consomem transportes, gastronomia, compras de roupas, calçado, artesanato e outros bens típicos ou inovadores, assim como se deslocam a espectáculos, desportos, e eventos internacionais. Como tal não me canso de sugerir que o Turismo deve associar-se nas acções externas dos nossos desportistas, artistas e empresários, em feiras, encontros, torneios, eventos, etc.
A Economia depende da projecção de cada destino, da hospitalidade das populações, da moda e comentários na internet e imprensa global, preferencialmente com base em estilo próprio, sinais de portugalidade e qualidade na hotelaria, restauração e animação cultural, desportiva e comercial. Quem resiste às compras de marcas na moda?
O Turismo é uma arte de pessoas para pessoas. Há outros factores: prémios, episódios, recordes, e êxitos, que valorizam a aceitação externa de desportistas, autores, cientistas, e gestores. Destaco o caso do armador Mário Ferreira, que tem ampliado a frota Douro Azul e outras iniciativas, e os nossos artistas com êxito nas cenas teatrais londrina, francesa e brasileira. Lembro Sofia Escobar, a melhor atriz do teatro musical em Inglaterra, e, claro, o nosso grande «embaixador global» Cristiano Ronaldo.
PRÓ-TURISMO – Para valorizar a vitória de Carlos do Carmo no Grammy latino, destaco alguns avanços e sugestões:
MICHELIN – Em 2015 um total de 14 restaurantes em Portugal ostentam 17 estrelas Michelin. Com duas estrelas: Villa Joya e Ocean em Albufeira, e Belcanto em Lisboa, este ganhou mais uma estrela. E com uma estrela cada: Casa da Calçada, Amarante; Eleven, Lisboa; Feitoria, Lisboa; Fortaleza do Guincho; Henrique Leis, Almancil; Il Gallo d’Oro, Funchal; L´and Vinyards, Montemor-o-Novo; Pedro Lemos; Porto; São Gabriel, Almancil; The Yeatman, Gaia; e Willie’s, Vilamoura.
Um dos factores que mais atraem estrangeiros é a nossa cozinha, dignamente promovida pelos empresários e artistas da mais atacada área pelo governo, com a teimosia dos 23% de IVA. Quando se come ou bebe em Portugal, quase um quarto da despesa é para o Estado. Para valorizar a gastronomia – património cultural português – sugiro a realização de um concurso anual para distinguir os melhores restaurantes especializados em comida portuguesa.
GOLFE NO ALGARVE – Depois dos 16 troféus World Travel Awards 2014 ganhos por Portugal, o Algarve conquistou dois grandes prémios nos WORLD GOLF AWARDS, em gala no Conrad Algarve: o melhor destino de golfe europeu e melhor mundial. O Algarve tem 40 campos de golfe, que em 2013 receberam 350 mil estrangeiros e 1.008.000 voltas. E conquistou nove dos 16 WT Awards 2014.
VINHOS DO DOURO TOP5 – A revista WINE SPECTATOR atribuiu a três vinhos do Douro a primeira, terceira e quarta posições da colheita vintage de 2011 no Top5 mundial. Da Casa Symington (primeiro e terceiro), e Quinta de Vale Meão da família Olazabal (quarto). Turismo e Vinhos: parelha infalível.
DORMIDAS POLÉMICAS – Não há bela sem senão. A nova taxa sobre as dormidas na hotelaria, aprovada pela assembleia municipal da capital para 2015, seguindo-se tendencialmente outras câmaras a aproveitar este péssimo exemplo. A medida tem sido alvo de forte polémica parlamentar e sectorial. Pelos vistos falta criatividade aos nossos políticos para aplicar meios para aumentar as receitas municipais, através de serviços novos e úteis.
APELO DO MAR E DA HISTÓRIA – Qual é o futuro da caravela Boa Esperança? Propriedade da Região de Turismo do Algarve, em Lagos, sem que haja um operador turístico nacional ou estrangeiro interessado em promover cruzeiros costeiros.
Além de uma revisão geral e algumas alterações, precisa de um motor mais potente. Será que não há mercado para se passar um dia, ou uma semana, a navegar a bordo de um veleiro da época de 1440?
O estaleiro Samuel & Filhos, de Vila do Conde, construiu três réplicas de caravelas: em 1987, a Bartolomeu Dias, cedida à África do Sul, onde se encontra em Mossel Bay, para assinalar a rota marítima do Cabo aberta em 1488 por Bartolomeu Dias; em 1989, a Boa Esperança, registada em Sagres e esquecida em Lagos; e em 2000, a Vera Cruz, para treino de vela dos associados da Aporvela, em actividade a partir do Tejo. Entre os vultos que navegaram pelo Atlântico, Índico e Mar da China, destaco Camões.
Há ainda a réplica de uma nau do sec. XVI: museu flutuante em Vila do Conde; o Museu da Marinha em Lisboa; o Marítimo de Ílhavo (reproduz a epopeia dos pescadores na Terra Nova); o Navio Museu Santo André, em Ílhavo; e o Navio Museu Gil Eanes, em Viana do Castelo. Impõe-se criar e divulgar eventos para atrair mais visitantes aos múltiplos pólos da valiosa história marítima de Portugal.
CANOAS: SÍMBOLO DA MARINHA DO TEJO – Não termino este texto sem voltar ao tema das Canoas do Tejo, cantado por Carlos do Carmo.
O estuário do Tejo integra onze fantásticos pólos náuticos de forte importância turística, nos municípios entre Vila Franca de Xira e Cascais. Cinco na margem norte e seis na margem sul. No conjunto abrangem um valioso património a merecer destaque turístico-desportivo e cultural, desde visitas a estaleiros, marinas, clubes náuticos (vela, motonáutca, pesca, surf, remo, canoagem, e natação em águas abertas, com a travessia do Tejo no horizonte), ao activo núcleo da Marinha do Tejo na Moita, presidido pelo almirante Bastos Saldanha, e a vários núcleos museulógicos, além dos operadores de cruzeiros fluviais e oceânicos, e dos mercados e variados espaços de restauração, especializados em peixe e marisco. Sem dúvida um conjunto de atractivos acessíveis e representativos da magia de capital portuguesa.
A MARINHA DO TEJO é o pólo de conservação e operação das embarcações típicas do Tejo, participando os seus associados em regatas, desfiles, e festas das comunidades piscatórias. Há também algumas embarcações típicas a operar cruzeiros fluviais.
Mas há espaço para se valorizar e organizar, entre nós, programas integrados de turismo cultural, náutico, e desportivo, com base nestas tradições.
Pois na França, Reino Unido, Itália, Grécia, Espanha, Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia e países bálticos valoriza-se mais a organização regular de semanas, eventos, e épocas dedicadas à prática náutica. Aqui fica mais esta sugestão.