Onde há comércio, há turismo
Leia a opinião de Ana Isabel Trigo Morais, diretora-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição.
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Se viajar em turismo pressupôs sempre conhecer e experienciar o destino no que se refere à sua cultura, tradições, gastronomia ou património, agora, e cada vez mais, uma viagem passa também pela experiência de compra.
De facto, seja ou não a motivação principal, o shopping tem vindo a destacar-se como um importante produto turístico, qualificando e diferenciando um destino. Quem não inclui no seu roteiro de Paris uma passagem pelas lojas dos Champs Elysées ou quem vai a Londres e deixa de passar pelos Harrods ou pelos mercados de Camden Town?
Esta é não só uma constatação empírica, que pode ser retirada ao observarmos o fluxo de turistas nas zonas mais comerciais, mas também uma nova realidade que tem vindo a despertar a máxima atenção de entidades relacionadas quer com Turismo, quer com o Comércio e Retalho.
É o caso, por exemplo, da Organização Mundial de Turismo (OMT), que recentemente apresentou o Global Report on Shopping Tourism, um documento dedicado à análise desta crescente tendência relacionada com o que se define por “turismo de compras”.
O potencial deste tipo de turismo é enorme e evidencia-se relevante para as economias locais e, consequentemente, no contexto económico mundial, sobretudo com novos mercados emissores de turistas em clara expansão, com enorme poder de compra e novos hábitos de consumo, como é o caso dos mercados chinês e brasileiro.
Perante esta realidade, surge agora um conjunto de oportunidades que os destinos devem explorar e maximizar, de modo a acrescentar valor à sua oferta.
Com muitos passos dados neste campo, e apesar de existirem bons exemplos de projectos já implementados em cidades como Madrid, Barcelona ou Veneza, há ainda muito que fazer em relação a esta potenciação do comércio como oferta turística de um destino. Portugal não é excepção.
A chave está num trabalho de sinergias entre sectores: por um lado, disponibilizar ao turista uma experiência de compra única e autêntica, que crie uma ligação material e emocional ao local de visita; por outro e, em consequência, reforçar o valor, o posicionamento e o branding do destino.
Do lado do retalho e comércio, tanto alimentar como não alimentar, que a APED representa, muito tem sido feito, nivelando a oferta e o serviço existentes a um nível de sofisticação, modernidade, inovação e diversidade equiparável ao que de melhor existe a nível internacional. Mas podemos e devemos melhorar.
Desde o comércio de rua, às lojas de departamento, a grandes marcas multinacionais ou centros comerciais, todas estas opções devem ser percebidas e trabalhadas como um conjunto, com oferta complementar entre si, capaz de dar resposta às exigências dos diversos perfis de turistas.
Em Portugal importantes medidas já estão a ser tomadas neste sentido e um dos bons exemplos que podemos tomar é o caso de Lisboa. Encabeçada pela Associação Turismo de Lisboa, que trabalha em prol do turismo na capital portuguesa, assiste-se a uma união de esforços entre diversas entidades, unindo o sector do Turismo e do Retalho e Comércio, cujo objectivo é apresentar uma oferta de valor no que respeita ao turismo de compras.
Desde a projecção da Avenida da Liberdade ou do Chiado como locais privilegiados para o comércio de luxo, à aposta da promoção de uma rede de associados que vão desde lojas de comércio tradicional a centros comerciais de maior dimensão, à criação de ferramentas como cartões de descontos, esta associação apresenta uma estratégia que tem vindo a dar frutos em termos de visibilidade, interna e externa, da cidade enquanto destino de turismo de consumo.
Não podemos deixar de sublinhar positivamente o trabalho que o Governo tem feito para dinamizar o potencial turístico do nosso país. Acredito que ninguém fica indiferente quando vê nas mais reputadas publicações internacionais rasgados elogios àquilo que temos para oferecer, quer seja a nossa gastronomia, as nossas lojas ou as nossas praias.
O Governo tem um papel fundamental no fomento de medidas que abranjam um quadro fiscal favorável ao consumo interno e consumo turístico, que considerem o apoio ao investimento ao comércio e que se reflictam até na aposta a formação especializada nas áreas de turismo e comércio.
Não tenhamos dúvidas que o shopping se consolidará em definitivo, a curto e médio prazo, como um segmento-chave para a indústria de viagens.
Da parte do sector do comércio e retalho, representado na APED, existe o compromisso e a vontade de contribuir para a riqueza e diversidade do nosso turismo. Ganham as empresas, ganha a economia, ganham as cidades, ganha o país. E quem nos visita. Porque onde há comércio, há turismo.