‘Slow’, Um Novo Conceito de Turismo
José Gil Duarte, António Fontes, Rui Soares Franco e Hernâni Almeida Numa edição anterior falou-se e descreveu-se o fenómeno da Urbanização como sendo uma tendência que se tem vindo a […]

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José Gil Duarte, António Fontes, Rui Soares Franco e Hernâni Almeida
Numa edição anterior falou-se e descreveu-se o fenómeno da Urbanização como sendo uma tendência que se tem vindo a afirmar nas últimas décadas e que continuará a desenvolver-se no futuro. De uma forma genérica pode-se descrever este facto como o movimento das populações do espaço rural para o espaço urbano com as respectivas consequências, nomeadamente, o aumento do número de indivíduos em áreas urbanas e a diminuição da população em áreas rurais.
O século XX está marcado pelo crescendo da urbanização, ou seja, pela concentração das populações em áreas urbanas. De acordo com os dados das Nações Unidas, a percentagem da população urbana mundial aumentou dos meros 13%, em 1900, para os 29% em 1950, e conforme é assumido no documento 2005 Revision of World Urbanization Prospects, em 2005 esta proporção era de 49%. Em 2030, 60% da população mundial viverá em áreas urbanas. Assim, em números absolutos, é possível observar a dimensão do fenómeno. Em 1900 a população urbana totalizava 220 milhões de indivíduos, em 1950, 732 milhões e, em 2005, as estimativas da UN apontavam para um número de 3,2 biliões.
Em 2030, serão, de acordo com as projecções, 4,9 biliões.
Sendo o processo da urbanização imparável e impossível de inverter, este tende a ser reforçado pelo nível de desenvolvimento socioeconómico de cada um dos países.
Assim, em 2030, nas regiões menos desenvolvidas, as projecções apontam para que 56% do total da população seja urbana, o triplo de 1950 (18%). Nas regiões mais desenvolvidas esta percentagem será de 81%.
No entanto, este fenómeno, por mais que nos pareça uma consequência natural do processo evolutivo das sociedades e do Homem, acarreta graves consequências e provoca fortes impactos, quer ao nível do ambiente, quer ao nível do bem-estar das populações, influenciando a qualidade do território, da vida comunitária e, em especial, em cada um de nós particularmente.
O processo de urbanização está directamente associado a benefícios individuais e colectivos, ou seja, para o sujeito surgem novas oportunidades de concretização pessoal e familiar pela possibilidade de aceder a um conjunto de serviços e equipamentos que contribuem para a melhoria do seu nível de conforto e bem-estar, para a comunidade, a urbanização, significa o desenvolvimento económico com os ganhos de uma economia de escala, a qual só é possível quando um mercado alcança dimensão.
Paralelamente, a forte urbanização conduz automaticamente a elevados níveis de congestionamento, crime e debilidade nas infra-estruturas tais como os esgotos, o saneamento, água potável, entre outros. Com a excessiva concentração de mão-de-obra, e com a capacidade limitada de absorção pelas actividades económicas da cidade, problemas de desemprego aumentam com o desfasamento da oferta e da procura, contribuindo para o agravar das situações de crime na metrópole, pois a necessidade de sobrevivência das pessoas e dos seus agregados está ameaçada. Por outro lado, existe a necessidade de serem identificadas soluções para a problemática do alojamento de toda a massa humana recém-chegada à cidade. Ou seja, o processo de urbanização e de evolução das sociedades modernas tem conduzido a elevados níveis de stress, à perda da identidade e de valores individuais e colectivos, e sobretudo, ao esquecimento de que o Homem é parte integrante de um sistema e que necessita de referências para que possa evoluir num sentido positivo da sua caminhada.
É perante este contexto que emergem novas tendências de consumo, novos comportamentos, novas expectativas e, sobretudo, emerge uma nova consciência global de sociedade. A conjuntura económica actual contribuiu para uma tomada de consciência dos problemas que nos rodeiam, dos quais vivíamos alheados, devido ao ritmo diário a que somos submetidos por forma a responder a todas as solicitações que nos são direccionadas.
Os ritmos individual e da sociedade estão nos níveis mais elevados de sempre, obrigando o sujeito a “passar pela vida” sem tomar consciência dela.
É neste contexto que surge um movimento internacional denominado de “Slow”. O movimento “Slow” é uma reacção aos hábitos e costumes de uma sociedade urbanizada, com ritmos próprios, que pretende recuperar valores comunitários perdidos e que promovam novas oportunidades de afirmação do território e dos seus recursos.
A origem deste movimento surge primeiramente com o “Slow Food”, lógica profundamente relacionada com a promoção dos alimentos tradicionais e da sua própria qualidade, do cultivo de produtos primários, na recuperação e promoção dos métodos de cultivo tradicionais e na promoção e preservação da biodiversidade, tanto de espécies cultivadas como das autóctones. Assim, o “Slow Food” protege o valor histórico, cultural e social, como parte integrante da herança gastronómica, reconhecendo os direitos de cada grupo social no circuito das trocas comerciais. Nesta lógica, o produto alimentar deve ser “bom, limpo e justo”.
É nesta lógica que se antevê a emergência de novos comportamentos e atitudes reforçados por uma maior consciência dos impactos da acção humana. Paralelamente, e como consequência de uma sociedade demasiado urbanizada, os momentos de lazer, nomeadamente as férias, são cada vez mais valorizadas e são eleitos como oportunidades para uma “escapadinha” da realidade em que todos vivemos. Neste contexto, já no estudo “WTM Global Trends Report 2007”, realizado pela World Travel Market e a Euromonitor International prognostica, na Europa Ocidental, a ascensão do conceito de “Slow Travel”.
Numa sociedade com um alto nível de stress, os turistas procuram, nas suas férias escapar às suas vidas atarefadas e às pressões quotidianas, resguardando-se nas experiências que privilegiam a apreciação dos simples e autênticos prazeres, sem imperativos de tempos ou obrigações.
A Euromonitor prognostica o “Slow Travel” como uma forma de viagem em expansão que continuará a crescer e a ganhar popularidade. Actualmente, a atitude dos turistas e do próprio mercado turístico mudou, existindo uma maior preocupação com questões não só ambientais, mas também, de responsabilidade social e promoção do território, assim como dos recursos.