Tendências e produtos – Uma visão turística para…
Terminámos o ano de 2009 com uma antevisão genérica das variáveis que poderão condicionar o desenvolvimento e a afirmação da actividade turística nos próximos tempos.Todos confiávamos na solidez do mercado […]

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Terminámos o ano de 2009 com uma antevisão genérica das variáveis que poderão condicionar o desenvolvimento e a afirmação da actividade turística nos próximos tempos.Todos confiávamos na solidez do mercado turístico, que apesar das “surpresas”, mantinha a sua tendência de crescimento, com excepções para o ano 2001 que, segundo a UNWTO, registou um crescimento nulo, e para 2003, ano em que se registou um decréscimo de aproximadamente 1,6%, em relação a 2002. No entanto, estas são excepções à regra, e adiante-se que em 2004, o crescimento foi de 10%, ou seja, superior a qualquer outro ano, o que demonstra a capacidade de recuperação desta tão impressionante actividade.
O ano de 2009 deverá ser encarado como um marco na história do turismo internacional. Apesar da inexistência de dados definitivos, segundo o barómetro de Outubro de 2009 da UNWTO, até Agosto deste mesmo ano registou-se uma quebra de 7% nas chegadas internacionais, tendo-se verificado uma atenuação nos meses correspondentes à “época alta” onde a quebra foi de 3%. No entanto, as previsões apontam para uma quebra global de aproximadamente 5% tendo como principal justificação a conjuntura económica que o Mundo atravessa. Na verdade, as consequências não são iguais para as diversas regiões do globo.
Para o ano de 2010 prevê a UNWTO que se verifiquem ligeiros sinais de recuperação da actividade turística que poderá variar entre os 1% e 3%, sendo esta recuperação mais lenta para as regiões da Europa e das Américas, continuando o continente africano em terreno positivo que será potenciado pela realização da CAN 2010 em Angola e do Mundial de Futebol da África do Sul.
Esta antevisão de crescimento da actividade turística internacional é sustentada numa previsão feita pelo FMI, no seu último World Economic Outlook de Outubro de 2009, para a economia internacional em 2010:
Note-se que para o ano de 2009 prevê-se um crescimento global de – 1,1%. Este crescimento da economia mundial será consequência da conjugação de diversos factores, dos quais destacamos as políticas públicas que deram sinais positivos aos mercados. Assim, paulatinamente, observa-se uma estabilização dos preços no comércio a retalho, um aumento dos níveis de confiança dos consumidores e alguns sinais positivos do mercado imobiliário. No entanto, já há notícias que anunciam que o FMI poderá rever em alta as suas previsões no seu Outlook a sair no final deste mês, mas as cautelas deverão ser mantidas para não criar expectativas nos agentes. Não nos podemos esquecer que as economias estão frágeis e que o desemprego, segundo a OIT continua a crescer, podendo chegar aos 7,1%, a nível internacional, e aos 7,9% nas economias desenvolvidas.
Em Portugal qual é a situação? O Secretário de Estado do Turismo admitiu recentemente que em 2009 Portugal iria registar uma quebra aproximada de 10% nas suas receitas turísticas. Segundo o Turismo de Portugal, nos dados referentes “Até Agosto de 2009, o valor das receitas provenientes do turismo ascendeu a 4.608 milhões de €. No mesmo período de 2008 tinha sido de 5.038 milhões de €, o que significa que se registou uma quebra de 430 milhões de € (-8,5%)”, correspondendo, no mesmo período, a uma quebra de 3,9% nos hóspedes e a 6,6% nas dormidas, tendo sido o mercado estrangeiro o principal responsável por esta realidade (- 12%), não tendo o mercado nacional sido suficiente para compensar esta perda, apesar do seu crescimento de 4,2%.
Relativamente à economia nacional, segundo o Ministério das Finanças, no seu relatório de Dezembro, no “3.º trimestre de 2009, de acordo com as Contas Nacionais Trimestrais do INE, o PIB diminuiu 2,5% em termos homólogos reais, representando uma recuperação face ao 2.º trimestre. De facto, face ao trimestre anterior, o PIB cresceu 0,7% em termos reais. Para esta melhoria concorreu o comportamento menos desfavorável do investimento e a manutenção do contributo externo líquido positivo.”. Relativamente ao consumo privado, este registou, durante o 3º trimestre, uma diminuição homóloga real de 1,1%, tendo-se registado em Novembro uma inflexão nos níveis de confiança dos consumidores que reflecte as perspectivas já realizadas para a evolução do desemprego e da economia nacional. Numa recente divulgação de dados, a OCDE, previu para Portugal uma retracção do PIB, em 2009, de 2,8% e um crescimento para 2010 de 0,8%.
Após este exercício sumário sobre o panorama económico e turístico, nacional e internacional, de 2009, propomos agora que se realize uma reflexão sobre qual deverá ser a postura a assumir pelos promotores turísticos nacionais, considerando que há quem afirme que existe um excesso de oferta turística em Portugal a qual será reforçada pela concretização dos projectos em pipeline, nomeadamente os PIN’s, que em 2007 foram considerados a chave para o reposicionamento do sector turístico nacional e de algumas regiões do país. Segundo a informação recolhida, o turismo continua a ser o sector com maior número de PIN, com 46 projectos, disseminados por todo o país. No entanto, quer por razões de conjuntura, quer por razões de financiamento, a maioria destes projectos continua parada.
Questão: terá sido a actual conjuntura um sinal de alerta para se repensar seriamente o modelo de negócio turístico? Ora considerando o produto turístico “Turismo Residencial” como exemplo, sabe-se que a procura diminuiu. Para confirmar este facto, basta analisar um estudo publicado pela “Confidencial Imobiliário” que demonstra que a região do Algarve é a que regista a maior desvalorização do “Índice Confidencial Imobiliário” com uma variação homóloga em Janeiro de 2009 de 10,7%, com o ritmo de desvalorização verificado ao longo do ano, em Outubro passado era de – 4,6%. Segundo a publicação, esta desvalorização tanto era verdade para o mercado dos novos, como para o dos usados. Ainda, segundo o INE, registou-se no terceiro trimestre de 2009 uma diminuição geral do valor médio de avaliação bancária, tendo sido a região do Algarve aquela que registou a maior diminuição no que se refere à variação homóloga (-4,3%).
Pode-se notar uma redução da actividade imobiliária em geral, que se transmite num acumular no stock de unidades disponíveis. Esta constatação é tão mais verdade se olharmos para o nosso país vizinho, considerado o número 1 dos destinos de Turismo Residencial, onde se prevê que o sector imobiliário só se reactivará, nas melhores previsões, num prazo mínimo de 6 / 7 anos.
Surge-nos, assim, a inevitável pergunta: será que a aposta correcta é continuar a construir? Numa conjuntura onde o desemprego, em Portugal, atinge níveis nunca vistos, onde os níveis de confiança não estabilizam, onde a actividade económica é uma incógnita e onde o acesso ao crédito, quer por empresas, quer por particulares, está mais difícil, não deverá ser a altura apropriada para uma reflexão sobre a escolha mais adequada?
Nesta conjuntura onde não é facilitada a transacção de bens, importa identificar quais são as variáveis que poderão dar garantias de sucesso. Como tem vindo a RDPE a defender, apesar de todos os senãos da conjuntura, ainda existe uma franja de mercado que está compradora. A questão é saber se existe produto que o satisfaça.
Sabendo que é um segmento exigente e com poder de compra, agora mais atento ao valor intrínseco dos investimentos que pretendem realizar, o investidor, mais do que valorizar o preço m2, reconhece, em primeiro lugar, a qualidade geral do empreendimento, ou seja, aquele que responde de forma capaz aos novos valores que foram redescobertos nesta conjuntura. Ou seja, o conceito estrutural de compra não modificou, porque continua a existir o “potencial comprador”, mas sim a noção de “valor”.
Agora, mais do que nunca, é necessário proceder-se a um trabalho técnico, profundo e sério, para serem identificadas as variáveis mais importantes que deverão existir no produto, para que este seja reconhecido e valorizado pelo “mercado comprador”.
Esta é a visão da RDPE para o futuro do sector turístico que começa agora em 2010, neste primeiro evento turístico do ano, a Bolsa de Turismo de Lisboa. Bom ano turístico para todos!