Águas agitadas no Porto Santo
Porto Santo está a viver tempos agitados. Enquanto o Colombo’s Resort está em crise, por falta de dinheiro, os projectos do grupo Pestana e de Cristiano Ronaldo estão prestes a […]

Fátima Valente
Fiordes do Norte da Europa são o itinerário “mais querido” da Costa Cruzeiros no mercado português
Picos de Aventura reorganiza estrutura interna
Disney anuncia sétimo parque temático em Abu Dhabi
2025 promete trazer novos e cada vez melhores navios de cruzeiro
Cruzeiros esperam verão positivo e já navegam rumo ao inverno e a 2026
Marina de Vilamoura volta a ser palco do International Boat Show
ÉvoraWine celebra 10ª edição com 300 vinhos em prova
Estratégia do turismo de VRSA mantém foco na sustentabilidade, inovação e valorização do território
Movimentação de passageiros na Europa impulsionada por voos internacionais com tráfego doméstico estagnado
V Convenção do Grupo DIT marcada para 30 de outubro a 2 de novembro em Huelva
Porto Santo está a viver tempos agitados. Enquanto o Colombo’s Resort está em crise, por falta de dinheiro, os projectos do grupo Pestana e de Cristiano Ronaldo estão prestes a ver “luz verde”.
O ano de 2009 não começou em grande no Porto Santo, sobretudo no Colombo’s Resort. A Starwood rescindiu o contrato de gestão com a proprietária SIRAM Turismo (precisamente no último dia de 2008), e apesar dos esforços de Sílvio Sousa Santos, presidente da SIRAM, em tentar encontrar investidores para o projecto, apoios dos Governos Regional e da República, e mais financiamento, ao que noticiou o Diário de Notícias da Madeira, o projecto vai mesmo passar para a mão da banca. BANIF e BCP Millenium estão a tentar encontrar uma solução, mas esta, segundo o Diário, não passa pela liderança de Sílvio Sousa Santos.
O empresário madeirense remeteu-se ao silêncio, mas já terá informado o sindicato bancário que financiou o projecto de que não tem mais condições para concluir o mesmo. Acumulada estará uma dívida de quase 70 milhões de euros à banca (de acordo com o empréstimo concedido), e de mais 40 milhões à Casais, construtora envolvida. Entretanto Sílvio Sousa Santos terá perdido sete milhões de euros de capitais próprios, assim como os sócios (Joaquim Coimbra, accionista do BPN e da Sociedade Imobiliária e Turística do Campo de Baixo, e Goes Ferreira), e são ainda necessários mais 50 milhões de euros para a conclusão do empreendimento, que já teve data de abertura adiada três vezes.
Com a banca a liderar o processo, tem havido contactos institucionais, tanto a nível regional quanto nacional. E, segundo o Diário de Notícias da Madeira, terá sido pedido “um adiantamento nos prazos limites de validade nos apoios concedidos no âmbito do PITTER – cerca de nove milhões de euros – bem como a possibilidade de o Turismo de Portugal, através de uma empresa de risco, viabilizar uma empresa-veículo que possa concluir a construção do Colombo’s Resort”.
Starwood mantém interesse
Entretanto, a Starwood mantém o interesse no projecto. “A porta não está fechada. A Starwood acreditou e continua a acreditar no projecto. A falta de dinheiro foi o único problema”, declarou ao Publituris, Pascal Fouquet, nomeado para o cargo de director do Colombo’s Resort, em 2007. Pascal Fouquet vinha a acompanhar o projecto e a formar equipa há mais de um ano. Actualmente ainda se encontra no Funchal (assim como mais elementos da sua equipa), à espera de um desfecho no Colombo’s, ou de novo desafio da Starwood noutro destino, apesar de preferir a calma e tranquilidade do Porto Santo. “Queremos que o projecto continue, mas com a falta de dinheiro, quisemos dar alguma liberdade aos accionistas e decidimos afastarmo-nos”, afirmou ao Publituris, dando a entender que desde que haja capital, a Starwood retomará o projecto tanto com a Sociedade Campo de Baixo como com outros investidores. E até quando vai a Starwood esperar uma decisão? A pergunta não chega a ser respondida por Pascal Fouquet, mas o director francês coloca a tónica no interesse do projecto para o destino, afirmando também a necessidade do posicionamento de luxo do projecto: “Este projecto vai ter de continuar a ser de luxo [a marca contratada era a Luxury Collection]. A Starwood tem 11 marcas no seu portfólio. Mas obviamente que não estará interessada se for para fazer um três estrelas “. O quadro da Starwood confirmou ainda que a cadeia norte-americana já tinha contratos assinados “com dois grandes operadores de luxo”, embora não tenha dado mais pormenores do negócio.
O impacto do Colombo’s no destino
Pascal Fouquet parece não estar muito preocupado com o impacto negativo que a crise do Colombo’s Resort poderá ter no Porto Santo, defendendo-o como um “destino de qualidade”. O responsável enumera ainda a segurança, além da praia, como características distintivas e sublinha: “O Porto Santo é um destino emergente. Colocar um destino no mapa leva o seu tempo”.
Já José Theotónio, administrador do grupo Pestana para a Madeira, declara: “Nunca fez bem a nenhum destino ter projectos a meio, ou projectos parados. Para um destino pequeno como o Porto Santo é importante ganhar massa crítica, ter mais camas, e de qualidade, como as que estavam projectadas. As autoridades envolvidas estão a tentar resolver a situação e é bom que a levem a bom porto”.
Opinião idêntica tem o presidente da Câmara do Porto Santo. “A siuação é preocupante, mas tenho esperança que seja resolvida”, reage Roberto Silva, ressalvando que o que se vive na ilha “não é um exclusivo do Porto Santo, mas também do próprio Funchal e do Continente”.
O caso do Colombo’s não parece retrair os investidores no Porto Santo, pelo menos os que têm projectos em fase mais avançada, nomeadamente Cristiano Ronaldo e Grupo Pestana.
Com efeito, o Grupo de Dionísio Pestana está a fazer tudo por tudo para acelerar o licenciamento do projecto de aldeamento previsto junto ao Pestana Porto Santo (inaugurado em 2008). “É possível que seja aprovado até ao Verão na generalidade e depois temos mais seis meses para os projectos da especialidade”, avançou José Theotónio ao Publituris. Depois de aprovado, o grupo decidirá, consoante a conjuntura, qual o grau de celeridade com que vai dar andamento às obras: “Quando o tivermos aprovado logo veremos”.
No caso do Hotel CR7, o investimento estimado entre 50 a 70 milhões de euros e participado por (António Salvador, presidente do SC Braga, e Jorge Mendes, empresário do jogador madeirense) tem estado parado porque o terreno adquirido no Campo de Baixo (cerca de 10 hectares) estava interdito à construção pelo Plano de Ordenamento da Orla Costeira e pelo Plano Director Municipal. Contudo, o projecto está prestes a ter luz verde, uma vez que o Governo Regional e Câmara vão aprovar um plano executado pelos próprios promotores.
Nos últimos anos, as áreas da Calheta e Cabeço da Ponta têm despertado o interesse de vários investidores. (O próprio Sílvio Sousa Santos tinha anunciado mais dois hotéis cinco estrelas e dois condomínios turísticos unto ao Colombo´s Resort).
Roberto Silva confirma a aquisição de vários terrenos nessas zonas, mas afirma que os investidores ainda não deram entrada dos projectos na Câmara.
Com a conclusão destes dois projectos, Porto Santo deverá quase que duplicar o número de camas actuais (cerca de 2.000). Entretanto, a revisão do Plano de Ordenamento Turístico da RAM deverá traçar novo limite na oferta. “Inicialmente estavam previstas 4.000 camas, mas o POT está a ser revisto, para passar a atingir as 7.000 camas num horizonte de 10 anos”, estimou o autarca ao Publituris.
O problema das acessibilidades
Independentemente do impacto que a crise do Colombo’s possa ter no destino, a operação preocupa o responsável pelos hotéis da Madeira do grupo Pestana. “Os dois operadores turísticos [italiano e inglês] que no ano passado tiveram charters para Porto Santo estão fora da época alta”, aponta José Theotónio. O operador italiano (I Viaggi di Atlantide) tinha um contrato de três anos com a Associação de Promoção da Madeira e termina agora a operação anual, uma vez que ambas as partes não chegaram a acordo para uma renovação. No caso do operador britânico (a Atlantic Holidays UK), este “não está disposto a assumir tanto risco sozinho como no ano passado, em que apenas teve a comparticipação de 26 mil euros da ANAM na operação de seis meses e gastou cerca de 125 mil euros. Após a falência da XL Airways, o operador acabou por assumir os últimos três voos, até porque “a operação que jogava no break even acabou por sair no prejuízo”. Além disso, outros operadores que, perante o sucesso da Atlantic Holidays, até estavam interessados em entrar na operação, acabaram por se retrair.
“Com a crise, os outros operadores interessados estão a concentrar operações e não quiseram assumir riscos”, explica Theotónio. O responsável do grupo Pestana está ainda confiante que o reforço de algumas rotas anunciado pelo SET acabe por contemplar o destino: “Se dentro disso houver entendimento, a Atlantic Holidays poderá retomar a operação, assumindo 70% do risco, ou seja, 100 em 140 lugares de avião, senão a operação para o Porto Santo terá que ser feita via Madeira”.
De qualquer maneira, “nós somos os que temos menos a perder porque podemos assumir uma ginástica de operações combinadas com hotéis na Madeira e no Porto Santo, com pacotes dos dois destinos. Mas logicamente não é o mesmo que ter voos directos”, salienta. Gerir de acordo com a conjuntura passa a ser então a estratégia do grupo Pestana para o Porto Santo, que admite ter de compensar a diminuição do mercado inglês e italiano com o mercado nacional e alemão, entre outros. “Este ano é ano de dificuldade. Fica mais difícil para nós e para os outros”, remata.
Novos projectos
– Hotel CR7 – Projecto de luxo, com hotel (300 camas) e moradias, numa área de 10 hectares perto da Calheta. Está previsto um investimento total de 50 a 70 milhões de euros.
– Pestana Residence – Aldeamento turístico de quatro estrelas, a construir nos terrenos adquiridos junto ao Pestana Porto Santo. O empreendimento vai operar sob a marca Pestana Residence e contempla 250 apartamentos, num investimento de 40 milhões de euros.