Opinião

Madeira-Algarve num pulo … antes que acabe!

O futuro desta ligação não depende do mercado que alguns incautos dirão que não existe; depende apenas da visão de mobilidade que queremos do país – para nós e, já agora, para quem nos visita.

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Madeira-Algarve num pulo … antes que acabe!

O futuro desta ligação não depende do mercado que alguns incautos dirão que não existe; depende apenas da visão de mobilidade que queremos do país – para nós e, já agora, para quem nos visita.

Pedro Castro
Sobre o autor
Pedro Castro

Raramente duas das regiões mais turísticas de Portugal e aquelas que têm, desde sempre, as estadias médias mais longas, estiveram ligadas entre si por voos diretos. Ao contrário do que tem sido a evolução da aviação intraeuropeia e do desenvolvimento de cada vez mais rotas diretas transversais e inimagináveis no século passado, hoje existem voos para praticamente todo o lado… menos entre Faro e Funchal! Um voo direto que poderia ser feito em 100 minutos transforma-se numa cruzada aérea de cinco horas com direito a perder o avião de ligação na Portela.

Uma das quatro companhias aéreas estatais de Portugal, a TAP Express, vai mudar esta realidade durante três meses do Verão. Às segundas e quintas-feiras, o embraer 190 dará um segundo destino à operação da TAP no Algarve, de onde apenas voa para Lisboa; na Madeira, a TAP será a única companhia que liga o arquipélago aos três principais aeroportos do Continente. Esta decisão “em cima da hora” da TAP impede que os pacotes turísticos de operadores estrangeiros incluam a possibilidade deste produto combinado, pelo que a rota terá de contar com o mercado das reservas individuais e de alguma operação dirigida ao mercado nacional de última hora. Os horários escolhidos para os voos – com partidas demasiado matinais ou chegadas tardias – limitam a zona de captação dos respetivos aeroportos, devido à logística ou devido à ausência de transporte nas franjas horárias mais extremas. Neste caso, um voo que poderia servir uma base alargada de passageiros fica reduzido a uma pequena fração do seu potencial. Um exemplo claro disso poderá ser o mercado espanhol vizinho. Em 2024, a Iberia operou um voo sazonal entre Sevilha e o Funchal, criando um fluxo inédito de passageiros entre a Madeira e a Andaluzia. Apesar desta operação não se repetir este ano, houve um trabalho de promoção efetuado e que poderá ser aproveitado agora pela TAP, garantindo que passageiros andaluzes olhem para Faro como uma alternativa conveniente para chegar à Madeira.

Mas o grande problema estrutural desta rota é outro: a falta dos habituais apoios institucionais pela simples razão de ser uma ligação…doméstica! No contexto atual, o mercado da aviação opera como um verdadeiro jogo financeiro, onde as companhias aéreas colocam os seus ativos – os aviões – nas aplicações – as rotas e os destinos – mais rentáveis.

E aqui reside a questão central: uma ligação doméstica como Faro-Funchal recebe zero apoios diretos. Se a rota fosse Ayamonte-Funchal ou Faro-Lanzarote, os incentivos seriam automáticos e abundantes. Esta assimetria de políticas públicas distorce a competitividade e condiciona fortemente a atratividade da operação. O resultado desta inação é a TAP ficar algo sozinha na promoção de uma rota que, na verdade, nos deveria interessar a todos. Deixo por isso o meu apelo para que todos façamos a nossa parte para que esta rota passe de sazonal e bi-semanal para anual e diária. O futuro desta ligação não depende do mercado que alguns incautos dirão que não existe; depende apenas da visão de mobilidade que queremos do país – para nós e, já agora, para quem nos visita.

Sobre o autorPedro Castro

Pedro Castro

Diretor da SkyExpert Consulting e docente em Gestão Turística no ISCE
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