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Opinião

Como navegar a incerteza

Tudo parte de uma escolha, a de querer acreditar num otimismo esperançoso da recuperação ou a de que a tempestade ainda não acabou e agora é altura para verificar o estado geral do barco e ouvir marinheiros experientes.

Opinião

Como navegar a incerteza

Tudo parte de uma escolha, a de querer acreditar num otimismo esperançoso da recuperação ou a de que a tempestade ainda não acabou e agora é altura para verificar o estado geral do barco e ouvir marinheiros experientes.

Guilherme Costa
Sobre o autor
Guilherme Costa

Não estamos todos no mesmo barco. Estamos todos na mesma tempestade, contudo há quem se encontre num barco a remos e outros num superyatch. Os raios caem e fazem danos, nuvens negras não deixam ver as estrelas e a bússola não reconhece mais o Norte. Como sabemos para onde ir?

Com dados superficiais, como taxas de ocupação ou preços médios que parecem, à primeira vista, superiores a 2019, significando um crescimento esperançoso e a iluminação de um fim de um longo túnel de dois anos, contrastam com a nuvem negra de uma crise económica que já dá choques fortes com inflações que tornam o aumento de preço médio numa real descida de lucro. Isto, porque o aumento de preços, em muitos casos, não acompanhou a inflação e estão, na realidade, abaixo dos de 2019.

Dados antagónicos, e apenas visíveis ao fim do trimestre ou a quem tenha sido mais minucioso nas suas análises. Tudo parte de uma escolha, a de querer acreditar num otimismo esperançoso da recuperação ou a de que a tempestade ainda não acabou e agora é altura para verificar o estado geral do barco e ouvir marinheiros experientes.

Como se navega a incerteza? Com dores nos joelhos. Não sei se esta história é cem por cento factual, mas ilustra bem o que pretendo transmitir: Numa convenção de meteorologia internacional o interesse estava concentrado numa pequena estação meteorológica de um país de Leste, onde as previsões apresentavam uma taxa de precisão muito acima das restantes. Ninguém percebia porquê, até que o velho metrologista, responsável pela dita estação, cheio de vergonha, no púlpito, perante os seus colegas a nível internacional, confessou que lhe doíam os joelhos sempre iria haver uma ligeira alteração da pressão atmosférica e que estava preparado para alteração e reinterpretação dos dados. Os joelhos não eram mágicos, nem a sua dor, mas a interpretação da correlação e a sua causalidade é que são sinónimos de uma experiência que nem os computadores mais avançados conseguiriam calcular.

Os dados antagónicos não se aplicam só à metrologia. Tenho lido, com reservado otimismo, artigos de recursos humanos que apelam a uma verdadeira aposta nas equipas. Todavia, vejo grupos hoteleiros a querer contratar Moços para postos de Mestre, porque a experiência é tida como um custo e não um investimento. Confia-se na sorte para trazer o barco a bom porto. Depois, quando se vê o barco a afundar culpam-se os inexperientes e as intempéries.

A incerteza navega-se com a confiança na experiência, porque não há Nostradamus, há sim, ciclos de história que se repetem e sinais que só quem os sabe reconhecer é só quem os sabe interpretar.

Sobre o autorGuilherme Costa

Guilherme Costa

Diretor de marketing e brand strategist
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