A Intermodalidade: Aviação/Alta-Velocidade
O plano Peninsular não será isento de dificuldades, nomeadamente devido às bitolas, (distância ente carris), divergente entre a Europa e a Península Ibérica, e a voluntária exclusão de Portugal seria uma “ilha solitária”, no panorama europeu da ferrovia.

Em 1982, o diretor-geral da British Airport Association, (BAA), John Mulkern, numa assembleia de profissionais de aviação, não sendo prioritariamente o Governo britânico a selecionar académicos, comentou: “…a correta direção para falar no futuro e ouvir o pensamento do resto da indústria sobre o que deverá acontecer. Sucintamente, hoje deverá ser o dia de desenvolver ideias”.
Este apelo correto a profissionais, divulgado entre 1982 e 2023, quando a aviação comercial se transformou numa “indústria global”, as operadoras aéreas em “companhias globais” deixaram de ter os privilégios das “companhias de bandeira”, transformadas em “firmas globais”, idênticas a tantas outras transnacionais.
O Orçamento do Estado em 2023 perdoou à empresa pública dos caminhos de ferro, CP, a dívida de cerca de 1,9 milhões de euros, terminando a letargia em que se encontrava há cerca de 20 anos. Estima-se, que a partir de 2024, recomeçará a investir em material circulante e eventualmente na melhoria das carentes estruturas. A prioridade é dada à alta-velocidade na linha LIS/OPO/LIS, apesar de não ter sido anunciado quando se vai tornar operacional, sendo de contar com habituais atrasos.
Um novo sistema, a intermodalidade, conjugou dois meios de transporte num só sistema, Aviação/Transporte Ferroviário de Alta Velocidade ou em sentido inverso, Transporte Ferroviário de Alta Velocidade/Aviação, podendo num só contrato, ser cobrado um único preço, sujeito só a uma responsabilidade contratual.
A União Europeia (UE), em conformidade com o plano Europeu da Alta-Velocidade, concebeu e grandemente financiou, apesar da responsabilidade da obra e infraestruturas caber a cada Estado-membro.
O plano Peninsular não será isento de dificuldades, nomeadamente devido às bitolas, (distância ente carris), divergente entre a Europa e a Península Ibérica, e a voluntária exclusão de Portugal seria uma “ilha solitária”, no panorama europeu da ferrovia.
A Espanha, cuja experiência nos poderia ser útil, país europeu com a mais extensa rede interna de alta-velocidade, com interligações internacionais, não temeu a concorrência como obstáculo, mas conferiu estímulo na redução de preços de transporte.
A RENFE, empresa estatal de caminhos de ferro espanhola, recentemente anunciou a reativação da ligação com Portugal, apesar de ter como destino apenas o Alentejo, que eventualmente será um centro de interligação nacional.
A construção de um novo Aeroporto, um serviço aéreo de carga, passageiros e correio, localizado numa zona estrategicamente privilegiada, como Santarém, a cerca de 80 km de Lisboa, e em sentido inverso para Coimbra, Aveiro ou o aeroporto do Porto, uma distância aceitável, quando estiver concluída a alta-velocidade, num serviço intermodal, apesar de desconhecermos quando a alta-velocidade ficará operacional, podendo numa primeira fase, ser Aeroporto Regional, num prazo estimado em cinco anos.
O investimento poderia ser privado, sem custos para o erário público, cuja concretização estimada numa primeira fase, se limitaria a um Aeroporto Regional, a iniciar a sua operacionalidade com tráfegos e operadores específicos, podendo aliviar o aeroporto de Lisboa.
Um mega-investimento seria requerido para dar continuidade ao Aeroporto Regional, com mais pistas e completos serviços de apoio, ao formar uma placa giratória, um HUB internacional, em concorrência com o lucrativo negócio de outros hub’s europeus, ao combinar o tráfego aéreo doméstico, (Europeu), com o tráfego internacional de longa distância, (passageiros, carga), a transportar num só voo.
Este macro investimento de engenharia financeira, iria constituir um verdadeiro HUB internacional, interligado a um sistema intermodal, evitando a carência duma Ponte, por se tratar de um investimento com diversas finalidades na edificação de uma nova cidade, com vida própria, servindo também a longa distância, podendo vir a ser atrativo para a implementação de fábricas ou serviços, como os de distribuição.
Um Aeroporto internacional, constitui uma mais-valia, apesar de só estar operacional, num prazo entre 15 e 20 anos, ou mais, dependendo se no projeto não forem incorporados novos elementos tecnológicos. Assim, esperamos que os condicionalismos levantados pelos obstáculos técnicos ou ideológicos e o medo da concorrência não sejam perdidos nada “espuma dos tempos…”