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Opinião

A (falta de) empatia entre pares

Com o crescimento constante da internet e a proliferação de plataformas online, a competição para atrair a atenção do público é cada vez mais agressiva, porém é necessário estabelecer limites.

Opinião

A (falta de) empatia entre pares

Com o crescimento constante da internet e a proliferação de plataformas online, a competição para atrair a atenção do público é cada vez mais agressiva, porém é necessário estabelecer limites.

Sílvia Dias
Sobre o autor
Sílvia Dias

Durante este verão deparei-me com um artigo da CNBC com o título “Extreme heat in Europe is becoming the new normal — prompting tourists toward cooler destinations”. De facto, a Europa, em especial os países do mediterrâneo, tem sido assolada nos últimos anos por fenómenos atmosféricos extremos, principalmente nos meses mais quentes e 2023, não foi uma exceção, tendo sido registados valores recorde.

O artigo da CNBC referia que cada vez mais turistas preferem temperaturas amenas ou mesmo viagens em temporadas mais baixas para evitar o desconforto criado com o calor excessivo. Dados publicados pela European Travel Commission, uma organização sem fins lucrativos com sede em Bruxelas, mostram que os viajantes que planeiam fazer viagens entre junho e novembro deste ano diminuíram 4% em comparação com 2022. A mesma fonte revelava ainda que a popularidade dos destinos de férias no Mediterrâneo caiu 10% em comparação com o ano passado. Considerando que, em termos globais, o turismo continuará a crescer estes dados poderão significar que a procura fora da época alta está a aumentar.

Esta poderá ser uma oportunidade para reduzir a sazonalidade de alguns destinos. Com uma distribuição mais equilibrada do turismo ao longo do ano, é possível manter uma atividade mais sustentável e consistente, criar maiores estímulos à economia local e manter empregos. Por outro lado, o turista poderá ter uma experiência de melhor qualidade, a preços mais competitivos, beneficiando de maior oferta disponível.

Ainda que esta alteração do comportamento do consumidor possa ser vista de uma perspetiva positiva, não podemos esquecer a génese do problema e reconhecer que as nossas organizações têm a obrigação de fazer mais e melhor no que diz que respeito ao combate às alterações climáticas. Sendo o turismo uma atividade intensiva em recursos naturais, e geradora de uma pegada significativa de carbono, devem ser adotadas medidas para minimizar seu impacto negativo.

No entanto, tenho de confessar que o que verdadeiramente me chamou à atenção na notícia da CNBC foi o eco que teve numa publicação no LinkedIn de uma organização que promove viagens em época baixa, utilizando fotografias de turistas desesperados a serem evacuados da ilha de Rodes com o cenário de fogo intenso. Todos percebemos que num mundo digital altamente competitivo, pode ser desafiador destacar-se da concorrência. Com o crescimento constante da internet e a proliferação de plataformas online, a competição para atrair a atenção do público é cada vez mais agressiva, porém é necessário estabelecer limites.

Recordo-me perfeitamente das cheias que assolaram a Madeira em 2010 e dos incêndios em 2016, dois eventos que devastaram a ilha e que deixaram marcas profundas. Porém, não esqueço também a onda de solidariedade nacional e internacional que ajudou a população a superar os momentos mais difíceis. E é esse tipo de atuação que os gregos e outros países que estão a ser assolados por catástrofes esperam de nós, principalmente dos que trabalham na área do turismo: uma indústria de pessoas para pessoas.

Sobre o autorSílvia Dias

Sílvia Dias

Head of Marketing & Sustainability
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