Inquérito AHP: 54% dos hoteleiros inquiridos indicam que o turismo já alcançou os níveis de operação de 2019
De uma amostra de 375 estabelecimentos hoteleiros, 54% dos inquiridos pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) no âmbito do inquérito de “Balanço 2022 & Perspetivas 2023” indicaram que o turismo já alcançou os níveis de operação de 2019. Os dados foram adiantados pela associação em conferência de imprensa esta quinta-feira, 16 de março.
Carla Nunes
Conectividade e sustentabilidade são prioridades dos ministros do Turismo da CPLP reunidos em São Tomé
Açores já ostentam Certificação Ouro como Destino Sustentável
Espanha recebe 74 milhões de turistas internacionais até setembro
Turismo do Algarve com agenda de promoção repleta em novembro
Nortravel disponibiliza já cinco circuitos na Europa 2025
Turismo cresce em setembro à custa dos não residentes
MSC Cruzeiros com grande variedade de Grand Voyages para este inverno
Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde forma também jovens guineenses e são-tomenses
EXPLORA I e EXPLORA II voltam às Caraíbas na temporada de inverno
TUI Portugal lança pela primeira vez catálogo “Noivos 2025”
Apesar deste valor, há quem indique que o turismo só vai retomar os números de 2019 no segundo semestre de 2023 (25% dos inquiridos), com 9% dos inquiridos a afirmar que estes só serão atingidos no primeiro semestre de 2023 e 7% a apontar que estes resultados só serão alcançados no segundo semestre de 2024.
As perspetivas para 2023 também são otimistas no âmbito da taxa de ocupação, do preço médio por quarto, e das receitas, com os hoteleiros a considerarem que estes campos vão atingir valores “melhores” que os verificados em 2019 e 2022 – aliás, 70% dos inquiridos acredita que o preço médio por quarto no segundo trimestre deste ano irá superar o que era praticado em 2022.
“As pessoas têm efetivamente expetativa de crescerem no preço médio por quarto durante 2023. Em todos os trimestres, a convicção é que será melhor ou inclusive muito melhor. Há aqui espaço para crescer – sendo a procura elástica e crescendo a procura, o preço também irá naturalmente acompanhar” afirma Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP.
Relativamente aos principais mercados para 2023, 80% dos hoteleiros inquiridos apontam que Portugal fará parte do seu Top 3 de mercados, com 49% dos inquiridos a indicar Espanha e 40% os Estados Unidos da América (EUA).
No caso dos EUA em particular, este é considerado por 85% dos inquiridos da Região Autónoma dos Açores como um dos seus principais três mercados para 2023. O mesmo acontece para 66% dos inquiridos de Lisboa, 34% dos inquiridos da Madeira e 31% dos inquiridos do Alentejo. Por essa razão, Cristina Siza Vieira afirma que este “é um mercado que realmente distribui bem no território nacional”.
Já o Brasil, “que nós dizemos sempre que tem tido uma recuperação muito franca, é apenas apontado por 19% dos inquiridos como fazendo parte do Top 3”, aponta a vice-presidente executiva da AHP.
Inflação e custos da energia na lista de preocupações dos hoteleiros para 2023
Quando questionados sobre os principais desafios para o setor do turismo em 2023, a grande maioria dos hoteleiros inquiridos aponta para a inflação (88%) e para os custos da energia (73%). A instabilidade geopolítica e a guerra na Ucrânia seguem em terceiro lugar na lista das preocupações, apontadas por 56% dos inquiridos, com 37% dos hoteleiros a colocar como preocupação o aumento das taxas de juros.
No final da lista surgem os recursos humanos, com 11% dos inquiridos a considerar que esta será um dos principais desafios para este ano.
A vice-presidente executiva da AHP acredita que, se por um lado, houve “uma inversão de prioridades”, por outro verifica-se “algum abrandamento na pressão” para contratar recursos humanos para o setor. Como diz, “em 2021 e 2022 os recursos humanos estavam de facto no top 3 [das preocupações] porque de facto não havia outras” – como acontece atualmente com a guerra na Ucrânia e os custos de energia.
“Acho que o cabaz se alterou, o problema [dos recursos humanos] não diminuiu. Agora, por acaso, estamos a assistir a um abrandamento nesta situação dos recursos humanos, e já começou no início do ano. Muitos dos nossos hoteleiros dizem que enquanto há seis meses a oferta ficava deserta, neste momento já não é assim. Estamos a assistir novamente a uma migração de algumas outras áreas para a hotelaria e turismo. Continua a ser um desafio, sobretudo em alturas de pico, mas já não é uma aflição tão grande quanto foi na recuperação pós-pandemia”, afirma.
O inquérito levado a cabo pelo Gabinete de Estudos e Estatísticas da AHP foi realizado entre 24 de fevereiro e 24 de março de 2023 junto de 375 estabelecimentos nas regiões de Lisboa (29%), Centro (20%), Norte (19%), Algarve (11%), Alentejo (9%) e regiões autónomas da Madeira (7%) e dos Açores (5%).