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Terminado 2022, que 2023 espera o turismo?

O ano de 2023 inicia-se, tal como 2022, sob o desígnio da “incerteza”. Se há um ano se iniciavam mais 365 dias com a variante Ómicron como tema, 2023 começa/continua com uma guerra, inflação crescente, subida de preços e taxas de juro em alta. Por isso, entre a certeza, a incerteza parece certa.

Victor Jorge
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Terminado 2022, que 2023 espera o turismo?

O ano de 2023 inicia-se, tal como 2022, sob o desígnio da “incerteza”. Se há um ano se iniciavam mais 365 dias com a variante Ómicron como tema, 2023 começa/continua com uma guerra, inflação crescente, subida de preços e taxas de juro em alta. Por isso, entre a certeza, a incerteza parece certa.

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Se há um ano se pensava que “pior não pode haver”, dada a incerteza que a variante Ómicron criava em todo o mundo, impactando o setor do turismo e das viagens, 2023 não começa de forma muito diferente, embora a causa ou as causas sejam outras e diversas.

Depois de passada a “tempestade” da COVID-19, graças aos planos de vacinação colocados em marcha em (praticamente) todo o mundo, Portugal incluído, o mês de fevereiro (de 2022) trouxe algo inesperado e que mantém grande impacto na realidade económico, social e financeira de todos nós.

Mas antes de olhar para os próximos 365 dias (que neste caso já não são 365), há que olhar um pouco para trás e perceber o que representou 2022 no setor do turismo e viagens. Para Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal (TdP), 2022 foi o ano da “retoma da atividade turística, a superar, inclusive, vários registos pré-pandemia como é o caso dos proveitos com crescimentos de 14% quando comparado com mesmo período de 2019”, confirmando o que o Banco de Portugal antecipara, já no Boletim de dezembro de 2021, ou seja, um crescimento de 84,8% para 2022, valor que se aproxima das previsões estimadas para 2024.

Este crescimento não se fez sem a vinda de milhares, ou melhor, milhões de turistas, destacando Luís Araújo, em termos absolutos, entre janeiro e outubro de 2022, os 23,7 milhões de passageiros (domésticos e internacionais) processados nos aeroportos nacionais, frisando que “a capacidade área com destino a Portugal está muito próxima de 2019”, prevendo a entidade a que preside que, no último semestre de 2022, os números fiquem “acima daquele ano [2019]”.

Os sinais dos mercados continuam a ser positivos e a indiciar um crescimento do setor em 2023, Luís Araújo (Turismo de Portugal)

No que diz respeito aos mercados emissores, o presidente do TdP destaca os Estados Unidos da América (EUA), Irlanda e Itália, com aumentos acima de 2019, com maior enfoque nos EUA, cujo crescimento esteve muito perto dos 40% (38,2%).

E se é preciso ter presente que “estamos a falar do setor mais afetado pela pandemia de COVID-19”, Luís Araújo salienta que “estes dados ganham ainda significado maior”. Para terminar o ano de 2022 de forma positiva, o presidente do TdP destaca ainda “o reconhecimento de Portugal como destino de excelência celebrado ao mais alto nível” com a conquista de mais 12 ‘Óscares’ no World Travel Awards.

A recuperação das viagens é também atestada por Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), salientando que “o turismo recuperou antes do que esperávamos”, confirmando que “este será o melhor ano turístico de sempre em Portugal, acima de 2019”.

De resto, os stakeholders do setor do turismo e viagens são unânimes em destacar o “ano turístico verdadeiramente excecional”, como refere Berta Cabral, secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas dos Açores, considerando que “era o que todos precisávamos depois de dois anos de pandemia”.

No caso dos Açores em concreto, em termos agregados, Berta Cabral admite poder vir a atingir “marcos históricos”, já que os números mostram que a região está “20% acima do melhor ano de sempre”, registando, igualmente, que “há incrementos na procura fora da época alta, com efeitos na curva de sazonalidade”, o que salienta, “é ótimo para toda a cadeia de valor”.

O turismo recuperou antes do que esperávamos, Francisco Calheiros (CTP)

Ainda nas ilhas, Eduardo Jesus, secretário Regional de Turismo e Cultura da Madeira, frisa que 2022 foi “um ano excecional em termos dos resultados turísticos”, considerando que o ano que terminou foi “o consolidar” de uma estratégia implementada durante o período pandémico, o que o leva a referir que: “os resultados estão à vista”.

Das ilhas para o Continente, Vítor Costa, diretor-geral do Turismo de Lisboa e presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, admite que o ritmo da recuperação da atividade turística na Região de Lisboa “surpreendeu pela positiva”, já que os números pré-pandémicos só eram esperados “em 2024”. E se ao nível dos passageiros desembarcados no aeroporto da capital, hóspedes e dormidas Lisboa ainda ficou abaixo de 2019, Vítor Costa destaca “os indicadores mais qualitativos como proveitos, preço médio de quarto vendido ou RevPar”, itens onde “devemos terminar o ano cerca de 14% acima de 2019”.

Considerando, no entanto, que se verificaram “significativos aumentos de custos como mão-de-obra, energia e outros fornecimentos”, Vítor Costa estima que “a riqueza gerada pelo Turismo em Lisboa possa ter crescido entre 5% a 7%”.

Viajando até mais a Sul, Vítor Silva, presidente do Turismo do Alentejo, considera que “2022 superou as melhores expectativas”. E se em termos de proveitos 2022 será “o melhor ano de sempre”, Vítor Silva admite que “ainda nos falta recuperar totalmente alguns mercados externos”.

Alcançámos em 2022 o que esperávamos alcançar em 2023, 2024, ou mesmo 2025, e isso é extraordinário, João Fernandes (Algarve)

Continuando a viagem para Sul, João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, frisa que “vindos de dois anos de pandemia e chegados a um conflito entre a Rússia e a Ucrânia, tivemos, ainda assim, um desempenho muito acima das melhores expectativas”. Isto porque “alcançámos em 2022 o que esperávamos alcançar em 2023, 2024, ou mesmo 2025, e isso é extraordinário”.

Ao centro, Pedro Machado, presidente da Turismo do Centro, também faz um balanço “francamente positivo”, tendo a região conseguido “consolidar o crescimento do mercado interno”, sublinhando mesmo subidas de “mais de 100% em partes importantes do território”. Pedro Machado destaca ainda o facto de as empresas de atividade turística do Centro de Portugal terem conseguido “ultrapassar os obstáculos que surgiram ao longo do ano, com maior ou menor dificuldade”, reconhecendo que “o tecido económico está em franca recuperação e a preparar-se devidamente para os desafios de 2023”.

Salientado é, também, de a região ter “alargado a oferta do Centro de Portugal na estruturação de novos produtos e no fortalecimento de produtos tradicionais”, de que são exemplos o turismo industrial, o ecoturismo, o enoturismo, o turismo religioso ou a arte urbana, entre outros, admitindo Pedro Machado que esta diversificação “consagra o Centro de Portugal como destino de eleição, não só para o mercado interno, mas também para os mercados externos”.

Finalmente, o presidente da Turismo do Centro realça o reconhecimento nacional e internacional que a região obteve, em 2022, com as distinções de “Melhor Região de Turismo Nacional” nos Publituris Portugal Travel Awards, “Melhor Stand Profissional de Turismo” na BTL ou o terceiro lugar no “Concurso Internacional de Filmes de Turismo” a nível mundial, na categoria Regiões.

O tecido económico está em franca recuperação e a preparar-se devidamente para os desafios de 2023, Pedro Machado (Centro)

No campo dos Congressos, Animação Turística e Eventos, António Marques Vidal, presidente da APECATE, refere o “excelente ano”, permitindo “recuperar algumas perdas dos dois anos de pandemia”. Contudo, não deixa de referir que “o ano que agora terminou “não colmatou os prejuízos de dois anos”, mas reconhece que “permitiu consolidar o destino Portugal”.

Futuro incerto
Mas se o balanço relativamente ao ano que terminou é, unanimemente, considerado positivo, as perspectivas sobre o que aí vem requer um otimismo mais moderado. Ao longo, principalmente, do último trimestre de 2022, a palavra “incerteza” esteve presente em todos os fóruns, conferências, congressos, estudos e/ou análises e é reiteradamente destacada pelos profissionais ouvidos pelo Publituris. Assim, os tempos que correm são de grande incerteza face aos desenvolvimentos da guerra na Ucrânia, ao crescimento da inflação e à desaceleração da economia em termos globais, mas ainda assim, Luís Araújo diz que os sinais dos mercados “continuam a ser positivos e a indiciar um crescimento do setor em 2023, que, no espaço europeu, se estima em 9,7%”, de acordo com uma publicação da European Travel Commission (ETC), “Tourism Economics”.

Para este otimismo, o presidente do TdP refere ainda outro estudo da ETC, da qual é também presidente, e que prevê que 70% dos europeus realizem uma viagem nos próximos seis meses, o que segundo o mesmo, “são sinais que antecipam boas perspetivas”.

Para Francisco Calheiros, 2023 deverá ser um ano “dentro do que foi 2022”, embora assinale a inflação, taxas de juro e preços da energia e combustíveis como elementos que nos fazem viver na tal “conjuntura de muita incerteza”, considerando, no entanto, que “teremos de certeza em Portugal a continuação e até o reforço de uma oferta turística diversificada e de qualidade”.

O ano que agora terminou não colmatou os prejuízos de dois anos, mas permitiu consolidar o destino Portugal, António Marques Vidal (APECATE)

“Otimismo moderado”, é como Berta Cabral se refere a 2023, frisando que “as pessoas vão continuar a viajar, mas restará saber para onde, como, quando e durante quanto tempo”. Por isso, salienta, “é algo que será necessário acompanhar”. Nos Açores, no entanto, “confiamos que a proposta de valor e o posicionamento que temos vindo a trabalhar permitirão continuar o incremento da notoriedade e da atratividade do destino, com base na sustentabilidade, proximidade, aventura e genuinidade”, afirma.

Na Madeira, Eduardo Jesus reconhece que a atual conjuntura “irá inibir as viagens mais longas”. No entanto, afirma que, em 2023, “voltaremos a assegurar um dos maiores orçamentos de sempre para a promoção do destino Madeira, manteremos o trabalho que está a ser realizado em termos da Estratégia do Turismo para a Região, aprovada em 2022 e que está em vigor até 2027, e contamos concluir o processo de certificação para a sustentabilidade do destino em fevereiro de 2023”.

Se no Alentejo Vítor Silva acredita que 2023 será “um bom ano para o turismo”, apesar dos “grandes fatores de incerteza” iniciados em 2022 e que transitam para 2023, Vítor Costa diz que “não é possível prever, neste momento, o real impacto destes fatores”. Contudo, com a experiência de outras crises económicas a mostrarem que “os consumidores reduzem as viagens em caso de diminuição dos seus rendimentos”, salientando a “relação direta entre rendimentos e turismo”, Vítor Costa refere ainda os “fatores psicológicos que podem afetar especialmente mercados europeus, que representam 80% da nossa clientela”. Por isso, assinala, por exemplo, “o comportamento negativo do mercado alemão, em 2022”, que já indicia esta situação. No fundo, admite, “os europeus sabem que têm que pagar a guerra e que ela está à porta”.

Para Pedro Machado, 2023 começa com “ameaças, à semelhança do que acontece todos os anos desde 2020”, acreditando, no entanto, que 2023 “poderá ser um ano de continuidade na recuperação que se iniciou em 2021 e prosseguiu em 2022”. A “crença” de Pedro Machado está alicerçada em indicadores “muito positivos” no Centro de Portugal, dando como exemplo os campos de golfe da região que, nalguns casos, têm já pré-reservas para 2023 superiores a 2022, em valor e em número. Por isso, admite, “se Portugal fizer bom uso dos fundos comunitários disponíveis, nomeadamente se o PRR reverter para as empresas e se o novo Programa Operacional trouxer instrumentos financeiros que possam ajudar as empresas – que são o músculo da atividade turística – então acredito que 2023 será um ano com bons resultados”, termina.

As pessoas vão continuar a viajar, mas restará saber para onde, como, quando e durante quanto tempo, Berta Cabral (Açores)

“Desafiante, mas com oportunidades”. É desta forma que João Fernandes olha para o ano que agora se inicia. E se os desafios são conhecidos, as oportunidades podem, ou devem, estar na “promoção”. Até porque, considera, “sem tanta disponibilidade financeira, é expectável que os turistas optem por viagens mais curtas, devido aos custos mais elevados que representam as deslocações de longa distância”. Assim, o Sul da Europa será uma preferência entre os europeus e aqui o Algarve “pode destacar-se”, porque “somos um destino reconhecidamente seguro e oferecemos uma melhor relação qualidade/preço, fatores que poderão ser determinantes nas preferências dos turistas”, admite o presidente do Turismo do Algarve.

E para essa captação de turistas contribui a “diversificação da oferta” algarvia e o aproveitamento de fatores como o preço da energia que poderá levar ao crescimento de estadias de longa duração de “reformados, trabalhadores remotos ou nómadas digitais”.

Outro sinal positivo é a consolidação do Algarve enquanto palco de grandes eventos desportivos, com a realização, novamente, do Grande Prémio de Portugal de MotoGP, que é um “add-on muito interessante”. “A primeira prova do campeonato de MotoGP acontece este ano no Algarve, em finais de março, o que vai gerar certamente muito entusiasmo, e ainda estamos a tentar trazer a Fórmula 1”, reconhecendo João Fernandes que, se isso acontecer, “será obviamente um boost para este período mais exigente em termos de procura”.

Desafios a enfrentar
Por norma, incertezas trazem consigo desafios, sendo que Luís Araújo assinala que, já em janeiro, o Governo irá disponibilizar uma nova linha de apoio com uma dotação de 30 milhões de euros, que permitirá às micro-empresas financiarem-se, junto do Turismo de Portugal, com um prazo total de reembolso de seis anos.

“Inovação, formação, sustentabilidade”. Estas são as três linhas-chave que orientam a estratégia de Portugal no plano turístico e, mesmo perante um contexto muito complexo, “devemos concentrar aí as nossas atenções principais”, salienta o presidente do TdP.

Em matéria de inovação, o Programa FIT – Fostering Innovation in Tourism continuará, em 2023, a dinâmica “imparável” desde o seu lançamento, em 2016, tendo os mais de cinco milhões de euros investidos, até à data, permitido estruturar uma rede com 47 incubadoras e aceleradoras, o desenvolvimento de 69 programas de ideação, aceleração e inovação aberta envolvendo mais de mil startups e projetos tecnológicos e não tecnológicos, a participação de 56 startups nacionais em nove feiras internacionais de turismo, o investimento de cerca de 500 mil euros pela Portugal Ventures em quatro startups em 2019 e 2020, e a concretização de 11 contratos comerciais entre startups e empresas ligadas ao setor do turismo na sequência da sua participação em programas de inovação aberta em 2020 e 2021.

Os europeus sabem que têm que pagar a guerra e que ela está à porta, Vítor Costa (Lisboa)

No capítulo da formação e da valorização das profissões, Luís Araújo sublinha o programa “Formação +próxima”, de que resultam, até agora, 107 protocolos firmados com Municípios, envolvendo 128 ações e um total de 2.300 participantes.

Já quanto ao terceiro vetor estratégico, o compromisso é “acelerar o crescimento sustentável das empresas turísticas”. Lançado em 2020 e projetando-se muito para além de 2023, o “Plano Turismo +Sustentável 20-23” contribui para promover uma oferta “mais distintiva” e acelerar o crescimento sustentável das empresas do setor. “Empresas com o futuro bem presente, determinadas que estão em melhorar os seus resultados com menor pegada ambiental e maior contributo positivo na sociedade – e o turismo não pode ser exceção, tem de ser exemplo”, refere Luís Araújo.

Ainda no contexto da sustentabilidade, o presidente do Turismo de Portugal considera ser “imperativo” destacar o “Programa Empresas Turismo 360º”, pelo seu “compromisso de monitorização, melhoria e responsabilidade face ao turismo do futuro”. Modelo operacional orientado para o apoio às empresas na integração dos fatores ESG (Environmental, Social and Governance), o “Turismo 360” regista já 74 empresas aderentes, com perfil diferenciado e atuando nas áreas do alojamento, restauração, animação, termas, agências de viagem e rent-a-car, representativas, no seu conjunto, de um universo que supera os 15 mil colaboradores e um volume de negócios estimado em dois mil milhões de euros.

E se estas são mais linhas de apoio que permitirão ao setor do turismo e às empresas enfrentarem os desafios que surgirão, Francisco Calheiros refere a “continua adaptação da atividade turística às questões que se prendem com a sustentabilidade, com os avanços tecnológicos e a resposta às novas necessidades e objetivos dos turistas”. Contudo, o presidente da CTP não deixa de apontar o novo aeroporto, bem como o futuro da TAP e a falta de mão de obra como “grandes desafios para o turismo em 2023”. E lembre-se, relativamente ao novo aeroporto, o contador que a confederação lançou, em julho de 2022, já soma 550 milhões de euros em valor perdido pela não decisão de um novo aeroporto para a região de Lisboa.

Será necessária uma adaptação da oferta mediante as necessidades do mercado, Eduardo Jesus (Madeira)

Se os desafios podem criar oportunidades, como já apontadas pelo presidente do Turismo do Algarve, também Berta Cabral aponta a grave crise internacional como algo a aproveitar, já que criarão “alterações nos fluxos de viajantes”. Contudo, a “pressão inflacionista”, com a consequente diminuição do poder de compra das famílias, acoplado à subida das taxas de juro que “reduzirá a disponibilidade para o consumo de viagens e lazer”, Berta Cabral indica, simultaneamente, que a crise energética e o resultante aumento do preço dos combustíveis “não ajudam a toda esta conjuntura, deixando o setor do turismo numa encruzilhada entre o incremento de gastos operacionais e o surgimento de novas exigências europeias no que concerne à transição energética e ao custo que isso poderá acarretar”.

No que respeita estruturalmente ao setor, a secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas dos Açores admite que “continuaremos a sentir algumas lacunas na disponibilidade de mão-de-obra, em particular a qualificada, para além de subsistirem dificuldades financeiras nas empresas, sobretudo nas mais pequenas e frágeis, que ainda não recuperaram totalmente dos dois anos de pandemia”. Porém, “abrem-se outras perspetivas, sabendo que em 2023 teremos, finalmente, disponíveis os fundos comunitários 2021-2027, que poderão trazer oportunidades de financiamento e investimento ao setor”. Desta forma, diz Berta Cabral, “será preciso investir na transição energética, numa verdadeira transição digital, com a devida literacia, e na qualificação rápida e eficaz de mão-de-obra”, concluindo ser “fundamental que exista a perceção da importância que estes desafios terão no setor do turismo e que é preciso um acompanhamento cabal do mesmo”.

Para os próximos tempos, Eduardo Jesus acredita que será necessária uma “adaptação da oferta mediante as necessidades do mercado”, referindo, por sua vez, Vítor Silva que “a recuperação total dos mercados externos e a falta de mão de obra no setor, que ameaça a manutenção do nível de qualidade dos serviços que prestamos aos nossos turistas”, são os principais desafios a vencer”.

A recuperação total dos mercados externos e a falta de mão de obra no setor, que ameaça a manutenção do nível de qualidade dos serviços que prestamos aos nossos turistas, são os principais desafios a vencer, Vítor Silva (Alentejo)

Mais resumido é Vítor Costa que aponta “somente” a “viabilização do turismo através dos clientes e não através de programas de apoio como aconteceu durante a pandemia” como apenas um desafio para 2023. Não desvalorizando os apoios públicos criados na pandemia, “porque foram eles que salvaram o setor”, nem a necessidade de continuarem a existir programas, Vítor Costa frisa que “o foco tem que ser nos clientes”, já que “só o regresso em força dos clientes pode dar sustentabilidade à atividade turística”.

A inflação é, para Pedro Machado, o “principal desafio para 2023, reconhecendo que “faz disparar os custos operacionais” e que “já está, neste momento, a condicionar mercados como Espanha, Alemanha ou Reino Unido, que estávamos habituados a ver florescer”. Perante este cenário, Pedro Machado considera que os empresários do setor do turismo “têm de manter as suas margens de lucro muito abaixo do que seria desejável, não refletindo nos clientes o aumento dos custos operacionais”. Ou seja, “é um esforço hercúleo para as empresas, em especial para as de menor dimensão”.

A escassez de mão de obra é outro “enorme desafio”, que já vem de antes da pandemia “e que não dá mostras de poder ser vencido em breve”, o que poderá fazer com que se repita “o cenário de unidades turísticas sem capacidade de responder à procura, como aconteceu no verão passado”.

Assim, a conjugação destes dois fatores vai, segundo o presidente da Turismo do Centro, “pôr, mais uma vez, à prova a resiliência dos nossos empresários”.

Além dos desafios já apontados, João Fernandes acrescenta as anunciadas greves em companhias aéreas e estruturas aeroportuárias ou em empresas de transportes rodoviários que poderão constituir “entraves que merecem a nossa atenção e preparação para agir”.

Finalmente, António Marques Vidal segue o mesmo diapasão, referindo que “os desafios são vários, desde o superar a diminuição de clientes, aumento da inflação e crise económica, continuando a lutar pelos principais objetivos como a diminuição dos custos de contexto, redução do IVA para o sector dos Congressos, Eventos e Animação Turística, a luta do Ordenamento Sustentável, envolvendo as múltiplas tutelas que são ineficientes em relação â resolução desta problemática e a melhoria do funcionamento das parcerias entre o sector publico e o sector associativo”.

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Miguel Quintas anuncia candidatura à presidência da ASGAVT

Miguel Quintas, CEO do Consolidador.com e Chairman da Airmet anunciou, esta terça-feira, que é candidato à presidência da ASGAVT (Associação de Sócios-Gerentes das Agências de Viagens e Turismo) para o biénio 2023-2025, cujas eleições estão marcadas já para sexta-feira dia 26 de maio.

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O gestor referiu, em comunicado, que a sua candidatura à presidência da ASGAVT, até ao momento, a única, tem como objetivo principal “defender os interesses de todas as agências de viagens em Portugal, sem qualquer exceção” e que tal passa por “criar um ambiente mais livre, mais transparente, mais inclusivo, mais concorrencial, mas acima de tudo, mais democrático no setor das agências de viagens”.

Sobre a lista que vai apresentar a sufrágio, Miguel Quintas assegura que “irá ser a mais inclusiva alguma vez vista no setor em Portugal, compreendendo agências participantes em associações e grupos concorrentes como por exemplo: Airmet, Airventure, By-Travel, DIT, GEA e Mercado das Viagens.

Neste sentido, o candidato acrescenta que “e um sinal claro que o setor, mesmo atuando em espaços e unidades concorrenciais diferentes, está unido em torno de um objetivo comum e que passa por conseguir dar uma resposta efetiva às suas necessidades diárias”, para realçar que acredita que “as agências de viagens em Portugal se irão rever nesta lista e nesta missão, cuja prioridade máxima é a sua individualidade e o setor que representam, sem espaço para quaisquer mecânicas de interesses económicos empresariais ou mesmo engenhos e artifícios de poder”.

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Dia Mundial do Turismo 2023 vai ser consagrado aos investimentos verdes no setor

O tema escolhido pela Organização Mundial de Turismo (OMT) para celebrar a edição de 2023 do Dia Mundial do Turismo (DMT) é “Turismo e Investimentos Verdes”, que considera uma das principais prioridades para a recuperação do turismo, crescimento e desenvolvimento futuros.

O mundo vai celebrar o próximo Dia Mundial do Turismo, iniciativa da OMT que se assinala a 27 de setembro, com um apelo à necessidade de mais investimentos direcionados para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade, com a temática global “Turismo e Investimentos Verdes”.

A OMT pretende que se encontrem soluções inovadoras que promovam e sustentem o crescimento económico e a produtividade, convergindo para as metas de​ sustentabilidade.

Por outro lado, a Organização Mundial do Turismo, que ainda não anunciou o local das celebrações oficiais da edição de 2023, espera que o mundo inteiro reflita sobre a imprescindibilidade da realização de investimentos que beneficiem as pessoas, numa aposta na educação e competências, o planeta (incidindo em infraestruturas sustentáveis e acelerando a transformação ecológica) e a prosperidade (promovendo a inovação, a tecnologia e o ​empreendedorismo).

O Dia Mundial do Turismo 2023 faz, assim, apelo à comunidade internacional, aos governos, instituições financeiras multilaterais, parceiros de desenvolvimento e investidores do setor privado, para todos se unirem em torno de uma nova estratégia de investimento num turismo cada vez mais sustentável.​

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Centro de visitas das caves da Churchill’s faz homenagem ao vinho e ao Douro

Diretamente das suas vinhas do Douro para as caves em Gaia, a Churchill’s oferece não só a oportunidade de conhecer o processo de envelhecimento dos seus vinhos, como também um conjunto de provas para descobrir o universo de referências da marca.

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Com uma vista privilegiada sobre o Douro, as caves da Churchill’s, e o seu centro de visitas em Vila Nova de Gaia, permite aos visitantes conhecer o processo de envelhecimento de vinhos com a equipa de ‘wine educators’, ou desfrutar de uma prova exclusiva e personalizada com um dos seus enólogos.

Uma visita às caves da Churchill’s passa pela Sala dos Tonéis, o Armazém dos Tawny e a Cave de Vintage. Os visitantes são guiados pela história de 40 anos da casa ‘Churchill’s’ e da família que a fundou, ficando a conhecer o mundo do vinho do Porto através do processo de envelhecimento – dos grandes tonéis de Reserve e LBV, à cave onde os vinhos do Porto Vintage descansam e envelhecem em garrafa, até ao grande armazém de pipas onde se envelhecem os Tawny da casa e o seu icónico vinho do Porto branco seco.

As experiências de provas estão divididas entre vinhos do Porto e do Douro. Nas duas experiências é possível pedir uma seleção de queijos, para acompanhar, ou ainda optar pela Prova do Dia, pensada e selecionada pela equipa da Churchill’s para os visitantes que querem ser surpreendidos. As provas variam entre os 15€ e 45€ por pessoa.

Após a prova, os visitantes podem levar para casa as referências de que mais gostaram através de uma passagem pela adega da Churchill’s.

Para além das caves, os visitantes podem, desde o passado dia 5 de maio, de sexta-feira a domingo das 14h às 19h, desfrutar do resto do dia no 1982 Bar e no jardim da Churchill’s.

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Casa Relvas promove mais uma edição do “Um Dia em São Miguel”

A Casa Relvas volta a abrir as portas da Herdade de São Miguel, em Redondo, para mais uma edição deste evento especial, que decorrerá a 27 de maio, sábado. Pretende-se uma tarde de convívio, entre família, amigos, vinho, gastronomia, música, artesanato, animação e muitas surpresas.

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No dia 27 de maio, sábado, a Casa Relvas promove mais uma edição do evento “Um Dia em São Miguel”. Nesta data, o produtor alentejano convida o público a passar uma tarde no campo, entre a família e os amigos, e brindar ao melhor que o Alentejo tem para oferecer. Este é o programa de fim de semana perfeito para os amantes de vinhos – e gastronomia – e também para quem gosta de estar ao ar livre.

“As edições anteriores deste evento, que é muito especial para a Casa Relvas, foram um verdadeiro sucesso. Este ano, queremos surpreender ainda mais os visitantes, com atividades para toda a família, atuações musicais imperdíveis, entre muitas outras surpresas”, revela Alexandre Relvas, CEO da Casa Relvas.

“Um Dia em São Miguel é, na verdade, muito mais do que um evento, uma vez que temos a oportunidade de abrir as portas da Herdade de São Miguel a todos os nossos clientes, amigos e parceiros, para brindarmos, juntos, à história da Casa Relvas e à riqueza cultural alentejana. Queremos que esta data fique na memória de todos os que nos visitam”, acrescenta o gestor.

Das 14h30 até ao pôr do sol, a Herdade de São Miguel, situada no Redondo, será palco desde provas de vinho e gastronomia aos concertos, passando pelos jogos tradicionais ou pela demonstração de produtos e artesanato da região.

A par dos expositores, o recinto conta ainda com uma loja onde é possível comprar merchandising, vinhos e diversos produtos da região, e onde podem também ser adquiridas as senhas de consumo para o evento. Uma vez que o evento decorrerá no campo, nem sempre há rede multibanco, pelo que é aconselhável levar dinheiro para fazer as compras.

A par da vertente vínica e gastronómica, o evento promovido pela Casa Relvas dispõe também de muitas outras atividades, que procuram dar a conhecer a essência das tradições alentejanas. Jogos tradicionais para os mais pequenos, a tosquia das ovelhas e a roda de oleiro do Xico Tarefa, com loiça típica do Redondo, são algumas das atrações principais.

Os visitantes podem também ver de perto a pintura de mobília típica do Alentejo, as Ruas Floridas, com demonstração do trabalho local com flores de papel, e podem ainda gravar o nome num saca-rolhas personalizado para levar para casa e ter uma recordação deste dia especial. Quem adquirir bilhete para “Um Dia em São Miguel”, terá ainda a possibilidade de assistir a três momentos musicais.

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Wine & Travel Week distinguida com prémio internacional

A inovação e a qualidade da Wine & Travel Week, iniciativa organizada pela Essência Company, em fevereiro, no Porto, com os apoios do Turismo de Portugal e da Great Wine Capitals, foram reconhecidas pela The Drinks Business.

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A considerada líder europeia na informação de temáticas profissionais dos setores do vinho, espirituosas e cervejas, a The Drinks Business acaba de reconhecer a inovação e a qualidade da Wine & Travel Week. O prémio foi entregue esta terça-feira no Olympia London, integrado na feira profissional London Wine Fair, que vai na sua 41ª edição.

Realizados anualmente há mais de duas décadas, os “The Drinks Business Awards” reconhecem os melhores desempenhos no setor internacional de bebidas nos últimos 12 meses, em categorias que abrangem desde campanhas de marketing a lançamentos, passando pela distribuição e pelo reconhecimento de individualidades. Nesta edição estrearam a categoria “Best Drinks Event”.

A data de realização da Wine & Travel Week no próximo ano já está marcada. O evento decorrerá na semana de 19 a 25 de fevereiro de 2024, voltando a reunir em Portugal boa parte dos melhores pretextos de descoberta do mundo do vinho.

A entidade organizadora indica, em nota de imprensa, que os resultados da edição de 2023 foram excelentes. Não só foram abertas excelentes perspetivas de negócio, como o grau de satisfação de quem participou nos diferentes momentos destes eventos é bastante elevado. O evento ajudou ao posicionamento da indústria do enoturismo e do setor do vinho, refere ainda.

Refira-se que a estreia da Wine & Travel Week, que esteve inserida a 19ª edição do Essência do Vinho – Porto, reuniu em Portugal mais de 300 convidados internacionais, entre compradores e jornalistas, e um total de 500 expositores. Foram concretizadas cerca de 1.600 reuniões profissionais e, no conjunto dos eventos, houve lugar a mais de uma centena de experiências.

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In Sure Broker retira custo da garantia Covid das opções de seguro de viagem

Depois da declaração do fim do estado de pandemia, a In Sure Broker adapta a sua oferta no que diz respeito ás opções de seguros de viagem.

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A In Sure Broker, em conjunto com os parceiros seguradores, decidiu retirar o custo da garantia Covid das opções de seguro de viagem passando a enquadrar-se o referido risco nas opções de assistência, (Classic, Silver, Gold, Platinum), base ou plus deixando de ser necessário a contratação de uma opção especifica para este risco o que se reflete numa maior competitividade dos nossos clientes.

Esta decisão vem no seguimento do fim da classificação por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS) do vírus causador da doença, o SARS-CoV-2 “Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional”, em que o vírus passou a endémico à escala global as situações decorrentes de COVID.

Em comunicado, a In Sure Broker refere que seguirá a trabalhar para “continuar a ter melhor solução para cada caso específico”, referindo ainda que conta, muito em breve, disponibilizar “novas e diferenciadoras soluções com vista a manter os agentes de viagem apetrechados com o melhor nível de proteção disponível no mercado para poderem proporcionar aos seus clientes”.

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Indústria do turismo deve apostar na Inteligência Artificial e na Analítica Avançada para continuar a crescer

Durante o Travel Summit 2023, organizado pela Minsait, ficou patente a importância da incorporação massiva de tecnologias avançadas como a Inteligência Artificial ou a Analítica Avançada no setor do turismo.

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O setor do turismo está a ganhar impulso e enfrenta o presente como um ponto de viragem para a sua continuidade, após uma das maiores crises de sempre na indústria do turismo, seguido de um 2022 motivado pelo desejo global de viajar. Trata-se de uma nova etapa que obrigará à transformação digital dos operadores e empresas na área do turismo, marcada pela incorporação massiva de tecnologias avançadas como a Inteligência Artificial (IA) ou a Analítica Avançada (AA), a fim de gerir dados e informações de uma forma mais qualitativa, dando resposta e valor a destinatários cada vez mais digitais, exigentes e empenhados em questões como a segurança ou a sustentabilidade.

Esta foi uma das conclusões abordadas durante o Travel Summit 2023 da Minsait, uma empresa da Indra, no encontro setorial realizado recentemente pela empresa para a indústria das viagens, que reuniu grandes marcas e players do setor do turismo de vários países.

Tecnologias como a IA ou a Analítica Avançada (AA) contribuem de forma determinante para a gestão da informação que as empresas do setor recebem dos seus utilizadores, convertendo-a em recursos valiosos para oferecer melhores experiências e consequentemente atingir melhores resultados. Em paralelo, tanto a automação (para fazer evoluir os processos e operações do setor), como a IoT (que já supôs uma revolução na conexão de dispositivos e no incentivo ao multicanal), somam-se à crescente necessidade de migrar processos para a cloud, com o intuito de aumentar a flexibilidade das operações num ambiente global em que nada é certo.

“Este setor sempre teve no seu ADN a inovação e foi um dos pioneiros na incorporação de novas soluções tecnológicas, mas também foi um dos setores que mais sofreu o impacto da pandemia e teve de se adaptar e inovar rapidamente, explorando novos modelos de negócio e soluções digitais, que foram chave para ultrapassar o momento. No entanto, o mercado está diferente e as preocupações e exigências dos viajantes evoluíram. Aqueles que não acompanharem esta evolução correm o risco de ficar para trás e perder a sua competitividade” refere Paulo Dias responsável pela unidade de Turismo da Minsait em Portugal.

Um dos principais ativos para a evolução, sobretudo uma evolução segura, são os aliados tecnológicos, quer através dos hiperescaladores, que salientam a importância da tecnologia cloud como estímulo para a mudança, quer através da emergência no mercado de novos parceiros e aliados, com aplicações específicas que ajudam a melhorar ações concretas ou modelos operacionais.

Após a pandemia e as suas consequências catastróficas para o setor do turismo, esta indústria tem-se concentrado no uso da inteligência artificial e da analítica avançada como forma de manter a sua rentabilidade, tendo conseguido um ano recorde em 2022.

A Inteligência Artificial tem sido particularmente transformadora na indústria de viagens, permitindo que as empresas desenvolvam soluções cada vez mais sofisticadas e personalizadas como, por exemplo, o uso de chatbots em websites de reservas e plataformas de viagens para ajudar os clientes a encontrar as melhores opções de voos, hotéis e atividades. Estes chatbots podem dar respostas em tempo real, tirar dúvidas e até mesmo processar pagamentos diretamente na plataforma, tornando a experiência do cliente muito mais conveniente e agradável.

Outra aplicação da IA na indústria de viagens é a Analítica de Dados. As empresas podem recolher uma grande quantidade de informações sobre os clientes, como os destinos favoritos, orçamentos de viagem e preferências de estadia. Esses dados podem ser analisados para identificar tendências e padrões, o que vai permitir que as empresas consigam proporcionar ofertas personalizadas e criar campanhas de marketing mais eficazes.

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Proveitos totais do turismo no 1.º trimestre crescem a duplo dígito face a 2019

Os números do turismo continuam em alta no mês de março e no 1.º trimestre de 2023. Não é por acaso que FMI e Bruxelas reviram as estimativas de crescimento para a economia portuguesa em alta. No caso das dormidas, foi ultrapassada, em março, a fasquia das 5 milhões, sendo que no número de hóspedes superou-se os dois milhões.

Victor Jorge

Em março de 2023, o setor do alojamento turístico registou 2,1 milhões de hóspedes (+30,8% face a igual mês de 2022) e 5,1 milhões de dormidas (+26,7% face a março de 2022), correspondendo a 338 milhões de euros de proveitos totais (+45,1% vs 2022) e 250,9 milhões de euros de proveitos de aposento (+49% vs 2022), revelam os dados divulgados esta segunda-feira, 15 de março, pelo Instituto Nacional de Estatística.

Estes números confirmam o crescendo da atividade turística em Portugal que, em fevereiro de 2023, registou 1,6 milhões de hóspedes e 4 milhões de dormidas.

Comparando com março de 2019, registaram-se aumentos de 36,2% nos proveitos totais e 40,1% nos relativos a aposento.

No acumulado do ano – 1.º trimestre de 2023 -, os dados do INE mostram um crescimento, face a igual trimestre de 2022, de 61% nos proveitos totais e 64% relativos aos aposentos. Já comparado com o primeiro trimestre de 2019, os aumentos foram de 35,5% e 39,9%, respetivamente.

Em março, a Lisboa concentrou 38,3% dos proveitos totais e 40,5% dos relativos a aposento, seguindo-se o Algarve (17,9% e 16,5%, respetivamente), o Norte (16,1% e 16,4%) e a Madeira (14,0% e 13,5%).

Os maiores crescimentos ocorreram em Lisboa (+57,1% nos proveitos totais e +60,6% nos de aposento), nos Açores (+47,5% e +43,1%, respetivamente), no Norte (+45,0% e +46,5%) e na Madeira (+42,3% e +51,9%).

Face a março de 2019, destacam-se as evoluções nos Açores (+52,1% e +50,2%, respetivamente) e na Madeira (+48,1% e +59,6%, pela mesma ordem).

Lisboa destacou-se também pelo crescimento dos proveitos acumulados no 1.º trimestre de 2023 (+82,2% nos proveitos totais e +84,8% nos de aposento), seguida da Madeira (+63,5% e +73,1%, pela mesma ordem) e do Norte (+54,6% e +55,8%, respetivamente).

O INE indica ainda que, em março, a evolução dos proveitos foi positiva nos três segmentos de alojamento. Na hotelaria, os proveitos totais e de aposento (peso de 87,7% e 85,7% no total do alojamento turístico) aumentaram 45,1% e 49,3%, respetivamente.

Face a março de 2019, registaram-se crescimentos de 34% e 37,6%, pela mesma ordem.

Os estabelecimentos de alojamento local (quotas de 9,3% e 11,4%) apresentaram subidas de 50,0% nos proveitos totais e 52,9% nos proveitos de aposento, e o turismo no espaço rural e de habitação (representatividade de 3% e 2,9%, respetivamente) registou aumentos de 31,1% e 28,4%, pela mesma ordem.

Comparando com março de 2019, nos estabelecimentos de alojamento local, os proveitos totais e de aposento aumentaram 48,5% e 53,8%, respetivamente, e no turismo no espaço rural e de habitação cresceram 74,3% e 70,3%, pela mesma ordem.

Atingida a fasquia das 5 milhões dormidas/mês
À semelhança do que se verificou nos dois primeiros meses do ano de 2023, também em março se atingiram valores máximos de dormidas desde que há registo, tendo sido ultrapassados, pela primeira vez, os 5 milhões neste mês.

O município de Lisboa concentrou 24% do total de dormidas em março de 2023 (12,9% do total de dormidas de residentes e 28,6% do total de dormidas de não residentes), atingindo 1,2 milhões de dormidas. Comparando com março de 2019, as dormidas aumentaram 8,2% (mantiveram o nível nos residentes e cresceram 9,9% nos não residentes).

O Funchal representou 9,8% do total de dormidas (498 mil), aumentando 15,4% (+100,5% nos residentes e +6,7% nos não residentes) em comparação com março de 2019.

No Porto, registaram-se 421,3 mil dormidas (8,3% do total), mais 28,1% face a março de 2019 (+11,7% nos residentes e +32,4% nos não residentes).

As dormidas no município de Albufeira (7,6% do total) atingiram 386,4 mil, continuando a decrescer, mas de forma menos expressiva, face a março de 2019: -15,1% no total, -14,0% nos residentes e -15,3% nos não residentes.

Já numa comparação trimestral, o INE refere que no 1.º trimestre de 2023, face a igual período de 2019 e entre os principais municípios, Albufeira registou o maior decréscimo nas dormidas (-12,8%; -7,5% nos residentes e -13,7% nos não residentes). Lisboa registou um aumento de 10,5% (+4,9% nos residentes e +11,7% nos não residentes), o Funchal cresceu 19% (+106,5% nos residentes e +10,5% nos não residentes) e o Porto registou um acréscimo de 29,5% (+15,3% nos residentes e +33,7% nos não residentes).

No acumulado do trimestre, os resultados indicados pelo INE mostram que, nos primeiros três meses de 2023, o número de hóspedes atingiu os 5,2 milhões (+40,8% face ao 1.º trimestre de 2022), sendo que os residentes no estrangeiro aumentaram 60,6% para 2,9 milhões, e os residentes cresceram 22% para 2,3 milhões.

Do lado das dormidas, o crescimento de 40,9% registado no 1.º trimestre de 2023, face a igual período de 2022, faz com que se ultrapasse as 12,5 milhões de dormidas, com os não residentes a representaram mais do dobro do número de residentes. Assim, as dormidas de não residentes atingiram as 8,5 milhões (+51,6%), enquanto do lado dos residentes, estas ultrapassaram as 4 milhões (+22,5%).

RevPAR em alta
No conjunto dos estabelecimentos de alojamento turístico, o rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) atingiu 43,5 euros em março de 2023, tendo aumentado 39,7% face a março de 2022 (+49,2% em fevereiro) e 28,9% em comparação com o mesmo mês de 2019.

Os valores de RevPAR mais elevados foram registados em Lisboa (75,6 euros, +50,0%) e na Madeira (64,3 euros, +43,1%).

Em março, este indicador registou crescimentos de 42,1% na hotelaria, 35,9% no alojamento local e 13,4% no turismo no espaço rural e de habitação.

No conjunto dos estabelecimentos de alojamento turístico, o rendimento médio por quarto ocupado (ADR) atingiu 87,7 euros em março, +18,6% em relação ao mesmo mês de 2022 (+16,2% em fevereiro) e +23,2% comparando com março de 2019.

Os valores de ADR mais elevados foram registados em Lisboa (112,7 euros) e na Madeira (87,4 euros), que corresponderam também aos acréscimos mais expressivos (+23,2% e +21,2%, respetivamente).

Em março, o ADR cresceu 17,9% na hotelaria, 26% no alojamento local e 8,2% no turismo no espaço rural e de habitação.

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Depois do FMI, também Bruxelas revê em alta crescimento do PIB português com ajuda do turismo

As últimas previsões da Comissão Europeia, colocam a economia portuguesa como a terceira com a maior taxa de crescimento. O turismo é apontado como a grande alavanca para esta performance.

Victor Jorge

A Comissão Europeia (CE) reviu, esta segunda-feira, 15 de maio, em alta a projeção de crescimento da economia portuguesa deste ano para 2,4%, a terceira maior taxa da zona euro, ajudada pelo turismo, revelando-se mais otimista do que o Governo.

Segundo indica nas previsões económicas de primavera, a Comissão Europeia (CE) refere que “a atividade económica recuperou no início de 2023, ajudada por um novo aumento do turismo”. Com o crescimento do PIB a ser estimado em 1,6% (trimestre) no 1.º trimestre de 2023, fortemente acima das taxas registadas nos três trimestres anteriores, a CE salienta que “a procura interna manteve-se fraca, uma vez que o consumo privado foi condicionado pela diminuição do poder de compra das famílias em trimestres anteriores e os investidores foram confrontados com taxas de juro mais elevadas”.

O setor externo foi, assim, “o grande impulsionador do crescimento no 1.º trimestre de 2023, apontando Bruxelas o “aumento muito forte das visitas turísticas, em particular da América do Norte”.

É no setor externo, que a CE projeta que as exportações “cresçam muito mais rapidamente do que as importações em 2023 devido principalmente ao forte desempenho do turismo”, salientando ainda que, “em termos nominais, prevê-se que a balança externa de Portugal beneficie substancialmente da queda dos preços da energia em 2023 e da subida dos preços do turismo, conduzindo a uma melhoria acentuada do saldo da balança corrente”.

Refira-se que a previsão para este ano coloca Portugal no ‘top três’ dos países da zona euro com a maior taxa de crescimento deste ano, a par da Grécia, apenas ultrapassados pela Irlanda (5,5%) e por Malta (2,4%).

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Nova Edição: dossier Alentejo, SUSTOUR, PNT, Nice e especial rent-a-car

Nesta edição, o Publituris publica um dossier dedicado ao Alentejo, com entrevistas ao atual presidente da ERT, Vítor Silva, o candidato do projeto “Nova Ambição”, José Manuel Santos, presidente da CVRA, Francisco Mateus, além de um artigo com alguns agentes da região. Além disso, destaque para o projeto SUSTOUR, a nova Plataforma Nacional de Turismo, o destino Nice, e um especial sobre o mercado rent-a-car.

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A próxima edição do Publituris, a primeira do mês de maio, faz capa com um dossier dedicado à região do Alentejo. Abrimos com uma entrevista ao atual presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo e da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo (ARPTA), Vítor Silva, que admitiu ao Publituris que o que caracteriza a oferta turística do Alentejo é a “qualidade”.

Ouvidos para este dossier foram, igualmente, sete agentes que operam no Alentejo – Toore de Palma Wine Hotel, Discovey Hotel Management, Sines Sea View Business & Leisure Hotel, Unlock Boutique Hotels, Convento do Espinheiro, Casa das Letras Bed&Books e Vila Galé – que revelaram que a calma e fuga do burburinho das grandes cidades são o cartão de vista tanto para residentes como não residentes.

Em vésperas de eleições para a ERT do Alentejo, o Publituris falou, também, com José Manuel Santos, líder do projeto “Nova Ambição” e que revelou o que irá fazer para transformar [ainda mais] o turismo na região.

Com o segmento do enoturismo a ganhar força e peso na oferta turística, quisemos saber junto do presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), Francisco Mateus, o que é que está a ser feito para dinamizar o enoturismo na região. Certo é que para o presidente da CVRA, o enoturismo é “uma das âncoras do turismo no Alentejo”.

Na “Distribuição”, entrevistámos Paula Antunes, diretora da APAVT com o pelouro da Sustentabilidade, a propósito do projeto SUSTOUR e ficámos a saber que já há mais de 40 agências de viagens com coordenadores de sustentabilidade formados e 15 que já atingiram o estatuto de “Travelife Partner”.

Em “Destinos”, damos conta da criação da Plataforma Nacional de Turismo (PNT) que junta academia e organizações empresariais para potenciar o setor.

Também em “Destinos”, fomos conhecer a proposta de Nice para atrair os portugueses. Nas palavras de Lauriano Azinheirinha, diretor do gabinete de turismo e congressos de Nice e Cote d’Azur, “o mercado português ainda não conhece o destino Nice”, pelo que o património cultural e histórico, mas também a gastronomia são apontados como os grandes chamarizes.

Nos “Transportes”, damos a conhecer as expectativas do mercado rent-a-car. Depois da pandemia, a procura voltou em força, o que dá boas expectativas às empresas de rent-a-car que atuam em Portugal. As expectativas apontam para um ano melhor que 2022 e que pode até ultrapassar o período pré-pandemia.

Além do Pulse Report, uma parceria com a GuestCentric, esta edição do Publituris publica as opiniões de Jaime Quesado (economista e gestor), António Jorge Costa (IPDT), Luiz S. Marques (consultor), e António Paquete (economista).

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