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Recuperação total das viagens de negócios apontada para 2024

Depois de uma performance que ficou aquém do esperado em 2021, a Global Business Travel Association prevê que as viagens de negócios só recuperem totalmente em 2024.

Victor Jorge
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Recuperação total das viagens de negócios apontada para 2024

Depois de uma performance que ficou aquém do esperado em 2021, a Global Business Travel Association prevê que as viagens de negócios só recuperem totalmente em 2024.

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Um inquérito realizado pela Global Business Travel Association (GBTA) prevê que a recuperação total das viagens de negócios só acontecerá em 2024, depois de, em 2021, essa recuperação ter sido a um ritmo mais lento do que o esperado e acontecer de forma gradual em 2022.

Os resultados do 13.º Outlook da GBTA, cobrindo 73 países e 44 setores de atividade, concluiu que depois de uma quebra de quase 54% nos gastos, caindo para 661 mil milhões de dólares (cerca de 585 mil milhões de euros), em 2021 os dados indicam uma recuperação de 14% para 754 mil milhões de dólares (acima dos 665 mil milhões de euros), com esta recuperação a dar-se mais lentamente que o previsto no Outlook publicado em fevereiro deste ano.

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A América do Norte, mais concretamente, os EUA, lideraram a recuperação, com as receitas a subirem 27%, em 2021, indicando o relatório da GBTA crescimentos na ordem de 15 a 20% em mercados como a América Latina, Médio Oriente e África, e Ásia-Pacífico.

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Já a Europa ficou atrás do resto do mundo, registando uma subida de apenas 10%, com a situação na Europa Ocidental a ser pior com quebras de 3,8% em relação aos níveis de 2020. De acordo com o GBTA, isso deve-se ao “baixo desempenho logo no início do ano”, prevendo-se, no entanto, que a procura por viagens de negócios na região supere a maioria das outras partes do mundo.

Apesar desse início lento, os inquiridos preveem um aumento anual de 38% nos gastos em 2022, à medida que a recuperação das viagens e a procura reprimida aumentem, trazendo os gastos com viagens de negócios globais para mais de um bilião de dólares (cerca de 885 mil milhões de euros).

Previsto está que essa tendência continue em 2023, com os gastos a aumentarem 23% à medida que regressam mais viagens internacionais e em grupo.

Até o final de 2024, os números apontados pelo Outlook da GBTA indicam uma recuperação completa para um pouco acima dos níveis pré-pandêmicos, na ordem dos 1,5 biliões de dólares, ou seja, ligeiramente acima dos 1,3 biliões de euros, prevendo-se que, em 2025, o mercado entre numa velocidade de cruzeiro de crescimento de 4%.

A GBTA reconhece, contudo, que “os desafios permanecem no caminho para a recuperação”, com os profissionais inquiridos a apontar fatores como “ameaças e disrupções persistentes relacionadas a COVID”, bem como “problemas da cadeia de abastecimento, escassez de mão de obra, aumento da inflação, aumento de custos e atraso na recuperação nos mercados asiáticos” como principais riscos para recuperação deste mercado.

 

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Setores ligados ao Turismo acompanham “recuo significativo” na criação de empresas no arranque de 2025

A descida, segundo a consultora Informa D&B, foi comum à “maior parte dos setores e distritos” e incluiu também os setores ligados ao Turismo, como o Alojamento e Restauração, onde a constituição de novas empresas caiu 17%, e os Transportes, que registou uma “descida significativa” de 25%, em janeiro.

O arranque de 2025 ficou marcado por um “recuo significativo na criação de empresas”, avança a Informa D&B, que diz que esta quebra foi identificada “na maior parte dos setores e distritos”, incluindo os setores ligados ao Turismo, como o Alojamento e Restauração e os Transportes.

Os dados do relatório Informa Business by Data, divulgado esta sexta-feira, 7 de fevereiro, revelam que, em janeiro, foram criadas 4 716 novas empresas em Portugal, o que representa uma queda de 16% ou menos 893 constituições face a janeiro de 2024.

A descida, acrescenta a Informa D&B, foi comum à “maior parte dos setores e distritos” e incluiu também os setores ligados ao Turismo, como é o caso do Alojamento e Restauração e dos Transportes.

No caso do Alojamento e Restauração, a descida registada em janeiro na constituição de novas empresas chegou aos 17%, num total de 463 novas empresas criadas, enquanto nos Transportes foi registada uma quebra de 25%, registando-se a constituição de 394 novas empresas.

“Pelo segundo ano consecutivo, o setor dos Transportes regista uma descida significativa no mês de janeiro (-25%; -128 constituições), provocada pela queda na criação de empresas de ‘Atividades de serviços de transporte de passageiros, a pedido, em veículo com condutor’ (-37%; -144 constituições)”, lê-se na informação divulgada.

No entanto, a Informa D&B diz que “os setores que registam as maiores descidas são também os que habitualmente concentram o maior número de novas empresas”, como é o caso dos Serviços gerais (-24%; -214 constituições) e dos Serviços empresariais (-15%; -135 constituições).

“A quebra nestes dois setores foi transversal a quase todos os seus subsetores, destacando-se o subsetor de ‘Saúde, desporto e bem-estar’ (-22%; -111 constituições) dos Serviços gerais e o subsetor de ‘Apoio às empresas’ (-16%; -117 constituições) dos Serviços empresariais”, acrescenta a Informa D&B.

As únicas exceções às quebras registadas em janeiro foram os setores da Agricultura e outros recursos naturais (+8,9%; +14 constituições) e das Atividades imobiliárias (+9,2%; +45 constituições).

“No primeiro, o aumento registou-se exclusivamente na atividade de ‘Agricultura e pecuária’ (+20%; +26 constituições), já que nos restantes subsetores este indicador desceu. Nas Atividades imobiliárias, quase todos os seus subsetores registam crescimento nas constituições de empresas”, explica a Informa D&B.

A nível geográfico, a Informa D&B realça que “os únicos distritos a registar crescimento na criação de empresas, ainda que ligeiro, foram Viana do Castelo (+3,1%; +3 constituições), Viseu (+2,2%; +3 constituições) e Açores (+40%; +6 constituições)”.

Encerramentos e insolvências descem

Apesar do menor número de empresas criadas no primeiro mês do ano, Janeiro também trouxe notícias positivas, uma vez que se registou o encerramento de 656 empresas, o que representa “um registo abaixo do mês homólogo”, ainda que o setor dos Transportes tenha sido uma exceção.

“Analisando o acumulado dos últimos 12 meses, este indicador atinge os 13 359 encerramentos de empresas, o que corresponde a -13% encerramentos face aos 12 meses anteriores. Neste mesmo período, o setor dos Transportes (+7,6%; +59 encerramentos de empresas) é o único que regista um aumento no número de encerramentos de empresas face ao período homólogo”, explica a consultora.

A descer estiveram ainda as insolvências, uma vez que, em janeiro, “195 empresas iniciaram um processo de insolvência, o que corresponde a uma descida de 8,0% (-17 empresas) face a janeiro do ano passado”.

“Esta descida verifica-se em mais de metade dos setores de atividade, com destaque para as Indústrias (-33%; -21 empresas), o setor que concentra o maior número de empresas com processos de insolvência no mês”, conclui a Informa D&B.

 

 

 

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LOT – Polish Airlines

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Números positivos deixam LOT “otimista” quanto ao futuro da nova rota para Lisboa

A LOT – Polish Airlines começou segunda-feira, 3 de fevereiro, a voar entre Lisboa e Varsóvia, na Polónia, numa operação anual que conta com cinco voos por semana e que, a partir de 24 de fevereiro, passa a voos diários.

Inês de Matos

A LOT – Polish Airlines, companhia aérea de bandeira da Polónia que abriu esta segunda-feira, 3 de fevereiro, uma nova rota entre Varsóvia e a capital portuguesa, mostra-se “otimista” quanto ao futuro da operação, uma vez que os dados iniciais são positivos, disse ao Publituris Santiago Pajares, manager da companhia aérea em Portugal e Espanha.

“Penso que a rota vai funcionar, os primeiros dados que temos sobre as vendas são muito positivos e isso deixa-nos otimistas para o futuro destes voos”, afirmou o responsável, à margem de um evento que reuniu jornalistas portugueses e polacos na residência oficial da embaixadora da Polónia em Portugal.

De acordo com o responsável, a operação para Lisboa conta atualmente com cinco ligações por semana e passa a voos diários a partir de 24 de fevereiro, mantendo-se ao longo de todo o ano.

O voo inaugural, revelou também Santiago Pajares, chegou a Lisboa “praticamente cheio” e a “maioria dos passageiros eram turistas”, o que ajuda ao otimismo da companhia aérea, que estima um load factor de cerca de 80% nos voos para Lisboa.

“É uma grande aposta para a LOT e é um momento marcante porque é a primeira vez que estamos a voar para Lisboa com os nossos próprios aviões porque já tínhamos um acordo de code-share com a TAP”, acrescentou Santiago Pajares, explicando que, além do tráfego turístico, a companhia aérea pretende captar também os passageiros corporate.

O manager da LOT para Portugal e Espanha lembrou que a Jerónimo Martins, por exemplo, detém uma grande cadeia de supermercados na Polónia, existindo várias outras empresas portuguesas presentes na Polónia, o que motiva muitas viagens entre os dois países.

“Por isso, olhamos para o mercado português também pelo lado dos negócios, o objetivo não é apenas transportar turistas porque o mercado corporate é muito importante entre os dois países”, defendeu, adiantando que, apesar de, nesta primeira fase, a maioria dos passageiros dos voos ser de origem polaca, a companhia aérea espera  captar também os passageiros portugueses.

Santiago Pajares reconhece, no entanto, que a LOT tem “muito trabalho para fazer em Portugal”, uma vez que é ainda uma transportadora pouco conhecida do mercado nacional, apesar de contar com “uma oferta de qualidade e que vai muito além da Polónia”.

“A partir de Portugal, os passageiros podem voar para várias partes do mundo, a exemplo das três capitais do Cáucaso, para onde voamos, mas também das repúblicas do Báltico, Escandinávia ou Ásia, nomeadamente a Ásia Central, pois voamos para o Uzbequistão”, exemplificou.

Para dar a conhecer a oferta da companhia aérea no mercado nacional, a LOT tem já uma estratégia definida de promoção, o que passa por, numa primeira fase, manter um “contacto mais próximo com as agências de viagens”, assim como pela participação em eventos do setor.

“Já estivemos na convenção da DIT Gestión de Portugal e vamos estar, a 19 de fevereiro, no Workshop na Camara de Comércio e Indústria da Polónia, que é organizado pela Embaixada da Polónia, e, em março, vamos participar na BTL”, resumiu o responsável.

Faro e Porto também podem ser destinos “interessantes”

Apesar da rota de Lisboa estar ainda no início, Santiago Pajares admite que Portugal tem outros destinos que poderiam ser “interessantes” para a LOT, a exemplo de Faro, para onde a companhia aérea já realizou até algumas operações sazonais de verão, e do Porto, ainda que não haja quaisquer planos concretos nesse sentido.

“É uma boa perguntas mas não tenho resposta”, começou por afirmar o manager da LOT para Portugal e Espanha, admitindo o interesse em Faro por ser um “destino muito turístico”, assim como no Porto.

“No entanto, não há nada em concreto pensado nesse sentido, mas se a ligação de Lisboa correr bem, é muito provavelmente que venhamos a pensar em expandir a nossa presença em Portugal”, concluiu.

Os voos da LOT para Lisboa arrancaram na segunda-feira, 3 de fevereiro, e até 24 de fevereiro contam com cinco ligações por semana, sendo que apenas as  quintas-feiras e sábados não contam com voos. A partir de final de fevereiro, a operação passa a voos diários, operados num avião B737-800 MAX, com capacidade para cerca de 180 passageiros.

 

 

 

 

 

 

 

 

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Ryanair ignora Lisboa e abre quatro novas rotas no Porto e Madeira no verão 2025

Michael O’Leary, CEO do Grupo Ryanair, adiantou esta quarta-feira, 5 de fevereiro, em conferência de imprensa, que a companhia aérea não vai crescer em Lisboa, este verão, devido às “restrições artificiais de capacidade” existentes na Portela, assim como às elevadas taxas cobradas pela ANA – Aeroportos de Portugal.

Inês de Matos

A Ryanair vai abrir, no verão de 2025, quatro novas rotas em Portugal, passando a ligar o Porto a Roma, assim como o Funchal a Milão, Shannon e Bournemouth, enquanto Lisboa não terá qualquer crescimento, o que, segundo *

“Gostaríamos de crescer mais rápido em Portugal, estamos encantados com os resultados em Faro e na Madeira, mas desapontados por não termos crescimento em Lisboa, estamos a ser limitados e não temos slots adicionais em Lisboa”, afirmou o responsável, que apresentou esta quarta-feira, 5 de fevereiro, as novidades da Ryanair para o próximo verão numa conferência de imprensa, em Lisboa.

Michael O’Leary revelou que a Ryanair vai basear mais dois aviões em Portugal este verão, um no Porto e outro em Faro, e espera atingir “um novo recorde de 13 milhões de passageiros em Portugal” e explicou, depois, que a companhia aérea podia “fazer mais e queria fazer mais”, o que acabou por não acontecer devido às “restrições artificiais de capacidade na Portela”.

“Estamos a receber 340 novos aviões na próxima década, e acreditamos que podíamos fazer mais com uma nova política de turismo em Portugal, que aumente a restrição artificial de capacidade na Portela, e permita a abertura rápida do Montijo, porque se tivermos de esperar por Alcochete em 2040 ou 2050, é muito tarde”, afirmou.

Para Michael O’Leary, a solução seria abrir já o Montijo, que “está ali pronto e disponível para funcionar em dois, três ou, provavelmente, em quatro anos”, ao mesmo tempo que se aumenta a capacidade da Portela, o que poderia acontecer através da ampliação do Terminal 2, assim como pela redução da área de check-in, uma vez que, atualmente, os passageiros cada vez mais completam este procedimento online.

Mas o CEO do Grupo Ryanair defende também que os slots que não estão a ser utilizados pela TAP sejam atribuídos a outras companhia aéreas, e critica o “absurdo plano de aumento de custo para 2025 e 2026” que, afirmou, se destina a pagar um aeroporto que só vai ser construído daqui a vários anos.

Apesar de não crescer em Lisboa, o verão da Ryanair em Portugal vai contar com mais dois aviões baseados em Portugal, e um total de 169 rotas, incluindo quatro novas, com a companhia aérea a estimar ainda um crescimento de 4% no número de passageiros transportados nas rotas nacionais, para 13 milhões de passageiros.

 

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Rota da Air Canada entre o Porto e Montreal arranca a 4 de junho

Segundo Raquel Serra Pinto, Sales Manager da Air Canada em Portugal, a nova rota entre o Porto e Montreal arranca a 4 de junho, com quatro voos por semana, até final de setembro.

Inês de Matos

A nova rota que a Air Canada vai abrir entre o Porto e Montreal vai ter início a 4 de junho, contando com quatro voos por semana, avançou ao Publituris Raquel Serra Pinto, Sales Manager da Air Canada em Portugal.

“A rota Porto-Montreal iniciar-se-á a 4 de Junho, com quatro voos semanais que se prolongarão até final de setembro”, adiantou a responsável, que se mostra otimista em relação à operação da companhia aérea em Portugal, ao longo do verão de 2025.

Raquel Serra Pinto diz que a Air Canadá está “optimista em relação às operações do verão 2025 em Portugal e noutros mercados da UE”, uma vez que a companhia aérea lançou “novas rotas” e aumentou a capacidade nas ligações já existentes.

Além da nova rota para o Porto, a Air Canada vai abrir também novas rotas para Itália e República Checa, passando a voar entre Toronto e Nápoles, assim como de Toronto para Praga, a partir de maio, com três voos por semana.

A Air Canada conta ainda com voos entre Lisboa e Toronto, assim como entre a capital portuguesa e Montreal, operações que, segundo a responsável, viram a capacidade aumentada em 2024 e que dão “resposta à significativa procura por Portugal por parte do mercado canadiano”.

Recorde-se que a nova rota da Air Canada entre o Porto e Montreal tinha sido anunciada em agosto do ano passado, com o Turismo de Portugal a destacar que esta será a “primeira ligação aérea da companhia para o Porto, e a terceira ligação para Portugal”.

Segundo o Turismo de Portugal, o Canadá é “um mercado promissor para o turismo de valor em Portugal” e, em 2023, foi o 10.º mercado externo em dormidas para o país, com uma quota de 2,7%, sendo ainda o 9.º mercado externo em número de hóspedes, com uma quota de 3,3%.

Em 2023, as dormidas dos turistas provenientes do Canadá em Portugal registaram um acréscimo de 56,9% e os hóspedes um aumento de 54,5% face ao ano anterior, totalizando 593,8 mil hóspedes, que geraram 1.472,0 mil dormidas.

 

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Miguel Martins, presidente da Associação Ibérica de Turismo Interior (AITI)

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“Apostar no turismo interior é investir no futuro destas regiões”

A conversa com Miguel Martins, presidente da Associação Ibérica de Turismo Interior (AITI), decorreu após a realização do I Congresso Mundial de Turismo Interior e depois de ouvir a análise e opiniões de diversos agentes do turismo, especialistas e académicos. Uma coisa é certa, seja visto de dentro ou por fora, “Portugal tem todas as condições para fazer do interior um polo turístico forte e sustentável”.

Victor Jorge

A conversa com Miguel Martins, presidente da Associação Ibérica de Turismo Interior (AITI), decorreu após a realização do I Congresso Mundial de Turismo Interior e depois de ouvir a análise e opiniões de diversos agentes do turismo, especialistas e académicos. Uma coisa é certa, seja visto de dentro ou por fora, “Portugal tem todas as condições para fazer do interior um polo turístico forte e sustentável”.

 

O interior do país entrou definitivamente na estratégia do turismo em Portugal. A pandemia trouxe uma nova visão relativamente a estes territórios e, fundamentalmente, ao que estes são capazes de proporcionar aos visitantes. Contudo, antes de olhar para quem visita estes territórios, torna-se fulcral olhar para quem neles vive (ou quer viver), trabalha, estuda ou tem uma qualquer atividade. Por isso, Miguel Martins presidente da AITI, diz que “o turismo no interior está a abrir portas para a inovação e o empreendedorismo”. E destaca: “O interior do país representa um conjunto de recursos com grande potencial, mas que ainda carecem de maior organização, promoção e investimento”.

Que importância possui o Turismo Interior como motor de desenvolvimento económico, social e cultural para Portugal e especialmente em regiões menos visitadas?
O turismo no interior de Portugal tem de ser uma grande aposta para impulsionar o desenvolvimento económico, social e cultural do país, especialmente nas regiões menos visitadas. Além de criar empregos e novas oportunidades de negócio, ajuda a fixar a população em zonas rurais, combatendo a desertificação e dando uma nova vida a estas localidades. Os visitantes trazem dinamismo à economia local, consumindo produtos regionais, gastronomia típica e artesanato, o que fortalece os pequenos negócios e incentiva a produção local.

Outro ponto forte do Turismo Interior é a valorização do património e das tradições. Com mais visitantes interessados, há um maior cuidado com a preservação de monumentos, aldeias históricas e festividades típicas, não se perdendo tradições que em muitos destes sítios, sem o turismo, vão acabar por se perder.

Além disso, distribuir melhor o fluxo turístico ajuda a aliviar a pressão sobre cidades como Lisboa e Porto, garantindo um turismo mais sustentável e equilibrado. Em vez de sobrecarregar os destinos mais procurados, podem descobrir lugares menos explorados, mas igualmente encantadores, melhorando a experiência para todos e reduzindo impactos ambientais.

O turismo no interior está a abrir portas para a inovação e o empreendedorismo, com novos negócios a surgir, como alojamentos rurais, experiências gastronómicas diferenciadas e atividades de aventura. Com a ajuda da tecnologia, estas regiões podem ganhar mais visibilidade e atrair um público cada vez mais interessado em descobrir novos destinos.

No fundo, apostar no turismo no interior é investir no futuro destas regiões, garantindo desenvolvimento económico, preservação cultural e um turismo mais sustentável. Com boas estratégias e promoção.

Pode afirmar-se que Portugal possui um Turismo Interior consolidado ou em consolidação?
Portugal tem um Turismo Interior em consolidação, mas ainda há um longo caminho a percorrer para que se torne um destino verdadeiramente estruturado e competitivo. Neste momento, mais do que um destino consolidado, o interior do país representa um conjunto de recursos com grande potencial, mas que ainda carecem de maior organização, promoção e investimento.

Mas houve avanços nessa consolidação?
Nos últimos anos, houve avanços significativos, com a valorização do património histórico, da gastronomia, do enoturismo e do turismo de natureza. Regiões como o Douro, Alentejo, Serra da Estrela e Trás-os-Montes e Centro de Portugal começam a atrair mais visitantes, mas muitas zonas do interior continuam pouco exploradas e com dificuldades em se afirmar como destinos turísticos sólidos.

Então, onde residem as dificuldades ou desafios?
O grande desafio está na transformação destes recursos dispersos numa oferta turística estruturada e coesa. É necessário melhorar infraestruturas, aumentar a capacidade de alojamento, criar experiências diversificadas e, sobretudo, promover estas regiões de forma mais eficaz. O interior de Portugal ainda sofre com a falta de acessibilidade e transportes, o que limita a sua atratividade para turistas nacionais e internacionais.
Projetos como o “Revive”, que aposta na recuperação de património histórico, e o crescimento do turismo rural e de aventura mostram que há um esforço para consolidar este setor.

No entanto, sem uma estratégia clara e contínua para transformar o potencial em realidade, o Turismo Interior continuará a ser um conjunto de oportunidades por explorar, em vez de um verdadeiro destino turístico.

Portugal tem todas as condições para fazer do interior um polo turístico forte e sustentável, mas ainda há muito trabalho a fazer para que este deixe de ser apenas um conjunto de recursos e se torne uma escolha clara para os turistas.

A(s) estratégia(s) necessária(s)

Que estratégias ou ações considera prioritárias para dinamizar o Turismo Interior em Portugal?
Para que o interior de Portugal se torne um destino turístico verdadeiramente atrativo e competitivo, é essencial adotar uma estratégia estruturada que vá além de medidas pontuais. No entanto, mais do que infraestruturas e investimentos, o fator decisivo para o sucesso do turismo nestas regiões são as pessoas que vivem nos territórios. São elas que guardam a identidade, a cultura e as tradições, tornando cada local único. Mais do que apenas o passado destas terras, os seus habitantes são também o futuro, e sem o seu envolvimento e valorização, o Turismo Interior dificilmente se consolidará.

A hospitalidade genuína, o conhecimento das histórias locais e a paixão pelo território são elementos que nenhum investimento pode substituir. As pessoas são as verdadeiras embaixadoras dos seus destinos e é a sua capacidade de bem receber que faz a diferença na experiência do visitante.

Por isso, é fundamental capacitar e envolver as comunidades locais no desenvolvimento turístico, oferecendo formação em hospitalidade, empreendedorismo e inovação. Quando os habitantes sentem que fazem parte da transformação da sua região, tornam-se agentes ativos na criação de um turismo sustentável e autêntico.

Além disso, para tornar o interior mais atrativo, é essencial melhorar as infraestruturas e acessibilidades, garantindo boas ligações rodoviárias e transportes públicos eficientes, pois sem criar oportunidades para que os habitantes possam vender os seus produtos, contar as suas histórias e partilhar o seu modo de vida, é o que realmente diferencia o Turismo Interior do turismo massificado das grandes cidades.

A digitalização e a inovação são igualmente essenciais para colocar o interior no mapa turístico, mas esta modernização só terá impacto se for integrada com o saber das populações locais. A criação de roteiros interativos, visitas guiadas digitais e experiências imersivas deve ser feita com a participação de quem conhece o território melhor do que ninguém. Ou seja, os próprios habitantes.

Por fim, é essencial que exista um trabalho coordenado entre municípios, empresas e comunidades locais, garantindo que o Turismo Interior não seja apenas uma soma de recursos dispersos, mas sim um destino consolidado, coeso e atrativo. Se as pessoas forem colocadas no centro do desenvolvimento turístico, o interior de Portugal tem todas as condições para se tornar um verdadeiro motor de crescimento económico, social e cultural. Afinal, são as pessoas que dão alma a um destino e que, no momento da receção, fazem toda a diferença na experiência do visitante.

Há, então, a necessidade de uma maior promoção e investimento na valorização do património cultural, natural e gastronómico no interior? Quem deve conduzir essa promoção e investimento?
A promoção e o investimento na valorização do património cultural, natural e gastronómico do interior de Portugal são extremamente necessários e devem ser conduzidos de forma assertiva e direcionada. O património dessas regiões é um recurso valioso que, se bem explorado, pode atrair turistas, revitalizar a economia local e reforçar a identidade das comunidades.

Para garantir que a valorização do património seja eficaz, é fundamental que a responsabilidade pela promoção e investimento recaia sobre as respetivas regiões de turismo em colaboração estreita com o setor privado. Esta parceria pode maximizar o impacto das iniciativas e assegurar que os investimentos sejam direcionados para áreas que realmente atendam às necessidades e potencialidades de cada região.

No que diz respeito ao financiamento, deveria haver um papel ativo do Turismo de Portugal na coordenação de esforços e no suporte a projetos que valorizem o património local. Esta entidade tem a capacidade de promover políticas e programas que ajudem a fortalecer o setor do turismo e a preservar a riqueza cultural e gastronómica do interior.

Além disso, as câmaras municipais e as organizações locais devem estar envolvidas na identificação de oportunidades e na implementação de iniciativas que realmente refletem a essência de cada comunidade. A participação da população local é crucial para garantir que as propostas sejam relevantes e sustentáveis.

As novas tecnologias podem contribuir para a promoção e valorização destas regiões?
As novas tecnologias são essenciais para a promoção das regiões do interior de Portugal, oferecendo uma série de vantagens para o desenvolvimento económico e turístico. No entanto, muitas dessas áreas ainda enfrentam desafios significativos relacionados com a falta de cobertura de redes, como Internet de fibra e ligações móveis, o que pode limitar a eficácia dessas ferramentas.

Embora a utilização de redes sociais e plataformas de marketing digital possa aumentar a visibilidade das regiões, permitindo a divulgação do seu património cultural, natural e gastronómico de forma atrativa, a falta de infraestrutura adequada torna essa promoção ineficaz. Para que as novas tecnologias possam ser úteis, é fundamental garantir que as infraestruturas necessárias estejam disponíveis, caso contrário, o investimento nessas ferramentas não trará os resultados desejados. Além disso, muitas aplicações e soluções tecnológicas são desenvolvidas sem um conhecimento profundo das realidades locais, o que pode levar à disseminação de informações incorretas ou inadequadas. Quando os turistas recebem informações sobre pontos de interesse, eventos ou ofertas gastronómicas que estão desatualizadas ou erradas, isso pode resultar em frustrações e desconfiança.

Para que as novas tecnologias contribuam verdadeiramente para a promoção das regiões do interior, é crucial que haja uma colaboração estreita entre as regiões de turismo, as associações locais e o setor privado. Esses atores devem esforçar-se para compreender as especificidades de cada território e investir em infraestrutura de redes, assegurando que as soluções tecnológicas sejam adaptadas às necessidades e realidades locais.

Assim, as novas tecnologias têm um potencial enorme para promover as regiões do interior de Portugal, mas é vital que sejam acompanhadas por investimentos em infraestrutura e um conhecimento profundo dos territórios. Apenas assim se poderá garantir que a promoção seja eficaz e que os visitantes tenham uma experiência autêntica e satisfatória.

PPP para o interior

Que papel podem e/ou devem desempenhar as políticas públicas e as autarquias no desenvolvimento de um turismo mais estruturado e atrativo no interior?
Para o desenvolvimento de um turismo estruturado e atrativo no interior de Portugal é crucial implementar um conjunto de políticas públicas que abordem de forma integrada as necessidades das comunidades locais e as potencialidades turísticas da região. Estas políticas devem ser orientadas para a criação de um ambiente favorável ao crescimento do turismo, incentivando a economia local e promovendo a sustentabilidade.

Em primeiro lugar, deve haver um investimento significativo em infraestrutura. A melhoria das acessibilidades, como estradas, transporte público e sinalização, é fundamental para assegurar que os visitantes consigam aceder facilmente às zonas turísticas. Além disso, a criação de boas condições de alojamento, que vão desde pequenas casas de turismo rural a hotéis, é essencial para acomodar os turistas que visitam a região.

A promoção do património cultural, natural e gastronómico é outra componente vital. As políticas públicas devem promover a preservação do património histórico e cultural, bem como incentivar iniciativas que celebrem as tradições locais. Isso inclui a organização de eventos, festivais e feiras que destaquem a gastronomia típica, artesanato e as práticas culturais da região, atraindo tanto visitantes como participantes da própria comunidade.

A formação e capacitação de recursos humanos são igualmente importantes. Investir na formação de profissionais do setor turístico garante que os visitantes tenham acesso a serviços de qualidade, enriquecendo a sua experiência. Programas de formação podem abordar áreas como atendimento ao cliente, gestão de hotelaria e promoção do património local.

Além disso, é essencial que haja um enfoque na sustentabilidade ambiental. Políticas que promovam o turismo sustentável, respeitando o meio ambiente e as comunidades locais, são fundamentais para garantir que as riquezas naturais e culturais sejam preservadas. Isso pode incluir iniciativas de ecoturismo, promoção de práticas de turismo responsável e sensibilização de turistas e residentes sobre a importância da conservação ambiental.

Por fim, a colaboração entre diferentes entidades, como Turismo de Portugal, regiões de turismo e autarquias, deve ser incentivada. Essa articulação permite a criação de uma estratégia unificada que maximize a promoção das regiões e fortaleça a identidade turística do interior como um todo. Ou seja, o desenvolvimento de um turismo estruturado e atrativo no interior de Portugal requer políticas públicas que invistam em infraestrutura, promoção dos territórios, formação profissional, sustentabilidade ambiental e colaboração estratégica. Desta forma, é possível criar um ecossistema turístico que beneficie tanto os visitantes como as comunidades locais.

Quais são, na sua perspectiva, os maiores desafios que o Turismo Interior enfrenta atualmente e como é que estes podem ser ultrapassados?
São vários. Desde logo, a falta de infraestruturas, uma vez que muitas regiões do interior carecem de boas estradas, transporte público adequado e sinalização apropriada, dificultando o acesso dos turistas. Ao nível da promoção e visibilidade do património cultural e natural dessas regiões muitas vezes é fragmentada e pouco coordenada, resultando em baixa visibilidade e conhecimento entre os potenciais visitantes.

No que toca à sazonalidade, o Turismo Interior, frequentemente, enfrenta picos de visitantes apenas em determinadas épocas do ano, o que pode levar a uma gestão ineficaz das ofertas turísticas e à sazonalidade dos negócios. Também a falta de
formação e capacitação de profissionais do setor turístico pode afetar a qualidade dos serviços prestados, impactando negativamente a experiência do visitante.

Depois, na sustentabilidade ambiental, o crescimento do turismo deve ser feito de forma sustentável, preservando os recursos naturais e culturais, o que representa um desafio em muitas regiões que ainda não têm políticas claras nesse sentido.

Outro ponto importante é que o interior de Portugal enfrenta problemas de despovoamento e envelhecimento da população, o que pode afetar a oferta de mão-de-obra e a dinamização das comunidades, além de enfrentar concorrência de destinos urbanos e litorais que têm uma maior visibilidade e infraestruturas mais desenvolvidas, tornando difícil atrair visitantes.

Como já referi, a baixa cobertura de redes de internet e telecomunicações em algumas áreas limita a capacidade de utilizar tecnologias de promoção e informação, dificultando a conexão com turistas em potencial.

E quanto à oferta, muitas regiões do interior apresentam uma oferta limitada de alojamento, restauração e empresas de animação turística, o que pode desencorajar visitantes que buscam experiências completas e variadas.

Finalmente, a falta de coordenação entre a oferta de territórios vizinhos é um desafio significativo. Uma abordagem colaborativa entre diferentes municípios e regiões pode potenciar a promoção conjunta de itinerários turísticos e experiências, atraindo mais visitantes e facilitando a criação de pacotes turísticos que valorizem a diversidade da oferta.

Para abordar esses desafios, e repetindo-me, é crucial uma abordagem coordenada entre o Governo, autarquias, setor privado e comunidades locais, que permita criar soluções sustentáveis e efetivas que melhorem a oferta e a experiência turística no interior de Portugal.

Despovoamento, falta de infraestruturas, escassez de investimento. São estes os principais desafios que o Interior enfrenta?
O interior de Portugal enfrenta desafios significativos que vão além do despovoamento, da falta de infraestruturas e da escassez de investimento. Embora estas questões sejam cruciais, é importante salientar que o verdadeiro problema pode não estar apenas na quantidade de investimento, mas na forma como esse investimento é direcionado e aplicado.

É verdade que chegam milhões de euros destinados ao desenvolvimento do interior, mas muitas vezes esses recursos são aplicados de maneira inadequada, sem atender às reais necessidades das comunidades e das iniciativas turísticas locais. Por isso, é fundamental repensar as estratégias de investimento, priorizando ações que realmente favoreçam a dinamização do turismo a médio e longo prazo.

Uma abordagem mais eficaz seria colocar maior investimento e decisão nas mãos de quem realmente trabalha o turismo, ou seja, os atores privados e quem conhece profundamente as especificidades e potencialidades das regiões.

Ao descentralizar a gestão dos recursos e permitir que os empresários e associações ligadas ao turismo tenham voz ativa na definição de projetos e iniciativas, será mais fácil alavancar o potencial turístico do interior.

Além disso, outros desafios que merecem ser destacados incluem a promoção limitada do património cultural, a sazonalidade turística, a falta de formação e capacitação de recursos humanos, e a necessidade de uma melhor coordenação entre os diferentes territórios para criar uma oferta turística coerente e diversificada.

A escassez de alojamento, restauração e empresas de animação turística em muitos destes territórios também contribui para uma menor apetência destes territórios para quem os visita.

A falta de mobilidade e acessos são frequentemente referidos como um dos maiores entraves ao desenvolvimento do interior. Como pode esta questão ser resolvida?
Quando abordamos o tema do turismo no interior de Portugal, é fundamental identificar claramente a região em questão, uma vez que as especificidades e desafios enfrentados por cada território podem ser bastante distintos. Por exemplo, Viseu, como um território de interior, possui características e oferta que não se podem comparar de forma direta às de localidades como Idanha-a-Nova ou Penamacor, as quais têm realidades diferentes em termos de oferta turística, mobilidade e recursos disponíveis.

A estratégia de desenvolvimento para os territórios de interior deve ser orientada pelas singularidades de cada região, incluindo a sua localização geográfica e a diversidade de produtos turísticos que oferecem. Um dos principais desafios que muitas destas áreas enfrentam reside na mobilidade. A criação de uma rede de transportes eficaz é essencial para garantir que os turistas possam aceder facilmente aos pontos de interesse, promovendo assim uma maior afluência ao interior, e ao mesmo tempo essa mesma rede facilita as comunidades residentes nesses territórios. Um exemplo positivo deste tipo de articulação é o trabalho que a AITI está a realizar em colaboração com a Flixbus, com o intuito de estabelecer ligações entre Castelo Branco, Termas de Monfortinho, Cáceres, Mérida, Badajoz, Portalegre, e novamente Castelo Branco. Iniciativas como esta não apenas facilitam a mobilidade, mas também promovem a interligação entre cidades e pontos turísticos, potencializando a visita a estes territórios.

Além disso, é crucial que se estabeleçam parcerias com empresas de transporte que operem nos territórios em questão, para que as soluções sejam verdadeiramente eficazes e sustentáveis. Caso se justifique, a implementação de subsídios nestas empresas, especialmente numa fase inicial, pode ser um investimento estratégico vital para assegurar a conectividade entre as diversas regiões do interior.

Em suma, a abordagem ao desenvolvimento do turismo no interior de Portugal deve ser multifacetada, considerando as especificidades de cada região e investindo em soluções de mobilidade eficazes. A articulação entre entidades públicas e privadas, bem como a promoção de iniciativas que melhorem as ligações de transporte, são passos essenciais para fomentar a valorização e o crescimento do turismo nas áreas interiores do país.

Olá vizinhos

A proximidade com territórios fronteiriços, especialmente com Espanha, é uma oportunidade para o Turismo Interior?

A proximidade com territórios fronteiriços, especialmente com Espanha, é, sem dúvida, uma oportunidade significativa para o Turismo Interior de Portugal. Embora nem todos os territórios consigam aproveitar essa proximidade da mesma forma, é vital para o desenvolvimento dos territórios de fronteira e mesmo para aqueles que estão mais afastados.

Um exemplo concreto é a área da fronteira de Monfortinho. Se olharmos para o lado espanhol, numa meia circunferência de cerca de 100 km, podemos encontrar cerca de 600.000 pessoas a residir nessa região. Em contrapartida, do lado português, a população é muito mais diminuta, rondando os 45.000 habitantes. Este contraste demográfico destaca a enorme oportunidade que existe para o turismo.

A diferença significativa no número de potenciais visitantes evidencia onde se encontra o nosso mercado. Portanto, é crucial desenvolver estratégias que captem esse público proveniente de Espanha e incentivem a sua visita ao interior português.

Além disso, a criação de uma infraestrutura de transporte acessível e eficaz entre os dois países é fundamental. As ligações devem ser facilitadas para que os turistas possam deslocar-se facilmente entre os destinos em Portugal e Espanha, ampliando assim o alcance das ofertas turísticas disponíveis.

Por isso, a proximidade com a fronteira espanhola apresenta uma oportunidade substancial para o turismo no interior, tanto para as regiões fronteiriças quanto para as áreas mais afastadas. É essencial aproveitar esta vantagem demográfica, desenvolvendo estratégias que promovam o interior português como um destino atrativo e acessível, capaz de captar o interesse dos potenciais visitantes que habitam nas proximidades, criando, inclusive, estratégias comuns entre os dois países de promoção e de produto integrado.

Existe já algum exemplo de cooperação transfronteiriça bem-sucedida que possa referir?
Um exemplo concreto dessa colaboração entre Portugal e Espanha no desenvolvimento de um produto turístico é a criação do “Land of Dragons”. Este projeto, promovido pela AITI, estabelece uma conexão entre várias localidades dos dois lados da fronteira que incluem Monsanto, Malpartida de Cáceres, Trujillo e Cáceres. O principal objetivo deste produto turístico é potenciar estes territórios ibéricos através da série de renome mundial “House of Dragons”. Através do projeto, busca-se não apenas revitalizar a oferta turística, mas também aumentar o número de noites de estadia nas regiões envolvidas. Este produto integra atrações culturais, património histórico e experiências únicas que refletem a identidade e a autenticidade de cada local. A interligação entre as localidades possibilita que os visitantes explorem um itinerário completo que abrange as tradições e a riqueza cultural dos dois lados da fronteira.

Esta iniciativa é um excelente exemplo de como a colaboração entre os dois países pode resultar em benefícios mútuos, promovendo as especificidades de cada região e criar sinergias que atraem turistas. Ao unir esforços e recursos, é possível expandir a visibilidade e a atratividade dos destinos envolvidos, contribuindo para um turismo sustentável e integrado que favorece o desenvolvimento socioeconómico de ambos os lados da fronteira.

Este produto, “Land of Dragons”, é um modelo a ser seguido, demonstrando como a cooperação transfronteiriça pode criar oportunidades significativas para o turismo no interior, ao mesmo tempo que promove um legado cultural rico e diversificado na península ibérica.

O desenvolvimento do turismo pode ser um fator crucial para fixar pessoas e negócios no interior. Como é que o turismo pode criar um ciclo positivo que beneficie a economia local e traga novas oportunidades de emprego?
O turismo pode criar um ciclo positivo que beneficia a economia local e traz novas oportunidades de emprego de várias maneiras. Primeiramente, a chegada de turistas gera uma maior procura por serviços e produtos locais, como restaurantes, alojamento, transporte e atividades de lazer. Essa demanda adicional incentiva o crescimento das empresas existentes e a criação de novas.

Com a expansão do turismo, surgem novas oportunidades de emprego em diversas áreas, como hotelaria, restauração, guias turísticos, transportes e comércio. Essas novas vagas ajudam a reduzir a taxa de desemprego na comunidade local e oferecem oportunidades de trabalho para diversos grupos, incluindo jovens e pessoas requalificadas.

Além disso, o aumento da atividade turística pode atrair investimentos para a região, tanto públicos quanto privados. Estes investimentos podem ser direcionados para a melhoria de infraestruturas, como estradas e transportes, bem como para o desenvolvimento de novos projetos turísticos, gerando mais empregos.

Recentemente realizou-se o primeiro Congresso Mundial de Turismo Interior, organizado pela AITI. Que conclusões ou linhas de ação foi possível retirar do congresso?
As conclusões do nosso congresso refletem a importância da colaboração entre Portugal e Espanha, bem como a necessidade de estabelecer estratégias conjuntas que potenciem o desenvolvimento de ambas as regiões.

Algumas das conclusões e linhas orientadoras que emergiram deste evento passam pelo fortalecimento da colaboração transfronteiriça; desenvolvimento de produtos turísticos comuns; promoção da mobilidade e acessibilidade; fortalecimento da identidade regional; capacitação e formação; inovação e sustentabilidade; estímulos e incentivos fiscais; e a importância da comunicação eficaz.

Em suma, as conclusões do congresso sublinham a necessidade de uma abordagem colaborativa e integrada para o desenvolvimento do turismo entre Portugal e Espanha. As linhas orientadoras estabelecidas contribuirão para guiar as ações futuras da nossa associação e dos profissionais do setor, assegurando que continuemos a fortalecer os laços entre os dois países e a maximizar as oportunidades de crescimento e desenvolvimento em ambas as regiões.

Olhando para o futuro, como vê o Turismo Interior em Portugal dentro de cinco ou 10 anos?
Sou um otimista por natureza, mas, infelizmente, a realidade que observo é alarmante. Existe uma enorme falta de vontade e determinação para implementar soluções eficazes no turismo do interior de Portugal. As dificuldades que o interior já enfrenta são consideráveis, e cada vez mais, quem detém o poder de decisão parece agir em contraciclo, realizando iniciativas que não apenas desconsideram as reais necessidades das regiões, mas que podem até agravar a situação.

A aproximação a Espanha é absolutamente fundamental para o crescimento do Turismo Interior. Na Extremadura espanhola, o número de turistas e residentes ronda os cinco milhões, representando uma oportunidade crucial que não podemos ignorar.

No entanto, é desanimador ver regiões portuguesas a gastar recursos em promoção para mercados tão distantes como os Estados Unidos e outros destinos que, na prática, não fazem sentido para muitos dos nossos territórios de interior. Essa priorização de mercados irrelevantes é um erro estratégico grave. Precisamos, urgentemente, de focar a nossa atenção nas necessidades e características específicas das regiões interiores. É frustrante observar que são investidos milhões em iniciativas que, na maioria das vezes, não têm um impacto positivo.

Com todos os problemas que enfrentamos, é vital que se utilize o dinheiro público de maneira responsável e com uma visão clara. A forma mais fácil parece ser a contratação de consultores externos, que, sem qualquer conhecimento profundo sobre a realidade do interior, acabam por propor soluções inadequadas e desconectadas da verdadeira situação dos nossos territórios.

O futuro do turismo no interior depende da nossa capacidade de estabelecer um plano de desenvolvimento estruturado e eficaz. Precisamos urgentemente deixar de lado esta visão limitada da fronteira e trabalhar em conjunto, sempre que possível, em termos geográficos. A ausência de colaboração entre os diversos atores locais, regionais e nacionais impede que se crie uma estratégia integrada capaz de valorizar as potencialidades do interior.

Sobre o autorVictor Jorge

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Bestavel fecha contratos com 60 DMC em busca de produtos para além do charter

Enquanto Grupo Newtour, as agências de viagens da rede Bestravel conseguem aceder, hoje, a mais de 60 DMC em todo o mundo, que lhes permite fazer a sua própria programação para além do charter disponível no mercado. Objetivo: serem mais dinâmicas e mais competitivas.

A rede de franchising de agências de viagens, a Bestravel, está a desenvolver uma série de projetos em várias vertentes integrados no Grupo Newtours, quer seja no desenvolvimento do produto próprio, tecnológico, quer até no gabinete de apoio à gestão, investimento e competitividade. O objetivo é permitir maior rentabilidade às empresas que os acompanha, e algumas desde a primeira hora.

Carlos Baptista apontou que a parte comercial, o relacionamento com os players do mercado e a compra consolidada é feita numa ótica do grupo, “o que nos permite ser mais robustos e tornar o modelo cada vez mais competitivo”.

É também o que já “nos permitiu fazer alguns novos contratos com operadores, mas principalmente entrar num campo onde até à data não nos tinha sido possível, entrar com esta força e com esta dinâmica, que são o mercado dos DMC, onde também temos vários novos contratos, e que nos possibilita ser cada vez mais competitivos no que é a venda fora do charter”. Assim, neste momento, foram fechados contratos com mais de 60 contratos com DMC, um pouco por todo o mundo, de maneira a dar resposta a algo que já está a acontecer, ou seja, nos pacotes próprios. Portanto “estamos a tornar mais robustos esses contratos, a encontrar parceiros e, obviamente, vamos alinhando, percebendo aqueles que são, que prestam um bom serviço, aquelas geografias que, eventualmente, fazem sentido, acrescentar e alterar a nossa visão de negócio. É um trabalho em desenvolvimento”. E assim “dar uma dinâmica e mais competitividade nossas agências de viagens”, defendeu o administrador da Bestravel, em conferência de imprensa, à margem da XX Convenção da rede, que decorreu este fim de semana da ilha do Faial (Açores) com a participação de mais de 200 pessoas, entre agências de viagens franchisadas e os principais parceiros de negócios, como operadores turísticos, companhias aéreas que operam no nosso país, e outros serviços turísticos.

 

Sobre o autorCarolina Morgado

Carolina Morgado

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Confirmado o ano de todos os recordes no turismo

As previsões apontavam para um ano recorde no turismo, em 2024. A confirmação chegou agora com a divulgação dos dados do INE: 31,6 milhões de hóspedes e 80,3 milhões de dormidas. O secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, já afirmou que para 2025, as estimativas são de “um crescimento na ordem dos 4% a 5%”.

Victor Jorge

O setor do alojamento turístico registou 1,9 milhões de hóspedes e 4,2 milhões de dormidas em dezembro de 2024, correspondendo a variações de +3,6% e +2,9%, respetivamente (+14% e +9,6% em novembro de 2024, pela mesma ordem), avançam os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

As dormidas de residentes registaram, no último mês do ano, um aumento de 0,6% (+22,2% em novembro), correspondendo a 1,6 milhões, enquanto as dormidas dos não residentes registaram um crescimento de 4,4% (o mesmo crescimento que em novembro), totalizando 2,6 milhões.

Já no 4.º trimestre de 2024, as dormidas aumentaram 4,7% (+3% no 3.º trimestre), com as dormidas de residentes a crescerem 6,8% (+1% no 3.º trimestre) e as de não residentes a aumentarem 3,7% (+4% no trimestre anterior).

No que diz respeito ao número de hóspedes no último trimestre de 2024, Portugal somou mais de 7 milhões (mais 400 mil que em igual período de 2023), com os residentes a contabilizarem 2,9 milhões (contra os 2,7 milhões de período homólogo) e os não residentes 4,1 milhões (contra os 3,9 milhões de igual período de 2023).

Em dezembro, os maiores aumentos nas dormidas ocorreram na Madeira (+8,8%) e nos Açores (+4,4%), tendo os únicos decréscimos sido registados no Oeste e Vale do Tejo (-3,0%) e no Centro (-0,3%).

As dormidas de residentes registaram decréscimos na maioria das regiões, tendo sido mais expressivos nos Açores (-11,1%). Em sentido contrário, destacaram-se os crescimentos registados na Madeira (+28,7%) e na Península de Setúbal (9,1%).

Já as dormidas de não residentes registaram crescimentos em todas as regiões, com exceção da Península de Setúbal (-5,6%) e do Oeste e Vale do Tejo (-4,5%). Os aumentos mais expressivos foram observados nos Açores (+28,2%) e no Alentejo (+11,2%).

Os 10 principais mercados emissores, em dezembro, representaram 72,3% do total de dormidas de não residentes neste mês, com o mercado britânico a manter-se com o maior peso (13,7% do total das dormidas de não residentes em dezembro) e a registar um ligeiro decréscimo de 0,2% face ao mês homólogo.

As dormidas do mercado espanhol, o segundo principal mercado emissor em dezembro (13,2% do total), diminuíram 10%. Seguiu-se o mercado alemão, na 3.ª posição (quota de 11,3%), com um crescimento de 9,2%.

No grupo dos 10 principais mercados emissores em dezembro, o mercado polaco foi o que registou o maior crescimento (+13,9%), seguindo-se os Países Baixos (+10,4%) e o Canadá (9,9%).

2024: Ano histórico
O ano de 2024, como se estimava, ultrapassou todos os recordes no turismo, com os dados preliminares do INE a indicarem que os estabelecimentos de alojamento turístico registaram 31,6 milhões de hóspedes e 80,3 milhões de dormidas, refletindo aumentos anuais de 5,2% e 4%, respetivamente.

No conjunto do ano de 2024, as dormidas de residentes aumentaram 2,4% (+1,9% em 2023) e as de não residentes 4,8% (15,1% em 2023). As dormidas de não residentes predominaram (70,3% do total) e atingiram 56,4 milhões, enquanto as realizadas por residentes (29,7% do total) totalizaram 23,9 milhões.

Face a 2023, “acentuou-se a dependência dos mercados externos (69,8% em 2023), atingindo-se o peso mais elevado desde 2018, quando estes mercados representaram 70,4% do total”, revelam os dados do INE.

Nas dormidas, a região do Algarve totalizou 20,7 milhões (+1,9%), seguindo-se Lisboa com 19,4 milhões (+3,7%) e o Norte com 14,1 milhões (+6,4%).

De resto, no conjunto do ano de 2024, todas as regiões registaram crescimento nas dormidas, com os maiores aumentos a ocorrerem nos Açores (+9,3%), no Norte (+6,4%) e na Península de Setúbal (+6,1%).

O Algarve concentrou 25,8% do total das dormidas em 2024, seguindo-se a Grande Lisboa (24,2% do total) e o Norte (17,6%). O principal destino em termos de dormidas dos residentes foi o Norte (21,8% do total das dormidas de residentes), seguido do Algarve (19,6% do total), da Grande Lisboa (14,6% do total) e do Centro (14,5% do total).

As dormidas de não residentes concentraram-se, essencialmente, no Algarve (28,5% do total de dormidas de não residentes) e na Grande Lisboa (28,3% do total).

No Centro e no Alentejo, em 2024, predominaram as dormidas de residentes (67,1% e 66,5%, respetivamente), enquanto nas restantes regiões as dormidas de não residentes foram dominantes. A RA Madeira e Grande Lisboa foram as regiões mais dependentes dos mercados externos (85,3% e 82,0% do total de dormidas em 2024, pela mesma ordem).

Em termos de hóspedes, dos 31,6 milhões, 12,2 milhões foram residentes (+3,5%), e 19,4 milhões foram não residentes (+6,3%). Aqui, a liderança pertence a Lisboa, com 8,5 milhões de hóspedes (+4,9%), seguindo-se o Norte com 7,4 milhões (+6,9%) e o Algarve com 5,3 milhões (+2,6%). Tal como nas dormidas, todas as regiões registaram aumentos no número de hóspedes, com as maiores subidas a acontecerem na Península de Setúbal (+8%), Açores (+7,8%) e Centro (+7,2%).

No conjunto do ano de 2024, o mercado britânico manteve-se como o principal (18,1% do total de dormidas de não residentes) e cresceu 2,7% para 10,2 milhões. Seguiram-se os mercados alemão (11,3% do total) com 6,3milhões, espanhol (9,7% do total) com 5,4 milhões, norte americano (9,2% do total) com 5,2 milhões, e francês (+8% do total) com 4,5 milhões. Ainda entre os principais mercados, o canadiano (+17,1%), o norte-americano (+12,1%) e dos Países Baixos (+8,7%) destacaram-se pelos crescimentos expressivos.

Estada média contradiz crescimento
Em dezembro, a estada média nos estabelecimentos de alojamento turístico (2,24 noites) continuou a diminuir (-0,7%, após -3,8% em novembro). Os valores mais elevados deste indicador continuaram a observar-se na Madeira (4,72 noites) e no Algarve (3,35 noites), tendo as estadias mais curtas ocorrido no Oeste e Vale do Tejo (1,61 noites) e no Centro (1,62 noites).

Na globalidade de 2024, a estada média recuou 1,1%, para 2,54 noites, tendo registado aumentos apenas nas Regiões Autónomas dos Açores (+1,5%) e da Madeira (+1%). A Península de Setúbal e o Centro foram as regiões onde a estada média mais decresceu (-1,7% e -1,4%, respetivamente).

Em dezembro, a estada média dos residentes (1,71 noites) diminuiu 0,2% e a dos não residentes (2,76 noites) decresceu 2,0%.

A estada média dos não residentes foi mais longa que a dos residentes em todas as regiões. A Madeira registou as estadas médias mais prolongadas, quer dos não residentes (5,23 noites) quer dos residentes (3,26 noites).

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Aviação

IATA: Tráfego aéreo cresce 10,4% em 2024 e ultrapassa níveis pré-pandemia

Segundo a IATA, no ano passado, o tráfego aéreo global cresceu 10,4%, ultrapassando em 3,8% os níveis pré-pandemia. O principal destaque foi o crescimento do tráfego internacional.

Inês de Matos

O tráfego aéreo global cresceu, no ano passado, 10,4%, ultrapassando em 3,8% os níveis pré-pandemia, avança a IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo, cujos dados mostram que o crescimento do tráfego internacional, que chegou aos 13,6%, foi fundamental para o aumento global.

Os dados da IATA, divulgados esta quinta-feira, 30 de janeiro, indicam que, a nível global, também a capacidade disponibilizada aumentou 8,7% no ano passado, enquanto o load factor dos voos foi, em média, de 83,5%, o que representa “um recorde anual”.

A nível internacional, a capacidade registou ainda um aumento de 12,8%, enquanto a nível doméstico houve um crescimento de 5,7% face a 2023, com a capacidade doméstica a registar ainda uma subida de 2,5%.

A IATA destaca a performance registada no mês de dezembro de 2024, que trouxe “um forte final de ano”, uma vez que a procura global por viagens aéreas apresentou um aumento de 8,6%, enquanto a capacidade registou um aumento de 5,6% nesse mês.

Em dezembro, acrescenta a IATA, também os dados relativos à procura internacional foram positivos, já que este indicador cresceu 10,6%, enquanto a procura doméstica aumentou 5,5%, tendo a taxa de ocupação dos voos chegado aos 84%, o que também representa “um recorde” para o último mês do ano.

“2024 deixou absolutamente claro que as pessoas querem viajar. Com um crescimento de 10,4% na procura, as viagens atingiram números recordes nacionais e internacionais”, congratula-se Willie Walsh, diretor-geral da IATA.

Willie Walsh congratula-se ainda com a ocupação de 83,5% dos voos registada ao longo do ano passado, sublinhando que se trata de “um novo recorde”, o que se traduz em mais “empregos, desenvolvimento de mercado, comércio, inovação, exploração e muito mais”.

Por isso, o responsável mostra-se também otimista face a 2025, afirmando que existem “muitos indícios de que a demanda por viagens continuará a crescer”, ainda que se preveja uma maior moderação no ritmo de crescimento, que deverá ficar-se pelos 8%.

Tráfego internacional cresceu em todas as regiões

Os dados da IATA mostram também que, no ano passado, o tráfego internacional ficou 0,5% acima do recorde registado em 2019, antes da pandemia da COVID-19, tendo o crescimento sido comum a todas as regiões.

Já a capacidade apresentou uma descida de 0,9% a nível internacional face a 2019, enquanto o load factor dos voos cresceu 0,5 pontos percentuais, para 83,2%, o que representa um novo recorde.

A IATA sublinha ainda que, em dezembro, a procura internacional registou um aumento de 10,6%, enquanto a capacidade subiu 7,7% e o load factor cresceu 2,2 pontos percentuais comparativamente a 2023, fixando-se nos 83,9%.

Por regiões, o maior crescimento do tráfego internacional foi registado na Ásia-Pacífico, onde este indicador apresentou um aumento de 26.0% face ao ano anterior, naquele que foi o mais forte aumento anual entre todas as regiões do mundo. Já a capacidade cresceu 24.7% nesta região, enquanto o load factor apresentou uma subida de 0,8 pontos percentuais, chegando aos 83.8%.

A IATA diz, no entanto, que, apesar desta forte subida, a região continua a apresentar muitas oportunidades para que este crescimento seja ainda maior, até porque o tráfego nesta região continua 8.7% abaixo dos níveis pré-pandemia.

Os números da IATA mostram ainda que, em dezembro, a Ásia-Pacífico viu o tráfego aéreo internacional subir 17.1% face a mês homólogo do ano anterior.

Na América Latina, o tráfego internacional cresceu ainda 14.4% face ao ano anterior, enquanto a capacidade apresentou um incremento de 14.3%, ainda que o load factor tenha descido 0.1 pontos percentuais, ficando-se pelos 84.8%, mantendo-se, ainda assim, como o mais elevado entre todas as regiões.

Em dezembro, o tráfego aéreo internacional na América Latina registou ainda um aumento de 11.3% face a mês homólogo de 2023.

Já as companhias aéreas africanas viram o tráfego internacional subir 13.2%, enquanto a capacidade cresceu 9.5% e o load factor aumentou 2.5 pontos percentuais, chegando aos 74.5%, o que representa um recorde em África, ainda que este seja o load factor mais baixo entre todas as regiões.

No último mês do ano de 2024, o tráfego aéreo internacional das companhias africanas cresceu ainda 12.4% face ao último mês de 2023.

Na Europa, o tráfego aéreo aumentou 9.7% face a 2023, tendo a capacidade subido ainda 9.2% e o load factor 0.4 pontos percentuais, chegando aos 84.1%. No último mês do ano, o tráfego aéreo das transportadoras europeias apresentou ainda uma subida de 8.6% face a dezembro de 2023.

No Médio Oriente, o crescimento do tráfego internacional foi de 9.4% em 2024, enquanto a capacidade conheceu uma subida de 8.4% e o load factor aumentou 0.7 pontos percentuais, para 80.8%. Em dezembro, o tráfego destas companhia aéreas subiu ainda 7.7% pontos percentuais face a mês homólogo do ano passado.

Por fim, foi nas companhias aéreas norte-americanas que se registaram os crescimentos mais modestos, com o tráfego do ano passado a aumentar 6.8%, enquanto a capacidade disponibilizada cresceu 7.4%. Apesar disso, o load factor desceu, no ano passado, 0.5 pontos percentuais, fixando-se nos 84.2%.

 

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Cante alentejano ganha notoriedade e vai dar origem a nova rota turística

Há 10 anos reconhecido pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade, o Cante Alentejano tem vindo a afirmar-se como um “grande embaixador” do Alentejo e vai, em breve, ganhar uma rota turística, disse ao Publituris José Manuel Santos, presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo.

Inês de Matos

Há 10 anos reconhecido pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade, o Cante Alentejano tem vindo a afirmar-se como um “grande embaixador” do Alentejo e vai, em breve, ganhar uma rota turística, disse ao Publituris José Manuel Santos, presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo.

A integração do Cante Alentejano na Lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, que aconteceu há 10 anos, foi, segundo José Manuel Santos, presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, “um momento da maior importância para o Cante e para a região”, que contribuiu para o “reconhecimento externo” desta manifestação “identitária para o Alentejo”. “Foi o culminar de um processo, que acabou por ter um muito bom resultado, refira-se que o Comité da UNESCO aprovou esta candidatura por unanimidade, tendo-a destacado como uma candidatura exemplar”, lembra o responsável, em declarações ao Publituris.

Mas, para José Manuel Santos, tão importante como o reconhecimento externo é o facto da candidatura do Cante Alentejano a Património Cultural Imaterial da UNESCO ter levado a “uma grande entrega dos grupos corais na defesa e valorizações desta manifestação”, ao mesmo tempo que contribuiu para que a percepção do resto do país face à região também se alterasse.

O Cante Alentejano é, segundo o responsável, o “elemento identitário mais reconhecido da cultura do Alentejo” e o “grande embaixador” da região, motivo pelo qual o Turismo do Alentejo e Ribatejo tem vindo a divulgá-lo, passando ainda a usar esta manifestação na promoção da região. “O Cante Alentejano está frequentemente presente nas nossas iniciativas de divulgação e promoção do território, é um dos nossos cartões de visita”, defende o responsável, explicando que foi também, por isso, que a ERT decidiu associar-se aos vários municípios alentejanos nas comemorações do 10.º aniversário do reconhecimento do Cante Alentejano pela UNESCO, criando uma “agenda que tornasse as diferentes comemorações avulsas mais visíveis”.

No âmbito destas comemorações, que decorreram até ao início de dezembro, houve vários “espetáculos comemorativos” promovidos por diversos municípios alentejanos, alguns dos quais contaram até com a participação de músicos convidados que se juntaram aos grupos de Cante Alentejano de todo o Alentejo, num calendário de eventos que teve como ponto alto uma “missa cantada com os cânticos tradicionais associados às manifestações religiosas”, na Sé de Beja.

Manifestação única que ajuda o turismo

O facto do Cante Alentejano se ter tornado numa manifestação mais reconhecida com a elevação a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO também tem vantagens para o turismo, uma vez que, como explica José Manuel Santos, o Cante Alentejano é “a expressão de uma comunidade, que lhe confere identidade, e enquanto for uma manifestação viva, na qual os alentejanos se reveem e a praticam, é um elemento que confere autenticidade ao território, tornando-o distinto”. “Este é o contributo que o Cante aporta ao turismo”, acrescenta, indicando que a ERT tem conhecimento de que, cada vez mais, há pessoas que visitam o Alentejo e que perguntam “onde e como se pode ouvir cante”, ainda isso não signifique que o Cante Alentejano seja o principal motivo de visita à região.

Por outro lado, o Turismo do Alentejo e Ribatejo sabe que o Cante Alentejano tem vindo a integrar “alguns programas de visita”, uma vez que que “há operadores que promovem programas em que um dos dias é dedicado a conhecer o cante com uma visita ao Museu do Cante Alentejano, e posteriormente a participação num ensaio de um grupo coral (onde o visitante tem a possibilidade de conviver com o grupo)”, assim como unidades hoteleiras que “frequentemente solicitam a participação dos grupos corais nos seus eventos”. “Os turistas, num mundo cada vez mais globalizado e igual, procuram encontrar nos destinos que visitam aquilo que os individualiza e distingue, e as experiências com singularidades culturais são um dos atrativos, o cante enquanto Património Cultural Imaterial reconhecido pela UNESCO torna-se um importante ativo para a afirmação de um destino singular”, acredita o responsável.

Por isso, José Manuel Santos revela que o Turismo do Alentejo e Ribatejo está, atualmente, a “trabalhar para a criação de uma rota turística do cante”, que permita dar a conhecer o cante aos visitantes do Alentejo e na qual os grupos corais vão ser “os anfitriões que darão a conhecer o cante aos turistas”.

UNESCO ditou maior reconhecimento

Mas a elevação como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO está ainda a levar a alterações mais profundas e a ditar o “rejuvenescimento” do próprio Cante Alentejano, com José Manuel Santos a considerar que esse reconhecimento “não é alheio” a esta “fase importante de transformação” que este estilo musical está a viver.
“O rejuvenescimento do Cante, com o aparecimento de mais jovens a cantar frequentemente em grupos mais pequenos, tem permitido a sua semiprofissionalização. Também o interesse que alguns artistas de outras áreas têm demonstrado, criando projetos onde integram momentos de Cante, e por vezes a participação dos grupos
corais nos seus espetáculos, tem contribuído para uma maior notoriedade” desta manifestação, defende o presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo, considerando que, “o Cante, hoje, é mais apreciado do que antes da inscrição, e sobretudo é mais
conhecido fora do Alentejo”.

E, visto que o Cante Alentejo é um embaixador do Alentejo, José Manuel Santos considera que “quanto mais notoriedade ele tiver, melhor é para o destino turístico”.

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Hotelaria

Vila Galé apura receitas de 290M€ em 2024

No ano passado, o grupo registou receitas de 172 milhões de euros na sua atividade hoteleira em Portugal, ao qual se somaram 6,6 milhões de euros de receitas provenientes do hotel que detém em Espanha. Acrescem 682 milhões de reais (cerca de 110 milhões de euros) em receitas geradas pelos hotéis do grupo no Brasil. Apesar de as contas gerais só ficarem fechadas entre março e abril, o grupo antevê um lucro entre os 105 e os 106 milhões de euros.

Carla Nunes

O grupo Vila Galé apurou cerca de 290 milhões de euros em receitas no passado ano de 2024, nas operações que detém em Portugal, Brasil e Espanha. O valor foi apontado pelo grupo esta terça-feira, 28 de janeiro, em conferência de imprensa.

Em Portugal, a atividade hoteleira do Vila Galé trouxe 172 milhões de euros em receita no ano passado, um aumento de 9% face às receitas de 2023. A taxa de ocupação média situou-se nos 55%, uma subida de 4% em relação a 2023, com o preço médio a rondar os 125 euros (mais 8% face ao ano anterior).

Ainda em território luso, o número de hóspedes verificou um aumento de 5%, comparado com 2023. Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do grupo Vila Galé, explicou este crescimento, superior ao da taxa de ocupação, com a natureza das estadias em determinadas regiões do país.

“Crescemos mais em hóspedes do que em quartos ocupados porque os hotéis que temos vindo a desenvolver no interior do país têm uma característica, que é terem estadias relativamente mais curtas do que os hotéis em destinos como o Algarve ou a Madeira. Portanto, precisam de mais clientes para produzirem mais quartos ocupados”, justificou.

Em Espanha, onde o grupo conta com uma unidade hoteleira desde o ano passado, o Vila Galé Isla Canela, as receitas situaram-se nos 6,6 milhões de euros.

Já no Brasil, 2024 trouxe receitas de 682 milhões de reais para o grupo (cerca de 110 milhões de euros), um aumento de 6% em relação a 2023.

Com a taxa de ocupação a manter-se “em linha com 2023” (cerca de 53%), o preço médio dos hotéis Vila Galé no Brasil cresceu 7%. De acordo com Gonçalo Rebelo de Almeida, os produtos de resort que o grupo detém no país registam um preço médio na ordem dos 1.100 reais, enquanto os hotéis de cidade têm um preço médio entre os 400 e os 450 reais.

Sobre o Vila Galé Cayo Paredón, em Cuba, que cumpriu um ano de atividade, Gonçalo Rebelo de Almeida referiu que os resultados “não são fabulosos, mas também não são maus, funcionou”. O grupo prevê continuar a operação no país, tendo ainda “em cima da mesa” a presença em Havana ou Varadero.

Mercados
Quanto aos principais mercados emissores do grupo, Gonçalo Rebelo de Almeida afirmou que “o mercado português continua a crescer”, constituindo-se como o principal mercado do Vila Galé. Este mercado cresceu 6% em 2024 face a 2023, representando 40 a 45% da ocupação do grupo em Portugal. Segue-se o mercado do Reino Unido, com uma fatia de 14 a 16% de ocupação nos hotéis do grupo em Portugal, com um crescimento de 1,3% face ao ano passado.

Contudo, a “diferença relevante” e a “grande novidade” dizem respeito ao mercado dos Estados Unidos da América (EUA), que cresceu cerca de 30% nos hotéis do Vila Galé em Portugal em relação a 2023, a par do Canadá, que cresceu 25%. Também o mercado alemão verificou crescimentos face ao ano passado, na ordem dos 23%.

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Para Gonçalo Rebelo de Almeida, o mercado norte-americano apresenta a “vantagem” de “proporcionar estadias mais longas”, além da “apetência para descobrir outras regiões e não se focar apenas nos grandes centros” – apresentando como exemplo o interesse deste mercado por destinos como o Alentejo, Douro e Algarve. O desenvolvimento do enoturismo junto destes turistas é outro dos pontos destacados a desenvolver.

“Se recuarmos cinco a seis anos, o mercado norte-americano não aparecia no top 10 e hoje vai começar a disputar a terceira, quarta e quinta posição do ponto de vista do ranking dos mercados emissores. Tem sido um mercado que pela permanência que tem em Portugal tem tido algum interesse, porque não só fica mais noites, como alarga a sua presença a todo o território. Há aqui um efeito positivo de notoriedade do destino, de valorização da cultura, do património, da gastronomia, das paisagens naturais, da simpatia das pessoas. É um mercado também com alguma apetência para o desenvolvimento do enoturismo”, explica.

Do lado oposto, os mercados emissores que registaram quedas no grupo foram o espanhol (menos 5% face ao ano passado) e o francês (menos 10% em relação a 2023).

Perspectivas para 2025
Quanto a este ano, e com base nas reservas em carteira, bem como no movimento de reservas que está a decorrer, Gonçalo Rebelo de Almeida assegura que estas estão a “apontar para o crescimento”.

“Não estamos a apontar para um crescimento muito expressivo em 2025, mas ainda assim, os números de 2025 à data aparentam ser superiores aos de 2024 em taxas de ocupação e receitas”, afirmou o administrador do grupo Vila Galé.

Não são esperadas “grandes mudanças do ponto de vista dos mercados emissores”, notando-se “um bom ritmo do mercado norte-americano e dos tradicionais mercados europeus”.

Para este ano, o grupo hoteleiro antecipa a abertura de quatro hotéis, dois em Portugal e outros dois no Brasil.

Em Portugal, destaque para as Casas de Elvas, cuja data de inauguração está marcada para 22 de fevereiro. Com 44 quartos, a unidade de quatro estrelas representa um investimento de seis milhões de euros. Já a norte, a abertura do hotel Vila Galé no Paço do Curutêlo, em Ponte de Lima, é apontada para 1 de abril deste ano. O quatro estrelas de 69 quartos abrirá portas após um investimento de cerca de 20 milhões de euros.

No Brasil, e também para 2025, o grupo prepara a abertura de um hotel de cinco estrelas em Ouro Preto a 12 de abril. Com 312 quartos, a futura unidade hoteleira surge de um investimento de 120 milhões de euros. Em novembro, é antecipada a abertura do Vila Galé Collection Amazónia – Belém, um cinco estrelas com 227 apartamentos. O projeto resulta de um investimento de 180 milhões de euros, de acordo com os dados indicados pelo grupo para a edição de janeiro da Publituris Hotelaria.

Recorde-se que o grupo Vila Galé tem ainda em carteira hotéis no Paço Real de Caxias, em Oeiras; em Penacova e em Miranda do Douro. Acresce a abertura do Vila Galé Collection Tejo na Golegã, na Quinta da Cardiga.

No Brasil, o grupo tem em vista a abertura do Vila Galé Coruripe Alagoas (onde estará também incluído um hotel NEP Kids, para crianças); o Vila Galé Collection São Luís; o Vila Galé Collection Maranhão; um hotel em Mangue Seco e outro no Inhotim, em Brumadinho.

Sobre o autorCarla Nunes

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