Turismo recupera em junho, mas fica aquém do esperado para o semestre
Apesar dos números indicarem uma recuperação face a maio, quando analisado o semestre, o setor do alojamento turístico está ainda muito longe dos números de 2019.

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Apesar do mês de junho revelar uma recuperação face ao mês anterior de maio, no 1.º semestre de 2021 o setor do turismo nacional ficou aquém do esperado.
Os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que, em junho de 2021, setor do alojamento turístico registou 1,4 milhões de hóspedes e 3,4 milhões de dormidas, refletindo-se em crescimentos de 186,9% e 230,1%, respetivamente face ao mesmo mês de 2020, depois de, em maio de 2021, os dados revelarem evoluções de 674,2% e 681,2%, pela mesma ordem.
No que diz respeito aos hóspedes, os residentes nacionais continuam a ser em maior número, ditando os números do INE que, em junho de 2021, 918 mil para nacionais e 449 mil para estrangeiros, correspondendo a uma subida de pouco mais de 30% e 60%, respetivamente, face ao anterior mês de maio.
Já quanto às dormidas, o mês de junho dita que das 3,4 milhões, quase dois milhões foram realizadas por residentes nacionais, enquanto as restantes 1,4 milhões foram efetuadas por estrangeiros, denotando-se, também, aqui uma clara evolução face ao mês de maio do mesmo ano.
Por fim, a análise mensal demonstra, igualmente, que houve um aumento na estada média, com um incremento de 2,08 para 2,49 noites de maio para junho de 2021, embora aqui se verifique que a permanência dos residentes estrangeiros (3,13 noites) seja superior à dos nacionais (2,18 noites).
Face ao mês de junho de 2019, contudo, os hóspedes registaram um decréscimo de 50,1% e as dormidas diminuíram 52,6%, observando-se decréscimos de 7,6% nas dormidas de residentes e de 72% nas dormidas de não residentes.
Se a comparação mensal dita números positivos de maio para junho, quando comparado o primeiro semestre de 2021 com os mesmos seis meses de 2020, os dados do INE revelam um decréscimo na atividade turística.
No primeiro semestre do ano, verificou-se uma diminuição tanto nos hóspedes como nas dormidas. Se os dados do INE demonstram uma descida de 4,3 milhões para 3,6 milhões nos hóspedes, nas dormidas, as quebras foram de 10,4 milhões para 8,2 milhões, quando comparado os primeiros semestres de 2020 e 2021, “resultante de variações positivas 23,7% nos residentes, mas negativas em 50,8% nos não residentes”, refere o INE.
O INE refere, de resto de estas variações serem “influenciadas pelo facto de nos dois primeiros meses de 2020 não se ter ainda feito sentir o impacto da pandemia”.
Mas se no número de hóspedes, os residentes nacionais até registaram um aumento (2,6 milhões em 2021 contra 2,3 milhões em 2020), foi nos residentes estrangeiros que se denotou a maior quebra, passando de pouco mais dois milhões de hóspedes (no 1.º semestre de 2020) para 966 mil nos primeiros seis meses de 2021.
Esta realidade refletiu-se, naturalmente, nas dormidas, com os números da INE a mostrarem uma evolução nas dormidas nacionais ao passar de 4,1 milhões para 5,1 milhões, mas uma forte quebra nas dormidas estrangeiras com uma diminuição de 6,3 milhões para 3,1 milhões, respetivamente.
Comparando com o mesmo semestre de 2019, as dormidas registaram uma diminuição de 73,4% (-42,3% nos residentes e -85,9% nos não residentes).
No que diz respeito às dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico por região, o Algarve concentrou 34,1% das dormidas em junho (quase 1,2 milhões), seguindo-se a AM Lisboa (16,8%, correspondendo a 571 mil), o Norte (15,8% = 536 mil) e o Centro (12,6% = 427 mil).
No primeiro semestre do ano, destaque para os crescimentos no número de dormidas nos Açores (+28,2%) e no Alentejo (+15,4%), enquanto as restantes regiões apresentaram diminuições.
Se conjunto dos primeiros seis meses do ano, em termos de dormidas de residentes, registaram-se aumentos em todas as regiões, com realce para as evoluções na Madeira (+99,8%), Açores (+66,3%) e Algarve (+52,6%, já quanto às dormidas de não residentes o cenário foi bem diferente. Segundo os dados do INE referente aos primeiros seis meses de 2021, todas as regiões apresentaram decréscimos face a 2020, com a menor redução a registar-se no Alentejo (-15,9%), enquanto as restantes regiões apresentaram diminuições superiores a 30%.
Em termos de municípios, Lisboa foi o que mais dormidas registou no primeiro semestre, com os dados do INE a indicarem 946,8 mil dormidas (11,6% do total), que se traduziram numa diminuição de 57,5% face a 2020. Neste período, as dormidas de residentes recuaram 12,1% e as de não residentes (peso de 56,8%) diminuíram 69,5%. Comparando com o mesmo período de 2019, as dormidas em Lisboa registaram uma diminuição de 85,6% (-61,9% nos residentes e -90,3% nos não residentes).
Mais a Sul, as dormidas no município de Albufeira (8,2% do total) diminuíram 22,1% entre janeiro e junho (+56,1% nos residentes e -49,0% nos não residentes), enquanto no Funchal (6% do total), 3.º lugar no ranking, as dormidas diminuíram 50,8% no conjunto dos primeiros seis meses do ano (+78,5% nos residentes e -65,1% nos não residentes).
No que diz respeito aos proveitos, o INE demonstra que, em junho, os estabelecimentos de alojamento turístico atingiram 212,7 milhões de euros no total e 158,2 milhões de euros relativamente a aposento. Comparando com junho de 2019, os proveitos totais diminuíram 54,4% e os relativos a aposento decresceram 55,4%.
Já no primeiro semestre do ano, os proveitos registaram diminuições de 13,4% no total e 11,3% relativos a aposento, face ao mesmo período de 2020. Comparando com o primeiro semestre de 2019, os proveitos totais diminuíram 74,2% e os relativos a aposento recuaram 74,1%.
Já por segmento e tipologia, entre janeiro e junho de 2021, verifica-se uma diminuição nos proveitos totais, quando comparado com o mesmo período de 2020. Assim, em 2021, o INE indica proveitos totais de 463 milhões de euros contra os 535 milhões de período homólogo de 2020.
Se a evolução dos proveitos, no 1.º semestre de 2021, foi positiva nos estabelecimentos de turismo no espaço rural e de habitação (proveitos totais de 31,3 milhões de euros contra 18,7 milhões, e 24,1 milhões contra 14,7 milhões nos aposentos), na hotelaria, os proveitos totais e de aposento diminuíram 17,6% e 15,9%, respetivamente, passando de 471 milhões para 388 milhões e de 332 milhões para 280 milhões nos casos analisados.
Considerando as mesmas variáveis, os estabelecimentos de alojamento local (quotas de 9,4% e 11,2%) apresentaram evoluções de -2,8% e -1,3%, enquanto no turismo no espaço rural e de habitação (representatividade de 6,8% e 7,1%) se observaram crescimentos de 67,2% e 64,4%, indicam os dados do INE.
Finalmente, no que diz respeito ao rendimento médio por quarto disponível (RevPAR), os números mostram um valor de 31,8 euros em junho, quando, em junho de 2019, tinha sido 62,1 euros.
De resto, de acordo com os dados do INE, o RevPAR regista uma quebra quando analisados os 1.º trimestres dos últimos três anos, passando de 41,8 euros (em 2019), para 19,2 euros (2020) e, finalmente, para 16,1 euros (em 2021).
Comparando os primeiros seis meses de 2021 com 2020, a variação do RevPAR situou-se em -16%, com o indicador a registar evoluções negativas na hotelaria e no alojamento local (-17,9% e -14%, respetivamente), enquanto no turismo no espaço rural e de habitação foi possível ver uma subida de 31,5%.
Os valores de RevPAR mais elevados foram registados no Algarve (45,1 euros), Alentejo (42,2 euros), Madeira (31,5 euros) e Açores (30,9 euros).