Turismo assistiu a contração “sem precedente histórico” em 2020, diz INE
Impacto da COVID-19 e as medidas restritivas adotadas para conter a pandemia ditaram quebras de 73,7% nos turistas internacionais, 60,4% nos hóspedes e 61,1% nas dormidas.
Inês de Matos
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Em 2020, a atividade turística nacional assistiu a uma contração “sem precedente histórico” devido ao impacto da COVID-19 e às medidas restritivas que foram adotadas para conter a pandemia, o que levou a quebras de 73,7% na chegada de turistas internacionais, 60,4% nos hóspedes dos estabelecimentos de alojamento turístico e 61,1% nas dormidas, de acordo com os dados revelados esta quinta-feira, 8 de julho, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
“O turismo em Portugal foi, em 2020, fortemente afetado pela pandemia COVID-19. Por um lado, as medidas
de combate à pandemia obrigaram ao encerramento temporário de alguns estabelecimentos. Por outro, ao
longo do ano foram aplicadas diversas restrições à mobilidade com impacto na procura quer dos residentes
em Portugal, quer dos residentes nos principais mercados emissores de turistas para Portugal”, justifica o INE, no comunicado relativo às estatísticas da atividade turística do ano passado.
Os números do INE indicam que, no ano passado, o número de chegadas a Portugal de turistas não residentes chegou aos 6,5 milhões, 73,7% abaixo do valor contabilizado em 2019, quando se tinha registado um crescimento de 7,9% neste indicador.
Ao nível dos turistas não residentes, o principal mercado continuou a ser o espanhol, representando uma quota de 28,5%, ainda que, segundo os dados do INE, se tenha “registado um decréscimo de 70,5% em 2020”.
Já os alojamentos turísticos (incluindo também parques de campismo, colónias de férias e pousadas da juventude) contabilizaram 11,7 milhões de hóspedes, que proporcionaram 30,3 milhões de dormidas, o que traduz descidas de 60,4% e 61,1%, respetivamente, face a 2019, quando estes indicadores tinham assistido a crescimentos de 7,4% e 4,3%.
No que diz respeito apenas aos estabelecimentos de hotelaria, alojamento local e turismo rural, foram registados 10,4 milhões de hóspedes e 25,8 milhões de dormidas, o que indica descidas de 61,6% e 63,2%, enquanto os proveitos totais ascenderam a 1,4 mil milhões de euros, traduzindo um decréscimo de 66,3%, e os de aposento a 1,1 mil milhões de euros, caindo 66,7%.
No que diz respeito aos proveitos, o INE indica ainda que “o impacto da pandemia também se fez notar no indicador proveito médio por dormida, que em 2020 diminuiu 9,4% e atingiu 41,7 euros (46,0 euros em 2019; +3,2% face a 2018)”, com os maiores decréscimos a encontrarem-se nos meses de maio e abril.
“Os maiores decréscimos no proveito médio por dormida verificaram-se nos meses de maio (-31,5%) e abril (-28,8%), que foram também os que registaram maiores diminuições no número de dormidas (-96,0% e -97,8%, respetivamente), enquanto os meses de janeiro e fevereiro, quando ainda não se sentia o impacto da pandemia, registaram variações de -0,4% e +0,2%, pela mesma ordem”, explica o INE.
Por regiões, foi no Alentejo que se registou maior proveito médio por dormida (48,0 euros) e o maior crescimento deste indicador (+8,6%), enquanto na Área Metropolitana de Lisboa o proveito médio por dormida foi de 45,3 euros, tendo decrescido 22,1%, naquela que foi “a maior redução entre todas as regiões”, segundo o INE.
“As restantes regiões que apresentaram crescimento neste indicador foram o Centro (+3,4%) e o Algarve (+0,9%), enquanto na RA Madeira (-2,9%), no Norte (-13,2%) e na RA Açores (-14,0%) se observaram decréscimos”, acrescenta o instituto.
O INE refere ainda que a “redução do volume de negócios da atividade do turismo não decorreu apenas de um efeito quantidade”, uma vez que “também se assistiu em geral à redução de preços”, com o instituto a acrescentar que, segundo o Inquérito à Permanência de Hóspedes na Hotelaria e outros alojamentos nos estabelecimentos de alojamento turístico, “o proveito médio por dormida diminuiu 9,4% e atingiu 41,7 euros (+3,2% em 2019)”.
Já os residentes realizaram 14,4 milhões de deslocações turísticas, o que correspondeu a um decréscimo de 41,1% face a 2019, quando este indicador tinha subido 10,8%, com o INE a destacar que, no ano passado, “39,0% da população residente em Portugal efetuou pelo menos uma viagem turística”, o que representou uma diminuição de 14,1 pontos percentuais face a 2019 e correspondeu a quatro milhões de indivíduos (menos 1,4 milhões de turistas em comparação com 2019).