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Ilhéu das Rolas, São Tomé e Príncipe

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São Tomé e Príncipe. Um tesouro à espera de ser descoberto

O paraíso na terra existe e chama-se São Tomé e Príncipe, um destino que é um autêntico tesouro ainda à espera de ser descoberto e que, apesar da pandemia, o Publituris foi conhecer a convite da STP Airways.

Inês de Matos

Ilhéu das Rolas, São Tomé e Príncipe

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São Tomé e Príncipe. Um tesouro à espera de ser descoberto

O paraíso na terra existe e chama-se São Tomé e Príncipe, um destino que é um autêntico tesouro ainda à espera de ser descoberto e que, apesar da pandemia, o Publituris foi conhecer a convite da STP Airways.

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O paraíso na terra existe e chama-se São Tomé e Príncipe, um destino que é um autêntico tesouro ainda à espera de ser descoberto e que, apesar da pandemia, o Publituris foi conhecer a convite da STP Airways.

Ilhéu das Rolas, São Tomé e Príncipe

Por muitos anos que viva, não vou esquecer a sensação que senti na primeira vez que pisei a linha do equador. É um sentimento quase mágico, de omnipresença, como se conseguíssemos alcançar o mundo inteiro enquanto estamos ali, sobre a linha imaginária que divide o mundo, pé direito no hemisfério Norte e esquerdo no Sul. Damos por nós a saltar de um lado para o outro desta linha fictícia, como se o facto de a ultrapassarmos num pulo nos levasse, num ápice, de um extremo ao outro do globo.
A linha do equador atravessa 13 países no mundo e um desses países é São Tomé e Príncipe, que o Publituris visitou, entre 9 e 16 de janeiro, a convite da STP Airways, que levou um grupo de três jornalistas a conhecer um destino que “tem um enorme potencial para o turismo, mas que ainda precisa trabalhar e construir infraestruturas para se afirmar”, como nos disse, logo à chegada, João Cardoso, um empresário da construção português, que vive em São Tomé há mais de 40 anos e que tem assistido ao crescimento do turismo no país.
Em São Tomé e Príncipe, a linha do equador atravessa o Ilhéu das Rolas, uma das ilhas mais pequenas que compõem este arquipélago localizado no Golfo da Guiné, descoberto pelos portugueses no século XV e que é um país independente desde 1975. No local, existe um monumento que é composto por um marco que assinala a posição de São Tomé e Príncipe no grau 0 de latitude, num mapa de mosaicos desenhado no chão. Enquanto me entretinha a saltar a linha do equador de um lado para o outro, com uma vista deslumbrante para São Tomé, pensava que este destino é mesmo um tesouro à espera de ser descoberto, com todas as pedras e metais preciosos que esperaríamos encontrar em qualquer tesouro.
Venha com o Publituris descobrir as muitas jóias de São Tomé e Príncipe, país que conta com praias de areias douradas e águas turquesa, florestas tropicais de profundos tons esmeralda, e um povo amistoso que será, talvez, a jóia mais preciosa deste tesouro.

História e capital

Ponta Baleia, São Tomé e Príncipe

Chegámos a São Tomé, capital e maior cidade do arquipélago, na manhã de sábado, 9 de janeiro, e seguimos para o Pestana São Tomé Ocean & Spa Hotel, o único dos três hotéis do grupo Pestana no país que se encontra em funcionamento devido ao impacto da pandemia da COVID-19 e que foi o nosso ‘quartel-general’ durante a semana que passámos em São Tomé.
De imediato, resolvemos sair do hotel e partir à descoberta da cidade. São Tomé e Príncipe é um país seguro, com uma baixa taxa de criminalidade e, por isso, não sentimos qualquer receio em nos aventurarmos pelas ruas de São Tomé, desertas de turistas estrangeiros por consequência da pandemia. Começámos por percorrer a avenida marginal que liga o Pestana São Tomé ao centro da cidade e, num ápice, estávamos no antigo mercado, que apesar de fechado, continua a reunir em seu redor todo o tipo de comércio e a fazer soar os pregões das vendedoras. Foi o primeiro contacto com a comunidade local e serviu para percebermos que o povo são-tomense é gentil, curioso por contactar com os turistas e, regra geral, gosta de pousar para as fotografias. Apesar viverem de forma humilde, os são-tomenses têm sempre um sorriso na cara e mostram-se disponíveis para ajudar à mínima solicitação.
Percorremos um total de oito quilómetro neste primeiro passeio, que nos levou também a passar junto ao Palácio Presidencial e à Sé Catedral, uma pequena mas bem preservada igreja do século XV, até à Baia Ana Chaves, uma das maiores do arquipélago.
A aula de história ficaria, no entanto,  para outro dia, quando visitámos o Forte de São Sebastião, que foi construído pelos portugueses em 1575 para proteger a ilha de ataques piratas e onde se encontra instalado o Museu Nacional de São Tomé. Ali é possível conhecer melhor toda a história do arquipélago, desde os tempos da descoberta das ilhas até aos dias da independência, sem esquecer o período colonial.
Ponto de visita foi ainda o mercado Bobo Forro, o novo mercado da cidade, um local de passagem obrigatório para que os turistas conheçam in loco, e antes de chegarem à panela, muitos dos produtos locais, como a jaca, a fruta-pão, o mata-bala ou o afrodisíaco micocó, iguarias que haveríamos de provar ao longo da semana que passámos em São Tomé e Príncipe.

Roças

Falar da história de São Tomé e Príncipe é também falar das roças, as antigas explorações de café e cacau, que chegaram no século XIX, quando os portugueses levaram as plantações para o país depois da independência do Brasil. O primeiro contacto que tivemos foi com a Roça de São Nicolau, na zona central da ilha, quando participámos, com a associação Ajudar a Amparar, na distribuição dos donativos transportados pela STP Airways.
Perdida no meio da floresta, esta antiga roça é hoje habitada por uma comunidade carenciada e encontra-se desativada e profundamente degradada. A Roça de São Nicolau está, contudo, longe de ser um exemplo, já que por toda a ilha existem várias roças recuperadas e organizadas para receber turistas. É o caso da Roça Monte Café, uma bonita propriedade do século XIX, igualmente na zona central da ilha, que foi requalificada e que, em 2013, inaugurou um interessante museu que nos transporta para os tempos áureos do café na região. Hoje, esta roça é explorada por uma cooperativa e o café ali produzido é vendido em França e Itália, sob a marca gourmet ‘O Monte’. Infelizmente, a marca não tem exportação para Portugal, mas quem visitar a roça pode sempre comprá-lo na loja local.
Perto da Roça Monte Café fica a Roça da Saudade, outro exemplo de reconversão bem-sucedida. Esta roça tem a particularidade de ter sido o local onde nasceu o escritor e artista plástico Almada Negreiros, curiosidade que ajuda a atrair o turismo e que está patente na decoração do restaurante que nasceu com a recuperação da casa principal. Mas talvez o melhor exemplo seja a Roça de São João dos Angolares, no sul da ilha, onde também tivemos oportunidade de almoçar. Além de uma casa colonial bem preservada e decorada, que atravessamos para encontrar um convidativo alpendre com uma vista deslumbrante para a praia, a comida do chef João Carlos Silva é motivo mais que suficiente para justificar a visita. Este conhecido chef são-tomense, que protagonizou o programa televisivo ‘Na Roça com os Tachos’, continua tão carismático quanto no passado e mantém-se à frente da cozinha da roça, onde prepara pratos requintados com produtos são-tomenses. Quem quiser pode também dormir na Roça de São João dos Angolares e viver a experiência completa, já que é possível participar em workshops de culinária, que começam com a ida à horta para colher os produtos a usar na refeição.

Paraíso natural

A cultura, história, gastronomia e povo são, sem dúvida, das jóias mais valiosas que São Tomé e Príncipe possui. Mas este arquipélago africano foi ainda abençoado pela natureza. Por estar localizado sobre a linha do equador, São Tomé e Príncipe possui um clima quente e húmido, o que aliado ao solo vulcânico e fértil dá origem a exuberantes florestas tropicais que se estendem das praias às mais altas montanhas são-tomenses. Por toda a ilha, a paisagem exibe distintos tons de verde, como diferentes pedras preciosas de esmeralda ou jade, fruto das muitas espécies de árvores, plantas e outros tipos de vegetação que por ali predominam.
As zona central e sul de São Tomé são, por excelência, paraísos naturais, são zonas montanhosas, onde a vegetação é quase sufocante e onde não raramente se encontram cascatas deslumbrante, muitas das quais inacessíveis. Uma das que é acessível aos turistas é a cascata de São Nicolau, um bom exemplo da beleza que podemos encontrar nas paisagens são-tomenses. A uma queda de água com seguramente mais de duas dezenas de metros de altura, junta-se uma moldura verde proporcionada pela vegetação, que contrasta com o negro da rocha vulcânica que está na origem do arquipélago.
Ali perto, fica ainda o Jardim Botânico do Bom Sucesso, um espaço de 10 mil metros quadrados, localizado a 1150 metros de altitude, incluído no Parque Natural d’Ôbo, onde é possível conhecer a flora são-tomense e a partir do qual é possível realizar caminhadas até ao Pico do Cão Grande, a montanha mais característica de São Tomé e Príncipe devido à sua forma aguda, que se eleva a 663 metros acima do mar.

Praias douradas e turquesa

Mas se há cartão-postal em São Tomé e Príncipe, esse título pertence às praias, que nos arrebatam com as areias douradas e águas cristalinas e mornas, sempre acima dos 25 graus, de tons que variam entre turquesa e safira, e que são outra das valiosas jóias do arquipélago.
Ao longo da semana, descobrimos algumas das praias mais bonitas de São Tomé e Príncipe, mas foi no dia em que fomos ao Ilhéu das Rolas, que nos obrigou a uma viagem de duas horas até Ponta Baleia, no Sul, onde apanhámos o barco para o ilhéu, que percebemos a diversidade de praias deste país. A praia das Sete Ondas, ideal para a prática do surf; a praia Jalé, com bungalows mesmo em cima da água; a Praia dos Tamarindos, rodeada de árvores do fruto homónimo; ou a Praia Piscina, cujas formações rochosas formam uma piscina natural, são algumas das mais conhecidas e todas justificam um mergulho.
Mas foi no Ilhéu das Rolas que nos apaixonámos realmente pelas praias de São Tomé e Príncipe. Esta pequena ilha, que está concessionada ao Grupo Pestana, possui algumas das mais deslumbrantes praias do planeta. A Praia Bateria, por exemplo, é qualquer coisa de inenarrável de tão exuberante beleza. O contraste entre o azul-turquesa do mar, o negro da rocha vulcânica e o dourado da areia, enquadrado por um cenário verde onde se destacam os coqueiros que se amontoam até à beira da água, deixam-nos sem palavras. Como o mar estava picado, não arriscámos mergulhar, optámos por dar a volta ao ilhéu e fotografar ao longe estas praias dignas de qualquer cartão-postal, mas normalmente os turistas têm a oportunidade de passar um dia inteiro na ilha. Antes da pandemia, o Grupo Pestana disponibilizava a viagem de barco até ao ilhéu, numa opcional que incluía a visita ao marco do equador, tempo livre nas praias e regresso no final do dia. Mas, com a pandemia e com o Pestana Ilhéu das Rolas fechado para renovações, a opção foi suspensa. No nosso caso, a visita apenas aconteceu por cortesia do Grupo Pestana.
Além do ilhéu, devo mencionar ainda a Lagoa Azul, uma baía na zona norte de São Tomé, popular para a prática de mergulho e cujas águas são de um azul-turquesa tão intenso que nos custa acreditar que não há ali intervenção do Photoshop e que aquela beleza é mesmo natural.
Antes da despedida, passámos ainda pela Boca do Inferno, zona que, como o nome indica, é semelhante à Boca do Inferno portuguesa e que, reza a lenda, quem ali mergulhar só sai em Cascais. Como era a despedida, ainda pensámos comprovar o mito, mas achámos melhor não arriscar, até porque ninguém estava com pressa de regressar a casa.

Como ir e onde ficar

A STP Airways voa semanalmente entre Lisboa e São Tomé, aos sábados. Os voos têm a duração de cerca de seis horas e chegam a São Tomé ao início da manhã de sábado. Devido à pandemia, é preciso realizar um teste à COVID-19 antes da partida para São Tomé e Príncipe, assim como outro no destino, antes do regresso.
No que diz respeito ao alojamento, ficámos no Pestana São Tomé Ocean & Spa Resort, unidade de cinco estrelas na capital do país, que conta com 115 quartos, piscina exterior, restaurante e bar. Além deste, o grupo hoteleiro português dispõe também do Pestana Miramar e do Pestana Ilhéu das Rolas, ambos encerrados atualmente devido à pandemia. No entanto, o alojamento em São Tomé e Príncipe tem vindo a crescer e, hoje, já é possível ficar hospedado em muitas roças, assim como em pequenas unidades, como o Mucumbli, na zona norte da ilha, que dispõe de 10 bungalows e restaurante de inspiração italiana.
Já o programa de viagem foi definido pela Mistral Voyages, recetivo são-tomense que conta com diversas opções de programas para visitar as ilhas do arquipélago e cujo guia Hilário Graça de Sousa nos acompanhou ao longo da semana que passámos em São Tomé.
Quanto à alimentação, e apesar de estamos alojados em Pensão Completa, optámos por experimentar alguns restaurantes locais. O Papa-Figo, especializado em produtos do mar, ou o restaurante Dona Tete, em que somos servidos no quintal da casa da própria Dona Tete, prometem ser agradáveis surpresas.

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Alojamento

AL representou 40% do total de dormidas, em 2019, e hóspedes deixaram 8MM€ na economia nacional

Num relatório preliminar que antecede um estudo aprofundado sobre o Alojamento Local em Portugal, a pedido da ALEP, a realizar pela NOVA SBE, fica clara a importância para a economia nacional.

O número de dormidas em Alojamento Local (AL) representou cerca de 40% do total de dormidas em território nacional, em 2019, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do EUROSTAT combinados, e ainda superior em alguns dos destinos nacionais como Lisboa e Porto. Esta é uma das conclusões apresentadas pela NOVA SBE na apresentação de um relatório preliminar para um estudo aprofundado sobre o alojamento local em Portugal, a pedido da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), intitulado – ‘Avaliação de Impacto do Alojamento Local em Portugal’, que está a ser desenvolvido pelos professores João Bernardo Duarte, Pedro Brinca e João Pedro Ferreira da Nova SBE.

Os dados mostram ainda que os turistas alojados em AL gastaram mais de 8 mil milhões de euros, o que representa 3,8% do PIB nacional, correspondendo ainda a mais de 8,5% das exportações totais de bens e serviços.

Na apresentação deste relatório preliminar ainda foi esclarecido que as despesas dos turistas com o alojamento só correspondem, em média, a 26% do total dos seus gastos. Ou seja, “sem o Alojamento Local, há o risco de se perder o rendimento associado ao AL, mas também os restantes 74% que é despendido por estes turistas noutros produtos e serviços, nomeadamente 5,8 mil milhões de euros de gastos em restauração e bebidas, 4,2 mil milhões de euros de gastos em transportes, onde a TAP é um dos grandes beneficiários”.

A estes valores acrescem ainda as despesas em supermercados, as margens comerciais, os 500 milhões de euros gastos em operadores turísticos diversos, serviços culturais e recreação e lazer.

Na ausência de Alojamento Local e mesmo perante o crescimento de uma taxa de ocupação dos hotéis de 15% ao longo do ano, para valores nunca vistos em termos anuais, os autores do estudo referem que “mais de 23 milhões de dormidas ficariam sem ocorrer”. Em termos diretos, a perda destas dormidas significaria também perder 4,7 mil milhões de euros das despesas dos turistas, o que corresponde à destruição de 2,2% do PIB nacional.

Outra forma de perceber a atual relevância do AL em Portugal passa por estimar o número de hotéis que seria necessário construir a fim de substituir a capacidade de alojamento do AL: “seriam precisos 1.030 novos hotéis, dos quais 168 no Porto, 169 no Algarve e mais 211 hotéis na cidade de Lisboa.

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Portugal entre os 10 destinos de luxo internacionais para este verão

Portugal consolida-se como um dos 10 destinos de luxo internacionais para este verão. Quem o diz é a Condé Nast Johansens que acaba de publicar os resultados de seu sexto estudo relativo aos “Hábitos de Férias do Viajante de Luxo”.

A sondagem, realizada em janeiro de 2023 entre os 63 mil assinantes da newsletter VIP deste guia global de hotéis, revela que o Reino Unido, Espanha, Itália, Portugal, França, Grécia, Irlanda, Croácia, Estados Unidos e as Caraíbas, configuram a lista dos 10 destinos que vão receber predominantemente turistas de luxo.

Pelo menos 38% dos viajantes de luxo afirmam que pretendem gastar até oito mil euros por cada período de férias e por pessoa, o que pode totalizar 32 mil até ao final do ano, isto porque mantém-se a tendência de anos anteriores, em que cada vez mais viajantes de luxo dividem as suas férias em três ou quatro escapadas por ano. Exatamente 50% declaram que o farão.

Relativamente às datas preferenciais para gozar as férias de verão deste ano, a maioria dos inquiridos declarou que as tinha planeado para setembro, seguido de maio e junho.

O mesmo estudo indica ainda que, para este verão, existe uma preferência por destinos de campo e montanha, sendo os de praia escolhidos para estadias mais prolongadas, enquanto os destinos de cidade, ficam reservados para escapadinhas de poucos dias. Os cruzeiros também foram referidos pelos entrevistados entre as suas principais escolhas para o verão de 2023.

Prevê-se, igualmente, que haverá uma procura maior por pacotes de férias completos que incluem experiências de Spa e bem-estar, gastronomia e enologia, atividades ao ar livre e desportos de aventura.

As previsões apontam que serão os viajantes de luxo com mais de 55 anos que irão gozar férias, 61% contra 32% dos participantes do estudo com idade entre 35 e 54 anos. Quando questionados se pretendem passar as férias no próprio país ou visitar o estrangeiro, a escolha de um destino nacional ou internacional é praticamente a mesma.

Em relação à duração das viagens, 53% dos inquiridos asseguram que se vão ausentar entre sete e dez dias por viagem, de acordo com a  Condé Nast Johansens.

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Transportes

Companhias aéreas esperam transportar 4,35 mil milhões de passageiros este ano

As companhias aéreas esperam transportar este ano 4,35 mil milhões de passageiros em todo o mundo, perto do recorde de 4,54 mil milhões atingido em 2019, antes da pandemia, anunciou a principal Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA).

Reunida em assembleia geral em Istambul, na Turquia, a IATA indica que esta recuperação do tráfego aéreo, graças principalmente à reabertura da China, resultará num regresso das transportadoras aos lucros.

As transportadoras aéreas esperam chegar aos 9,8 mil milhões de dólares (9,1 mil milhões de euros) de lucro líquido este ano, o dobro do previsto inicialmente pela IATA, que também reduziu pela metade as suas estimativas de perdas para 2022, fixando-as em 3,6 mil milhões de dólares (3,3 mil milhões de euros).

O volume de negócios global das transportadoras aéreas deverá atingir os 803 mil milhões de euros, ao alcance dos 838 mil milhões em 2019, segundo a IATA, que reviu em alta as suas anteriores projeções em dezembro (779 mil milhões).

Ainda que as margens operacionais do setor continuem muito baixas este ano, em 1,2%, segundo a IATA, esses lucros – os primeiros desde o início da pandemia – marcarão uma melhoria em relação aos 42 mil milhões de dólares (39 mil milhões de euros) perdidos em 2021 e ao abismo de 2020 (137,7 mil milhões de dólares).

Contudo, a IATA alertou para o facto de nem todas as áreas geográficas voltarem este ano aos lucros.

Espera-se que as operadoras da América do Norte, Europa e Médio Oriente estejam em grande parte no verde, com 11,5, 5,1 e dois mil milhões de dólares, respetivamente.

Mas as empresas da região Ásia-Pacífico (-6,9 mil milhões de dólares), América Latina (-1,4 mil milhões) e África (-500 milhões) permanecerão deficitárias este ano, alertou a associação.

“O desempenho financeiro das companhias aéreas é melhor do que o esperado. A lucratividade mais forte é apoiada por vários desenvolvimentos positivos: a China suspendeu as restrições da covid-19 antes do esperado”, disse o diretor-geral da IATA.

Willie Walsh acrescentou que “as receitas de carga continuam mais altas do que antes da pandemia, mesmo que esse não seja o caso dos volumes” e que “os custos começam a abrandar”, exemplificando: “Os preços do combustível, ainda altos, contraíram no primeiro semestre”.

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Transportes

Grupo Ibéria inicia operação sazonal e inclui Faro e Ponta Delgada

O Grupo Iberia deu início, no último fim de semana, a operação de grande parte das suas rotas de verão, com uma oferta de 15 destinos para satisfazer a procura de férias no mercado espanhol.

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Na sexta-feira começaram os voos para Faro, operados pela Iberia Regional/Air Nostrum, que arrancam com duas frequências semanais, passando depois a cinco por semana, para chegar a agosto, a uma frequência diária.

Ainda em relação à operação sazonal, a Iberia repete, pelo segundo ano consecutivo, voos para Ponta Delgada, nos Açores, de 3 de julho a 30 de setembro, com três frequências semanais em julho e agosto e duas em setembro.

A oferta do Grupo Iberia em Portugal completa-se com voos oferecidos ao longo do ano para Lisboa (36 frequências semanais), Porto (26 frequências semanais) e Funchal (sete frequências semanais).

Para além de Ponta Delgada a Faro, em Portugal, a Iberia juntamente com a Iberia Express e a Iberia Regional/Air Nostrum oferecem, durante o verão, voos diretos para Zagreb e Split na Croácia; Olbia, Catânia e Bari na Itália; Corfu, Creta, Mykonos e Santorini na Grécia, assim como Edimburgo, Keflavic e Bergen. Além disso, a companhia aérea espanhola, pela primeira vez, voará para Tirana, na Albânia, em voos charter comercializados pela World2Meet (W2M), todas as terças-feiras, de 20 de junho a 26 de setembro.

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Turismo

Luís Araújo sai. Carlos Abade é o novo presidente do Turismo de Portugal

Carlos Abade, novo presidente do Turismo de Portugal, assume funções a 20 de junho, depois de Luís Araújo, que liderava o Instituto Público desde 2016, ter apresentado a demissão.

Victor Jorge

O setor do turismo foi surpreendido esta sexta-feira, 2 de junho, com o pedido de demissão de Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal desde fevereiro de 2016, altura em que assumiu a liderança depois de substituir João Cotrim de Figueiredo no cargo.

A demissão do cargo de presidente do Turismo de Portugal, funções que deixa de exercer no dia 19 de junho, foi pedida pelo próprio, por razões pessoais, sendo que Luís Araújo não é o único a cessar funções no instituto responsável pela promoção turística de Portugal, já que no dia 22 de maio, cessou funções o vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, Filipe Silva, por ter terminado a respetiva designação em comissão de serviços.

Luís Araújo, que liderou o Instituto Público nos últimos sete anos, diz, em comunicado, que “dirigir o Turismo de Portugal foi dirigir uma equipa de excelência, uma equipa que está de parabéns pelo trabalho que tem vindo a ser realizado e que, certamente, irá continuar a demonstrar toda a sua capacidade de trabalho e de inovação em prol deste importante sector de atividade”.

Recorde-se que o Conselho de Ministros, de 25 de maio, aprovou um decreto-lei que altera a orgânica do Instituto do Turismo de Portugal e que, segundo comunicado divulgado após esse mesmo Conselho de Ministros, visa “garantir uma organização interna mais adequada aos atuais desafios e necessidades do setor”.

Nesse mesmo dia [25 de maio], Miguel Sanz, diretor-geral do Instituto de Turismo de España (Turespaña), sucedeu a Luís Araújo à frente da presidência da European Travel Commission (ETC) lugar que ocupou nos últimos três anos.

No dia 20 de junho, inicia funções um novo Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, I.P., assumindo Carlos Abade a presidência, integrando Lídia Monteiro, até agora diretora Coordenadora da Direção de Apoio à Venda do instituto, e Catarina Paiva, atualmente diretora do ISEG Executive Education, esse mesmo novo Conselho Diretivo, como vogais.

Teresa Monteiro mantém-se como vice-presidente do Turismo de Portugal, indicando o Ministério da Economia, em comunicado, que os novos elementos serão “nomeados em substituição, até conclusão dos procedimentos concursais para o preenchimento dos respetivos cargos, que serão abertos e anunciados a breve trecho”.

O novo presidente do Turismo de Portugal é licenciado em Direito, pela Universidade Internacional de Lisboa, e possui um Executive Master in Finance and Control pela Católica Lisbon School of Business & Economics.

Com mais de 25 anos de experiência profissional no turismo, tem exercido desde 2016 as funções de Vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, I.P., assumindo as competências relacionadas com a orientação e gestão do instituto nas áreas de apoio às empresas e ao investimento e na área financeira. Tem exercido, também, as funções de Vogal não executivo do Conselho de Administração da ENATUR – Empresa Nacional de Turismo, S.A., Vogal não executivo do Conselho de Administração da Turismo Fundos, SGOIC, S.A., Presidente do Conselho Geral do Fundo de Apoio ao Turismo e ao Cinema, Presidente do Conselho Geral do Fundo Revive Natureza e Vice-Presidente do Conselho Geral do FIEAE – Fundo Imobiliário Especial de Apoio às Empresas.

Lídia Monteiro é, desde 2014, diretora Coordenadora da Direção e Apoio à Venda do Turismo de Portugal com a responsabilidade pela promoção nacional e internacional do país enquanto destino turístico e pelo apoio à internacionalização das empresas turísticas nacionais. Tem a seu cargo os departamentos de Comunicação e Marketing Digital e de Marketing Territorial e Negócios e as Equipas de M&I e de Operações Turísticas.

É licenciada pela UTAD e com formação executiva em gestão e marketing pelo ESADE em Barcelona e em marketing digital pela Universidade Católica de Lisboa. Profissional de comunicação e marketing com uma vasta experiência de mais de 25 anos, tem integrado diversas comissões interministeriais e órgãos diretivos. Tem sido responsável pelas campanhas mais premiadas de promoção turística do país. Foi eleita Personalidade de Marketing do Ano em 2018 e Marketeer do Ano em 2022, pela Meios & Publicidade.

Por fim, Catarina Paiva é licenciada em Comunicação pela Universidade Católica Portuguesa, Pós-Graduada em Marketing pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa e em Recursos Humanos pelo ISEG. Diplomada em várias Escolas de Negócio (Business Schools) em áreas de Gestão, Liderança e Gestão de Equipas e Negociação, tendo recebido formação em várias instituições nacionais e internacionais de referência, nomeadamente na Kellogg School of Management, em Chicago e no IE Business School, em Madrid.

Atualmente, é diretora de Formação no ISEG Executive Education, fazendo também parte da Direção Executiva, órgão que assegura a gestão corrente da instituição. Tem mais de 20 anos de experiência na área de desenvolvimento de Pessoas e Gestão de Formação de Executivos.

No comunicado emitido pelo Ministério da Economia pode ler-se que “estas nomeações refletem, por um lado, o reconhecimento do mérito de quadros do Turismo de Portugal, com provas dadas nos planos nacional e internacional e com um profundo conhecimento do setor, pela atribuição de novas e mais elevadas responsabilidades e, por outro, a integração de novas valências” O comunicado refere ainda que, “entende-se que se irá imprimir um novo impulso assente na continuidade, ao nível das políticas, da estratégia e da missão e valores do Turismo de Portugal”.

O ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, “reconhece o trabalho desempenhado por Luís Araújo, e pelo respetivo vogal, Filipe Silva, os quais contribuíram para a afirmação de um setor muito relevante para a economia nacional, o turismo, cujo trabalho e resultados podem servir de exemplo e inspiração a outros setores da economia”.

Já Nuno Fazenda, secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços (SETCS), saúda e louva o contributo e legado deixado por Luís Araújo e pela equipa que liderou, para um setor forte, que cresce em valor e em qualidade“.

O atual SETCS, que tomou posse no final de 2022, salienta ainda que o “reconhecimento internacional do destino Portugal e o seu crescimento muito se devem ao trabalho e competência do Turismo de Portugal” e, “mantendo o mesmo espírito e visão” diz “estar certo de que este novo Conselho Diretivo, altamente qualificado e com uma nova energia, saberá estar à altura dos desafios que se colocam ao setor”.

António Costa e Silva e Nuno Fazenda exprimem, ainda “igual agradecimento público e reconhecimento ao vogal cessante [Filipe Silva], pela forma dedicada, leal, empenhada e com sentido de serviço público com que desempenhou as suas funções, a que acrescem as suas qualidades humanas, pessoais e relacionais”.

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Victor Jorge

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Transportes

ARAC vai estudar implementação de hubs de carregamento elétrico e espera incentivos para o rent-a-car

A Associação Nacional dos Locadores de Veículos – ARAC esteve esta quinta-feira, 1 de junho, reunida em Assembleia Geral Ordinária, durante a qual aprovou os objetivos para 2023.

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A Associação Nacional dos Locadores de Veículos – ARAC esteve esta quinta-feira, 1 de junho, reunida em Assembleia Geral Ordinária, durante a qual aprovou os objetivos para 2023, com destaque para a vontade da associação estudar a implementação de hubs de carregamento elétrico para o rent-a-car, em relação aos quais, diz a associação, “são esperados incentivos”, assim como para a aquisição destes veículos.

Num comunicado enviado à imprensa, a ARAC, que está a comemorar 48 anos de existência, diz que este tema está já a ser tratado “através do Fundo Ambiental e do Turismo de Portugal”, uma vez que se prevê que, em 2023, surjam “novos modelos elétricos que anunciam níveis de autonomia superiores”.

“Considerando que alguns Estados, como é o caso de Portugal têm apostado na concessão de incentivos públicos à compra de veículos elétricos, este ano deverá ficar marcado por um acréscimo deste tipo de veículos no universo dos automóveis em circulação”, acrescenta a ARAC.

A ARAC mostra-se também disponível para estudar a “viabilidade de implementação/construção” de hubs de carregamento para veículos elétricos para as empresas associadas da ARAC, num trabalho cujas condições vão ser ainda estudadas e determinadas.

“Devido às alterações climáticas provocadas pelo crescente aumento das emissões de CO2, o mundo acordou para a necessidade de reduzir drasticamente a poluição provocada pelas emissões de CO2. Perante tal cenário torna-se importante na atividade de rent-a-car, a construção de Hub’s de carregamento para as viaturas afetas a esta atividade, sobretudo junto dos terminais de transporte (aeroportos e
terminais de caminhos de ferro)”, explica a ARAC.

A ARAC espera poder contar com a colaboração de parceiros, nomeadamente das Câmaras Municipais, fornecedores de energia e empresas de higienização de veículos e quer ter uma “participação ativa”  na “criação e divulgação de novos apoios financeiros à manutenção e ao investimento na atividade representada pela ARAC, tendo por objetivo a ajudar a recuperação das empresas duramente atingidas pela pandemia e introduzir melhorias na capacidade competitiva e produtiva das empresas”.

Em 2023, a ARAC conta também lançar novos serviços de apoio aos associados e membros aliados e proceder ao “desenvolvimento de uma aplicação para gestão de sócios e veículos com vista a garantir a indispensável informação estatística sobre os sectores representados” pela associação.

Nos planos da associação para 2023 está também a realização de “Conferências e Seminários Técnicos e iniciativas afins alargando o leque temático a áreas conexas com a atividade de aluguer de automóveis sem condutor, tais como o Turismo, o
Comércio, Fiscalidade Automóvel, Legislação Laboral e Direitos do Consumidor”, além de pretender promover o “desenvolvimento das Secções da Associação, de modo a tornarem-se um forte motor das decisões setoriais”.

Este ano, a ARAC conta também manter a aposta na formação e, à semelhança do que já aconteceu em 2022, tem prevista a “realização de mais cursos profissionais especialmente dirigidos aos colaboradores das empresas associadas da ARAC, promovendo o emprego e valorizando as carreiras profissionais, com atenção às
especificidades do setor”.

“As ações de Formação Profissional supra referidas serão realizadas em colaboração com o Turismo de Portugal com recurso às Escolas de Formação Turística”, acrescenta a associação.

A associação pede ainda que, este ano, sejam corrigidas as “distorções existentes no rent-a-car face aos restantes países da União Europeia” e que seja revisto o atual quadro legal para o rent-a-cargo, sem esquecer também a revisão do D.L. 181/2012, de 6 de agosto, pelo D.L. 47/2018, de 20 de junho, que regulamenta as atividades de rent-a-car e sharing, de modo a acomodar a celebração de contratos de rent-a-car em formato digital.

A ARAC diz ainda que vai acompanhar, “com especial atenção, o projeto de código de conduta da União Europeia para a atividade de rent-a-car que pretende reunir
um conjunto de princípios aplicáveis às empresas do setor” e conta implementar ainda um canal de comunicação electrónico entre o SCoT e a base de dados
de veículos afetos ao aluguer da ARAC, através de um protocolo com a ANSR.

“Os desafios que atravessamos transcendem os limites da individualidade
das empresas. Desafios que, se os quisermos transpor, é preciso pensar de
modo mais abrangente, traçar novos caminhos, ir além das fronteiras já
dominadas”, refere ainda a ARAC, na informação divulgada.

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“Portugal poderá funcionar como ligação importante não só para os portugueses, mas também para outros mercados europeus”

De visita a Portugal, Tasneem Motara, Membro do Conselho Executivo para o Desenvolvimento Económico de Gauteng (África do Sul) e responsável pelo setor do turismo, admitiu querer que o número de portugueses a visitar o país regresse ao período pré-pandémico. Para tal, a oferta de experiências várias é um dos pontos que destaca, embora reconheça que uma ligação direta feita pela TAP seria uma mais-valia.

Victor Jorge

Em 2019, foram 30.000 os portugueses que viajaram até à África do Sul, números que desceu nos anos da pandemia, registando-se já uma recuperação. A razão que leva os portugueses a viajar até à África do Sul são as pessoas. Contudo, Tasneem Motara reconhece que o país tem muito mais para oferecer, reconhecendo, contudo, que uma ligação aérea – com a TAP – acrescentaria mais turistas portugueses a visitar a África do Sul e sul-africanos a visitarem Portugal.

O interesse e importância da África do Sul é, de resto, confirmada pelo facto das comemorações Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas serem iniciadas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, entre 4 e 8 de junho, para depois “viajarem” até Peso da Régua.

Como se comportou o turismo na África do Sul em 2022?
O ano de 2022 foi marcado pela recuperação. A COVID-19, naturalmente, tive um impacto forte no turismo do país, já que antes da pandemia tínhamos cerca de 10 milhões de visitantes, número que baixou para 5,7 milhões durante a pandemia. Atualmente, penso que conseguimos estabilizar o número acima dos seis milhões, mas a nossa intenção e objetivo é chegar, rápida e novamente, aos 10 milhões de turistas.

E o que irão fazer para atingir, novamente, esses 10 milhões?
Duas coisas. Primeiro, estamos com as baterias apontadas à organização de grandes eventos e mostrar a capacidade da África do Sul para a organização e realização dos mesmos. Por isso, a aposta está, claramente, virada para o MICE. Estamos, também, a olhar para os grandes eventos desportivos e estamos a trabalhar em duas iniciativas que, tendo sucesso, conseguiremos dar a volta nos próximos dois anos.

Nestes últimos tempos temo-nos dedicado a organizar eventos internacionais mais pequenos, de forma a ressuscitar a indústria, mas iremos apostar forte e agressivamente no MICE.

Quando diz eventos internacionais, são eventos globais ou africanos?
Globais, essa é a estratégia âncora. Para tal, apostamos num marketing agressivo e mostrar a nossa oferta local disponível.

Não nos podemos, contudo, esquecer que, tal como a maioria das economias, também a África do Sul foi impactada pela pandemia e, por isso, a capacidade dos consumidores gastarem foi restringida. Daí estarmos a promover a oferta local junto dos sul-africanos e dizer que, se não tiverem possibilidade de viajar no próximo ano ou dois, existe uma economia local para explorar e enriquecer.

O mercado português faz parte de um crescente centro de turismo europeu que impulsionou o crescimento de mais de 16% nas chegadas à África do Sul até o final de 2022

À (re)descoberta de um país
Em Portugal, durante a pandemia, muitos portugueses (re)descobriram o seu país. Isso também aconteceu na África do Sul?
Sim, o que a COVID fez foi dar uma maior perceção às pessoas do que o país, efetivamente, oferece, as possibilidades que têm em interagir com pessoas, natureza e experiências. E como diz, foi possível verificar que muitos descobriram ou redescobriram o seu próprio país.

Isto também ajudou, em muito, as Pequenas e Médias Empresas (PME) e a economia local. Fez com que as pessoas procurassem novas experiências e, fundamentalmente, experiências com sentido. É uma tendência, mas é uma boa tendência.

E essa procura é só nacional ou também continental?
Na verdade, a grande maioria dos 10 milhões de visitantes que tínhamos eram continentais. Conseguimos atrair muitos turistas durante o nosso verão que coincide com o inverno na Europa.

Os nossos principais mercados continuam a ser África, Europa, Américas, Australásia e Médio Oriente. Especificamente para os mercados europeus, registamos um aumento de mais de 16% no final de 2022, com destaque para o Reino Unido, Alemanha, França, Bélgica, entre outros.

É por isso que estamos em Portugal para, em primeiro lugar, registar a importância deste mercado e, em segundo lugar, incentivar os portugueses a visitar mais o nosso país e região, aumentar a estadia e, enquanto desfrutam da nossa hospitalidade, explorar as muitas oportunidades de investimento e de negócios, tornando a visita numa experiência “bleisure”.

É através das viagens de negócio que pretendem impulsionar o turismo na África do Sul?
Sim, mas não só. Notamos, de facto, que as pessoas nos visitam por motivos de negócio. Por isso, convidamos as pessoas a ficar mais um ou dois dias para conhecer as experiências sul-africanas.

O que registamos, também, é que as pessoas regressam e regressam com as famílias, já que a experiência foi agradável.

Também notamos que, com a pandemia, os investidores estão a olhar para novos mercados para fazer negócio, já que a pandemia forçou muita gente a reorientar os seus próprios negócios.

Sei que os portugueses adoram comida, apreciam vinhos. Por isso, oferecer uma boa experiência gastronómica é vital. Ligar essa experiência gastronómica à natureza, a cenários que só na África do Sul é possível ter, é importante

Criar, portanto, novas oportunidades?
Claro. E sendo a África do Sul um país em desenvolvimento, um dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – existem sempre novas oportunidades. Estamos sempre à procura de novas soluções para diversas crises e desafios. Temos uma grande população jovem e desempregada. Temos grandes oportunidades em diversas áreas como a agro-indústria, energia e, claro, turismo.

Por isso, dizemos, venham descobrir novas oportunidades de negócio e, depois, regressem e tragam as vossas famílias para viver experiências memoráveis e autênticas, interagir com os locais, com a natureza, com a cultura.

Mas durante a pandemia, quais foram os mercados com melhor performance?
Diria que continua a ser o africano, seguido do asiático e do europeu. Países como Portugal, Grécia, Bélgica e Itália possuem uma forte comunidade de expatriados. Lá está, é mais uma oportunidade a explorar.

O mercado português faz parte de um crescente centro de turismo europeu que impulsionou o crescimento de mais de 16% nas chegadas à África do Sul até o final de 2022. Gauteng tem uma forte comunidade portuguesa, facilitando o segmento de viagens para amigos e familiares. Este também é um incentivo para aqueles que desejam estabelecer os seus negócios e investimentos na África do Sul.

Nos últimos cinco anos, vimos um aumento nas viagens outbound da África do Sul para Portugal e destinos adjacentes, especificamente para turismo musical e atividades de intercâmbio cultural. Os nossos artistas de renome mundial estão constantemente nestes mercados, partilhando um pouco do excecionalismo sul-africano e do lifestyle de Gauteng.

Queremos fortalecer esses laços e garantir que milhões de grupos da geração Z e famílias possam visitar a África do Sul e Gauteng regularmente e interagir com o local original dessas ofertas musicais e culturais globais.

Os portugueses “africanos”
A África do Sul também beneficia do facto de existirem muitos portugueses em Angola e Moçambique. Qual a importância dessas comunidades para o turismo na África do Sul?
A África do Sul como líder de um grande bloco regional acredita no crescimento e desenvolvimento das economias regionais como forma de fortalecer a recuperação e integração económica continental.

Essas comunidades e países têm sido fundamentais no apoio e na luta contra o Apartheid e o domínio colonial. Lutámos lado a lado para conquistar a nossa independência e agora estamos juntos novamente na luta económica.

O turismo é aproximar pessoas e culturas. É sobre experiências partilhadas, momentos memoráveis e ligações e estes atributos têm sido uma constante nas nossas relações com as comunidades e povos de Moçambique e Angola.

Estas são as pessoas e os mercados que sustentam as nossas ofertas de compras, sempre presentes nos nossos eventos desportivos e musicais ao mesmo tempo que são um esteio para quem visita amigos e familiares.

Os dados mais recentes apontam para a existência de 150.000 portugueses a viver na África do Sul e na região da África Austral, de facto, existe uma das maiores comunidades de portugueses. Por isso, olhamos para estes dados com muita atenção, já que poderá representar um forte aliado na nossa estratégia.

Temos oferecido incentivos a outras companhias aéreas que também podemos apresentar à TAP. Mas o negócio terá de fazer sentido para ambos os lados

Mas a vossa intenção é levar os portugueses que moram nesses países à África do Sul ou os portugueses que moram em Portugal?
Ambos. Estamos a estudar o que, de facto, podemos oferecer, especialmente, à companhia aérea nacional, TAP. Temos reuniões marcadas que são sessões de follow-up e ver o que faz sentido para o negócio da TAP. Temos oferecido incentivos a outras companhias aéreas que também podemos apresentar à TAP. Mas o negócio terá de fazer sentido para ambos os lados. O que dizemos é, venham, testem a força da rota e do destino, analisem o comportamento da operação durante um ou dois anos com um voo direto. Portugal poderá funcionar como uma ligação importante não só para os portugueses, mas também para outros mercados europeus.

Mas a intenção é só levar portugueses a visitar a África do Sul ou também sul-africanos a visitar Portugal?
Claro que ambos. Portugal está a registar uma forte recuperação do turismo. Atualmente, e não está na época alta, Portugal está em alta. Por isso, nem quero imaginar na época alta. Mas na época baixa, a África do Sul é um destino com uma oferta muito vasta e rica a ser considerada pelos portugueses.

Se tivesse de apontar três fatores fundamentais para atrair turistas portugueses à África do Sul, quais seriam?
A África do Sul é um destino com uma boa relação custo-benefício que oferece diversos produtos e experiências de lazer e turismo de negócios à medida para diversos segmentos de mercado. Os turistas de hoje já não procuram o turismo tradicional. Já não procuram somente animais, montanhas, praia ou paisagens. Procuram momentos autênticos e memoráveis, procuram viagens com significado e propósito, esperam transformar a sua perspectiva por meio de experiências que mudam a vida.

Além disso, conectar e reconectar culturas e celebrar o triunfo da raça humana sobre adversidades e pandemias é o que todos nós precisamos fazer e a África do Sul está preparada para receber e oferecer esta jornada imersiva.

Denotam, portanto, novas tendências em quem vos visita?
Sim, claramente. Existe um muito maior interesse pela natureza, por experiências mais autênticas. Uma ligação maior com as comunidades locais que enrique quem nos visita.

Visitar somente as grandes cidades da África do Sul não é muito diferente de visitar as grandes capitais europeias como Paris, Londres ou Lisboa.

Não há experiência como ver as estrelas na natureza sul-africana ou dormir na selva. Isso é, na verdade, uma experiência única. Queremos afastar os turistas das grandes cidades e direcioná-los para outros locais, locais mais autênticos, onde poderão ter contacto com as comunidades locais, provar a gastronomia tradicional, viver a cultura, a história. E há muita coisa a acontecer nesses locais mais pequenos, distantes e diferentes.

A aposta está, claramente, virada para o MICE

Uma estratégia experiencial
Relativamente a Gauteng, a Entidade de Turismo tem um mandato duplo: posicionar Gauteng como um destino global através do marketing e promoção, bem como um destino competitivo, de valor, além de desenvolver produtos que respondem às exigências turísticas. Especificamente, o que Gauteng tem para oferecer? Quais são os principais atributos para atrair turistas?
A ‘Golden City Region’ de Gauteng é o principal centro industrial, empresarial, comercial e de entretenimento da África do Sul e de África, dotada de infraestrutura de classe mundial, turismo e ofertas de hospitalidade bem ancoradas na sua maior riqueza, os 15 milhões de residentes da província.

De safaris, a compras requintadas e de luxo, passeios em minas de diamantes, passeios inspirados na herança de Nelson Mandela, a um encontro com a sua ancestralidade humana e com o nosso Património Mundial, Gauteng continua a ser uma janela para as ofertas de turismo na África do Sul.

Mas Gauteng é um ponto turístico atraente per si ou representa mais um destino de stop-over?
Gauteng representa mais de 40% das chegadas internacionais na África do Sul e um dos três principais destinos de turismo doméstico. A qualidade de vida é excecional, património de classe mundial, condições climáticas excecionais, ofertas de valor para o turismo, com atrações, desportos e circuito de entretenimento internacionalmente aclamados que a tornam um destino preferido para visitantes internacionais e regionais.

Ao longo dos anos, vimos um forte aumento nos números de permanência na província, variando de nove a 12 dias no final de 2020. Os turistas prolongam a sua estadia em Gauteng porque podem associar a natureza autêntica do destino, à ampla variedade de ofertas turísticas, pois a região da cidade representa um caldeirão de culturas e nacionalidades em África.

Temos fortes comunidades chinesas, portuguesas, italianas, indianas, etíopes, a viver lado a lado, formando uma base sólida de mais de 15 milhões de residentes na província. Tudo isso torna-nos um destino atraente.

Quanto representa o setor do turismo de Gauteng em termos de PIB?
O turismo contribui com pouco mais de 4,8% em termos do PIB de Gauteng. O setor representa mais de 280.000 empregos diretos na província, com muitos outros empregos nos subsetores da cadeia de valor. Em termos de contribuição do turismo para a economia nacional, o setor é responsável por pouco menos de 4% do PIB total. Esta contribuição é superior à dos setores da agricultura e da construção, daí a centralidade da economia no Plano de Reconstrução e Recuperação do país.

E como é que o Turismo de Gauteng se alinha com a agenda do turismo nacional?
A agenda do turismo na África do Sul é guiada pela Estratégia Nacional do Setor de Turismo (National Tourism Sector Strategy – NTSS) com objetivos específicos de criar crescimento sustentável do PIB, criação sustentável de empregos, crescimento económico inclusivo e transformador, esforços para aumentar os gastos com chegadas (volume) de turismo, duração das estadias, dispersão geográfica, contenção da sazonalidade e promoção da transformação.

Esta agenda está interligada com a visão “Growing Gauteng Together” (GGT2030) e, especificamente, para Gauteng, a integração dos municípios como foco de recuperação económica e principais beneficiários do crescimento da economia.

Gauteng serve como principal ponto de entrada internacional para o país, abriga a segunda maior capital diplomática do mundo, a maior bolsa de valores de África, o aeroporto mais movimentado e a sede do governo nacional. Com sua enorme contribuição de 33% para o PIB do país, Gauteng é parte central no plano nacional de crescimento do turismo.

E no que difere esta nova estratégia da anterior?
A ‘Gauteng Tourism’ faz parte do plano de recuperação do turismo sul-africano, com o objetivo de garantir 30 milhões de chegadas ao país até 2030, conforme indicado pelo Presidente.

Da parte da província de Gauteng, o plano passa pela recuperação económica, criar empregos sustentáveis, pela reindustrialização e estar em pé de igualdade com a procura da economia partilhada.

Por isso, comunicar é fundamental. Compreender que uma abordagem única não funciona. Queremos que as pessoas entrem em África através da África do Sul e que permaneçam no nosso país. Por isso, desenvolvemos pacotes com outras províncias, de forma a que possam experienciar um dia na Cidade do Cabo, visitem e provem os nossos vinhos, que percebam que, num raio de 45 minutos de carro, podem, de facto, ter experiências enriquecedoras.

E existe capacidade hoteleira para tal?
Ainda possuímos muita oferta tradicional e, de facto, é algo em que o governo está a trabalhar para criar mais alternativas. Mas também é essa oferta tradicional que cria as experiências mais autênticas.

Daí darmos apoio a essa oferta tradicional para se promover, vender diversos pacotes, dar incentivos.

Como disse, uma abordagem única não funciona, temos de perceber o que é que um turista britânico, alemão, norte-americano, português procura quando nos quer visitar e tentar dar uma resposta apropriada. E queremos que essa resposta seja dada de forma que, quem nos visita, regresse.

E no caso português, por onde poderá passar essa oferta?
Sei que os portugueses adoram comida, apreciam vinhos. Por isso, oferecer uma boa experiência gastronómica é vital. Ligar essa experiência gastronómica à natureza, a cenários que só na África do Sul é possível ter, é importante.

Além disso, os portugueses gostam de se relacionar com os locais, conhecer a história, a cultura. Aliar tudo isto é o nosso desafio.

E quantos portugueses querem que visitem a África do Sul por ano?
O nosso objetivo é regressar aos 30.000 por ano de antes da pandemia. Naturalmente, que a isso acrescentamos os portugueses que vivem e trabalham em países como Angola e Moçambique e que, por razões familiares ou de negócio, viajam até à África do Sul.

 

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Vê Portugal: Mexer ou não no “edifício” do turismo em Portugal?

No segundo dia do “Vê Portugal”, iniciativa organizada pela Turismo do Centro de Portugal, o painel “Turismo Interno – Desafios para Portugal”, teve como tema central a melhoria (ou não) da estrutura do turismo em Portugal, contando com a participação de Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, e quatro presidentes de regiões de turismo – Pedro Machado, do Centro de Portugal; Luís Pedro Martins, do Porto e Norte de Portugal; Vítor Silva, do Alentejo; e João Fernandes, do Algarve.

Victor Jorge

A começar Luís Araújo salientou que o modelo existente funciona e tem dado provas. “A promoção turística do país precisa de estruturas flexíveis, em colaboração estreita entre si, que deem resposta às necessidades dos visitantes. É esse modelo que existe e que tem alcançado resultados muito positivos”, afirmou.

Para Luís Pedro Martins, “o setor do turismo tem conseguido prosseguir o trabalho realizado sem grandes roturas e com estabilidade”, frisando que o setor “esteve sempre à frente em todos os âmbitos”. Recordando que “o turismo foi o setor que começou a regionalização, em 2013”, Luís Pedro Martins referiu que “passada uma década, é altura de fazer alterações. As regiões estão próximas das empresas e, devido a essa proximidade, podem fazer algum do trabalho feito pelo Turismo de Portugal”, salientando que “é preciso focar”.

Fazendo referência à “grande marca que temos” [Portugal], Luís Pedro Martins destacou que “a pandemia trouxe um novo olhar para o Interior”, frisando que os valores referentes ao turismo no interior de Portugal não estão a descer, estão a crescer”. Por isso, disse, “há que distribuir melhor o turismo por todo o território”, destacando a necessidade de apostar na valorização e segmentação do turismo para áreas como o religioso, enoturismo ou termalismo, entre outros.

Por parte do Alentejo, Vítor Silva considerou que não é necessário mexer no modelo atual. “Este modelo provou que funciona e introduzir alterações pode ser um tiro no pé. Somos o setor económico mais invejado e, com poucos meios, conseguimos fazer crescer as marcas regionais”: Por isso, considera que “o modelo funciona, não é preciso mexer”.

Para o ainda presidente da ERT do Alentejo, “a grande marca é Portugal”, existindo, depois, “a necessidade de apostar nas submarcas”, ou seja, nas regiões. “Com poucos meios conseguimos levar a marca ‘Portugal’ e as regiões a muito lado”, considerando que “temos o que nos une, mas também o que nos diferencia”. Assim, Vítor Silva concluiu que, “o que não é preciso fazer, é por rédeas nas ERT”, frisando que “a estratégia deve estar alinhada com o Turismo de Portugal e ter ideais para desenvolver as nossas regiões”.

João Fernandes reconheceu também que “o modelo está bem conseguido e tem dado cartas”, lembrando que “o Turismo de Portugal é uma referência a nível internacional”. No entanto, reconheceu que “é preciso reforçar as competências nas ERT, num processo de melhoria contínua” e, acima de tudo, é preciso “reforçar o financiamento das ERT, que precisa de mais recursos”.

Lembrando que o turismo em Portugal tem estado, em certos aspetos, “à frente das tendências”, João Fernando frisou que “temos relatórios de sustentabilidade desde 2008”, destacando ao mesmo tempo que “temos uma arquitetura de promoção bem conseguida”.

No campo de atuação das ERT, o presidente da ERT do Algarve, que também está de saída, destacou o facto de existirem questões onde as entidades devem ter uma palavra a dizer. “O licenciamento é uma das pechas no atual modelo, já que não se justifica que nos licenciamentos das unidades hoteleiras, por exemplo, as ERT não estão incluídas”.

Por isso, disse, “é preciso redefinir alguns espaços de atuação”.

A terminar o painel, Pedro Machado reforçou a ideia de que “o edifício do turismo responde, mas precisa de melhoramentos. “A Lei 2013 resolveu vários problemas, como a proliferação de entidades de turismo, que provocava descontinuidade territorial de produtos. Mas, entretanto, o mundo mudou. Os visitantes têm hoje prioridades diferentes, pelo que há alterações que devem ser feitas agora no reforço das competências das ERT”. Assim, “estamos bem, mas podemos melhorar”.

Destacando a “segurança, a boa perceção de saúde e a hospitalidade” em Portugal, Pedro Machado frisou que “estes aspetos não podem ser descurados”, frisando ainda que “as novas gerações estão a moldar o futuro. Há alterações que têm de ser feitas enquanto surfamos a onda”.

Quanto ao novo modelo, com a redefinição do papel das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), Pedro Machado salientou que passar o turismo para a esfera destes organismos seria “um erro, não seria desconcentrar, seria concentrar no Estado”.

No final, o presidente da Turismo do Centro de Portugal concluiu ainda que “é preciso rever o modelo de financiamento das ERT. Para um setor que gera mais de 20 mil milhões de euros em receitas por ano, tem de haver uma alteração no modelo de financiamento”.

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INE: Hóspedes e dormidas crescem em abril com destaque para o Canadá

Segundo o INE, o destaque, em abril, foi para a subida registada pelo mercado canadiano, cujas dormidas aumentaram 89,5%, o maior crescimento entre os 17 principais mercados externos.

Inês de Matos

O setor do alojamento turístico nacional registou, em abril, 2,7 milhões de hóspedes e 6,8 milhões de dormidas, crescimentos de 16,5% e 13,8% face a mês homólogo de 2022 e de 17,5% e 14,3% face a abril de 2019, com destaque para os mercados externos e, particularmente, para o Canadá, que registou o maior crescimento, segundo os dados revelados esta quarta-feira, 31 de maio, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Os dados revelados pelo INE mostram que, em abril, o mercado interno contribuiu com 2,0 milhões de dormidas, num crescimento de 7,3% face ao quarto mês de 2022 e de 21,1% em comparação com o mesmo mês de 2019, enquanto os mercados externos foram responsáveis por 4,8 milhões de dormidas, num aumento de 16,8% face a abril do ano passado e de 11,6% em comparação com o mesmo mês de 2019.

Face a 2019, as dormidas aumentaram em todas as categorias, com destaque para o alojamento local, que representaram 14,1% do total e cujas unidades registaram um aumento de 18,6% face a abril do ano passado e 14,0% em comparação com o mesmo mês de 2019.

Na hotelaria, cujas dormidas representaram 82,3% do total, houve ainda um aumento de 12,9% e de 13,0% face a abril de 2019, enquanto as unidades de turismo no espaço rural e de habitação, cuja quota foi de 3,6%, aumentaram 17,3% face ao mesmo mês do ano passado e 55,3% comparativamente a abril de 2019.

Por mercados externos, o destaque, em abril, foi para o crescimento registado pelo mercado canadiano, cujas dormidas aumentaram 89,5%, o maior crescimento entre os 17 principais mercados externos.

Tal como o mercado canadiano, também o dos EUA apresentou um forte crescimento em abril, apresentando um aumento que chegou aos 54,2% face a abril do ano passado.

Em abril, apenas a Finlândia, a Bélgica, a Dinamarca e os Países Baixos registaram decréscimos nas dormidas em comparação com igual mês do ano passado, com descidas de -11,5%, -5,9%, -2,0% e -0,4%, respetivamente.

Ainda assim, o mercado britânico voltou a ser o mais representativo, representando 18,1% do total de dormidas estrangeiras e com um crescimento de 9,6% face a abril de 2019. Já o mercado espanhol, cuja quota foi de 11,9% em abril, aumentou 2,3%, enquanto o mercado alemão, que representou 11,4% do total, foi dos poucos a apresentar uma redução, caindo 2,1% face a abril de 2019.

Comparando com abril de 2019, destacam-se os crescimentos dos mercados norte americano (+80,5%), irlandês (+59,7%) e polaco (+57,6%), enquanto os maiores decréscimos observaram-se nas dormidas de hóspedes suecos (-26,0%),
dinamarqueses (-15,3%) e brasileiros (-13,2%).

As dormidas de residentes, por sua vez, aumentaram em todas as regiões do país, com destaque para a RA Madeira, onde o aumento foi de 105,4%, enquanto as dormidas dos não residentes, que também aumentaram em todas as regiões nacionais, registaram o crescimento mais tímido no Algarve, subindo apenas 1,7%.

Em abril, as unidades de alojamento turístico nacionais registaram uma taxa de ocupação-cama de 50,8%, o que traduz um aumento de 3,3 pontos percentuais face ao mesmo mês do ano passado, enquanto a taxa líquida de ocupação-quarto, que se situou nos 59,8%, apresentou uma subida de 3,9 pontos percentuais. Face a abril de 2019, registaram-se crescimentos de 2,6 e 3,8 pontos percentuais, respetivamente.

No acumulado dos primeiros quatro meses de 2023, as dormidas aumentaram já 30,0%, crescendo 16,7% nos residentes e 37,1% nos não residentes face ao mesmo período do ano passado, enquanto, numa comparação com 2019, o crescimento das dormidas é de 14,2%, incluindo um aumento de 19,9% nos residentes e de 11,8% nos não residentes.

O INE revela ainda que, em abril, 19,6% dos estabelecimentos de alojamento turístico estiveram encerrados ou não registaram movimento de hóspedes, percentagem que compara com os 29,4% apurados no mês anterior de março.

 

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Pedro Machado considera que “Interior está e continuará a estar numa senda do crescimento”

No arranque do “Vê Portugal” – 9.º Fórum do Turismo Interno, que decorre na Covilhã, até dia 31 de maio, o presidente da Turismo do Centro, Pedro Machado, deixou clara a importância do turismo no interior, mercado que “cresceu e continuará na senda do crescimento”.

Victor Jorge

Os números referentes ao turismo interno, somente na região do Centro de Portugal, falam por si: mais 4,411 milhões de dormidas, em 2022. 4,016 milhões de dormida, em 2019. 2,422 milhões de dormidas, em 2013”. Estes foram os números apresentados por Pedro Machado, presidente da região do Turismo do Centro de Portugal, no arranque do “Vê Portugal” – 9.º Fórum do Turismo Interno, que decorre na Covilhã.

Por isso, frisou Pedro Machado, “é algo que vale a pena destacar e valorizar, já que cresce de forma consistente”, admitindo que o turismo interno “continua e continuará a estar numa senda de crescimento”, salientando o papel das Entidades Regionais de Turismo (ERT) na estruturação do produto turístico, o que, segundo o presidente da Turismo do Centro, “permite oferecer uma palete de produtos diferenciadores tanto a nível interno, como externo”.

“Durante dois anos críticos para o país e para o mundo, o turismo interno foi responsável por mitigar e almofadar perdas e, sobretudo, fluxos, e que, em 2023, continua a crescer”, disse Pedro Machado, salientando que, “este mercado interno é um mercado que, pelos números, justifica mais do que a atenção que estamos a dar e que nos coloca como um dos países/destinos mais atrativos a nível mundial”.

Também a promoção turística integrada foi destacada por Pedro Machado, frisando a necessidade, tanto interna como externamente, não se “correr o risco de espartilhar a promoção turística em Portugal, nem fragmentar territórios e produtos”.

Além disso, o presidente da Turismo do Centro de Portugal salientou igualmente, a “capacitação e valorização dos nossos agentes”, bem como a “monitorização do conhecimento para que os dados sejam instrumentos poderosos para podermos cumprir bem as nossas tarefas”.

Dirigindo-se ao secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços (SETCS), Nuno Fazenda, que marcou presença no arranque dos trabalhos do fórum, Pedro Machado evidenciou o trabalho das ERT como “instituições reconhecidas nos territórios”. Contudo, disse Pedro Machado, “podemos e devemos acrescentar valor e juntar novas competências às ERT”, fazendo referência à “capacidade de trabalhar mais de perto no processo de formação, qualificação e capacitação dos agentes económicos”, acrescentando que as ERT poderá funcionar como “organismos intermédios à semelhança de outros organismos que possuem instrumentos financeiros capazes de consolidar o seu modelo de funcionamento e podermos responder áquilo que é uma das nossas caraterísticas: a proximidade com os agentes, com os territórios e, nalguns casos, com os micro e nano-territórios espalhados por todo o país”.

Por isso, frisou, “numa indústria que gere mais de 20 mil milhões de euros por ano, é necessário revermos o modelo de financiamento”

Quanto ao futuro e às novas tendências, como a sustentabilidade e descarbonização, Pedro Machado deixou claro que “já não se tratam de novas tendências, mas sim de uma condição se quisermos ser competitivos e atrativos, se nos quisermos posicionar nos mercados, principalmente, nos internacionais. Hoje sabemos que as novas gerações fazem disto condição para eleger um destino. Se, atualmente, mais de 50% dos viajantes em todo o mundo estão disponíveis para alterar o seu destino de férias em função de uma experiência turística que permita contribuir para a diminuição da pegada, não podemos passar ao lado destas evidências”.

Pedro Machado concluiu ainda que, se todas se a sustentabilidade, a descarbonização, o big data são tendências, “também o aumento de viagens para cidades secundárias e regiões de baixa densidade são uma tendência”, o que, segundo o mesmo, “cada vez mais consumidores estão disponíveis para viajar para cidades, vilas, territórios com as características daquilo que é a nossa oferta turística e preparar o futuro que está aí”.

Já o SETCS, Nuno Fazenda, destacou o facto de um terço da procura turística estar já no turismo interno, frisando que “é preciso fazer mais pelo turismo e trazer o turismo para o interior” e que “temos de puxar pelo turismo do interior”.

Assim, concluiu, “começamos por fazer o trabalho não no gabinete, em Lisboa, mais sim a partir das regiões, no terreno”, frisando as diversas linhas de apoio lançadas, nomeadamente, a linha dedicada à internacionalização, com a qual “queremos ajudar as empresas internacionalizarem-se em feiras, convidar agentes, para dinamizar o turismo no interior”.

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