Bazuca Europeia: “O que conhecemos até ao momento é um plano de boas intenções”
A aplicação dos fundos da ‘bazuca europeia’ em Portugal foi um dos temas em destaque esta terça-feira, 9 de fevereiro, no webinar “O Estado do Turismo”, promovido pela CTP, do qual o Publituris foi media partner.
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Portugal deve aproveitar os fundos da ‘bazuca europeia’ para reforçar a competitividade do país, mas, até à data, não é conhecido qualquer plano para a aplicação dos fundos europeus, denuncia Luís Marques Mendes, que considera que, até ao momento, aquilo que é conhecido é apenas “um plano de boas intenções e isso é muito curto”.
“O que conhecemos até ao momento é um plano de boas intenções e isso é muito curto, muito curto”, defendeu o comentador político e antigo líder do PSD, durante o webinar “O Estado do Turismo”, promovido esta terça-feira, 9 de fevereiro, pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP), no qual o Publituris foi media partner.
Para Luís Marques Mendes, esse planeamento sobre a aplicação do dinheiro, a par da demora no acesso aos fundos, que só deverão chegar em setembro ou outubro, ou seja, “praticamente um ano depois de terem sido aprovados”, é o grande problema que Portugal enfrenta atualmente.
Também a eurodeputada, Cláudia Monteiro de Aguiar partilha da mesma preocupação: o planeamento destes fundos europeus. Para a oradora, o planeamento e a gestão é um problema comum a toda a Europa. “Se fizermos isso de forma correta com base em dados concretos, se analisarmos de que forma é que podemos alocar os recursos não apenas com eficiência mas com eficácia, podemos trabalhar e pensar no futuro”, realçou.
A responsável relembrou os “montantes significativos” que vão chegar a Portugal até 2029, como por exemplo os 1,8 mil milhões de euros do Plano de recuperação ReactEU, ou os 12,9 mil milhões a fundo perdido e de 15,7 mil milhões de euros de empréstimos do fundo NextGeneration EU. “Este planeamento tem de ser feito desde já. Portugal tem de ter já estes montantes já bem elaborados e como é que vão verter isto na economia considerando o quão importante a indústria do Turismo é no todo europeu, mas também em Portugal”, sublinhou.
Marques Mendes mostrou-se ainda preocupado com a fiscalização e controlo dos fundos, mas concorda que mais importante que isso é a sua aplicação : “Há uma questão que normalmente não se quer discutir, que é onde é que vamos aplicar o dinheiro? É mais sexy falar da fiscalização, do controlo e dos buracos, e tudo isso é importante, mas para mim o mais importante, porque é mais difícil, é saber onde vamos gastar o dinheiro”.
Na opinião do comentador, Portugal deve “aproveitar esta bazuca não apenas para tapar buracos, mas para criar as condições para as mudanças necessárias para a competitividade estrutural do país ser reforçada”, com destaque para três domínios: Administração Pública, Justiça e Empresas.
“A reforma da Administração Pública é essencialíssima, porque com uma boa Administração Púbica valorizamos e desenvolvemos o país. A justiça também, se não aproveitamos isto para melhorar a celeridade da justiça em muito domínios, é outra oportunidade perdida e, sobretudo, no domínio das empresas. Ou seja, o nuclear é o apoio às empresas, não há desenvolvimento do país sem apoio sério às empresas”, resumiu.
Na perspetiva de Cláudia Monteiro de Aguiar no que às verbas europeias diz respeito, “o Turismo fica aquém do expectável”, quer seja no plano de recuperação, quer naquilo que a presidência portuguesa apresenta a nível europeu. “Devíamos ter um peso maior do que é apresentado no plano de recuperação”, defendeu, deixando um apelo para que se faça este planeamento e gestão da bazuca europeia, sem deixar de salientar que “este alocar de verbas deve servir para a recuperação do tecido empresarial que obviamente dá emprego a muitas pessoas”.