Nova associação apela às “reais preocupações” dos sócios gerentes das agências de viagens
O que começou com um grupo informal numa rede social rapidamente ganhou força e adesão para a criação de uma associação que defendesse, “legitimasse e formalizasse” a voz dos sócios-gerentes das agências de viagens e turismo que vivem atualmente “uma situação dramática”.

Raquel Relvas Neto
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Chamar a atenção para a atual realidade em que vivem os sócios-gerentes das agências de viagens e turismo foi o que motivou a criação, no passado dia 28, da mais recente associação do setor turístico: a ASGAVT – Associação de Sócios Gerentes das Agências de Viagens e Turismo.
O que começou com um grupo informal numa rede social rapidamente ganhou força e adesão para a criação de uma associação que defendesse, “legitimasse e formalizasse” a voz dos sócios-gerentes das agências de viagens e turismo que vivem atualmente “uma situação dramática” devido aos constrangimentos causados pela pandemia da COVID-19.
“Queremos ser parte da solução, e vamos trabalhar na prossecução do objetivo comum do setor, tendo por base as reais preocupações dos sócios gerentes das agências de viagens e turismo”, afirma Elsa Santos, presidente da comissão instaladora.
“As agências de viagens têm especificidades muito próprias, que não estão a ser completamente atendidas pelas atuais medidas de apoio ao setor do turismo em Portugal. Este é um problema nacional, não se restringindo a determinadas zonas do país”, salienta a representante.
“Completo abandono”
Ao Publituris, a presidente da comissão instaladora esclarece que as agências de viagens, sobretudo as focadas no ‘outgoing’, notam um “completo abandono” por parte das entidades oficiais, no que aos apoios dizem respeito. A responsável esclarece que “desde que aconteceu esta situação da pandemia que se ouve falar do turismo exclusivamente falando do mercado interno. Não estamos na situação de enviar clientes para fora, porque isso não é possível por uma questão de insegurança, mas dentro do turismo interno também deveria haver a participação das agências e o que se nota é um completo abandono”.
E aponta várias exemplos concretos que não têm contribuído para aligeirar a situação complicada que as agências de viagens vivem, como o recente lançamento da campanha Tu Podes pelo Turismo de Portugal, que ” induz e influencia o cliente a reservar diretamente. Não há uma alusão às agências de viagens. Teremos de perguntar ao Turismo de Portugal o porquê de ter criado uma campanha que não coloca as agências de viagens como intermediários”. A associação sugere que esta plataforma que fomenta à reserva direta por parte do cliente poderia ter alguma alusão para estes reservarem através das agências de viagens e estas poderem assim “ter algum trabalho e algumas vendas”.
A responsável recorda ainda a realidade empresarial destas agências de viagens que são constituídas, na sua maioria, apenas por sócios-gerentes que não viram, por exemplo, reduzida a Taxa Social Única (TSU), que tiveram de pagar na sua totalidade ao Estado durante estes últimos meses em que não registaram quase nenhuma ou nenhuma atividade económica. “Posso dizer que há colegas sócio-gerentes em situações dramáticas, porque não conseguindo pagar aquilo que têm para trás de segurança social também não têm direito a receber nada. Nem que fosse reduzir para metade, por exemplo, já seria uma ajuda”.
Para Elsa Santos é essencial “manter as agências de viagens, porque os clientes vão voltar a procurarmos e vão voltar a viajar. Não viajam agora por causa das circunstâncias que existem, agora é preciso que tenhamos condições para nos mantermos”. A representante da associação alude ainda ao facto de existirem sócios-gerentes que têm o seu único sustento no negócio da sua agência de viagem.
Para já, a ASGAVT já solicitou encontros com as entidades oficiais, como o Turismo de Portugal e a Secretaria de Estado do Turismo, para exporem na primeira pessoa os problemas com que os sócios-gerentes das agências de viagens e turismo vivem, complementando que todo o grupo de trabalho da associação é constituído por sócios-gerentes.
Questionada acerca da representatividade associativa que já existe no âmbito das agências de viagens e turismo, Elsa Santos clarifica que a ASGAVT “não é nenhuma concorrência à APAVT. No fundo ambas as associações têm uma filosofia comum: defender as agências de viagens. Simplesmente esta tem um objetivo mais específico que tem a ver única e exclusivamente com os sócios-gerentes das agências de viagens e turismo”.
“A APAVT é realmente a associação oficial das agências de viagens e turismo, e muito temos que agradecer todo o trabalho que foi feito. Não está em causa não terem defendido as agências de viagens, acontece é que esta associação [ASGAVT] tem um objeto muito específico: os sócios-gerentes. Sendo os sócios gerentes de agências muito pequenas, muitas delas nem são sócias da APAVT, nem sabem o que se passa na APAVT. É precisamente para estas que é importante também haver uma entidade que lhes dê voz”, conclui a responsável.