“Gostávamos de abrir mais dois hostels este ano”
Atualmente com seis unidades, o grupo Hostels Hub quer aumentar a sua presença no litoral.
Raquel Relvas Neto
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Cinco anos depois de ter aberto o primeiro hostel na cidade de Lisboa, o grupo Hostels Hub conta com seis unidades, três da marca Hub Hostels e três Aktion Hostels, e um total de 750 camas. À capital portuguesa, juntaram-se localizações como Ericeira, Peniche, Parede e Faro, todos em contrato de arrendamento de longa duração, um modelo através do qual o grupo pretende realizar o seu desenvolvimento.
Em entrevista, Nuno Constantino, sócio gerente do grupo Hostels Hub, explica que duas das atuais unidades vão ver a sua oferta aumentada, nomeadamente o Aktion Ericeira Surf Hostel, que vai oferecer mais 12 camas, concretamente seis quartos duplos, e o Aktion Peniche, atualmente com 50 camas e vai passar a oferecer 130 camas quando o projeto estiver concluído. “Acredito que antes do verão teremos tudo pronto”, indica.
Quanto à expansão, Nuno Constantino revela que o grupo gostava “muito de abrir mais dois hostels este ano”, ainda sem estar definida qual das duas marcas vai contar com mais unidades, “mas acredito que vai haver maior desenvolvimento da marca Aktion, pelo menos de todas as oportunidades de desenvolvimento que estamos a analisar são todos hostels mais de lazer e não tanto urbanos”. Algarve, costa de Lisboa e litoral Alentejano são as zonas do país que podem ter, em breve, uma unidade do grupo de hostels, mais vocacionada para lazer, ligados à praia e ao surf. “Acreditamos que este verão ainda vamos conseguir abrir alguma coisa”, considera.
Quanto às cidades, “gostávamos muito de ter alguma coisa no Porto, mas é um mercado muito difícil de entrar, muito consolidado, e, hoje em dia, Lisboa e Porto com as restrições que existem ao nível do licenciamento do Alojamento Local, acreditamos que não será uma tarefa fácil”.
Tanto a atual oferta como os planos de expansão do grupo centram-se muito em áreas do litoral do país, algo que o responsável justifica com a procura dos seus clientes que são, maioritariamente jovens que “procuram muito o litoral”.
Operação
Ao contrário do que se possa pensar, as unidades da Hostels Hub recebem maioritariamente grupos. “Quando há cinco anos decidimos abrir o primeiro hostel, a dimensão média dos hostels em Lisboa, e era a cidade que tinha hostels maiores, era de 32 camas, nem sequer cabiam lá dentro os passageiros de um autocarro”, sustenta. O estudo de mercado que o grupo fez na altura identificou que existiam muitos hostels de pequena dimensão e, como tal, tinham dificuldade em atrair grupos. “Nós recebemos grupos de 100 a 120 pessoas”, refere, salientando que o grupo se focou assim em hostels de maior dimensão.
Neste âmbito, as reservas para as unidades do grupo não chegam apenas através da via direta pelo website ou das OTA’s, mas também do “esforço da nossa equipa comercial” que resulta em contratos com escolas, operadores turísticos ou agências de viagens internacionais. “Por isso, fazemos muita coisa que normalmente se vê nos hotéis e não se vê tanto nos hostels, como ir a feiras ou fazer porta a porta em diversas cidades” europeias. “Temos muitos parceiros e empresas portuguesas que representam operadores e agências de viagens internacionais e aí também tentamos ter uma relação muito próxima, diria mais tradicional”, complementa.
No que diz respeito aos resultados de 2019, o responsável aponta que em Lisboa se verificou uma descida, fruto de um aumento de oferta de camas, sobretudo ao nível de apartamentos turísticos registados como Alojamento Local. Contudo, os números finais de dezembro, mas também este primeiro trimestre já revelam um crescimento das vendas. Na Ericeira, “foi um ano fantástico”, enquanto em Faro a operação ficou ligeiramente abaixo do expectável. Peniche e Parede, sendo duas unidades que entraram em funcionamento apenas em 2019, tiveram um comportamento correspondente às expectativas iniciais.
Para este ano, as expectativas são de crescimento na ordem dos 15%, “com as vantagens estruturais de já termos a Parede e Peniche a ‘full power’”.
Equipa
Quando foi desenvolvido em 2015, o grupo estipulou como objetivo ganhar escala e criar uma rede de hostels para, posteriormente, reforçar as equipas centrais. Neste momento, o Hostels Hub tem 60 colaboradores e, segundo Nuno Constantino, “tem-se vindo a concretizar o plano que tínhamos de reforçar as equipas centrais e ter uma equipa muito experiente quer na área comercial, quer de marketing, vendas, apoio administrativo ou financeiro. Toda essa parte tem sido onde temos feito um grande reforço dos nossos recursos humanos”, sobretudo nos últimos 12 meses. O responsável explica que, “o objetivo era termos uma rede de hostels, podermos ter pessoas mais experientes, seniores a cuidar de cada um dos departamentos e que prestem serviços aos hostels. Não consigo ter uma equipa muito experiente a nível comercial se tiver um hostel com 60 camas, mas consigo se tiver 600 camas”. Entre as contratações estão Angélica Carneiro, que estava na Marriott International e passa a exercer funções na direcção de vendas e marketing, mas também Nuno Pereira, sales executive da Hostels Hub e com experiência em operadores turísticos, como a TUI e Soltrópico. Juntam-se ainda Sofia Santos (responsável de marketing) e Patrícia Lírio e Bruno Redondo (responsáveis de grupos).
Desafios
São exatamente os Recursos Humanos, juntamente com a incerteza da legislação portuguesa, que Nuno Constantino identifica como os desafios cruciais do setor.
No que diz respeito à legislação, o responsável refere que “hoje temos umas regras e daqui a um ano nada me garante que vamos estar nas mesmas condições. E essa incerteza é que condiciona bastante os investidores”. Para Nuno Constantino, “a incerteza é que gera desconforto para a tomada de decisão. E dá o exemplo: “Será que vai haver alterações, será que compro o imóvel, faço obras durante dois anos e quando tiver pronto ainda vou poder fazer um registo como Alojamento Local?” Uma incerteza que considera ser transversal a vários sectores económicos, desde o Alojamento Local, à Hotelaria, mas a outros negócios também.
Transversal é também a questão dos Recursos Humanos. Não apenas na quantidade de recursos existentes, mas de “atitude”. Nuno Constantino considera que, nos dias de hoje, as empresas têm de mudar a sua estratégia para “atrair novos recursos, os ‘millennials’, o que é que temos para lhes oferecer porque o que oferecíamos antes não os atrai”. O responsável entende que já não é apenas o factor dinheiro que pesa no momento de decisão de um futuro colaborador, mas todas as restantes vantagens que a empresa lhe pode proporcionar. “Isto faz com que nós, empresas, tenhamos que estar em contacto com os recursos para perceber o que é que eles realmente querem, como é que nós conseguimos adaptar para conseguirmos dar resposta”.