Montijo, falências na aviação, novos cruzeiros e muitas rotas
2019 foi marcado pelas falências de companhias aéreas e pelo Estudo de Impacte Ambiental do Aeroporto do Montijo, que fez correr muita tinta. Mas também houve notícias positivas.
Inês de Matos
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2019 foi marcado pelas falências de companhias aéreas e pelo Estudo de Impacte Ambiental do Aeroporto do Montijo, que fez correr muita tinta. Mas também houve notícias positivas.
O ano começou com notícias positivas na aviação. A 8 de janeiro, a ANA – Aeroportos de Portugal e o Governo assinavam o acordo de financiamento do aeroporto do Montijo, que previa a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa até 2028 e a transformação da base aérea do Montijo em aeroporto, num investimento de 1,15 mil milhões de euros. Era o primeiro passo concreto para a construção do Aeroporto do Montijo, cuja urgência se tornou mais clara quando se ficou a saber que os aeroportos nacionais tinham atingido, em 2018, 55 milhões de passageiros, depois de um crescimento de 6,8%. Era mais um recorde, apesar do aeroporto de Lisboa estar esgotado, como denunciaram os players do setor ao longo do ano.
Também na TAP existiam boas notícias. A companhia começava o ano a receber dois aviões A330-900neo – o primeiro tinha chegado em dezembro de 2018 – e, no fim do mês, ficou a saber-se que transportara 15,8 milhões de passageiros em 2018, num aumento de 10,4%.
Mas as notícias positivas não duraram muito. A 28 de janeiro, a Vueling anunciava o fim da rota Funchal-Barcelona, que tinha começado em 2015, naquela que foi a primeira de uma série de notícias negativas para a Madeira, que receberia mais uma ‘bomba’ em fevereiro: a falência da Germania, que suspendeu de imediato todos os voos, incluindo os que operava para a Madeira e Faro. O fim da operação, denunciava a Associação de Turismo do Algarve (ATA), implicaria uma quebra de 25 mil turistas alemães na região e levantava grandes preocupações.
No início de fevereiro, chegou a informação de que a SATA se preparava para abandonar a rota de Providence, nos EUA, e que a Airbus deixaria de fabricar o A380, o maior avião comercial do mundo, depois da Emirates ter desistido da encomenda que tinha pendente, deixando o avião sem uma “carteira de pedidos substancial”, explicava a Airbus.
Em março, era a vez da LATAM Airlines anunciar um reforço da rota Lisboa-São Paulo, que passava para seis voos por semana, numa operação que tinha arrancado em setembro de 2018 e que, em outubro, passaria a voos diários.
Crise da Boeing e prejuízos da TAP
O mundo da aviação sofreria novo abanão em março, depois da queda inexplicada do B737-MAX da Ethiopian Airlines. O impacto da queda do aparelho não se fez esperar e, no dia seguinte, as ações da Boeing começavam a desvalorizar, já que não era a primeira vez que um destes aviões se despenhava sem explicação aparente. No dia 12 de março, a União Europeia proibiu todos os voos do B737-Max e poucos dias depois os EUA tomaram a mesma decisão, o que levou à paragem forçada de milhares destes aparelhos em todo o mundo e a uma crise sem precedentes, já que os avões continuaram parados até final do ano.
Março ficou também marcado pela notícia de que a TAP pretendia levar o programa de Stopover para o Brasil, depois do sucesso obtido em Portugal, mas o mês não acabaria sem que fossem conhecidos os prejuízos da TAP em 2018, que ascenderam 118 milhões de euros, iniciando um mal-estar entre os acionistas privados da companhia e o Estado, ou o Governo, que representa o Estado, que tem 50% de capital da TAP. “Foi um ano difícil”, admitiria Miguel Frasquilho, chairman da companhia aérea.
Na TAP, março foi também mês de inauguração das rotas para Telavive, Dublin e Basileia, à partida de Lisboa, e, dois dias depois, era a easyJet que inaugurava a rota Porto-Málaga.
Em março, nova falência no mundo da aviação, com islandesa Wow Air a cessar operações por problemas financeiros, enquanto, em abril, era a vez da indiana Jet Airways suspender a operação por falta de financiamento. As insolvências não afetariam, no entanto, Portugal, já que nenhuma destas companhias aéreas voava para território nacional.
Março trouxe ainda novidades nos cruzeiros, com a MSC Cruzeiros a batizar, logo no segundo dia do mês, o MSC Belissima em Southampton, enquanto a empresa de cruzeiros fluviais CroisiEurope inaugurava o Amália Rodrigues, novo navio para navegar no Douro.
Crise dos combustíveis, novas rotas e prejuízos da SATA
Mas abril ficaria marcado pela greve dos motoristas de matérias perigosas, que parou o país e os aviões, pois os aeroportos ficaram sem combustível, levando o ministro do Ambiente a anunciar a construção de um oleoduto para abastecer o aeroporto da capital.
Ainda em abril, ficava concluído o Estudo de Impacte Ambiental do Aeroporto do Montijo; a Iberia comemorava 80 anos da rota Madrid-Lisboa e eram conhecidos os prejuízos de 2018 da SATA: 53,3 milhões de euros, montante que se somaria aos 27,9 milhões de prejuízos no primeiro semestre de 2019, levando à demissão do presidente António Teixeira, em novembro, que não conseguiu atingir os objetivos.
No quarto mês do ano, houve também novidades ao nível de rotas, com a Ryanair a abrir ligações entre Lisboa e Lourdes, enquanto a Volotea começou a voar entre o Porto e Bilbao, e a easyJet abriu ligações entre o Porto e Málaga. Nos cruzeiros, a Royal Caribbean International recebia o Spectrum of the Seas, novo navio para o mercado asiático.
Em maio, a situação na Venezuela degradava-se e os EUA cancelavam todos os voos para o país, depois de também a TAP ter cancelado um voo para Caracas, na sequência de um ataque a tiro à tripulação da Air Europa num hotel da capital venezuelana. Enquanto isso, no Canadá começavam as negociações para a compra da Transat A.T. Inc, dona da Air Transat, pela Air Canada. O acordo seria aprovado em agosto.
Ainda em maio, a Globalia anunciava a intenção de levar a Air Europa para o Brasil; a frota da TAP atingia 100 aparelhos, depois da chegada de mais um A330neo; e a Delta Air Lines começava a voar entre Boston e Lisboa. Nos cruzeiros, o destaque era o Celebrity Edge, inaugurado em dezembro de 2018, que fazia escala inaugural em Lisboa.
Junho começou com a abertura da Perfect Day at Cococay, ilha privada da Royal Caribbean nas Bahamas, mas ficaria marcado pela abertura das rotas da TAP para os EUA, que passou a voar para Chicago, São Francisco e Washington, aumentando para oito os destinos nos EUA.
No dia 18 de junho, a TAP abria mais duas rotas na Europa: Nápoles e Tenerife, e, no dia 21, a Finnair começava a voar para o Porto. Mas foi a 24 de junho que abriu uma das operações mais aguardadas, os voos diários da Qatar Airways, que passou a ligar Lisboa e Doha.
Prémios da TAP e Montijo
No final de junho, eram os prémios da TAP – que pagou quase 1,2 milhões de euros em prémios a 180 funcionários – que davam que falar, causando polémica depois dos prejuízos de 2018, o que gelou definitivamente as relações entre o Estado e os acionistas privados.
E também julho foi fértil em novas rotas, principalmente à partida do norte, com a TAP a abrir voos entre o Porto e Bruxelas, enquanto a Emirates passava a voar da cidade Invicta, com quatro voos por semana. No dia 3, foi a vez da TAP iniciar a operação entre Lisboa e Conacri.
A 9 de julho, França anunciava uma ecotaxa para os voos desde território francês, que mereceu protestos por parte das companhias aéreas, porque a receita dessa taxa vai ser aplicada nos transportes rodoviário e ferroviário, concorrentes da aviação.
A meio do mês, chegavam os resultados dos aeroportos nacionais no primeiro semestre, que traduziam um novo recorde: crescimento de 7,2%, para cerca de 27,5 milhões de passageiros. Poucos dias depois, era conhecido o Estudo de Impacte Ambiental do Montijo, que dava luz verde à infraestrutura, apesar de identificar riscos. Arrancava então o período de consulta pública, que terminaria a 20 de setembro e, ao longo do qual, várias organizações ambientalistas se pronunciaram contra a infraestrutura, assim como a autarquia da Moita.
Também em julho, começavam os rumores de que a euroAtlantic airways, companhia do empresário Tomaz Metello, tinha sido vendida à I-Jet Aviation. Os rumores foram negados, mas as negociações confirmadas e o negócio seria concretizado a 15 de novembro.
Ryanair e falência Aigle Azur
O mês de agosto foi fértil em notícias sobre a Ryanair. Primeiro foi a greve dos tripulantes de cabine portugueses da low cost, que agendaram uma paralisação entre 21 e 25 de agosto, período de férias por excelência, levando o Governo a decretar serviços mínimos reforçados, que retiraram impacto à greve. Mas foi a 7 de agosto que rebentou a ‘bomba’, quando a Ryanair comunicou o encerramento da base de Faro no início de 2020. João Fernandes, presidente da ATA, garantia que tudo seria feito para que “pessoas e aeronaves permaneçam no território” e, dias depois, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, reunia-se com a companhia em Dublin. As negociações surtiram efeito, já que a Ryanair desistiria de encerrar a base, apenas reduzindo a operação.
Em meados do mês, a TAP anunciava a intenção de estender a Ponte Aérea a Madrid e, no penúltimo dia do mês, a Beijing Capital Airlines retomava a operação entre Portugal e a China, desta vez com paragem em Xi’an.
Nos cruzeiros, foi em agosto que o MS World Explorer, primeiro navio da Mystic Cruises, do empresário Mário Ferreira, começou a operar e, em setembro, arrancavam mais duas rotas da TAP no Porto, primeiro para Munique e, depois, para Lyon. Poucos dias depois, os aeroportos nacionais voltavam a ser notícia por más razões, já que três infraestruturas estavam entre as que mais atrasos tinham registado no verão: Ponta Delgada, Terceira e Lisboa.
Setembro não começava da melhor forma e pior ficou ao serem conhecidos os problemas financeiros da Aigle Azur. Inicialmente, a companhia francesa anunciou a manutenção dos voos mas, no dia seguinte, suspendeu parte das ligações, incluindo a Portugal, e acabou por cancelar toda a operação, entrando em liquidação no final do mês. Em dois anos, era a 36.ª companhia aérea a desaparecer por insolvência.
No final do mês, a MSC Cruzeiros anunciava ainda o lançamento de uma marca de luxo e a Costa Cruzeiros adiava a inauguração do Costa Smeralda para 30 de novembro, devido a atrasos nos estaleiros.
Novos prejuízos da TAP e Air Europa
Antes do mês terminar, a TAP divulgaria ainda os prejuízos do primeiro semestre: 120 milhões de euros, mais uma machadada nas relações entre o Estado e os acionistas privados, levando a que, a partir daí, começassem os rumores de que David Neeleman – que juntamente com Humberto Pedrosa, do Grupo Barraqueiro, detêm 45% do capital da TAP, através do consórcio Atlantic Gateway – queria vender a sua parte da empresa.
A 9 de outubro, a KLM comemorava o seu centenário e, no final do mês, a TAP começava a voar para Banjul, na Gâmbia, enquanto a Asiana Airlines dava início aos voos entre Seul e Lisboa, numa operação de teste, até março de 2020.
Em outubro, houve ainda novas rotas da Ryanair, que passou a voar entre o Porto e Toulouse, bem como de Lisboa para Saragoça, enquanto a MSC Cruzeiros anunciava novo projeto para abrir uma ilha privada em Vanuatu, a Perfect Day at Lelepa. Já o Estudo de Impacte Ambiental do Montijo recebia parecer positivo da Agência Portuguesa do Ambiente, que impunha, no entanto, medidas compensatórias que surpreenderam a ANA – Aeroportos de Portugal.
Novembro arrancou com a inauguração, em Hamburgo, do MSC Grandiosa, poucos dias antes da companhia comemorar o 10.º aniversário em Portugal, e trouxe também a compra da Air Europa pelo Grupo IAG, dono da Ibéria e da British Airways, num negócio de mil milhões de euros. A easyJet também esteve em destaque ao abrir uma rota entre o Funchal e Berlim, lançando ainda a agência de viagens online easyJet Holidays.
No fim do mês, era notícia que a Lufthansa era a companhia melhor colocada para ficar com a parte de Neeleman na TAP, mas a transportadora alemã recusou alimentar especulações, e a AirHelp voltava a falar nos problemas dos aeroportos nacionais, revelando que Portugal era o país europeu com maior percentagem de voos com perturbações em 2019: 34%.
Já o início de dezembro trouxe a abertura da Ocean Cay MSC Marine Reserve, ilha privada da MSC Cruzeiros nas Bahamas, e chegava a informação de que a Costa Cruzeiros passava a ter gestão direta em Portugal, enquanto a Royal Caribbean International apresentava o renovado Oasis of the Seas, num investimento de 165 milhões de euros. Destaque ainda para a nova rota da easyJet Porto-Málaga, bem como para a frota da TAP, que ficou, finalmente, renovada a 100%. P