Brexit, prémios e nova SET
2019 trouxe novidades ao turismo português, algumas mais novas do que outras, já que o Brexit se manteve como um dos temas quentes do ano, que viu também chegar uma nova secretária de Estado do Turismo e muitas distinções.
Inês de Matos
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2019 trouxe novidades ao turismo português, algumas mais novas do que outras, já que o Brexit se manteve como um dos temas quentes do ano, que viu também chegar uma nova secretária de Estado do Turismo e muitas distinções.
O arranque do ano foi marcado pelas eleições para o Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), que decorreram a 18 de janeiro, depois da prisão do anterior presidente da instituição, Melchior Moreira, por suspeitas de corrupção. Luís Pedro Martins, antigo diretor executivo da Torre dos Clérigos, era o único candidato e foi eleito com 73 votos.
Já a 18 de janeiro, as atenções centravam-se no NEST – Centro de Inovação do Turismo, quando se ficou a saber que o projeto, que vai funcionar como um “instrumento-chave para afirmar Portugal como uma referência mundial na inovação no Turismo”, segundo a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, ficaria sediado na Covilhã. O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, inauguraria o NEST em julho.
Em fevereiro, era apresentada a edição seguinte da BTL – Feira Internacional de Turismo, que decorreria entre 13 e 17 de março, contando com uma nova área, a BTL Cultural, com 300 metros quadrados e na qual participavam 16 instituições culturais e eram conhecidas as receitas turísticas de 2018, que traduziam um novo recorde: mais de 16,6 mil milhões de euros, depois de uma subida de 9,6%. Poucos dias depois, a Associação de Turismo de Lisboa (ATL) divulgava um estudo da Deloitte sobre o impacto do turismo na capital em 2017, que apurava que o setor tinha gerado, direta ou indiretamente, 13,6 mil milhões de euros e sido responsável por 182 mil postos de trabalho.
Mas fevereiro ficaria marcado pelas suspeitas de corrupção na Associação de Turismo dos Açores (ATA), que levaram a PJ a realizar buscas na associação, constituindo arguido o presidente, Francisco Coelho. No início de março, o vice-presidente da ATA e o vogal apresentavam a demissão, provocando eleições antecipadas, que decorreram em maio.
Já no início de março, arrancava o programa Revive Internacional, depois de São Tomé e Príncipe e Moçambique terem decidido replicar o programa que visa reabilitar o património edificado, colocando-o ao serviço do turismo. Enquanto isso, os Açores voltavam a figurar no Top100 dos destinos mais sustentáveis do mundo, segundo a Green Destinations.
International Tourism Academy e Brexit
Antes do arranque da BTL, Ana Mendes Godinho foi ao XI Fórum Turismo Portugal-América Latina, promovido pelo IPDAL, anunciar que Portugal passaria a contar com a primeira escola de turismo da rede da Organização Mundial de Turismo (OMT), a International Tourism Academy. O protocolo seria assinado a 16 de julho, quando se ficou a saber que o projeto incluiria um Centro de Formação da OMT, um hotel de aplicação, residências de estudantes, o Instituto de Formação Turística de Macau Macau e a ESHTE, num investimento de 24 milhões de euros.
Já a BTL 2019 voltou a ser fértil em novidades. Logo no primeiro dia, era apresentado o projeto de expansão da FIL – que comemorava 20 anos -, prevendo o triplo da área expositiva e um investimento de 150 milhões de euros, num projeto a várias fases, enquanto o Turismo de Portugal apresentou o Plano de Ação para o Enoturismo 2019/2021, para afirmar Portugal como destino de referência neste segmento e que, entre várias iniciativas, prevê a criação da plataforma Portuguese Wine Tourism. Já o Algarve apresentou o Observatório de Turismo Sustentável, tornando Portugal no país com mais observatórios deste tipo da rede da OMT.
Mas a BTL ficaria marcada pelas medidas anunciadas pelo ministro da Economia para compensar os efeitos do Brexit, plano de contingência que inclui medidas como a isenção de visto para turistas do Reino Unido. Siza Vieira garantia que “os britânicos não vão sentir diferença na forma como são recebidos em Portugal”. Incluída no plano estava também a campanha Brelcome, que o Turismo de Portugal lançou no dia 15 e que deixava aos britânicos a mensagem: ‘Portugal will never leave you”. O sucesso da campanha seria conhecido em abril, quando foi revelado que a campanha já tinha impactados oito milhões de pessoas.
No final de março, Vítor Silva era reeleito presidente da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo e o TPNP criticava a CP pelo fim do comboio turístico no Douro, que representava “forte prejuízo” para a região, denunciava Luís Pedro Martins. A CP não acabaria com o comboio mas realizou metade das viagens de 2018.
Abril foi o mês da greve dos motoristas de matérias perigosas, que deixou o país sem combustível nas férias da Páscoa, ainda que este período festivo tenha sido marcado pelo atentado terrorista no Sri Lanka, que matou 263 pessoas, incluindo 45 estrangeiros e um português. Em Portugal, poucos dias depois, decorriam as eleições para a Associação de Turismo de Lisboa (ATL), cujos órgãos sociais tomaram posse a 9 de maio, e a Madeira lançava uma nova campanha de promoção para o mercado nacional.
ICCA e filmagens internacionais
Em maio, Cascais aumentava a taxa turística para o dobro e o meio do mês trazia notícias muito positivas, uma vez que o ranking da ICCA colocou Portugal na 11.ª posição entre os países do mundo que mais congressos recebem. Lisboa também tinha motivos para festejar ao subir três posições para o sexto lugar, enquanto o Porto figurava na 32.ª posição.
Já a 16 de maio, o Governo criava a Portugal Film Commission, para afirmar Portugal enquanto destino de filmagens internacionais e, no dia 21, o Turismo Centro de Portugal (TCP) organizava a 6.ª edição do Fórum de Turismo Interno Vê Portugal que levou a debate a descentralização turística, apelidada de novo “complicador” do setor. No mesmo dia, eram conhecidas ainda as receitas turísticas do primeiro trimestre, que voltaram a não desiludir: 2.732,91 mil milhões de euros, depois de um crescimento de 5,3%.
No final de maio, Portugal era reeleito para o Conselho Executivo da OMT e o TPNP regressava à Associação de Turismo do Porto (ATP) como associado. Já o último dia do mês ficaria marcado pela demissão da diretora Regional de Turismo dos Açores, Cíntia Martins, por suspeitas de corrupção, relativas à extinta Sociedade de Promoção e Reabilitação de Habitação e Infraestruturas (SPRHI), onde era vogal. Marlene Damião foi escolhida para a substituir.
Em junho, começavam, em Hong Kong, os protestos pró-democracia, inicialmente contra a lei que previa a extradição de suspeitos de crimes para a China. O protesto cresceu e, em agosto, manifestantes invadiram o aeroporto, mantendo-se os protestos até final do ano. Enquanto isso, Portugal voltava a destacar-se na gala europeia dos World Travel Awards (WTA), que decorreu na Madeira e voltou a entregar a Portugal, pelo terceiro ano consecutivo, o título de melhor destino turístico. No total, foram arrecadados 38 prémios, mais três que na edição anterior. A Madeira também foi eleita melhor destino insular, o que motivou nova campanha de promoção, com a mensagem “Veja por si mesmo”. Já o Revive Internacional passava a contar também com a Bahia e o Governo lançava o programa Interior +, para apoiar eventos no interior do país com mais de 50 participantes. As candidaturas abriram a 18 de julho.
UNESCO, Zoomarine e World Economic Forum
Em julho, a eurodeputada Cláudia Monteiro de Aguiar, reeleita nas europeias de maio, voltava a ser nomeada para a Comissão de Transportes e Turismo do Parlamento Europeu e a UNESCO reconhecia o Santuário do Bom Jesus e o Palácio de Mafra como Património Cultural Mundial. E como 2019 era ano de eleições legislativas, chegava a notícia que João Cotrim de Figueiredo, ex-presidente do Turismo de Portugal, seria o cabeça-de-lista por Lisboa da Iniciativa Liberal.
Mas, em julho, esteve também em destaque o turismo militar, com o Governo a lançar o programa “Dinamizar Fortalezas”, para promover 62 fortalezas da zona da fronteira, e a criar a marca ‘Turismo Militar’ e uma plataforma para promover este produto.
No início de agosto, a World Animal Protection acusava o Zoomarine de causar “sofrimento atroz” aos animais, que, dizia a associação, são forçados a fazer acrobacias, apelando a um boicote dos turistas britânicos. O Zoomarine reagiu no dia seguinte, acusando a associação de querer angariar donativos com “graves e infundadas acusações” e garantindo que é um dos zoos com melhores práticas de bem-estar animal. Neste mês, era ainda conhecido o ranking da OMT dos países que mais turistas recebem e que colocou Portugal no 17.º lugar, com 22,8 milhões de turistas; o empresário José Alberto Cardoso substituía Roberto Santa Clara na AP-Madeira e era lançado o Portugal Health Passport, no âmbito do plano de contingência para o Brexit. No final do mês, seriam ainda conhecidas as receitas turísticas do primeiro semestre, que trouxeram uma subida de 6,5%, para 7,3 mil milhões de euros.
Em setembro, a Madeira lançava uma nova brochura com atividades na natureza e o vereador do Turismo de Braga avançava que a taxa turística da cidade entraria em vigor em março de 2020, custando 1,5 euros por noite. Nesse mês, chegavam mais notícias animadoras, pois o World Economic Forum divulgava o Relatório de Competitividade no Turismo 2019, que colocava Portugal na liderança em termos de infraestruturas e na 12.ª posição a nível global.
A 10 de setembro, mais notícias positivas: Portugal vencia o prémio de Destino Turístico Acessível da OMT. Apesar dos aplausos, a Associação Salvador, que atua na área da deficiência motora, criticava a distinção, com Salvador Mendes de Almeida, fundador da associação e também ele deficiente motor, a denunciar que não podia concordar se não consegue ir à rua sozinho, porque se depara com sucessivos obstáculos. Já a Madeira assinalava a nomeação para melhor destino insular do mundo nos WTA com nova campanha e o Governo lançava uma linha de apoio de 150 milhões de euros para empresas afetadas pela falência da Thomas Cook e um plano de promoção para Algarve e Madeira, os destinos mais afetados pela insolvência.
Eleições, nova SET e prémios
Outubro foi mês de eleições legislativas e começou com Portugal a renovar a presidência do Comité de Turismo da OCDE e Eduardo Jesus a ser empossado secretário Regional de Turismo e Cultura da Madeira, depois das eleições regionais de setembro. Em meados do mês, saíram as receitas turísticas de agosto, que trouxeram novo recorde: 2.983,97 mil milhões de euros e crescimento de 5,9%, enquanto o Algarve era eleito melhor destino de golfe do mundo pela IAGTO.
Mas foi a 21 de outubro que o país ficou a saber quem seria a nova secretária de Estado do Turismo, depois de Ana Mendes Godinho ser promovida a ministra do Trabalho. Rita Marques, ex-CEO da Portugal Ventures, seria a escolhida. Quatro dias depois, era publicado o decreto-lei que criava o Revive Natureza, que tinha sido aprovado em setembro, com 96 imóveis; e a 26 de outubro, tomava posse o novo executivo, cujo Programa de Governo previa a manutenção da aposta no turismo para aumentar as exportações, destacando o turismo de natureza, ferroviário, LGBTI e cinematográfico como prioridades.
Em novembro, a autarquia de Ourém desistia da taxa turística de Fátima, prevista para início de 2020, e arrancava o 45.º Congresso da APAVT, com a primeira intervenção pública da secretária de Estado do Turismo, que apontou infraestruturas, aumento da estada média e investimento das empresas como desafios. No final do mês, no Congresso da AHP, Rita Marques voltaria a intervir, defendendo um ‘refrescamento’ da estratégia turística 20/27.
E foi também durante o congresso da APAVT que se ficou a saber que o Tribunal Central Administrativo tinha anulado o contrato para aquisição de serviços para a participação em feiras internacionais do Turismo de Portugal, adjudicado à Multilem, mas que foi contestado por irregularidades. Foi considerado ilegal e deve ser repetido.
A 27 de novembro, Lisboa apresentava o projeto de requalificação da frente ribeirinha central, investimento de 27 milhões de euros, suportado pela taxa turística e, no dia seguinte, decorria mais uma edição dos WTA, em Omã, e Portugal voltou a ser eleito melhor destino turístico do mundo, arrecadando ainda outros 11 prémios.
No início de dezembro, o TCP lançou o Plano Regional de Desenvolvimento Turístico 2020-2030, prevendo 13 milhões de dormidas em 2030, e o país conhecia a campanha Proudly Portugal, para o segmento LGBTI, que causaria polémica nas redes sociais. O Turismo de Portugal viria esclarecer que a campanha é da Associação Variações, mas contou com apoio público, pois visa posicionar o país como “destino inclusivo e respeitador de todas as pessoas”.
O ano acabaria com os Açores a tornarem-se no único arquipélago no mundo certificado como Destino Turístico Sustentável pela Earthcheck, ao abrigo dos critérios da Global Sustainable Tourism Council (GSTC).