Histórias do Turismo | Por mar, terra, ar e pela Internet
Ao longo do próximo ano, publicamos histórias dos 100 anos do turismo, da autoria de Jorge Mangorrinha.
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O turismo nasce onde chega a estrada, o comboio pára, o navio toca e o avião desce, bem como em tudo o que a Internet nos oferece. Conta com os atractivos físicos e imateriais, com as pessoas e actividades. O turismo cultiva o espírito, dá luz e fulgor à inteligência, sublima os sentidos, favorece o diálogo entre o homem e a natureza, cria paixões e ampara o amor, abre caminhos à comunicação, equilibra, defende, cria e pretexta um clima de aproximação e de comunicação. O turismo educa e humaniza, pelo que o seu ensino, em Portugal, tem sido pioneiro e rigoroso, mas nem sempre adequado aos diferentes níveis e sem que a história esteja manifestamente presente nos programas escolares.
Ontem, como hoje, viajar é descobrir. Descobrir mais do que a vista alcança nas redes digitais, pelo que a oferta turística se deve preparar para surpreender o turista. O turismo é a visita do homem ao homem, um saudável intercâmbio de culturas, uma janela aberta sobre um horizonte de convivência e liberdade, paz e fraternidade, bem como uma fonte de riqueza, de progresso e de desenvolvimento.
A pré-história do turismo remonta às viagens de descoberta do mundo e, mais tarde, aos estudantes endinheirados e aos aquistas britânicos e centro-europeus. Na revolução dos transportes, a locomotiva chega em 1804, o navio a vapor três anos depois. A Europa mudou a partir do século XIX, e mudou a vida dos povos, das nações e das políticas de desenvolvimento social e económico, como as relações a todos os níveis entre os países da velha Europa das regiões e os continentes asiático e americano. E mudaram também os hábitos e o modo de viver e de conviver, deu um outro sentido às viagens, ao exercício do comércio, ao crescimento industrial e a novas perspectivas do mercado de trabalho. Houve fortes investimentos, quer dos governos de diferentes países, como de empresas privadas. Foi a grande revolução dos transportes e o incremento das viagens que originaram o início de uma nova e promissora actividade económica e cultural.
O ano de 1840 foi marcado pela iniciativa do português Bernardo Abreu: uma agência pioneira na Europa para o comércio de viagens. No ano seguinte à iniciativa portuguesa, a agência do inglês Thomas Cook organizou a primeira viagem de grupo entre Leicester e Loughborough, com 500 participantes presentes num congresso, sendo a primeira viagem de grupo vendida num “pacote”, com transporte e alojamento, e cinco anos depois, organizou a primeira excursão (Escócia) com Guia profissional, sendo entregues textos informativos impressos. O primeiro navio construído em ferro e movido por uma hélice a vapor foi lançado à água em 1851 e passou a ser possível uma viagem por mar, num paquete luxuoso, para atravessar o Atlântico Norte e visitar Nova Iorque.
A actividade turística despertava grandes interesses e, como tal, tornou-se apetecível e desejada. Este vertiginoso desenvolvimento sensibilizou o cidadão empreendedor ou viajante, permitindo-lhe vislumbrar, racionalmente, que essa nova “indústria” era mesmo um “sonho” desejado que significava desenvolvimento.
Em Portugal, intelectuais, como Alexandre Herculano, e políticos, como Mariano de Carvalho e Anselmo de Andrade, anteviam a viagem de lazer como uma fonte de riqueza. Mendonça e Costa promoveu a criação de uma imprensa especializada, bem como da Sociedade Propaganda de Portugal. Esta daria origem à primeira organização oficial do turismo português, já no regime político republicano, numa convergência exemplar entre cidadãos e políticos, entre monárquicos e republicanos. O Estado e os privados iniciavam um estímulo à criação de hotéis e à melhoria da sua qualidade, aos transportes internacionais, à formação profissional, à criação da organização local de turismo, à promoção internacional e à regulamentação do jogo. As iniciativas são de grande alcance, mas os resultados são escassos, pela instabilidade política e pelas crises financeiras e sociais da Grande Guerra. O final desta, aliás, obrigou a medidas legislativas, tendo como objectivo o relançamento do turismo nos países afectados, designadamente, em 1919, pelo governo francês (ver imagem).
Em síntese, era assim o turismo até há 100 anos – são pequenas histórias que fazem a História, tal como também são os detalhes da pedagogia que fazem um ensino melhor e a preparação de técnicos qualificados, porque é dele que tratará o próximo artigo, estabelecendo a ponte entre as histórias e o presente que, aliás, também já tem histórias a reter.
Por Jorge Mangorrinha, Investigador em História do Turismo
Nota: Ao longo do próximo ano, publicamos histórias dos 100 anos do turismo, da autoria de Jorge Mangorrinha