Crónica Tim Vieira | Autocaravanas um assunto de família
Tim Vieira está, desde junho, a viajar pelo mundo acompanhado pela família. Durante 118 dias irá visitar 11 países. Leia a sua quarta crónica.

Publituris
Volta ao Mundo 2027 da Princess Cruises visita 61 destinos em 20 países e três continentes
Monte da Bica vai investir 1,5M€ para criar butique hotel, dois lagares e uma sala de provas
Fiscalidade, Emprego, Investimento e Coesão Territorial são os 4 eixos das 13 medidas propostas pela AHRESP para a próxima legislatura
Setor dos Transportes entre os que mais recuaram na constituição de novas empresas até final de abril
Pilotos da TACV anunciam greve de cinco dias a partir de 22 de maio
Turismo de Portugal promove gastronomia nacional no Japão
Vila do Conde vai sediar primeira loja física da Flair Travel
Sabre com oferta NDC da Air France e KLM
Candidata à liderança da UN Tourism quer Cimeira Global de Investimento para desbloquear milhares de milhões de dólares
Investigadoras do Politécnico de Leiria premiadas a nível internacional no campo do turismo
Antes desta viagem, a minha ideia de RV (autocaravana) era baseada no filme com o mesmo nome (“RV”, em português “Com a Casa às Costas”), protagonizado pelo falecido Robin Williams. Uma ideia romântica, mas dolorosa na vida real.
Continue a ler, pois a minha ideia irá mudar…
Assim como ébano e marfim, pizza e coca-cola, John McEnroe e Jimmy Connors, Romeu e Julieta, uma autocaravana consegue juntar aventura e experiências como nenhuma outra. Devo admitir que fiquei cético, pois não era propriamente fã da ideia de férias numa autocaravana. Tudo mudou no último mês, talvez devido à minha idade avançada, já que agora as minhas expetativas mudaram ou talvez não soubesse o quão incrível poderia ser.
Umas férias de autocaravana são a fusão perfeita de transporte (liberdade) e alojamento (experiências), o que contribui para uma aventura inesquecível.
A minha história começa em Sidney, onde fomos buscar a nossa autocaravana Mercedes-Benz de seis lugares chamada Apollo. A nossa viagem começou em Sidney para Cairns, a percorrer um dos países mais bonitos. Fiquei um pouco nervoso quando comecei a conduzir o que parecia um pequeno Jumbo, que precisava de encaixar por onde o GPS nos enviasse. Assistimos ao vídeo de introdução três vezes para não cometer nenhum erro com os tanques sépticos e outras ligações vitais. Também pode ter sido apenas uma forma de eu demorar um pouco mais tempo, pois estava um pouco assustado. Sabia que quando saíssemos, não havia como voltar atrás!
Decidi imediatamente tornar a viagem num assunto de família, envolvendo o Alex e o Titus como equipa de montagem quando parávamos para armar o acampamento. Eles foram excelentes e qualquer equipa da Fórmula 1 poderia recrutá-los.
Eu poderia explicar todos os aspetos técnicos. No entanto, todas essas informações podem ver encontradas no YouTube. Vou continuar a falar sobre o que esta experiência pode fazer por si e pela sua família.
Para os principiantes, a simples escolha da cama na autocaravana é uma discussão empolgante. Em última análise, existe um lugar perfeito para cada um, mesmo para Elena, a minha princesa. Podemos encher as gavetas com os nossos pertences e carregar nos vários botões para encontrar pequenos itens de arrumação inteligentes em toda a parte.
Assim que estávamos todos acomodados, partimos e foi aí percebi que tinha uma casa na traseira do carro… Houve risos, sugestões e conselhos de especialistas, especialmente da esposa, pois ela sabe tudo sobre a casa e o lar.
O passo seguinte, de acordo com a sugestão da Lídia, foi parar para fazer compras, pois é preciso ter comida em casa. Enquanto estacionava o meu pequeno Jumbo pela primeira vez, todos estavam ansiosos para garantir que eu realizasse essa tarefa em segurança. Gesticularam, ouvi gritos de todos os lados, mas no fim eu tinha estacionado em segurança. Uma vez mais, todos juntos, começámos a encher o carrinho de compras com guloseimas, pois cada um de nós tinha algo que queria experimentar. Terminámos as compras com muitos mais snacks do que refeições, mas quem se importa com isso numa “road trip”?
Decidimos viajar ao longo da costa para podermos parar regularmente nas praias. Conduzimos por muitas estradas secundárias, o que foi ótimo, pois conhecemos as pequenas cidades que são a verdadeira Austrália. Também reservámos os acampamentos apenas no dia, para que não precisássemos de chegar a um algum determinado lugar num altura especifica. Este é um luxo que recomendo, pois assim decide que distância vai percorrer, ou a hora da partida à sua conveniência. Isso também faz com que a decisão seja uma escolha da família, ao debater opiniões durante a viagem para escolher onde ficar. Palavras-chave como piscina, vida selvagem, praia, áreas de lazer e estações de despejo (ponto de esgoto) vão influenciar as escolhas. Não siga apenas as recomendações dos guias, pois sempre há muitos especialistas com muitas expectativas a comentar. Tenha uma mente aberta, conheça e experimente as coisas por si mesmo.
Os nossos acampamentos foram incríveis, os nossos locais foram ideais e globalmente as nossas experiências foram inesquecíveis.
Vimos cangurus, milhões de pássaros, centenas de peixes, o nascer e o pôr do sol espetaculares. Rimos, comemos, brincámos, cantámos, conversámos e chorámos juntos. Conhecemos pessoas maravilhosas na estrada, nas lojas e nos parques de campismo, onde todos se cumprimentavam “g’day mate”.
Tomámos banho em balneários públicos, fizemos grelhados em áreas partilhadas e tudo parecia muito natural. Estacionámos a nossa autocaravana próxima a outras famílias, a casais mais velhos ou mais jovens (um grupo variado). Estacionámos mais perto ou outras vezes mais afastados, mas fazíamos sempre parte de uma comunidade. Deram-nos conselhos, sugestões e até leite como a adorável família McKenzie, na praia de Mission. Mais tarde, encontrámo-nos com eles novamente numa zona balnear próxima de Carins e estou certo de que os voltaremos a ver. Ficámos surpresos com o quão civilizados, respeitosos e acolhedores são os membros desta comunidade. Na estrada, sempre havia uma onda, uma pequena ajuda no estacionamento ou apenas um sorriso para nos lembrar que fazíamos parte de uma comunidade especial, que aprecia acima de tudo as experiências em família e aventura.
Foi ótimo ver os nossos filhos offline, mas ao mesmo tempo ligados à experiência. Eles conviveram com outras pessoas da melhor forma possível e começaram a acreditar que ser agradável e atencioso é algo positivo e real. Eles disseram “Olá” a todos, comunicaram com os outros e partilharam histórias com as mais diversas pessoas. Eles ficaram com a mente aberta e contaram aos outros de onde vinham e como é maravilhoso, e a falta que sentem do seu país, mas que estavam a adorar a experiência de viajar. Eles tornaram-se atentos aos habitantes locais e colocaram as questões certas para iniciar conversas que nunca ofendiam costumes ou tradições.
Isto fez-me entender o ditado “é preciso uma aldeia para criar uma criança”. À medida que os nossos filhos cresciam, fiquei mais orgulhoso e realizado.
Nadámos em rios, praias, piscinas, visitámos lugares inesquecíveis, ouvimos música incrível para conduzir (escolhida pelo Alex), comemos refeições maravilhosas (cozinhadas pela Lidia), discutimos estatísticas do país (apresentadas pelo Titus), vimos paisagens incríveis (Elena tirava selfies), mas o mais importante é que fizemos tudo juntos.
Foi uma bênção para todos nós, já que agora conhecemo-nos um pouco melhor do que antes, amamo-nos um pouco mais do que antes e todos somos um pouco mais humanos do que antes (perdoamos).
Eu recomendo uma viagem com acampamento para qualquer família que se ame e que queira se amar ainda mais. Não precisa de ser longe, cara ou luxuosa, só precisa de ser feita em conjunto, pois o resto acontece naturalmente.
Tivemos os nossos momentos altos e baixos durante a viagem de 3063 km, mas no geral os momentos altos suplantaram os baixos que são rapidamente esquecidos quando se tem que comer, dormir e brincar juntos numa autocaravana. Obrigado Apollo, foste ótimo, sentiremos a tua falta, mas não por muito tempo, desde que conheçamos o nosso novo Apollo na Nova Zelândia para uma nova aventura.
(English version)
Motorhomes (RV) a family affair
Before this trip my idea of RV (motorhome) was the movie with the same name staring the late Robin Williams. A romantic idea but painful in real life.
Keep reading my idea changes….
Just like ebony and ivory, pizza and coke, John McEnroe and Jimmy Connors, Romeo and Juliet. An RV motorhome fuses together adventure and experiences as nothing else can. I must admit that I was sceptical as I was not really a fan of the thought of holidays in a motorhome. This has all changed in the last month, maybe it’s due to my older age as I now have changing expectations or maybe I just never knew how awesome it could be.
A motorhome vacation is the perfect fusion of transport (freedom) and accommodation (experiences) which contributes to an unforgettable adventure.
My story starts in Sydney when we picked up our Mercedes-Benz 6 berth RV named Apollo. We set out on our road trip from Sydney to Cairns along some of God’s most beautiful country.
I was a little nervous as I took control of what felt like a small Jumbo jet, which had to fit wherever our GPS would send us. We watched our intro video 3 times so that we wouldn’t make any mistakes with our septic tanks and other vital connections. It could also be me just taking my time as I was a little scared as I knew once we were off there was no turning back !!!
I decided to immediately make it a family affair by getting Alex and Titus involved as pit crew when ever we stopped to set up camp. They were outstanding and any formula one team would have been happy to have them.
I could explain to you all the technical aspects however all that info you can find on YouTube. I will proceed to give you insights on what the experience does to you and your family.
For starters the simple act of choosing your bed in the RV is a exciting discussion, ultimately there is a perfect spot for everyone even for Elena my princess. You fill the drawers with your belongings and press the various buttons as you find clever little items all over the place.
Once we were all settled in, we pulled off and that’s when you realize you have your house on the back of your car… There is laughter, suggestions and expert advice especially from the wife as she knows about house and home.
Next step as per Lidia’s suggestion is to stop and shop as you need food in the house. As I parked my small Jumbo for the first time all hands were on deck to make sure I did it safely. I saw hand signals and heard shouts from all four ends but in the end I was safely parked. Once again all together we started filling the shopping trolley with goodies as each of us had something that we wanted to try. We ended with far more snacks than meals but who cares we are on a road trip.
We decided to drive along the coast so we could stop regularly at beaches. We drove on many secondary roads which was great as we experienced the little towns which is the real Australia. We also only booked our campsites on the day so we didn’t have to be anywhere by anytime. This is a luxury that I highly recommend as you get to decide how far you drive or how late you leave at your own convenience. You also make it a family choice as you discuss opinions during your drive of where to stay. Key words such as pool, wild life, beach, play grounds and dump stations (sewerage point) will influence your choices. Don’t only go on recommendations from reviews as there are always too many experts with too many expectations giving their comments.
Be open minded and see and experience things for yourself.
Our camps where awesome, our locations where ideal and our overall experiences where unforgettable.
We saw kangaroos, millions of birds, hundreds of fish and spectacular sunrises and sunsets. We laughed, ate, played, sang, chatted and cried together. We met wonderful people on the road, in the stores and at the campsites where everyone says “g’day mate”
We showered in communal showers we grilled in shared areas and it all seemed so natural. We parked our RV next to other families, to older or younger couples (it’s a mixed bunch). We parked up close or sometimes more isolated but we were always part of a community. We were offered advise, suggestions and even milk by the lovely McKenzie family at Mission beach. We later bumped into them again at a swimming point around Carins and I am sure we will see them again one day, We were amazed at how civilized, respectful and accommodating everyone is to one another in this shared community. On the road there was always a wave, a little help in parking or just a smile to remind you that you are part of a special community who cherishes adventure and family experiences above all else.
It was great to see our kids offline but at the same time connected to the experience. They experienced humans at their very best and came out believing that being friendly and caring is a positive and a real asset. They said Hello to everyone, they communicated with others and they shared stories with the most random people. They became open minded and told others about where they come from and how wonderful it’s there and that they miss it, but that they are loving this experience of travel. They became sensitive to locals and asked the right questions to start conversations never offending customs or traditions.
It made me understand the saying “it takes a village to bring up a child”. As our children grew, I grew prouder and more fulfilled.
We swam in rivers, beaches, pools, visited unforgettable places, listened to awesome driving music (chosen by Alex), ate wonderful food (cooked by Lidia), discussed country statistics (supplied by Titus) saw amazing views (Elena taking selfies) but most importantly we did it all together.
It has been a blessing for us all as we now know each other a little better than before, we love each other a little more than before and we all a little bit more human than before (forgiving).
I can highly recommend a camping trip for any family who loves each other and want to love each other even more. It doesn’t need to be far, expensive or luxurious it just needs to be done all together as the rest happens naturally.
We have had our high and lows during the 3063km trip but overall the highs out number the lows which are quickly forgotten as you soon have to eat, sleep and play together in your Motorhome. Thanks Apollo you have been great we will miss you but not for long as we meet our new Apollo in New Zealand for a new adventure.
**Tim Vieira está, desde junho, a viajar pelo mundo acompanhado pela família. Durante 118 dias irá visitar 11 países. Leia a sua terceira crónica.