“A legislação do Turismo anda a ser feita com absoluto desconhecimento de causa”
A primeira edição da European Hospitality Summit, organizada pela AHRESP, reuniu diversas personalidades para discutir o futuro do Turismo, Alojamento Local e Hotelaria.
Rute Simão
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“A legislação em matéria de Turismo anda a ser feita com um absoluto desconhecimento de causa e baseado no que anda a sair nos jornais”, criticou Adolfo Mesquita Nunes, na manhã deste sábado, 13.
O antigo secretário de Estado do Turismo integrou o painel inaugural da primeira edição da European Hospitality Summit, organizada pela Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) e deixou várias críticas à forma como se tem discutido os constrangimentos no setor. “O turismo é uma das novas causas anticapitalistas, Há uma componente ideológica que contamina o discurso. As pessoas, e isto acontece a nível europeu, responsabilizam o aumento do turismo pelo aumento dos preços nas cidades. E as discussões na Assembleia da República são ideológicas sobre uma matéria que é económica”, acrescentou.
Lídia Monteiro, diretora de marketing do Turismo de Portugal, discordou das acusações tecidas pelo antigo membro do Governo PSD/CDS. “O setor tem sabido viver bem a mudança de ciclos políticos independentemente das ideologias e isso está na base do sucesso do turismo em Portugal”, defendeu.
Número de turistas e especulação imobiliária
Sob o mote “Tendências e Perspetivas do futuro do Turismo em Portugal”, painel da cimeira que reuniu diversas personalidades no evento dedicado ao Turismo, Alojamento Local e Hotelaria, na Academia das Ciências, em Lisboa, o antigo vice-presidente do CDS aludiu ainda ao preços do imobiliário praticados na capital portuguesa. “Toda a gente quer viver no centro da cidade e há mais pessoas a querer viver lá do que o número de casas disponíveis. Há esta ideia de que é um direito inalienável viver no centro da cidade e todas as políticas são feitas para isso. Parece-me que isto é correr contra o vento”, afirmou.
Adolfo Mesquita Nunes considera que a valorização de determinadas zonas de Lisboa é um processo “dinâmico” e fruto da evolução da cidade. “Quando vim viver para Lisboa só um doido é que queria ir morar para o Bairro Alto ou para o Chiado”, relembra.
O agora administrador não executivo da Galp refere que não é possível controlar o número de turistas que entram no país. “Nunca vamos conseguir ter o número certo de turistas, que agrade a todos. Fazemos o quê? Metemos uma placa no aeroporto e dizemos: é o turista número 1,000,033 não pode entrar?”, ironiza. Desta forma, admite que é preciso trabalhar na estratégia para encaixar turistas e residentes na rotina urbana. “Vamos ter de criar pontos de atração e aceitar que o turismo altera o nosso quotidiano”, atesta.
Sobre a implementação da taxa turística, Mesquita Nunes diz concordar com a medida se esta for aplicada para “atenuar o efeito do aumento de turistas” como em “limpeza ou regulação do trânsito” e avisa de que esta não deverá ser canalizada para “fins de promoção do destino”.
Próximos passos
Sobre a atual conjuntura do setor, Lídia Monteiro apontou estratégias. “Temos de estar preparados para não crescer como nos últimos anos. O crescimento tem de ser feito agora em valor. Temos de pensar na diversificação de mercados”, referiu. Já Cristóvão Lopes, diretor-executivo do Falésia Hotel, acrescentou que é necessário “aproveitar o abrandamento para consolidar”.
Adolfo Mesquita Nunes vê o copo meio cheio apesar dos constrangimentos conhecidos. “Depois de termos crescido a dois dígitos e mesmo com destinos como a Turquia e Tunísia a renascer, não faz sentido falarmos em final de ciclo. Há sim um abrandamento. Era preciso fazermos muita coisa muito mal feita para darmos cabo disto”, afirmou, alertando que é necessário não cruzar os braços. “Se não conseguirmos criar experiências inovadoras vamos perder o comboio”, concluiu.