Opinião | Igualdade, imposta por lei!
Leia a opinião de Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).

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Não me considero, de todo, uma fervorosa feminista, muito pelo contrário, até sou apreciadora do cada vez menos habitual “cavalheirismo”, que de alguma forma eleva a mulher a um “patamar superior”, que não magoa ninguém e nos faz sentir bem. Tal como desdenho qualquer tipo de machismo, eivado de mediocridade, que pretende diminuir a mulher, apenas por o ser. E esse sim magoa. Não obstante haver uma relação entre os dois termos, o feminismo não é o oposto de machismo. Estamos a falar de conceitos completamente distintos, porque enquanto o feminismo prossegue a igualdade de género (equidade), o machismo trata do domínio do homem sobre a mulher (poder, superioridade).
Clarificados os conceitos, é surpreendente como o tema (des)igualdade trespassou os séculos, desde a reivindicação dos direitos da mulher a partir do século XVIII, com a Revolução Francesa, até ao século XXI, onde ainda hoje é tema. Deixa-me inquieta a pouca importância que a nossa sociedade, homens e mulheres incluídas, atribui à “Igualdade”, no que diz respeito a direitos e oportunidades ao nível político, económico e social, tal como o movimento feminista também defende, e que não se confunde com ideologias de feminismo extremista ou radical.
Não se pretende que mulheres e homens se tornem num padrão único, indistinto, mas antes que se diferenciem naquilo que é próprio das suas identidades e formas de ser, estar e pensar. A igualdade de género deve ser encarada por cada um como uma forma de estar na vida e de sentir, e que deve ser colocada em prática em cada gesto do nosso quotidiano, onde impere a aceitação e o respeito devido pela dignidade de que cada ser humano intrinsecamente goza, independentemente do género.
Tudo isto para lamentar que nos tempos “modernos” que vivemos, ainda seja necessária a publicação de uma lei para impor a igualdade salarial entre homens e mulheres, e para que se efetive um princípio que todos concordamos ser de elementar justiça: salário igual para trabalho igual ou de igual valor. Algo vai muito mal! O que nos faz questionar se serão as mulheres menos competentes, menos capazes, menos eficientes ou qualificadas? É que os números demonstram exatamente o contrário! Ou será que simplesmente lhes são colocados mais entraves e mais constrangimentos em progredir e em chegar a cargos de poder, independentemente do seu mérito pessoal? Esta avaliação, infelizmente, já não depende de factos e poderá estar aqui a resposta.
É importante entendermos que as imposições legais sobre estas matérias só acontecem porque existe uma discriminação de índole cultural que está de tal forma enraizada que não vai desaparecer recorrendo-se apenas a apelos de bom senso ou de justiça. Aliás, as propostas de acordos voluntários feitos no passado e a autorregulação que tanto tenho proclamado, quando toca a estas matérias, não se têm revelado eficazes, o que é de lamentar.
Se nos reportarmos ao turismo e respetivo mercado de trabalho, esta é uma indústria onde se promove a contratação com base na igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, rompendo-se também barreiras étnicas e sociais. Mas, como também sabemos, é uma atividade com predominância de mão-de-obra feminina, em especial nas categorias que menos auferem, logo, muito afastadas dos cargos mais elevados e melhor remunerados. Esta é uma realidade que merece uma análise com vista a serem apuradas as suas causas, para que se criem e implementem procedimentos eficazes que possam resolver este problema.
Temos contudo, vindo, devagarinho, a evoluir, mas é preciso mais. É preciso que o turismo dê o sinal, aponte o caminho e possa ser reconhecido como “o” bom exemplo de autorregulação nesta matéria, como já o é em tantas outras áreas! Não porque a lei obriga, mas porque é um setor responsável e que valoriza e reconhece o mérito, e esse não conhece género!