A paixão pelos territórios (destinos) turísticos rurais
Leia a opinião Jaime Serra, professor e director do Curso de Licenciatura em Turismo da Universidade de Évora; Investigador do CIDEHUS/Lab. de Turismo.
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Defendo que os territórios (destinos) turísticos são reconhecidos pelos diversos visitantes, muito pela sua identidade própria e distintiva, ao invés da visão tradicionalista marcada por fronteiras administrativas confinadas a delimitações territoriais físicas.
Tal visão é o resultado do “olhar do turista”. O seu comportamento de decisão e consumo turísticos, perspetiva uma noção de mobilidade territorial que é explicada pela atratividade do conjunto de recursos e produtos turísticos existentes. Já todos sabemos que características como a autenticidade, a diferenciação e a complementaridade de experiências, são variáveis críticas para o sucesso dos destinos turísticos. No entanto, quando perspetivamos os territórios rurais na sua função turística, os agentes da oferta ressalvam a enorme importância em manter uma forte identidade territorial no quadro da sua oferta de turismo em espaço rural.
Se por um lado os intervenientes da atividade turística nas áreas rurais, apelam à necessidade de valorizar as especificidades do mundo rural enquanto espaço aberto, pleno de recursos naturais e práticas tradicionais, por outro lado é necessário estabelecer uma relação mais envolvente e rica entre o anfitrião e o visitante. Indubitavelmente, para que este quadro de equilíbrio entre a valorização da oferta turística e a relação com os visitantes em territórios rurais seja uma realidade, será necessário o estabelecimento de redes sustentáveis de oferta no quadro do turismo em espaço rural.
A necessidade de articulação da oferta turística com base em recursos endógenos, exige o estabelecimento de redes com relações formais e informais que permitam criar uma cadeia de valor repleta de identidade, genuinidade e autenticidade. É neste quadro que surge a necessidade de criar redes de oferta turística que promovam práticas funcionais que permitam que os visitantes se sintam acolhidos, colocando-os como parte integrante da cultura, tradições e história locais. Estas práticas funcionais da oferta deverão ser alimentadas com envolvência, emoção e paixão pelos seus recursos endógenos. Certamente estes elementos tangíveis e intangíveis da oferta turística em espaço rural irão valorizar os territórios turísticos, colocando a enfase, não num espaço objeto de consumo turístico completamente estático, mas sim num tónico de usufruto turístico ancorado num espaço com identidade, valor e paixão!
Todas estas questões foram partilhadas e exploradas no âmbito do III Encontro Ibero-Americano de Turismo Rural, que aconteceu em Évora e Mérida entre os dias 28 e 31 de Outubro, no qual participaram Universidades, Empresas, Organismos associativos e outras Entidades públicas de Portugal, Espanha e cerca de 13 países da América Latina. Constatou-se que apesar das suas diferenças territoriais, culturais e sociais, as práticas do turismo rural de base comunitária podem alimentar uma maior envolvência da comunidade no processo de produção turística, trazendo-lhes vantagens inquestionáveis ao nível económico, cultural e social. Para além de outros factos, este fórum permitiu constatar que a criação de redes de oferta de turismo rural, devem ser ancoradas numa forte paixão pela cultura local. Este processo, quando partilhado entre a comunidade local, os agentes da oferta turística e os visitantes, certamente alavancará uma maior competitividade dos territórios (destinos turísticos) rurais.
*Por Jaime Serra, professor e director do Curso de Licenciatura em Turismo da Universidade de Évora; Investigador do CIDEHUS/Lab. de Turismo