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“Vamos assistir a uma recolocação das regras do mercado”

António Trindade, presidente do Grupo PortoBay Hotels, faz um retrato do actual momento turístico do País com a descida do mercado britânico e a recuperação dos destinos concorrentes da bacia […]

Raquel Relvas Neto
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“Vamos assistir a uma recolocação das regras do mercado”

António Trindade, presidente do Grupo PortoBay Hotels, faz um retrato do actual momento turístico do País com a descida do mercado britânico e a recuperação dos destinos concorrentes da bacia […]

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Raquel Relvas Neto
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António Trindade, presidente do Grupo PortoBay Hotels, faz um retrato do actual momento turístico do País com a descida do mercado britânico e a recuperação dos destinos concorrentes da bacia Oriental do Mediterrâneo. A aposta nos mercados americanos ou a venda do maior número possível de experiências ao turista são algumas das sugestões apontadas para sustentar a resiliência dos destinos portugueses perante um abrandamento.

Com a proximidade à World Travel Market em Londres, como decorreu a performance do mercado britânico este ano nas vossas unidades? E quais as perspectivas para este mercado tendo em conta a entrada em vigor, no próximo ano, do Brexit?

Em termos gerais, tivemos uma relação com o mercado inglês estável e positiva, quer no Algarve, quer em Lisboa e na Madeira. Onde tivemos maior crescimento do mercado inglês foi no Brasil. Em termos de mercado, com algumas mudanças de ranking de protagonismo entre operadores, sentiu-se aqui algum decréscimo da TUI UK, que foi compensada pelo operador inglês que está a apostar mais na bacia ocidental do Mediterrâneo que é a Jet2, actualmente o maior operador inglês para Portugal. Não temos uma situação de crescimento, temos uma situação de manutenção e sendo para nós o mercado inglês o principal mercado, a estabilização é algo bastante positivo.

Em relação às unidades no Brasil, este crescimento do mercado inglês a que se deve?
No Brasil, a relação com a operação turística é muito pequena, ela faz-se sobretudo através das OTA’s e das reservas directas e aí, tivemos, este ano, um aumento de tráfego, quer para o Rio de Janeiro, quer para São Paulo, que inclusivamente não contávamos tanto. Este aumento advém do reconhecimento da nossa marca no mercado inglês sobretudo para destinos mais longínquos e onde efectivamente a notoriedade da marca conta em relação aos mercados de origem. Fomos ganhadores com isso.

Em Portugal, aposta-se muito na diversificação de mercados, como os EUA e o Brasil, para colmatar a descida do mercado britânico. Que visão tem desta aposta?
A evolução dos mercados tem muito a ver com as acessibilidades e tem necessariamente a ver com o que é colocado em relação a cada um dos mercados de origem. Ou seja, a evolução positiva ou negativa dos mercados de origem para cada um dos destinos é que determina necessariamente mais a evolução positiva nas próprias ocupações dos hotéis. E o que acontece? Lisboa foi aqui o grande ganhador, os mercados americano e brasileiro contam-se agora nos top 4 ou 5 em qualquer um dos nossos hotéis em Lisboa. No caso da Madeira e do Algarve, sente-se também aqui um acréscimo, mas evidentemente não se pode estar a falar do mesmo tipo de protagonismo que os EUA e o Brasil têm em Lisboa.

Que desafios se colocam?
É natural e evidente que isto implica uma grande aposta nos mercados alternativos onde haja a possibilidade de crescimento nas acessibilidades. Se não tenho garantido o crescimento de acessibilidades, não posso fazer grandes apostas. Mas há algo que é estratégico quando estamos a falar de mercados não-europeus ou intercontinentais: temos de ter a consciência que estamos numa das pontas da Europa e, evidentemente, aquilo que represento. Na captação de mercado internacional ou intercontinental, temos que ter a consciência que, quer os asiáticos, quer os americanos, sejam eles norte ou sul-americanos, gostam de vir à Europa e percorrê-la ou ter uma experiência europeia. É muito natural que a nossa propensão seja de mais fácil acesso ao mercado dos EUA ou Canadá ou mercado sul-americano, porque entra-se na Europa por Portugal. Quando falamos de conquista do mercado asiático, isto quer dizer que tinhamos que ter uma acessibilidade a Portugal para ir para o Centro da Europa, para voltar para a ponta da Europa para voltar para a Ásia. Um grande desafio que se deveria colocar à própria TAP como elemento da Star Alliance, que em termos de Star Alliance possa efectivamente servir também Portugal, o que, infelizmente, não se tem sentido, por parte de uma Lufthansa, de uma Swiss Air, a vontade de fazer uma aproximação até este extremo ocidental da Europa. Faz sentido um asiático comprar uma entrada pela Europa e naturalmente vem à periferia e depois naturalmente regressa. O que acontece é que as apostas que se fizeram em termos de mercado asiático para vir para este lado, ir ao centro [da Europa] e voltar à periferia, não resultaram. Aliás, vê-se a aposta no mercado chinês com uma companhia chinesa e, infelizmente, não funcionou. Em contrapartida, o que temos é esta capacidade que a TAP tem demonstrado de entrar no mercado norte-americano e isso sim é que é revelador de um crescimento exponencial deste mercado, porque naturalmente a TAP depois, a partir do hub do Porto ou do hub de Lisboa, irradia para a Europa e mantém este regresso às origens através de Portugal. Sou um forte defensor e acredito muito que as nossas duas principais cidades, aqui não só Lisboa, que infelizmente tem o problema de ter o aeroporto esgotado, mas acredito francamente nas alternativas que se possam colocar também no Porto, porque tem efectivamente capacidade de ser um hub suficientemente atractivo no mercado norte-americano. Aqui, evidentemente, com um protagonismo natural da nossa TAP, dado que ela não só consegue trazer clientes a um lado nacional, como distribuir dentro do País e de uma região ocidental, como também servir de hub para a Europa. Levamos à Europa e depois trazemos da Europa para voltar à origem. Em primeiro lugar, tem uma capacidade de crescimento em termos absolutos e em termos relativos, porque o país tinha muito pouca expressão em comparação com outros destinos europeus. Estamos a ganhar um protagonismo dentro de valores normais que qualquer aeroporto europeu se coloca em relação aos EUA.

E quanto ao abrandamento que se está a verificar na hotelaria nacional em termos de dormidas e hóspedes, estamos preparados para esta redução de turistas?
Tenho algum receio que não tenhamos feito o suficiente trabalho de casa. Há um ano e pouco, estive em Maiorca a visitar vários hotéis e produtos, e senti que os hoteleiros das Baleares, assim como os hoteleiros do sul de Espanha e das Canárias, tiveram, não só incentivos, como uma vontade muito grande em requalificar os seus produtos, ao mesmo tempo que as próprias regiões espanholas têm feito grandes apostas na requalificação dos seus micro e macro produtos. Cada uma das zonas tem feito grandes apostas. Nós temos feito, mas não à mesma escala. O português tem, por vezes, alguma propensão de ser demasiado reactivo e de não olhar para a velocidade do mundo a mudar e não se adaptar o suficiente. O que está a acontecer actualmente? Sobretudo a oferta de lazer é sempre superior à procura, historicamente sempre o foi e há um ciclo na história da relação oferta/procura turística que determina quando o Oriente do Mediterrâneo está em crise nós ganhamos muito, quando o Oriente recupera, sobretudo com uma estratégia de preços tremendamente agressiva, nós passamos a sofrer. Quando digo nós, considero sobretudo o mercado ibérico. Espanha e Portugal estão exactamente nesta mesma posição no que diz respeito aos vasos comunicantes dentro do Mediterrâneo. E nós somos, na realidade, um destino mediterrânico, quer em termos continentais, quer a nossa realidade insular, seja Canárias ou Madeira. Os espanhóis têm para o próximo Inverno decréscimos de dois dígitos, nós temos algumas indicações de que vamos ter algum decréscimo em relação ao próximo Inverno e ao Verão de 2019, mas acresce uma outra situação. Além desta competição Oriente/Ocidente, há aqui um outro factor em Portugal que tem necessariamente de contar – isto sem pressupor qualquer inimizades internas – é que as cidades portuguesas estão a ganhar um protagonismo crescente. Ainda há dois ou três dias, a Hosteltur reproduzia um trabalho julgo de uma organização oficial de turismo europeia, onde se referia que, pela primeira vez, na Europa, o tráfego para cidades já era maior do que o tráfego para resorts turísticos, isto quer dizer que há um protagonismo crescente das cidades numa lógica não necessariamente corporativa, mas numa lógica de lazer. Há aqui um factor importante, a estadia média em cidades evidentemente é menor, portanto quando falo em termos de noites, o número de noites em ambiente de resorts ainda continua a ser superior ao número de noites em cidades, mas estes dois factores – vasos comunicantes Ocidente/Oriente e o crescente protagonismo das cidades como centro de lazer – evidente que geram aqui desafio crescente aos resorts tradicionais como o são o Algarve, a Madeira.

E o que fazer perante esses desafios?
Temos que assumir que aumentámos os nossos preços médios, que nos fizeram distanciar dos preços médios da Turquia e do Egipto, porque esses são os grandes concorrentes dos destinos ocidentais. Há um factor de preço médio, e não estamos a falar só do preço médio da dormida, mas o preço médio dos restaurantes, dos bares… Se bem que não tenhamos preços altos, a concorrência é que está com preços manifestamente baixos por dois motivos: pelas necessidades que tiveram, como também pela desvalorização da libra turca. Isto quer dizer, que a competitividade cambial foi sempre um grande argumento utilizado por estes nossos grandes concorrentes da bacia Oriental. (…) Tenho maior instabilidade social, mas quando um hotel de cinco estrelas é vendido pelo preço de um de três estrelas, o cliente de três estrelas quer ir para o cinco e pensa que se houver tiros ou houver guerras elas passam demasiado por cima e vai continuar a desfrutar do seu sol. Há aqui uma política de contenção, de requalificação e, fundamentalmente, de a dita política da ocupação dos tempos livres. É muito importante, quer em termos de resort, quer de cidades, que haja uma agenda suficientemente interessante para colocar no mercado os destinos que oferecem muita coisa durante todo o ano. A criação de atractividade no destino em si, ligado à atractividade do hotel propriamente dito, é algo particularmente importante colocarmos no mercado para prever este decréscimo e, sobretudo, de prevermos a nossa capacidade de recuperação. Prevejo que o ano de 2019 será um ano, fruto desta relação dos vasos comunicantes, que terá uma situação que não é a mais fácil de todas para nós.

O Grupo PortoBay tem operação na Madeira, Algarve e Lisboa. Que leitura é que faz do actual momento de cada um deles?
Os momentos são diferentes. A Madeira, o Algarve e Lisboa vão encarar 2019 com três ambientes diferentes. O primeiro, Lisboa, a crescer a oferta e a ter um aeroporto sem uma capacidade de resposta directa a esse acompanhamento da oferta. O mesmo se passa em relação à Madeira, mas aqui em termos percentuais e relativos, o diferencial será efectivamente superior ao de Lisboa, dado que a oferta para o próximo ano vai crescer muito e não há um aumento de procura para fazer face a este aumento da oferta. Só que a Madeira está numa ilha e Lisboa é uma cidade num continente onde temos outros meios de acesso e onde a própria distribuição dos hubs continentais permite uma distribuição territorial, nomeadamente no caso dos novos mercados ao criar as novas oportunidades não propriamente só europeias, mas as novas oportunidades nacionais ou ibéricas. O que quero dizer com isto, é que há uma captação muito grande em termos de mercado brasileiro e mercado americano para fazer circuitos nacionais ou ibéricos e isto quer dizer que esta distribuição de circuitos por todo o País ou por toda a Península Ibérica permite trazer mais gente e ocupar melhor a oferta. No caso insular, como a Madeira, muito dependente ainda da operação turística, se não há um aumento da procura turística, evidentemente que a oferta ressente-se. No Algarve, a situação em termos de procura é relativamente constante, mas temos que nos preparar para este efeito que já deu os primeiros indícios negativos em 2018 em relação à guerra directa de destinos concorrenciais, destinos de sol e praia com a bacia Oriental do Mediterrâneo. Aqui é onde as acessibilidades da operação turística se colocam numa linha mais directa com a concorrência. Evidentemente, que nós – destinos de sol e praia ibéricos – temos de nos preparar para algum decréscimo, não é propriamente decréscimo. Diria que é uma recolocação do mercado, porque tivemos aumentos grandes de procura, no caso do Algarve, por exemplo, porque houve não só um aumento da procura pelo destino ‘per si’, mas muito também de uma deslocação de tráfego da Turquia, do Egipto e da Tunísia. Vamos assistir a uma recolocação das próprias regras do mercado, da relação oferta e procura do que era há dez anos.

Concretamente Lisboa, um dos desafios que se colocam à cidade e ao País é, sem dúvida, o aeroporto. Uma das soluções que defende é, por exemplo, a Madeira atrair companhias que utilizem novos hubs como Porto e até Barcelona…
O aeroporto de Lisboa tem uma responsabilidade que ultrapassa a própria cidade que serve, dado que é o nosso principal hub de distribuição nacional. Com o crescimento do tráfego consolidado, o tráfego das OTAs, das pessoas que querem ir livres para um destino, o que acontece é que vão-se utilizando cada vez mais os hubs das capitais para depois se distribuírem pelos outros destinos e aqui, invariavelmente, no caso do Algarve, Madeira e dos Açores, isto quer dizer que há um crescimento do mercado que passa por Lisboa. O que acontece é que quando tenho [o aeroporto de] Lisboa “entupido” já não tenho capacidade de abastecer mais Lisboa, nem de distribuir para os outros destinos. Há que encontrar, por parte dos destinos que são servidos por esse hub, as alternativas para ganhar mais protagonismo e aqui é o que eu referia que o Porto e Barcelona são dois aeroportos com capacidade de crescimento, mas sobretudo com capacidade de crescimento com companhias que utilizem hubs nestes aeroportos. Para a Madeira, por exemplo, as alternativas Transavia ou Vueling têm uma capacidade de abastecimento destes destinos maior, dado que utilizam esses aeroportos como hubs e não propriamente uma mera ligação ‘point to point’. Quando abordamos o caso da Ryanair para a Madeira, evidentemente que pode ter uma importância grande, mas a sua relação será muito na lógica do ‘point to point’, quer isto dizer que terá um contributo grande para o turismo nacional para a Madeira, mas um contributo relativo em relação ao outro tráfego internacional, dado que a Ryanair não tem uma política de hubs assente no aeroporto do Porto. Para qualquer viajante é sempre muito mais fácil quando coloca a mala numa origem e mesmo que tenha um hub, tem uma ligação directa de avião, o que não é o caso da Ryanair. O que me permite valorizar companhias como uma Transavia e uma Vueling é a sua capacidade de distribuição através desses hubs. Vou dar um exemplo, a Transavia é, actualmente, uma das companhias que, a seguir à TAP, mais interesse tem para a Madeira. Experimentei isso há três dias, quando vim do Porto para o Funchal num avião que estava a fazer Paris-Porto-Funchal, onde as pessoas vindas de Paris nem saíram do avião. Num avião com 170/180 lugares, 120 destes já eram ocupados por franceses que vinham para a Madeira, mas os outros foram franceses que ficaram no Porto. Isto permitiu que haja uma multi-deslocalização de turistas, com um voo que está a servir vários destinos portugueses.

Na Madeira, no entanto, acrescem ainda os constrangimentos que a TAP tem colocado ao seu desenvolvimento…
A TAP é uma empresa em crescimento exponencial que está a sofrer um impacto do mercado como qualquer outra companhia, que cresce ao ritmo da TAP, vai encontrar no mercado. Julgo que se tem especulado muito em relação a este percurso da Madeira com a TAP. O fenómeno Madeira em relação à TAP deve ser colocado nos mesmos termos em que se coloca em relação a todos os outros destinos da TAP. Temos dois segmentos que têm objectivos diferentes: um são os madeirenses a voar para o continente ou para fora da ilha, outro é o número de turistas que vêm para a Madeira. Não nos podemos esquecer que a TAP é responsável por entre 25% a 30% dos turistas que vêm para a Madeira e mais de 50% dos passageiros da TAP que vêm à Madeira são turistas. A TAP representa o dobro do segundo transportador de turistas para a Madeira. A TAP cresceu e houve aqui uma distribuição de segmentos neste transporte para a Madeira o que evidentemente cria aqui alguns constrangimentos quer em relação aos madeirenses, quer sobretudo aos clientes nacionais que vêm à Madeira, porque a politica do subsídio de mobilidade foi algo tremendamente perverso, foi politicamente incorrecto e aqui só há uma principal crítica a fazer ao modelo errado de atribuição do subsídio de mobilidade, porque não fez compatibilizar duas coisas: o direito dos cidadãos à aplicação do princípio da continuidade territorial com a competitividade das empresas. Quando o madeirense só paga um determinado valor, adianta tudo e depois espera dois meses para poder receber a comparticipação do Estado, ao mesmo tempo, as companhias aplicam as suas tarifas ao nível mais alto que possam efectivamente receber o subsídio do Estado. Aqui quem é o principal lesado na realidade acaba por ser o Estado e os portugueses que queiram vir à Madeira, porque têm preços exorbitantes. Por isso, os critérios da atribuição do subsídio de mobilidade têm que ser revistos o mais depressa possível para conseguirmos reganhar um ambiente de competitividade entre os transportadores para a Madeira e poder abrir, de uma forma melhor e mais eficiente, um mercado que é muito importante para a Madeira, o mercado nacional. Quem são os principais prejudicados são os portugueses que querem vir à Madeira.

A estada média em Portugal é um dos indicadores que mais desafios tem causado. Como poderemos melhorá-la?
Julgo que esta aposta tem de correr transversalmente em relação a todos os outros mercados. Tenho que mostrar aquilo que na realidade são as capacidades que cada destino possa oferecer e se por um lado, a Madeira e o Algarve, fruto do peso da operação turística, é muito tradicional a estadia de uma ou de duas semanas, em termos de cidade tendencialmente a estadia é mais curta. Esta aposta no aumento da estadia média não é propriamente dos resorts portugueses, porque esses já têm uma estadia média relativamente confortável, é sobretudo nos destinos urbanos. Para isso há que saber o que é que na cidade, e à volta desta, pode criar uma complementaridade na estadia. Isto que dizer, em primeiro lugar, levar às diferentes origens o que cada uma destas zonas tem para oferecer e a proliferação de acções de ocupação de tempos livres que faça o cliente ter uma estadia maior. E convenhamos uma coisa, em termos urbanos, o efeito que esta realidade pode ter é enorme. Se tenho, por exemplo, uma estadia média de oito dias num resort na Madeira ou Algarve, se aumentar um dia estou a aumentar sensivelmente 10% da minha ocupação, mas se a minha estadia média de Lisboa ou do Porto for de dois dias e conseguir ter mais um dia, estou a aumentar 50% a minha ocupação hoteleira sem precisar de mais um cliente. Convenhamos, quer em Lisboa quer no Porto, os arredores de cada uma das cidades já têm tanto para oferecer que facilmente permitem criar experiências. As ofertas das experiências são suficientemente atractivas para desencadear este aumento.  Trago esta minha preocupação do aumento da estadia média já de há muitos anos, aliás, quase desde que comprámos o hotel em São Paulo. São Paulo tem vindo a confirmar a sua passagem de estadia média de dois para três noites com a criação de eventos urbanos, animação urbana, que fez com que as pessoas naturalmente comprassem mais um dia de estadia. São os eventos culturais, de animação popular, são os ambientes de incentivo, tudo isto feito numa lógica de conjugação entre os responsáveis da cidade e cada um dos protagonistas hoteleiros, alojamento local, agentes de viagem, nesta promoção de que dois ou três dias não são suficientes. A criação desta mentalidade virada para vender o maior número de experiências possível é que é fundamental. Porquê? Porque além de aumentar a estadia média, vai mudar um pouco os objectivos das viagens. Quando estávamos a falar do tráfego intercontinental, um americano está preparado para fazer o corrido todo da Europa. Se logo no primeiro ponto forem criados factores de atractividade suficientes, ele vai alterando o seu próprio modelo de férias. Pensa: “Este ano não vou ser ‘globetrotter’ por dez cidades europeias, mas há uma ou outra cidade à partida que me oferece tantas experiências que me permitirá passar da minha experiência europeia para a minha experiência ibérica ou para a minha experiência portuguesa, porque tenho factores de atractividade suficientes para me ocupar esse tempo”.

De uma forma geral, como perspectiva o próximo ano para Portugal ao nível do Turismo, vamos continuar a crescer?
Diria ao contrário, julgo que Portugal será suficientemente resiliente para ultrapassar alguns ambientes que em termos internacionais se poderão colocar negativos em relação à bacia ocidental do Mediterrâneo. O ‘boom’ de recuperação de toda a bacia Oriental, e aí eu incluo também a Grécia, os números que aparecem agora para o Inverno e para o próximo Verão, fazem com que nós só não desceremos se formos muito resilientes. Quando olho para todo o espectro nacional, vejo o Algarve directamente na concorrência com esta bacia Oriental, Lisboa sem uma capacidade de crescimento fruto do aeroporto, o Porto a crescer e a Madeira com estes problemas estruturais que estamos a ultrapassar, que são sobretudo de uma desadaptação entre procura e oferta.

Grupo PortoBay
Quais deverão ser os resultados do grupo este ano?
Este ano, apesar de termos tido a obra de construção das suites junto do The Cliff Bay, a situação foi mínima, o Algarve apresentou um muito ligeiro decréscimo em relação ao ano passado. Mas em termos globais, vamos atingir, quer em termos de ocupação, quer em termos de receitas, quer muito provavelmente em termos de resultados finais, os mesmos números de 2017. Não conto ter uma variação de resultados superior a 2% para cima ou para baixo.

No início do próximo ano vamos ter novas unidades no grupo?
As ‘Les Suites at The Cliff Bay’ vão abrir, o nosso hotel no PortoBay Flores vai abrir e pode ser que eventualmente dentro de algumas semanas possamos ter novidades. Vamos apresentar o novo PortoBay Old Town que está em fase final de projecto, comprámos a quinta e estamos actualmente a desenvolver o projecto para dentro de 24 meses ter a nossa oitava unidade na Madeira.

*Entrevista publicada na edição impressa de 26 de Outubro.

Sobre o autorRaquel Relvas Neto

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Mercan Properties inaugura Holiday Inn Express Porto-Boavista após investimento de 21M€

O hotel localizado na Rua de 5 de Outubro soma 91 quartos à oferta hoteleira da cidade do Porto e pretende captar viajantes de negócios. O promotor aponta que a unidade hoteleira vai criar 32 postos de trabalho diretos.

O Grupo Mercan Properties inaugura esta terça-feira, 17 de setembro, o seu mais recente empreendimento na cidade Invicta, o Holiday Inn Express Porto-Boavista.

Sob a insígnia da InterContinental Hotels Group (IHG), o projeto representa um investimento de 21 milhões de euros e a criação de 32 postos de trabalho diretos, de acordo com o promotor.

O hotel localizado na Rua de 5 de Outubro conta com 91 quartos, um restaurante e zona de bar, sendo que a gestão hoteleira ficará a cargo da AHM – Ace Hospitality Management. Este hotel faz também parte “do projeto de reabilitação urbana que o Grupo Mercan Properties tem desenvolvido na região do Porto”, como o mesmo refere em nota de imprensa, cidade onde conta com oito hotéis em funcionamento e três em construção.

“O Porto foi a nossa casa, quando em 2015 chegámos a Portugal. Foi aqui que começámos a desenvolver os nossos primeiros projetos e é aqui onde temos encontrado mais oportunidades de reabilitação urbana. O Holiday Inn Express Porto-Boavista pretende oferecer um novo serviço à cidade, estando localizado numa área maioritariamente empresarial, mas também com uma grande oferta cultural e turística”, afirma Jordi Vilanova, presidente do Grupo Mercan Properties em Portugal.

O novo Holiday Inn Express Porto-Boavista é o segundo hotel inaugurado este ano sob a insígnia InterContinental Hotels Group (IHG), juntando-se ao Holiday Inn Beja e ao Holiday Inn Express Évora, cuja abertura está prevista ainda para este ano.

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GIATA e Ratehawk associam-se para melhorar base de dados da solução de mapeamento de hotéis

A GIATA, empresa tecnológica especializada no turismo, e a ferramenta de reservas Ratehawk para profissionais de viagens, com mais de 2,6 milhões de hotéis, acabam de celebrar uma parceria com vista a melhorar significativamente a precisão da MultiCodes, uma solução de mapeamento de dados de hotéis da GIATA.

A MultiCodes da GIATA, que apresenta a maior base de dados mundial de hotéis, resolve a inconsistência de dados de endereços na indústria das viagens, fornecendo um código unificado para cada unidade hoteleira. A Ratehawk recomendará a GIATA como a sua fornecedora de mapeamento preferencial e servirá como fornecedora fundamental de dados hoteleiros para a GIATA MultiCodes, assegurando uma integração sem falhas entre plataformas e melhorando a fiabilidade dos dados para agências de viagens, operadores turísticos e plataformas de reservas online.

Esta parceria estratégica oferecerá benefícios substanciais a ambas as equipas, assim como à generalidade da indústria das viagens. Combinando o conhecimento especializado da GIATA no mapeamento de dados com a alargada base de dados da Ratehawk, a colaboração resultará em dados hoteleiros mais precisos, reduzindo os erros nas reservas e melhorando a satisfação dos utilizadores para os clientes de ambas as empresas. As agências de viagens, os operadores turísticos e as plataformas de reservas online poderão experimentar uma integração sem falhas e uma maior fiabilidade dos dados.

Os produtos digitais da GIATA, com sede em Berlim, centrados no conteúdo fora das reservas destinam-se a 20 mil clientes e parceiros em 74 países, incluindo hotéis, cadeias hoteleiras, agência de viagens online, operadores turísticos, cooperações entre agências de viagens e sistemas de distribuição global.

A Ratehawk é uma plataforma de reservas B2B desenvolvida pela Emerging Travel Group, uma empresa sedeada no Dubai, que oferece hotéis, bilhetes de avião, transferes, aluguer de carros e outros serviços relacionados com viagens. Disponibiliza acesso a mais de 2,6 milhões de hotéis e outros tipos de alojamentos, a partir de mais de 100 mil propriedades com contratos diretos e 260 distribuidores.

 

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Vai nascer empreendimento turístico de 50 milhões de euros em serra de São Brás de Alportel

O empreendimento turístico da Herdade do Monte da Ribeira – Pêro de Amigos, com um investimento estimado de 50 milhões de euros, vai nascer em serra de São Brás de Alportel, após a autarquia ter celebrado a emissão do título de loteamento, considerado o maior alguma vez emitido no concelho.

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O primeiro Núcleo de Desenvolvimento Turístico de São Brás de Alportel vai ser implementado numa herdade com 200 hectares, localizado no sopé da Serra do Caldeirão e nas encostas da Ribeira do Alportel, apenas a quatro quilómetros da vila.

O empreendimento vai ocupar 50 hectares da propriedade e terá uma área de construção nova de 31.500 metros quadrados que vão permitir a capacidade diária de acolhimento de 909 pessoas, colocando-se entre os 10 maiores deste género na região do Algarve, anuncia a Câmara Municipal de São Brás de Alportel na sua página oficial. O projeto vai contemplar a construção de um hotel, de um aparthotel, de moradias, de zonas verdes e de agricultura e áreas comuns.

Com foco inicial na criação de infraestruturas e melhoria nos acessos locais, este investimento, da responsabilidade da empresa Pero de Amigos S.A. é uma aposta no turismo de qualidade, de valorização da natureza, dos recursos endógenos e defesa da identidade local, elementos diferenciadores que visam proporcionar experiências autênticas, indica ainda a mesma nota.

Trata-se de um projeto estruturante para o desenvolvimento económico e turístico de São Brás de Alportel, em particular da zona serrana, e cuja conceção pugna por uma preocupação ambiental tanto ao nível das técnicas e materiais de construção, de medidas de eficiência hídrica, energética e de gestão de resíduos, revitalização e recuperação de habitats e promoção do património natural.

O plano de urbanização do projeto foi feito em 2008, tendo obtido a declaração de Interesse Público Municipal em 2020. Os processos de estudo de impacte ambiental e outras análises deram luz verde para a concretização deste investimento que é considerado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve como um projeto estruturante para a região e um alicerce da política de coesão territorial.

Tendo em conta todo o processo, a proposta e a avaliação técnica realizada, o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vitor Guerreiro, explica que o aval e o apoio da autarquia a este investimento são inequívocos uma vez que vai ao encontro do esforço que o município tem vindo a fazer para atrair novos investimentos para o concelho, que dignificam e valorizam a paisagem.

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Hotelaria

Wine & Books Hotels Porto passa a integrar portefólio da Small Luxury Hotels of the World

O Wine & Books Hotels Porto passou a integrar o portefólio da Small Luxury Hotels of the World (SLH), em reconhecimento da qualidade e serviço distinto deste boutique hotel cinco estrelas do Grupo PBH, que está a celebrar o seu primeiro ano de operação.

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A presença do Wine & Books Hotels Porto no site da SLH estará visível a partir de meados de outubro, proporcionando a todos os clientes uma forma conveniente de descobrir e reservar a sua estadia.

A Small Luxury Hotels of the World inclui mais de 570 hotéis independentes espalhados por cerca de 90 países. Cada unidade é cuidadosamente selecionada, verificada e aprovada pela SLH, destacando-se pelo seu caráter único, atenção ao detalhe e uma oferta que foge à uniformidade das grandes cadeias hoteleiras. Com uma média de 50 quartos por hotel, as unidades SLH proporcionam uma experiência íntima e personalizada, garantindo o bem-estar dos hóspedes com os mais altos padrões de luxo.

Desde a sua abertura, o Wine & Books Hotels Porto tem atraído principalmente hóspedes provenientes dos Estados Unidos, Reino Unido, Brasil e Espanha, consolidando a sua reputação como destino de eleição para turistas exigentes. O hotel destaca-se pela sua excelente avaliação nas principais plataformas online, como Expedia (10), Trip Advisor (5), Booking (9.4) e Google (4.8), reforçando o seu compromisso com a qualidade e satisfação dos clientes.

A unidade dispõe de 70 quartos, um Spa completo com piscina interior aquecida, um ginásio e várias salas de tratamento de bem-estar. A oferta é complementada por três espaços de restauração, incluindo um rooftop com vista panorâmica sobre a cidade.

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Nuno Bernardo é o novo secretário-geral da CTP

Nuno Bernardo assume o cargo de secretário-geral da CTP, após validação do Conselho Diretivo da Confederação do Turismo de Portugal, em reunião realizada quinta-feira, 12 de setembro.

O presidente da CTP, assinala que “foi uma escolha natural”, uma vez que Nuno Bernardo tem uma experiência acumulada de vários anos na Confederação, e “é um profundo conhecedor dos dossiers estratégicos que dizem respeito ao Turismo, seja a nível setorial, seja no seio da Concertação Social”.

Francisco Calheiros realça ainda: “Estou certo de que o trabalho de Nuno Bernardo como secretário-geral da CTP será muito importante para a prossecução dos objetivos da Confederação nos próximos anos, tendo em conta os atuais desafios que a atividade turística enfrenta”.

Nuno Bernardo é licenciado em Direito e tem quatro pós-graduações em Direito do Trabalho e da Segurança Social. Frequentou o mestrado em Ciências Jurídicas entre 2006 e 2007 e é atualmente vogal da Comissão Executiva da CTP.  Antes de ingressar na Confederação fez parte dos quadros do Grupo Azinor – SANA Hotels, onde desempenhou o cargo de diretor de Recursos Humanos. Entre 2004 e 2008, assumiu funções no Gabinete Jurídico da CTP, ocupando-se de áreas como o Direito do Trabalho e Assuntos Sociais, e representa a Confederação, em vários organismos nacionais, europeus e internacionais.

 

Sobre o autorCarolina Morgado

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Proveitos da atividade turística continuaram a crescer em julho mas com abrandamento

Os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, em julho, “o crescimento dos proveitos totais manteve a trajetória de abrandamento” que já se vinha a verificar, refletindo o abrandamento do crescimento do total de dormidas dos últimos dois meses.

Inês de Matos

Em julho, o setor do alojamento turístico nacional gerou 803,0 milhões de euros de proveitos totais e 640,4 milhões de euros de proveitos de aposento, valores que, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), representam crescimentos de 7,2% e 7,7%, respetivamente, mas que traduzem um abrandamento face aos dois meses anteriores.

Os dados do INE, divulgados esta sexta-feira, 13 de setembro, mostram que, no que diz respeito aos proveitos totais, o crescimento passou para 7,2% em julho, quando tinha chegado aos 12,7% em junho e aos 15,3% em maio, enquanto nos proveitos de aposento o crescimento passou para 7,7%, depois de ter sido de 12,7% em junho e 15,5% maio.

“O crescimento dos proveitos totais manteve a trajetória de abrandamento em julho (+7,2%, após +12,7% em junho e +15,3% em maio), atingindo 803,0 milhões de euros, refletindo o abrandamento do crescimento do total de dormidas nos últimos dois meses. O mesmo sucedeu com os proveitos de aposento, que aumentaram 7,7% (+12,7% em junho e +15,5% maio), ascendendo a 640,4 milhões de euros”, explica o INE, no comunicado que acompanha os dados de julho.

Segundo o INE, o Algarve foi “a região que mais contribuiu para a globalidade dos proveitos”, representando 34,8% dos proveitos totais e 34,3% dos proveitos de aposento, seguindo-se a Grande Lisboa, que representou 23,5% e 24,6%, e o Norte, com 14,0% e
14,1% dos proveitos totais e de aposento, respetivamente.

“Todas as regiões registaram crescimentos nos proveitos, com os maiores aumentos a ocorrerem nas Regiões Autónomas dos Açores(+18,8% nos proveitos totais e +21,2% nos de aposento) e da Madeira (+14,8% e +18,9%, respetivamente)”, diz o comunicado do INE.

Por tipologia de alojamento, o INE revela que “o abrandamento do crescimento dos proveitos foi transversal aos três segmentos”, uma vez que, na hotelaria, “os proveitos totais e de aposento (pesos de 85,9% e 84,2% no total do alojamento turístico,
respetivamente) aumentaram 7,0% e 7,4%”, enquanto os estabelecimentos de alojamento local registaram aumentos de 8,3% nos proveitos totais e 9,6% nos
proveitos de aposento (quotas de 9,7% e 11,3%, respetivamente). Já no turismo no espaço rural e de habitação (representatividade de 4,4% nos proveitos totais e de 4,5% nos relativos a aposento), os aumentos foram de 10,2% e 9,7%, respetivamente.

Ilhas com maiores crescimentos no RevPAR e ADR

Em julho, também o crescimento do RevPAR apresentou uma tendência de abrandamento, uma vez que este valor chegou aos 96,4 euros depois de um aumento de 5,4%, ainda que, no mês anterior, o crescimento deste indicador tivesse sido de 9,3%.

“O valor de RevPAR mais elevado foi registado no Algarve (133,4 euros), seguindo-se a Grande Lisboa com 121,5 euros. Os maiores crescimentos ocorreram nas Regiões Autónomas dos Açores(+16,5%) e da Madeira (+16,3%). O Centro foi a única região onde se registou uma diminuição neste indicador (-0,5%)”, indica o INE.

O RevPAR cresceu 6,3% na hotelaria (+10,2% em junho), enquanto no alojamento local e no turismo no espaço rural e de habitação, registaram-se crescimentos de, respetivamente, 3,2% e 4,8% (+7,0% e +9,3%, em junho, pela mesma ordem).

Já o ADR atingiu, no conjunto dos estabelecimentos de alojamento turístico, os 144,9 euros, o que representa uma subida de 6,1%, que se segue ao aumento de 7,6% que tinha sido registado em junho.

Segundo o INE, “o Algarve destacou-se com o valor mais elevado de ADR (181,5 euros), seguido da Grande Lisboa (160,8 euros). Este indicador registou crescimento em todas as regiões, com os maiores aumentos a ocorrerem nas Regiões Autónomas da Madeira (+16,8%) e dos Açores (+14,6%)”.

Em julho, o ADR cresceu em todos os segmentos, num aumento de 5,8% na hotelaria (+7,7% em junho), 7,2% no alojamento local (+7,1% em junho) e 9,7% no turismo no espaço rural e de habitação (+9,4% em junho).

Portimão foi o município com maior crescimento das dormidas

No sétimo mês do ano, os estabelecimentos de alojamento turístico contabilizaram ainda 3,2 milhões de hóspedes e nove milhões de dormidas, aumentos de 1,5% e 2,1%, respetivamente, com o INE a destacar Portimão como o município que maior crescimento registou nas dormidas em julho.

“Entre os 10 principais municípios, Portimão (4,5% do total) destacou-se com o maior crescimento (+10,9%), para o qual contribuíram as evoluções positivas das dormidas de residentes (+3,0%) e, sobretudo, as de não residentes (+15,5%)”, refere o INE.

Já o município de Lisboa concentrou 16,2% do total de dormidas, atingindo 1,5 milhões (+3,0%, após +4,6% em maio), com as dormidas de residentes a aumentarem 1,0% e as de não residentes a crescerem 3,3%, com o INE a destacar que “este município concentrou 20,0% do total de dormidas de não residentes em julho”.

Albufeira foi o segundo município em que se registaram mais dormidas (1,1 milhões de dormidas, peso de 12,1%), ainda que se verifique um decréscimo de 0,9% (+2,7% em junho), uma vez que as dormidas de residentes diminuíram 5,7% mas as dos não residentes aumentaram 0,7%.

No Porto, as dormidas totalizaram 621,5 mil (6,9% do total), tendo-se observado um crescimento de 8,3% (+6,4% em junho), com o contributo das dormidas dos residentes (+4,1%) e dos não residentes (+9,0%).

O INE diz que o “Porto destacou-se entre os 10 municípios com maior número de dormidas em julho também por ser o único a não registar abrandamento do crescimento”.

Já no Funchal, Madeira, onde foram contabilizadas 586,8 mil dormidas, com um peso de 6,5%, houve um crescimento de 0,2% (+3,4% em junho), para o qual contribuíram as dormidas de não residentes (+2,4%), tendo em conta que as dormidas de residentes
diminuíram 13,9%.

“Em todos os 10 municípios com maior número de dormidas em julho, as dormidas de não residentes superaram as dos residentes”, refere o INE, que destaca os municípios de Portimão, Porto, Ponta Delgada e Loulé “em termos de dormidas de não residentes”, bem como Porto, Portimão, Cascais e Lisboa enquanto únicos municípios que apresentaram “crescimento das dormidas de residentes”.

Crescimento acumulado dos proveitos chega aos 11%

Os dados do INE mostram ainda que, entre janeiro e julho, os proveitos totais estão já nos 3,6 mil milhões de euros, enquanto os relativos a aposento ascenderam a 2,7 mil milhões de euros, valores que traduzem aumentos de 11,1% e 11,0%, respetivamente.

“No período acumulado de janeiro a julho, os proveitos totais cresceram 11,1% e os relativos a aposento aumentaram 11,0%, em resultado do crescimento de 4,1% das dormidas neste período (+0,6% nos residentes e +5,5% nos não residentes)”, explica o INE.

No acumulado dos sete primeiros meses de 2024, o RevPAR atingiu os 64,5 euros (+6,7%) e o ADR chegou aos 115,5 euros (+7,0%)

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Hotelaria

BOA Hotels investe 50M€ em resort de cinco estrelas no Douro

O grupo hoteleiro pretende abrir um wellness resort na atual Quinta da Barroca, em Armamar, em 2027, com uma oferta de quartos e villas de luxo privadas. Nos planos está ainda a criação de um boutique hotel & spa na ilha de Paros, na Grécia.

Carla Nunes

Após a abertura do Village by BOA, no Porto, o grupo BOA Hotels, constituído pela dupla Lior Zach e George Vinter, aposta na região do Douro com um novo hotel, onde prevê investir cerca de 50 milhões de euros.

O investimento será assumido pela BOA Hotels em parceria com um grupo de investidores, por forma a transformar a atual Quinta da Barroca, em Armamar, num wellness resort de cinco estrelas.

Com mais de 26 hectares, a propriedade vai contar com 70 quartos, piscinas, várias opções de restauração com conceito farm-to-table e um spa. O projeto incluirá ainda 50 villas de luxo privadas, que serão concluídas numa fase posterior ao hotel.

“Desde o COVID-19 que se tem registado um aumento significativo da procura de experiências remotas e excecionais. A região do Douro registou um aumento anual de 15% no turismo, por exemplo. Escolhemos este lugar pelos seus atributos únicos e pelo ambiente tranquilo”, explica Lior Zach, Managing Partner do grupo BOA Hotels, em nota de imprensa.

Apesar de a propriedade contar atualmente com um hotel rural de três estrelas, o grupo considera que esta “reúne as condições ideais para ser transformada num wellness resort de cinco estrelas”, razão pela qual vai “melhorar as infraestruturas existentes”. O projeto de arquitetura será assinado pelo atelier FAT – Future Architecture Thinking, enquanto o design de interiores foi entregue ao Bacana Studio, também responsável pelo projeto de interiores do Village by BOA, no Porto.

A reconversão da Quinta da Barroca arranca já este ano, esperando-se que fique concluída no inverno de 2027 e que crie cerca de 100 postos de trabalho.

Além deste resort, o grupo BOA Hotels tem ainda em vista a criação de um boutique hotel & SPA de 28 quartos em Lefkes, na ilha de Paros, Grécia, com data de abertura prevista para 2026.

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Carla Rodrigues é a nova comercial da DIT Portugal para a zona norte

Carla Rodrigues, acaba de ser incorporada à família DIT Portugal como comercial para a zona norte.

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A nova comercial da zona norte de Portugal, que já iniciou funções, tem o foco no apoio às agências de viagens que incorporam este grupo de gestão. “De vemos ressalvar que a sua dedicação e a sua ampla experiência são características distintivas do seu trabalho”, indica a DIT Portugal, em nota de imprensa.

A rede sublinha ainda que “o seu amplo conhecimento da dinâmica das agências de viagens ao longo dos seus 27 anos como profissional, com a sua reconhecida boa disposição, firmeza, dedicação, objetividade e convicção é uma mais-valia para a nossa equipa”.

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Nova edição setembro: Entrevista a Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP

Conheça os destaques da edição de setembro da Publituris Hotelaria, que este mês faz capa com a secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Ana Jacinto.

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A próxima edição de setembro da Publituris Hotelaria faz capa com a secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), por ocasião do próximo congresso da associação, em outubro. Sob o tema “Gestão é ter o coração do lado certo”, Ana Jacinto revela um pouco do que poderá ser esperado em Aveiro no congresso da AHRESP deste ano, com a carga fiscal, recursos humanos, sustentabilidade e taxas turísticas a constituírem preocupações transversais.

Também nesta edição, destaque para a mais recente e primeira abertura da Locke Hotels em Portugal, o Locke de Santa Joana. Localizado em Lisboa, junto ao Marquês de Pombal, este é o 16.º hotel do grupo e o maior do seu portefólio até à data, tendo-se erguido das ruínas do antigo Convento de Santa Joana.

No capítulo “Fala-se” damos ainda conta do mais recente rebranding do Palácio do Governador, no valor de um milhão de euros. Pedro Catapirra, diretor-geral desta unidade hoteleira, dá a conhecer os principais mercados do hotel e os objetivos após a remodelação, que incluíram um reforço nos serviços de Food & Beverage (F&B).

E é justamente a área de Food & Beverage que ganha destaque no dossier da edição deste mês, com os chefs Miguel Rocha Vieira e Pierre-Olivier Petit, da AHM, a formadora Marta Sotto-Mayor e o chef António Bóia, do JNcQUOI, a darem conta sobre como criar conceitos gastronómicos que marcam pela diferença. Neste dossier, fica também a oportunidade de conhecer as mais recentes propostas da Europastry, Gergran, Nestlé Profissional, Sogenave e Vinalda para o setor hoteleiro.

Segue-se um Especial dedicado à climatização, onde a Bosch, Eurofred, France Air Portugal e LG apresentam os equipamentos disponíveis para as unidades hoteleiras.

No segmento dos “Fornecedores”, a Glamping Advisors, uma empresa dedicada à conceptualização, planeamento e criação de negócios de glamping, aponta para o crescimento deste nicho do setor hoteleiro em Portugal. De A a Z, a consultora dispõe de “ferramentas” para o desenvolvimento completo de projetos de glamping, dos mais simples aos mais sofisticados, aconselhando desde a avaliação do terreno até à gestão operacional.

Já na rubrica Palavra de Chef, fique a conhecer a cozinha trabalhada pelo chef David Casaca no Art Restaurant, espaço de restauração do hotel Artsy Cascais, onde o profissional reúne as suas raízes lisboetas e alentejanas numa carta de fine dining dedicada aos sabores portugueses.

A fechar, deixamos um convite ao descanso com as tradições do Alentejo no Lilases Boutique House & Garden. Após um ano de atividade, o hotel localizado em Mora disponibiliza uma série de atividades focadas nas tradições alentejanas com parceiros locais, enquanto garante o descanso absoluto naquela que foi uma antiga casa senhorial do século XIX.

As opiniões desta edição são assinadas por Graham Miller (NOVA SBE); Eduardo Abreu (Neoturis); Miguel de Melo Breyner (ADHP); Mariano Faz (AHM) e Alexandre Marto Pereira (UHP), sendo que os Indicadores deste mês pertencem à Guestcentric.

Para ler a versão completa desta edição da Hotelaria – em papel ou digital – subscreva ou encomende aqui.

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Recorde de receitas: Europeus deverão gastar 114 mil milhões de dólares em hotéis em 2024

Com a maioria dos viajantes das principais economias da Europa a escolher hotéis em vez de outro tipo de alojamento, a indústria hoteleira europeia deverá atingir um novo recorde de receitas e de utilizadores este ano. Um inquérito Statista Market Insights, estima de os europeus gastarão 114 mil milhões de dólares em hotéis em 2024, ou seja, mais 14 mil milhões de dólares do que em 2023.

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Com o número de utilizadores de hotéis a aumentar constantemente, espera-se que o segmento hoteleiro europeu conte mais de 287 milhões de utilizadores este ano, quase 15 milhões a mais do que em 2023. Até ao final da década, prevê-se que este número suba para quase 340 milhões.

De acordo com dados apresentados pela Stocklytics.com, mais de 60% dos viajantes das principais economias da Europa (Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Espanha), escolhem hotéis para alojamento.

Os viajantes espanhóis são mais propensos a escolher um hotel em detrimento de qualquer outra opção de alojamento, com 70% a ficarem em hotéis quando viajavam. Isto pode ter a ver com o facto de os preços de alojamento em Espanha serem geralmente mais baixos do que noutros países da Europa Ocidental. No entanto, o custo real depende da localização, estação e tipo de alojamento.

Os britânicos seguem de perto, com 64% dos viajantes que se hospedam em hotéis. A Alemanha ocupa o terceiro lugar nesta categoria, com 62% dos entrevistados a escolherem hotéis em vez de outros tipos de alojamento. Seguem-se Itália e França com 60% e 48%, respetivamente.

O inquérito da Booking também mostrou que para alemães, espanhóis e a maioria das outras nacionalidades, ficar num apartamento é a principal alternativa a um hotel, com uma média de 25% dos inquiridos a escolher este tipo de alojamento. Por outro lado, para os italianos, a segunda alternativa mais popular é um bed & breakfast. As casas de férias obtiveram uma quota de utilização muito menor, o que corresponde a 14% dos entrevistados dos cinco países.

Embora os preços dos hotéis tenham disparado em média nos últimos três anos, com algumas regiões e áreas de grande procura a registarem aumentos ainda maiores, e com as despesas de viagens a aumentarem devido à inflação, estes factos não afetaram os viajantes europeus que ainda preferem hotéis a outros alojamentos.

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