Opinião | Algarve: As novas ameaças
Leia a opinião de Mário Azevedo Ferreira, CEO da NAU Hotels & Resorts.

Publituris
No início dos anos 80, o Turismo crescia de forma acelerada no Algarve e a região enfrentava diversos desafios: qualidade do aeroporto, vias de comunicação e capacidade das infraestruturas básicas eram os mais relevantes. Recordo a crónica falta de água após o regresso das praias ao fim da tarde, os apagões elétricos em dias de calor devido ao ar condicionado, a insuficiente rede de saneamento que provocou a epidemia de legionella.
Em 35 anos, quase tudo foi resolvido. O aeroporto é moderno e responde às necessidades; há autoestrada para Lisboa e Norte, a Via do Infante e a EN125 finalmente em renovação. As infraestruturas básicas são suficientes, e já não há problemas de energia, comunicações ou saneamento.
Mas o Algarve enfrenta novas ameaças, porventura mais difíceis de solucionar.
Segurança – O Algarve é seguro; mas a segurança não é um “direito adquirido”. E para ser garantida, é necessária prevenção e que os que nos visitam “vejam” essa segurança.
Saúde – O sistema de saúde no Algarve está (mal) planeado para a população portuguesa residente; mas existe uma vasta população não portuguesa, e turistas aos milhões. Um só centro hospitalar em Faro, cheio de deficiências, é de uma insuficiência gritante para a dimensão do território, população residente e flutuante.
Água – Alterações climáticas, aumento da população residente, aumento de turistas, explorações agrícolas, campos de golfe. É urgente investir no reforço do sistema de captação e armazenamento de água, assim como num plano de reutilização de águas residuais.
Recursos Humanos – Faltam 30 a 40 mil trabalhadores; serão mais no futuro. Mas como se atrai gente de dentro ou fora do País, mesmo desempregada, se para além de os salários não serem elevados, não há onde as alojar?
Faltam casas no Algarve! É preciso investimento em habitação não Turística e não especulativa, longe das praias, em compra ou aluguer, que permita atrair trabalhadores.
E para tal, é indispensável rever os PDM’s municipais, que nunca foram revistos, não numa ótica de imobiliária turística, mas numa de atração demográfica que incite investidores, privados ou públicos, a realizarem projetos habitacionais que atraiam e fixem novas populações.
Milhares de metros quadrados de terrenos em QREN, ZAC, NATURA, rodeados de casas, junto a zonas urbanas que se expandiram, onde não se pode construir porque… o PDM não o permite. Rede de Transportes Públicos – que facilite a mobilidade dos trabalhadores entre as suas zonas de residência – necessariamente, mais afastada das praias -, e os hotéis.
*Opinião de Mário Azevedo Ferreira, CEO da NAU Hotels & Resorts.