Estratégia. Turismo 2027
Leia a opinião por Vítor Neto, Empresário e Gestor, presidente do NERA, Associação Empresarial da Região do Algarve.

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Os planos estratégicos não garantem por si só o sucesso de uma atividade, muito menos na constelação complexa que é o Turismo. Mas são imprescindíveis. Tive a oportunidade de participar, no quadro da Bolsa de Turismo de Lisboa, na divulgação pública do novo plano apresentado pelo governo – ESTRATÉGIA TURISMO 2027 – que propõe, com audácia Liderar o Turismo do Futuro. A minha opinião sobre o documento é globalmente positiva.
Não quer isto dizer que esteja de acordo com tudo o que lá está, seja em termos de análise quer de propostas. Nem que considere que esgota a matéria. Trata-se ,no entanto, de uma boa base trabalho para consolidarmos uma visão nacional de Turismo e avançarmos rumo ao futuro. O que obriga a uma atitude séria e responsável por parte de todos os atores do setor.
Como cidadão e como empresário, sei por experiência própria que sem Estratégia não se vai longe. Também não ignoro o perigo de estratégias erradas, ou de falsas estratégias, que apenas servem para camuflar interesses oportunistas, ou são mera propaganda política.
Tivemos de tudo um pouco no Turismo nestas últimas décadas. Consciente da importância da visão estratégica, eu próprio, quando tive responsabilidades institucionais como SET, dinamizei de imediato a elaboração de um documento base – Linhas Orientadoras para a Politica de Turismo em Portugal – que, partindo de uma caraterização do quadro nacional e internacional, aspirava sobretudo apontar direções de trabalho, objetivos, prioridades e consolidar um pensamento partilhado, entre instituições e privados sobre as perspetivas do Turismo no quadro dos desafios que já despontavam. Constituindo para mim um Plano de Ação.
Tivemos depois, em governos seguintes, para além de propostas de medidas pontuais, o PENT (Plano Estratégico Nacional do Turismo) com as suas várias versões – a original em 2006, uma nova versão em 2011 e ainda em 2013, já com o governo PSD/CDS. Pelo meio tivemos Go Deeper’s e TopTen’s, West Coast’s e Pin’s, Allgarve’s, Ryder’s Cups, Flóridas da Europa, etc., mas na prática o que se passou foi um navegar à vista, que conduziu à estagnação do crescimento até 2012 e, entre outras, à crise da imobiliária «turística». O PENT continha, sem dúvida, muita informação, análises e considerações importantes, mas não escondia a simpatia pela componente «imobiliária», faltando-lhe realismo na compreensão das especificidades regionais e das suas reais potencialidades. Esta experiência passada deve-nos servir de lição e alertar para a necessidade de aproveitarmos, agora, a importante proposta do Governo Estratégia Turismo 2027, de uma forma participada, construtiva e voltada para a ação.
ET 2027 não pode falhar
O Turismo está a viver, e vai viver cada vez mais, um profundo e imprevisível processo de transformação. São os turistas que mudam. São as ofertas que se enriquecem e multiplicam. São os preços que baixam. É a concorrência cada vez mais feroz e implacável. Num mundo incerto.
Para vencer, para «liderar o turismo do futuro», não bastará sermos os «melhores do mundo», sermos bons nas novas tecnologias, ganharmos todos os prémios, ocuparmos bons lugares nos rankings internacionais e estarmos nas bocas do mundo, seja ele impresso ou online. Os «outros» também lá estarão e a competitividade do futuro vai ser cada vez mais exigente.
Considero pois, que devemos aproveitar esta oportunidade e exigir do Governo que aprofunde as propostas e desafie os empresários, as regiões e os cidadãos livres para este debate, que não deve servir só para cumprir calendário. A extraordinária família do Turismo tem todas as condições para estar à altura deste desafio.
Estamos perante um Documento válido em múltiplos aspetos.
Houve trabalho preparatório, as suas grandes linhas foram apreciadas e discutidas e foram objeto de propostas em várias reuniões em todo o país. O documento começa por fazer um ponto da situação do Turismo (Onde Estamos?) com muita informação, sobre a evolução 2005-2015, mas também com alguns aspetos que evidenciam a necessidade de aprofundamento – nomeadamente nas diferenças setoriais e regionais, para evitar erros de perspetiva. Aliás este é um ponto importantíssimo a desenvolver num debate futuro.
Depois avança para as mudanças internacionais que se apresentam para a próxima década e para as perspetivas que arrastam, colocando 10 desafios para uma estratégia a 10 anos. Também aqui há muito para discutir. E finalmente as Metas para 2017-2027.
Entre as mais importantes estão as Dormidas, que se pretende aumentar de 49 milhões em 2015 para 80 milhões em 2027 (+ 31 milhões). Outra refere-se às Receitas (externas), que se pretende mais do que duplicar, passando para 30 mil milhões de euros. Assim como a redução da sazonalidade. Etc.. São objetivos ambiciosos que exigem ponderação séria, nomeadamente em relação às potencialidades reais das diferentes regiões. Há matéria que baste para reflexão.
Medidas políticas para executar a ET2027
O Documento apresenta propostas de operacionalização e implementação do Plano e um modelo de gestão e monotorização. Exigem reflexão. Levantam-se aqui algumas questões que considero decisivas. Independentemente do conteúdo, coloco uma questão prévia, de ordem política, que se concretiza numa proposta:
1º Criação de uma Estrutura de Direção Central para dirigir e executar o Plano, com capacidade de intervenção executiva.
2º. Criação de Comissões Regionais, absolutamente necessárias, com representatividade e capacidade de ação, para articularem com o órgão nacional a execução regional e setorial da ET2027. Independentemente de «Laboratórios estratégicos e Fóruns de discussão».
Caso contrário, arrisca-se a ser «mais um plano». Político. O que não interessa ao Turismo e à Economia do país. O ET 2027 pode ter um papel muito importante para o futuro do Turismo.
*Por Vítor Neto, Empresário e Gestor, presidente do NERA, Associação Empresarial da Região do Algarve