“Não somos fãs do Brexit”
O presidente da ABTA, congénere britânica da APAVT, Noel Josephides, esteve em Lisboa para falar aos associados da APAVT do mercado britânico e das oportunidades que existem para Portugal, mas também do inevitável Brexit.

Raquel Relvas Neto
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A questão do Brexit e o impacto que pode ter nas relações entre Portugal e o Reino Unido, particularmente no que ao Turismo diz respeito, foi um dos temas aprofundados, esta quarta-feira, pelo presidente da ABTA – Association of British Travel Agents, Noel Josephides, que falava aos associados da APAVT.
“Passámos por várias crises”, começa por evidenciar o responsável. “Em 2014, ninguém queria ir para a Grécia porque não havia dinheiro nos bancos, em 2015, foi a questão dos refugiados. Já em 2016, foi o Brexit”, enumerou Noel Josephides indo logo à maior preocupação que os players do turismo português têm. “Não somos fãs do Brexit”, refere, dando a conhecer que actualmente são cada vez mais os britânicos que fazem turismo interno, “com a desvalorização da libra e com os problemas na economia do Reino Unido existe um número surpreendente de pessoas que não pode suportar as suas férias. O que é um problema”. No entanto, alertou, “o pior ainda está para vir”.
Actualmente, “todos estão num estado de euforia” com os números registados ao nível do Turismo, contudo “muitos não conseguem ver como [o Brexit] vai impactar as suas vidas”. Questões como “vamos precisar de vistos? Vamos ser livres para voar desde o Reino Unido? O que vai acontecer à libra?” carecem de respostas que ainda ninguém soube dar, destacou o responsável.
O presidente da ABTA indicou que a maior parte dos agentes de viagens e operadores turísticos britânicos independentes estão a vender mais América, Ásia, América do Sul, África, porque “os clientes ainda precisam de apoio aqui e as margens são ‘saudáveis'”. Noel Josephines alertou que, com companhias aéreas como a Norwegian e a mais recente apresentada Level, com voos low cost de longo curso, a competitividade com os destinos europeus é cada vez maior. “O Algarve hoje já não compete com a Costa do Sol, mas com a Ásia e América do Sul“, sublinhou.
No entanto, segundo dados apresentados pelo presidente da ABTA, Portugal é dos destinos que mais cresce no mercado britânico com um aumento de 38%. Perante estes dados, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho salientou a necessidade de manter a relação entre os dois países, sendo o mercado britânico o principal mercado emissor de Turismo para Portugal, que em 2016 cresceu 10% em dormidas e 20% em receitas.
A presença do presidente da ABTA serviu também para assinar um acordo entre o Governo dos Açores, a ABTA e a APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagem e Turismo, no âmbito da realização do Congresso de Viagens 2017 da ABTA, que terá lugar no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, entre 9 e 11 de Outubro.
Neste âmbito, a secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo dos Açores afirmou que a captação de eventos é uma prioridade para a sustentabilidade do Destino Açores, destacando o Congresso da ABTA como um “excelente” exemplo da aposta neste segmento, para o qual são esperadas 600 pessoas, nomeadamente agentes de viagens, operadores turísticos e jornalistas provenientes do Reino Unido. O mercado britânico é um dos nove mercados emissores definidos no Plano Estratégico e de Marketing para o Turismo dos Açores, tendo registado em 2016 um crescimento do número de hóspedes de 12,26% em relação ao ano anterior.