Susana Filipa Gonçalves | Prática e foco em quem aprende: duas abordagens para o sucesso da formação em eventos
Num contexto em que os eventos têm ganho um destaque em termos turísticos, importa-nos refletir sobre a forma como se entende a formação de quem trabalha ou virá a trabalhar nesta área. (rect.)

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Susana Filipa Gonçalves, docente na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril
Num contexto em que os eventos têm ganho um destaque em termos turísticos, importa-nos refletir sobre a forma como se entende a formação de quem trabalha ou virá a trabalhar nesta área. A esta discussão trazemos hoje duas abordagens que consideramos fundamentais: a importância da prática no processo de aprendizagem e o foco a partir do qual se estruturam os processos de aquisição de competências.
Em relação à importância da prática, há muito que a experiência do ‘aprender fazendo’ é reconhecida pelos seus resultados, inclusive comprovados cientificamente. Não temos dúvida que a formação deve assentar em sólidos princípios teóricos. Mas é a aplicação prática que permite aceder a saberes específicos para fazer frente aos desafios multifacetados dos eventos. É a prática que obriga a uma polivalência que é incontornável quando nos encontramos ‘on site’.
Assim, muito mais do que trazer o mercado para dentro da sala de aula, entendemos que a formação na área dos eventos deve levar o processo de aprendizagem para o exterior, para os desafios, para os contactos diretos com o que é ou será o mercado de trabalho. Esta abordagem leva-nos também a uma visão holística do processo, misturando e complementando as competências adquiridas noutros contextos de aprendizagem formal e informal. Colocar estudantes a planear, gerir, produzir e avaliar eventos é a melhor forma de pôr em prática os conhecimentos e, em simultâneo, ir aprendendo.
Quanto à segunda abordagem, consideramos que o foco do processo de aquisição de competências deve ser quem aprende e não quem ensina. É por isso que também as estratégias de ensino têm de ser repensadas. Mais do que instruir ou dar lições, debitando verdades absolutas para serem repetidas, quem ensina passa a ter um maior papel de orientação, acompanhamento e apoio na procura do conhecimento. Se, para alguns, esta pode parecer uma visão idílica, quase impossível de implementar, o que podemos afirmar é que, de facto, não é fácil. É desafiante!
Para além da natural resistência à mudança e ao desconhecido, os processos de aprendizagem formal nem sempre permitem a aplicação prática destas duas abordagens. Até para os estudantes este tipo de abordagem traz algum desconforto. Deixa-os sem os pontos de referência a que estão habituados, como por exemplo: conteúdos programáticos muito delimitados, slides com a matéria estruturada ou rígidos guias para os trabalhos a efetuar.
No entanto, segundo a nossa experiência, os resultados são muito mais eficazes e gratificantes. As competências ‘hard’, ou seja, as questões mais técnicas, são sem dúvida melhor compreendidas e apreendidas, mas são as competências ‘soft’ que mais impacto têm no processo de aprendizagem. Questões tão importantes nos eventos como a capacidade de fazer e gerir várias coisas ao mesmo tempo, as relações interpessoais ou a gestão de tempo, cansaço, stress e emoções, não se resumem a respostas formatadas em frequências. São sentidas na pele, vividas com intensidade e como tal apreendidas de uma forma que não permite ‘uma branca’ no momento de reproduzir o que alguém disse. Sabemos que não existem situações perfeitas, que a execução muitas vezes fica aquém da ideia, mas não desistimos de trabalhar para que cada vez mais estejamos perto do que consideramos o melhor contexto de aprendizagem para que quem tenha um diploma, de facto, tenha também as competências mais adequadas ao desempenho da profissão.
*A autora escreve de acordo com o novo Acordo Ortográfico.