Nos 25 anos da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril
Leia a opinião por Carlos Torres, advogado, Professor ESHTE/ISCAD/ULHT.

Publituris
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É muito difícil, em breves linhas, destacar os aspectos mais significativos de uma instituição de referência do ensino superior do Turismo, que comemora oficialmente, no próximo dia 16 de Maio, 25 anos de existência.
Penso que é de elementar justiça destacar um dos impulsos mais relevantes, o da sua criação, porventura desconhecido mesmo daqueles mais ligados à instituição.
Há 37 anos, o Publituris noticiava destacadamente, na primeira página, a criação da ESHTE. Na sua edição nº 278, de 15 de Setembro de 1979, da autoria do seu director, Belmiro Santos, figurava:
“No Congresso EUHOFA SET anunciou a construção da Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril”.
Na pág. 22, a matéria do congresso da Associação Europeia dos Directores de Escolas Hoteleiras é desenvolvida relativamente aos diferentes aspectos versados, surgindo sob o título “SET ANUNCIA NOVA ESCOLA”:
“Por último, o Secretário de Estado de Turismo, após considerar que “o Turismo é uma actividade que impõe cada vez maior número e mais aperfeiçoados conhecimentos”, referiu que “o número de portugueses que trabalham na actividade turística ronda os 150 mil mas é possível que a médio prazo este número suba para os 200 a 250 mil”.
Por fim, o dr. Licinio Cunha afirmou estar “em fase de acabamento o projecto para a construção de uma Escola de Hotelaria e Turismo para cursos superiores a edificar no Estoril, para a qual existe já terreno disponível e procurar-se-ão mobilizar os meios financeiros necessários para um melhor apetrechamento das escolas hoteleiras existentes, nomeadamente as do Algarve e Lisboa.”.
Tratou-se, porém, de uma iniciativa bottom-up, ou seja, a ideia da construção da ESHTE, não proveio do Governo, mas do impulso de um órgão local de Turismo, a Junta de Turismo da Costa do Estoril (JTCE), organismo autónomo que administrava o Turismo na área do concelho de Cascais, que a inscreveu no seu Plano de Actividades para 1978.
Mobilizados o INFT – Instituto Nacional de Formação Turística e a Comissão de Obras do Estoril, organismo que, no primeiro caso, tutelava toda a formação no Turismo e, no segundo, dispunha de verbas provenientes das receitas do jogo, a aquisição do terreno de 16ha, magnificamente localizado – viria ser atravessado pelo prolongamento da auto-estrada – só ocorre em 1982.
A iniciativa surge, porém, num contexto de raridade de ensino superior do Turismo, muito focado até então nos aspectos práticos, no pragmatismo da formação – em Portugal, INP e ISLA eram escolas médias, o mesmo sucedendo com Glion e Lausanne no plano internacional – sendo que mesmo no Reino Unido, pioneiro na formação superior do Turismo, existiam em 1994 tão somente uma dúzia de licenciaturas em Turismo e dez pós-graduações. A área e a localização do terreno, o pouco peso político do Turismo e a ideia que era um absurdo a formação superior em Turismo, levam a que surjam fortes pressões para outras utilizações do terreno, desde um hospital a um centro de congressos.
No entanto, em 1985, o projecto volta a retomar o seu figurino original, apesar de amiúde rotulado de “elefante branco”, com os tradicionais velhos do Restelo asseverando que só formaria um escasso número de licenciados. Como presidente da Junta de Turismo da Costa do Estoril e enquanto secretário de Estado do Turismo de dois governos, o projecto de uma Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril teve no Dr. Licínio Cunha um indómito dinamizador. Instalações fantásticas para a época, inspiradas predominantemente em Lausanne que o arquitecto encarregado da obra visitara, tal como outras escolas de referência, dispondo inclusivamente de um auditório permitindo a realização de grandes eventos. O edifício do alojamento para alunos nacionais e estrangeiros, suscitou o comentário do então Primeiro-Ministro Cavaco Silva, misto de espanto e criticismo, de quando estudou na Universidade de York não teve essas condições.
Hoje a situação é a inversa, porquanto a escassez de instalações atrofia o aumento do número de alunos e prejudica claramente a qualidade diária das aulas para não falar da realização de conferências ou congressos. Ao longo destes 25 anos foram muitas as investidas para enfraquecer a instituição, mas como diria Dostoievski “Não há nada mais fantástico que a realidade.”. E ela aí está pujante, resplandecente. Não atingindo uma centena de alunos há 25 anos evoluiu para milhares na actualidade, que espalham a sua competência profissional pelos quatro cantos do mundo.
Seria muito bom que a ESHTE voltasse a contar com governantes persistentes e visionários como o Dr. Licínio Cunha!
Por Carlos Torres, advogado, Professor ESHTE/ISCAD/ULHT
Publicado na edição n.º 1317 do Publituris