A Europa irrita turistas. Portugal continua destino indefinido e sem navios
Leia a opinião de Humberto Ferreira, colaborador do jornal Publituris
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Notícia da AFP: A Riviera Francesa acedeu a pedido da Família Real Saudita para encerrar a praia de Mirandole para seu uso exclusivo, durante as férias de verão do emir, irritando habitantes e turistas habituais. Cresce a Europa da desigualdade?
TURISMO MUNDIAL – O Top12 integra: destinos de compras e feiras, artes, moda; prática desportiva para vários grupos etários e recordes atléticos: eventos culturais, negócios e convenções; de espectáculos e diversões; festivais tradicionais e inovadores; rotas de excursões às maravilhas naturais e monumentais; tradições religiosas; bem-estar e recuperação de séniores e pacientes; e cursos de especialização científica ou profissional.
Portugal observa sem avançar com 12 agendas mensais nestas áreas, visando tornar-se o melhor destino mundial nas opções mais procuradas.
DE COSTAS PARA O MAR – Volto a focar a economia do Mar. O tratado de Roma-1958 não apostou no Mar. Passados 57 anos quem ganhou mais? Os países ricos, a banca, bolsas, e alguns negócios de betão.
O tratado de Maastricht-1992 promoveu a CEE a União Europeia; o acordo de Schengen-1997 eliminou fonteiras (menos no Reino Unido e Irlanda); e o Tratado de Lisboa-2007 reforçou o directório germano-francês, criando o presidente do Conselho Europeu para a gestão política, retirando peso ao presidente da Comissão, e com mais eurodeputados diluiu o peso dos núcleos partidários mais votados numa amalgama irrelevante.
GRÉCIA – Quase de hora a hora leio artigos sobre a Grécia e as soluções aprovadas em Bruxelas. Destaco taxar armadores e leitarias. A atitude de Tsipras foi vantajosa ao lembrar a alemães e nórdicos que a Europa preza a diversidade, aliás, apreciada pelos turistas, esperando-se que 2015 seja o ano recorde de alemães na Grécia.
DESPESAS PÚBLICAS – Governos e povos do Sul demoram a unir-se e demonstrar que a defesa do nosso Sol e do Mar, bem como das iguarias e bebidas, e o nosso estilo de bem receber no maior pólo turístico mundial, valem mais do que austeridade sem crescimento.
Convém evitar exageros: Madrid perdeu 1000 milhões de euros no aeroporto de La Mancha, Ciudad Real, além da dívida de 529 milhões de euros gerada desde 2011.
Ao aeroporto de Beja também faltam operadores, mas o de La Mancha vai ser vendido se for aceite a proposta chinesa de 28 milhões para ali criar o maior entreposto europeu de carga aérea. Podemos tirar vantagens?
MAR GREGO – A Grécia opera um quinto da frota mercante mundial (25% são portacontentores), pesando 7,5% na economia grega e 200 mil trabalhadores. A Constituição grega isenta os armadores de impostos, pois é o ramo privado que emprega mais gregos com salários europeus.
Muitos navios são fretados a empresas do Reino Unido, EUA, etc, sendo registados em portos de conveniência. E há dois ferries gregos nas ilhas açorianas, substituindo duas unidades rejeitadas aos estaleiros de Viana do Castelo.
Conheço o peso estratégico do porto de Pireu para a navegação vinda do Suez, pois já viajei de Alexandria ao Pireu, e conheço os portos de Patras e Tessalónica, e antigas empresas dos armadores Niarchos e Onassis.
O armador Dracopoulos herdou a frota Niarchos, sendo o actual patriarca dos armadores. Ora a maioria voltar a trabalhar no exterior. Alguns vão aumentar frotas a partir de portos e praças bancárias mais favoráveis, como Londres, Roterdão, etc. Quem se ri no fim?
PORTUGAL – Pensei que após 1974 Portugal reforçasse a frota mercante, como a Holanda, Dinamarca, Noruega, Grécia, etc, mas entre 1985 e 2004 perdemos seis empresas de longo curso. Desde 2006 voltou a subir a febre do Mar, mas sem renovar as frotas mercante e pesqueira, só dá conversas.
Giorgios Potamianos foi armador de cruzeiros oceânicos: entre 1985 e 2012 a Classic International Cruises operou cinco navios em cruzeiros com bandeira portuguesa na Austrália, Brasil, Europa, etc. A navegar resta um fretado por operador britânico, e o Funchal está à venda. Os políticos europeus devem estudar cruzeiros e rankings mundiais de cargas:
PORTOS DE CONTENTORES 2014 – 1 – Shangai 35,6 milhões TEU; 2 – Singapura 33,9 milhões; 3 – Shenzhen 24 milhões. A Ásia movimenta 65% deste tráfego mundial.
Top países exportadores: 1 – China; 2 – EUA; 3 – Coreia do Sul; 4 – Malásia; 5 – Alemanha; 6 – Índia; 7 – Emirados; 8 – Japão; 9 – Rússia.
Top portos europeus: 1 – Roterdão; 2 – Hamburgo; 3 – Antuérpia; 4 – Bremerhaven; 5 – Felixstowe; 6 – Duisberg; 7 Le Havre; 8 – São Petersburgo; 9 – Bruges; 10 – Barcelona.
Portos lusos de contentores 2014: 1 – SINES (101º na escala mundial) com 1,2 milhões TEU; 2 – LEIXÕES (138º) 667.000 TEU; 3– LISBOA (156º) 502.000 TEU (quebra: 9%). TEU = unidade de contentores internacionais de 20 pés. O terminal do Barreiro terá futuro? Quanto se investiu desde 1973 na ampliação do terminal de contentores de Sines? E quanto se perde pela desistência do CF para transbordo de TEU além Pirinéus?
A GRÉCIA atraiu armadores e concessionou 50% do terminal de contentores de Pireu à Cosco (gigante marítimo da China) em 2010 por 500 milhões de euros. PIREU movimentou 3,58 milhões TEU em 2014, sendo o 1º porto europeu em passageiros (18,6 milhões em 2014). A Cosco vai investir mais 200 milhões de euros a ampliar o terminal, mas as focam mais impostos e menos receitas.
*Autor: Humberto Ferreira, colaborador do jornal Publituris (publicado edição de 24 de Julho de 2015 do Publituris)