Opinião | Mais e melhor Turismo!
Leia a opinião de Mafalda Patuleia, directora do Departamento de Turismo da Universidade Lusófona.
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Tenho assistido a uma convergência de ideias sobre a importância dos recursos humanos no Turismo. Para mim, que trabalho diariamente com a formação pessoal e profissional de centenas de jovens, é uma enorme satisfação perceber que existe, finalmente, uma consciência coletiva sobre a importância dos profissionais nas estratégias competitivas, nos resultados e na qualidade do Turismo português. No entanto, é necessário refletir sobre três aspetos que, de certa forma caracterizam o contexto profissional do Turismo português: salário, precariedade e qualificação.
Segundo o INE, o ano de 2016 terminou com uma subida de todos os indicadores, tornando possível a criação de novos postos de trabalho, fazendo do Turismo a atividade económica com maior contribuição líquida para inverter a taxa de desemprego, no entanto, o ganho médio mensal dos trabalhadores no sector (alojamento e restauração) manteve-se em 690.5 euros (Pordata, 2018). Se compararmos com o salário médio mensal do país, 924.9 euros, percebemos que a discrepância persiste. Para agravar este cenário e segundo um estudo elaborado pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (2017), 35,9% dos trabalhadores do Turismo ganham o salário mínimo.
No que diz respeito à precariedade, esta tem sido justificada com o aspeto sazonal da atividade, o que obriga as entidades patronais a contratar um maior número de trabalhadores temporários para as épocas altas, recorrendo a empresas de trabalho temporário que praticam salários baixos e com contratos a termo certo.
Quanto à qualificação é importante reconhecer que existe um número considerável de profissionais do sector com qualificações baixas, quer ao nível técnico-profissional quer ao nível superior. O que não nos devia surpreender, tendo em consideração os valores que apresentei, que de forma alguma, são apelativos para captar o tipo de mão de obra qualificada que a atividade necessita. E, contrariamente ao que tenho lido, considero que o sistema formativo disponível no nosso País está em condições de responder adequadamente às solicitações do mercado no setor, até porque é sistematicamente supervisionado pelas várias entidades avaliadoras que o tutelam.
Em resumo e colocando as polémicas de parte, a verdade é que a existência de salários baixos e pouco apelativos, a falta de motivação para bem receber, a dificuldade de captação e a permanência de mão de obra qualificada em todas as classes e categorias, que vão desde os trabalhadores de base até aos gestores de topo da atividade turística, são fatores que colocam em causa a qualidade e a competitividade do País, enquanto prestigiado e reconhecido destino turístico de excelência.
Assim, cabe a todos os stakeholders da atividade, num futuro próximo, repensar este modelo que em nada contribuirá para a competitividade de um destino, como Portugal, porque todos nós queremos mais e melhor Turismo!
Nesta edição, aproveito para felicitar a BTL pelo que tem feito na promoção e na valorização do Turismo português.
*Opinião de Mafalda Patuleia, directora do Departamento de Turismo da Universidade Lusófona.