A época alta ameaçada pelo Brexit e pela nossa ausência nos rankings internacionais
Leia a opinião de Humberto Ferreira, colaborador do Publituris, na edição 1321 do jornal, de 08 de Julho.
Humberto Ferreira
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Venho tentando antecipar, desde 24 de Junho, alguns efeitos do Brexit no Turismo, e da eventual saída de outros países, que não aceitam sanções às economias frágeis.
O projecto de 1957 da CEE, entre aliados e inimigos da II Guerra Mundial, fundada em Roma em 1958, e cujos pilares se basearam na solidariedade e na supressão de alfandegas, atraindo 28 países, tornou-se uma instituição bancária mal gerida pela crescente influência de governantes e eurodeputados liberais, social-democratas, ou radicais de esquerda e direita.
O Tratado de Maastricht de 1992 abriu portas a uma Europa austera e ultraliberal, sendo o euro a moeda corrente desde 1999, enquanto o tratado de Lisboa em 2007 admitiu a eventual saída de países insatisfeitos, acabando o Reino Unido por ser a primeira baixa em 2016.
DEMOCRACIA AUSTERA – Face ao domínio do Partido Popular Europeu nas últimas décadas, os europeus setentrionais aprovam o eixo Berlim-Paris com a aquiescência de governos que fazem gala em ameaçar as economias incapazes de cumprir o Tratado Orçamental, o misterioso indicador de crescimento estrutural e outros ditames.
Fui adepto da Europa comunitária e do Euro, mas não suporto a teimosia dos parceiros que nos flagelam com sanções por excesso do défice de 3% e nos obrigam a desfazermo-nos de bancos e de accionistas angolanos.
VAMOS TRATAR DE TURISMO – O primeiro efeito do BREXIT foi a desvalorização da libra esterlina, afectando a nossa hotelaria para a época estival corrente.
O maior contingente anual que recorre a empresas especializadas na organização de férias, chega-nos do Reino Unido, mas tem crescido em paralelo um núcleo low-cost de jovens aprendizes de hooligans da bola, que julgava extintos, mas que reapareceram em França no Euro2016, com predomínio de russos e ingleses.
A antipatia de alguns lisboetas à invasão de turistas que afastam residentes locais dos bairros típicos cresce nas redes sociais, a par do ruído dos tuk-tuk e das festas nocturnas, que das docas em Santos e Santo Amaro voltaram ao Cais do Sodré e Bairro Alto, enquanto os turistas franceses merecem destaque pelo regresso ao hábito de férias em Portugal (interrompido há décadas), atraídos agora pelo turismo residencial.
Outra reacção negativa do Brexit aponta à quebra das perspectivas para 2016 e 2017 das reservas de turistas britânicos, além dos efeitos da dupla instabilidade política no Reino Unido e Espanha.
A Comissão Europeia não preparou cenários adequados para enfrentar a vitória ou a derrota do BREXIT em 23 de Junho, o que poderá penalizar este ano a aviação, e mobilidade rodoviária, ferroviária, marítima e fluvial europeia.
NOVOS CONCEITOS – Um tema pouco tratado tem sido o do turismo na ponta dos dedos. Hoje não se viaja sem smartphone e sem aplicações de serviços electrónicos e crédito internacional.
A aviação aplaudiu menos encargos em papeis e menos pessoal para controlar embarques. Smartphones substituíram bilhetes e cartões de embarque. As autoridades e gestores ignoram que nas linhas de Sintra e Estoril sucedem arrastões para roubar smartphones.
A hotelaria enfrenta a concorrência da palataforma Airbnb, que em Lisboa já movimenta um milhão de euros em reservas, transformando muitos prédios residenciais em alojamentos de curta duração para turistas, sob o aplauso do fisco que atraiu mais contribuintes de alojamentos locais.
Em destaque a aplicação Hole19 Smart Golf, da «startup» lusa corp.com, destinada a golfistas que jogam em campos no exterior. Aplicação com características de 50% dos golfes mundiais.
Um recente estudo americano detectou que 78% dos viajantes do escalão de negócios nos EUA, 74% no Canadá, 73% em Espanha, 60% nos países nórdicos europeus, e 56% na Alemanha, não dispensam aplicações tecnológicas pessoais para programar e obter os meios necessários para deslocações internacionais, sem receio de quaisquer assaltos, atentados, voos cancelados, etc.
RANKINGS INTERNACIONAIS – Cá ainda não pegaram os rankings dos melhores destinos mundiais para 2016-2017, sugeridos pela editora americana US News and World Report, especializada em rankings de viagens, saúde, ensino, etc.
Os promotores do nosso Turismo que prestem atenção a estes rankings: Lisboa consta apenas em 17º lugar da lista dos 20 destinos europeus mais populares. Por sinal das 25 seguintes sugestões mundiais, apenas não conheço duas.
O recente ranking mundial: 1 – Grande Barreira de Coral, Queensland, Austrália; 2 – Paris; 3 – Ilha de Bora Bora, Pacífico; 4 – Florença – Toscania, Itália; 5 – Tóquio; 6 – Cusco, cidade inca, Peru; 7 – Londres; 8 – Roma; 9 – Nova Iorque; 10 – Ilha Maui, Hawai; 11 – Cape Town, África do Sul; 12 – Barcelona; 13 – Sydney; 14 – Rio de Janeiro; 15 – Parque Yellowstone, EUA; 16 – Amsterdão; 17 – Hong Kong; 18 – Cairo; 19 – Washington, DC; 20 – Grand Canyon, EUA; 21 – Ilhas Virgens Bitânicas, Caraíbas; 22 – Bali, Indonésia; 23 – San Francisco, Califórnia; 24 – Patagónia – Chile e Argentina; e 25 – Budapeste.
Será que para os editores deste ranking, Portugal não existe?